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ÍNDIOS, ONGs E GOVERNO SE MOBILIZAM PARA SALVAR O QUE RESTA DO CERRADO

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Novembro de 2006

22/11/2006 - Semana em Brasília abriga eventos, seminários e manifestações em favor da conservação do mais ameaçado bioma brasileiro e pela valorização de suas populações tradicionais. Um dos destaques é a Corrida de Toras que os povos indígenas do Cerrado realizam na quinta-feira, 23, na Esplanada dos Ministérios.

Acontece esta semana em Brasília uma série de eventos, seminários e mobilizações em favor da conservação do Cerrado e da garantia dos direitos de suas populações tradicionais. O Cerrado é o mais ameaçado bioma brasileiro e tem sido desmatado a um ritmo de 30 mil quilômetros quadrados por ano. Além de abrigar um terço da biodiversidade brasileira, o bioma abriga as nascentes de grandes rios do País, como o Xingu, o São Francisco, o Tocantins, o Araguaia, o Paraná (os tributários de sua margem direita), o Parnaíba, o Tapajós e todos os que formam o Pantanal. É por isso que o Cerrado é considerado o berço das águas brasileiras, e tema da Agenda Socioambiental 2007.

Na quinta-feira 23 de novembro tem início o V Encontro e Feira dos Povos do Cerrado, com participação das comunidades e entidades regionais. O evento tem como objetivo estimular e ampliar o intercâmbio de experiências, valorizar e difundir as culturas tradicionais, promover articulações políticas, vender e expor produtos e serviços desenvolvidos pelas comunidades, ONGs e instituições em prol da sustentabilidade do bioma e de suas populações. Durante o encontro, será realizado o Grito do Cerrado 2006, com intuito de alertar a sociedade sobre os problemas do cerrado e a necessidade de implementar ações para sua conservação. Saiba mais sobre o V Encontro e Feira dos Povos do Cerrado aqui.

Localizado em um grande território do Brasil Central, em área contínua por 10 estados brasileiros (Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Piauí, São Paulo e Tocantins) e Distrito Federal, o Cerrado tem 60% de sua área original destruídos. Além disso, metade das áreas remanescentes está bastante alterada, com reduzida capacidade de conservação da biodiversidade.

De acordo com estudo da Conservação Internacional (CI), o Cerrado perde 30 mil quilômetros quadrados por ano, ou 2.6 campos de futebol por minuto, de cobertura vegetal. É um ritmo de devastação de 1,5% ao ano - superior ao da Amazônia - e que, se mantido, pode acarretar no completo desaparecimento das paisagens naturais do bioma até 2030. Nos últimos 40 anos, mais da metade do Cerrado foi tomada pelas monoculturas de soja, algodão, milho, café, eucalipto e por pastos. Neste processo, degradaram-se nascentes, rios e veredas que são fundamentais para a sobrevivência de plantas, animais e populações humanas, cujas atividades produtivas também dependem da conservação destes mananciais.

Corrida de toras

O V Encontro e Feira dos Povos do Cerrado prevê em sua programação o seminário "Nossa Terra, Nossa Casa: por uma mobilização dos povos indígenas do Cerrado", organizado pelas associações indígenas Wyty Catë (Maranhão) e Warã (Mato Grosso). O seminário vai reunir de 24 a 26 de novembro lideranças e representantes de vários povos indígenas para discutir uma pauta política e o planejamento de mobilização indígena em prol da qualidade de vida das populações indígenas e da conservação do Cerrado.

Na abertura do seminário, quinta-feira 23, será promovida a II Corrida de Toras na Esplanada dos Ministérios, a partir das 9:00h. A Corrida de Toras é um rito tradicional e um esporte de índios Macro-Jê. Consiste na disputa entre dois partidos que correm revezando toras de buriti, que pesam entre 100kg a 120kg. A I Corrida de Toras em Brasília aconteceu em 2004, por ocasião do Grito do Cerrado, mobilização social que visou sensibilizar a opinião pública e os governantes para os problemas do desmatamento no Cerrado brasileiro.

A mobilização indígena quer chamar a atenção para os efeitos do contínuo avanço das frentes agropecuárias sobre o bioma, processo que faz com que as Terras Indígenas passem a constituir verdadeiras ilhas de biodiversidade, constantemente ameaçadas pelo desmatamento de seu entorno e pela contaminação e destruição das cabeceiras dos rios.

Krahô-Kanela

Os povos indígenas do Cerrado e as organizações que os apóiam receberam uma notícia positiva na segunda-feira, dia 20 de novembro. Após três meses de trâmite na Fundação Nacional do índio (Funai), a minuta do decreto de desapropriação para a criação de reserva indígena para o povo Krahô-Kanela, no Tocantins, foi assinada pelo presidente do órgão, Mércio Pereira Gomes. Agora, a minuta tramita pelo Ministério da Justiça para ser encaminhada à Presidência da República.

De acordo com informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), porém, existe ainda o risco de que o decreto presidencial desapropriando a área não seja publicado este ano. Se isto ocorrer, a verba reservada para o processo de desapropriação não estaria mais garantida, prejudicando o processo de criação da TI. As lideranças dos Krahô-Kanela que vieram a Brasília para garantir o andamento do processo afirmam que pretendem ficar na cidade até resolver a situação. “Ficaremos aqui até resolver isso. Não podemos voltar para a nossa comunidade sem uma resposta. E nosso povo não pode voltar a viver na casa construída sobre o lixão de Gurupi, onde vivemos durante anos. Isso é matar nosso povo”, afirmou o cacique Mariano Krahô-Kanela.

Áreas prioritárias

Na mesma segunda-feira 20 de novembro em Brasília, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) iniciou em um seminário sobre ações prioritárias para conservação, uso sustentável e repartição de benefícios do Cerrado. Promovido pelo Núcleo de Cerrado MMA, o encontro, que se encerra na quinta-feira 23, tem a finalidade de reunir diversos setores da sociedade para definir áreas e ações prioritárias para esse bioma com base em informações técnicas coletadas e sistematizadas pelo MMA desde o início de 2006.

Participam do evento representantes de diversos segmentos sociais como quilombolas, indígenas, acadêmicos, organizações não-governamentais, governos estaduais, Confederação Nacional da Indústria, Confederação Nacional da Agricultura, entre outros.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.isa.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 
 
 

 

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