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ÍNDIOS DENUNCIAM EXPLORAÇÃO SEXUAL INFANTIL EM OBRAS PRÓXIMAS A RESERVAS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Novembro de 2006

23 de Novembro de 2006 - Marcos Chagas - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A exploração sexual de crianças e adolescentes índias tem crescido por causa da construção de estradas que cruzam as reservas indígenas ou que passam a sua margem. Segundo o índio Gilberto Xerente, este é um dos principais problemas, além da questão ambiental, vivido pelas comunidades que participam em Brasília da Mobilização dos Povos Indígenas do Cerrado.

"As pessoas que circulam por lá são pessoas não-indígenas que acabam tendo contato com nossas mulheres o que causa grande impacto em nossas comunidades. Agora elas estão se envolvendo com pessoas não-indígenas descaracterizando nossa cultura. Tem até no meio destas comunidades a exploração sexual infantil", afirmou o índio. Gilberto Xerente esteve no Congresso Nacional, junto com 20 representantes de etnias do cerrado, para apresentarem aos parlamentares várias reivindicações.

No caso específico das rodovias, o índio disse que, além da exploração sexual, as comunidades tem sofrido com o crescimento do alcoolismo entre os indígenas. "São conseqüências, as vezes, de ações que precisam ser fiscalizadas", acrescentou.

Gilberto Xerente disse que este problema também é verificado quando da construção de barragens em terras indígenas. Ressaltou que estas obras demandam muito tempo. Por conta disso, o prolongado contato com os não-índigenas acaba por influenciar suas culturas. "Geralmente somos nós que sofremos grandes consequências porque, para nós, não tem pagamento que consiga ressarcir o que preservamos há séculos. Queremos que o governo, juntamente com as autoridades possam tomar medidas e ouvir as lideranças e organizações indígenas".

Tanto Gilberto Xerente quanto Hapyhi Krahó, da etnia Krahó, vivem no Tocantins e reclamam da falta de ação de entidades governamentais como o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e Fundação Nacional do Índio (Funai). As duas etnias vivem no Tocantins.

O mais enfático nas reclamações é o índio Krahó. "O Ibama é um órgão não para defender é um órgão para destruir também porque está lá, na frente, defendendo os interesses do governo. Não tem interesse de defender o ambiente".

A assessoria de imprensa do Ibama, em Brasília, explicou que, por serem tutelados pelo Estado, problemas relativos a construção de barragens em terras indígenas são resolvidas no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal (STF). Qualquer obra nas terras indígenas depende da aprovação do Congresso, afirmou a assessoria.

Já no que diz respeito ao crescimento de monoculturas como a de soja e de eucalipto, a assessoria do instituto trata do licenciamento destas culturas quando envolvem grandes projetos, geralmente, em mais de 1 estado. Por ter uma ação descentralizada cabe aos institutos de meio-ambiente municipais licenciar obras e cultivo exclusivos nos municípios e os institutos estaduais nos casos de obras que envolvam mais de um município.

No caso específico do Tocantins, o superintendente do Ibama no estado, Natal César Demore, reconheceu que existem problemas no que diz respeito ao avanço das monoculturas, não necessariamente apenas em áreas indígenas. Na região de Campos Lindos, nordeste do Tocantins na fronteira com o Maranhão, vários agricultores já foram autuados com multas que chegam a R$ 800 mil, afirmou.

Mesmo depois da autuação, Natal César Demore, disse que estes agricultores continuam a avançar no desmate e plantio de soja uma vez que cabe recurso as multas aplicadas. "Em Brasília mesmo tem uma série de donos de plantações de soja no Tocantins que já foram multados e tem processo em julgamento. Eles só reclamam quando suas empresas já estão no Cadastro Nacional de Inadimplentes (Cadin)", afirmou o superintendente do Ibama.

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Grileiros de terra indígena Kayabi são presos no Mato Grosso

24 de Novembro de 2006 - Priscilla Mazenotti - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A Polícia Federal prendeu hoje (24) na região de Alta Floresta (MT) mais duas pessoas acusadas de envolvimento na Operação Kayabi, que investiga a grilagem de terra, o desmatamento, o transporte e a comercialização ilegal de madeira nas terras indígenas dos Kayabi.

Ontem, foram presas mais de 30 pessoas no Mato Grosso acusadas de envolvimento com a quadrilha, inclusive o ex-superintendente do Ibama na região Jacob Ronald Kuffner. Ao todo, devem ser cumpridos 105 mandados de prisão temporária.

A quadrilha era formada por empresários, madeireiros, proprietários rurais, grileiros e funcionários do Ibama e da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fema). Eles são acusados de invasão, loteamento, exploração e destruição das terras depois de 2002, ano em que reserva indígena dos Kayabi foi demarcada.

Segundo o coordenador de fiscalização do Ibama no Mato Grosso, Leslie Tavares, o desmatamento na área nos últimos quatro anos chega a 36 mil hectares. A estimativa é que cerca de 1,5 milhão de metros cúbicos de madeira tenha sido retirado ilegalmente da região. A quantidade é suficiente para encher 37,5 mil carretas com madeira ilegal.

“Um grupo de fazendeiros ocupou a área e desmatou para provar a ocupação. Entre 2002 e 2006, houve um desmatamento absurdo na área”, disse Leslie Tavares. A quadrilha ainda é acusada de falsificação de documentos, mineração ilegal e genocídio contra as etnias indígenas Kayabi, Apiaká e Munduruku, que vivem na reserva Kayabi.

O conflito entre índios e não-índios na região causou a chacina e a morte de cinco pessoas. Houve ainda a ação de pistoleiros que queimaram algumas casas na região, segundo o coordenador do Ibama, Leslie Tavares.

Ele explicou que o papel do ex-superintendente do Ibama na quadrilha foi ter dado autorização para um plano de manejo dentro da terra indígena. Leslie explicou que o grupo atuava em duas frentes: uma parte invadia a reserva dos Kayabi vindo da região de Jacareacanga no Pará, e outro invadia por Apiacás, no Mato Grosso.

Segundo a decisão do juiz da 2ª vara de justiça no Mato Grosso Julier Sebastião da Silva, responsável pelos pedidos de prisão temporária, a investigação policial mostra que a terra dos Kayabi “vem sendo invadida, loteada, explorada e destruída, após o seu reconhecimento pelo Poder Público utilizando-se de ameaças aos índios e a servidores da Funai e do Ibama, no intuito de garantir a ação dos grileiros, madeireiros e empresários na ocupação e exploração ilegal da terra indígena”.

A decisão do juiz ainda afirma que há a constatação da “ação de empresários e madeireiros que financiam a grilagem e adquirem as madeiras extraídas ilegalmente da área indígena, valendo-se ainda de servidores públicos corruptos para garantir seus interesses nos órgãos públicos ambientais federal e do Estado de Mato Grosso”.

Atualmente, cerca de 200 índios vivem na reserva indígena dos Kayabi, que tem uma área de 1,5 milhão de hectares. Segundo o coordenador do Ibama, quase todas as pessoas envolvidas na quadrilha já foram identificadas. “Temos trabalhado agora para fundamentar as provas para que essas pessoas não voltem e para que os índios possam ocupar melhor a área”, disse Leslie Tavares.
Foto: Radiobras

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 
 
 

 

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