23-11-2006 – Rússia
- Após três semanas de intensa
campanha do Greenpeace contra a entrada de
alimentos e rações transgênicos
na Rússia, dois dos maiores importadores
russos anunciaram que vão adotar uma
política de usar apenas produtos não-transgênicos.
A decisão das empresas Sodruzhestvo
e Rubflotprom tem um impacto direto sobre
a produção e a exportação
de soja brasileira. Numa declaração
por escrito, o diretor da Sodruzhestvo, S.
L. Kandybovich, deixou claro que sua empresa
vai, no futuro, usar principalmente soja importada
do Brasil. "Pensamos que o Brasil é
o único país que planta soja
convencional que satisfaz nossos critérios",
afirmou. A decisão também terá
um impacto negativo sobre os exportadores
de produtos transgênicos como a Argentina
e os Estados Unidos.
No ano que vem, somente
a Sodruzhestvo esmagará 1,5 milhão
de tonelada de soja não-transgênica,
o que poderia representar um aumento das exportações
brasileiras do grão. “Diferentemente
da Argentina e dos Estados Unidos, o Brasil
tem capacidade para atender essa demanda não-transgênica.
Essa é uma grande oportunidade de mercado
que o Brasil não pode perder”, disse
Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de
engenharia genética do Greenpeace.
A Sodruzhestvo é
a maior importadora de soja da Rússia
e fornece 70% de toda a soja usada na indústria
de alimento e ração do país.
Na seqüência da decisão
da Sodruzhestvo, a fábrica Rybflotprom,
que controla 7% do mercado russo de ração,
também anunciou ter adotado uma política
anti-transgênicos para todos os seus
produtos.
"Essa é mais
uma mudança significativa no mercado
global em direção aos produtos
não-transgênicos”, afirmou Gabriela.
Nesta semana, a CTNBio (Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança) está
discutindo a liberação comercial
de uma variedade de milho transgênico
resistente a agrotóxico. “Fica cada
vez mais evidente que o plantio e a comercialização
de transgênicos vai na contramão
dos bons negócios, e isso deve servir
de recado para as autoridades brasileiras",
complementou.
O Greenpeace também
solicitará à Sodruzhestvo que
apóie a iniciativa lançado em
julho para assegurar que a soja produzida
no Brasil não contribua para o desmatamento
da Floresta Amazônica. No meio deste
ano, na seqüência de uma investigação
do Greenpeace sobre os impactos do comércio
de soja na Amazônia brasileira, empresas
multinacionais que negociam com a soja no
Brasil concordaram em dar dois anos de moratória
na compra de soja cultivada em terras recém-desmatadas
na Amazônia.
Os anúncios das empresas
russas foram feitos numa coletiva de imprensa
realizada no barco Arctic Sunrise, do Greenpeace,
que está ancorado no porto de Kaliningrado,
na Rússia. Nas últimas três
semanas a embarcação navegou
pelo Mar Báltico denunciando importações
controversas para a Rússia de produtos
alimentícios e de ração
geneticamente modificada.