São
Luiz (29/11/06) - A Superintendência
do Ibama no Maranhão, a Fundação
dos Mamíferos Aquáticos e o
Instituto Alcoa criaram recentemente um projeto
para estender a partir do próximo ano
a campanha “Não Mate o Peixe Boi” a
todo o litoral maranhense. Além disso,
a analista ambiental Carolina Alvite foi à
Belém (PA) para num encontro que discutiu
o problema da conservação da
espécie nos vários estados das
regiões norte e nordeste.
Atualmente, as principais
ameaças ao peixe-boi são as
redes de pesca. Entre elas estão as
redes potenciais, conhecidas também
como redes de espera. Um exemplo é
a zangaria, que tem uma malha grande e é
colocada numa área fixa, onde o peixe
boi fica preso e, por ser um mamífero
que precisa vir à superfície
para respirar, acaba morrendo afogado. Há
ainda problemas com redes de arrasto e os
currais de pesca - em que o animal entra durante
a maré cheia, não conseguindo
sair quando a mesma seca.
Segundo Carolina Alvite,
uma possível solução
seria, nas áreas em que o peixe boi
aparece com freqüência, não
utilizar esses tipos de redes, evitando por
exemplo determinadas malhas, confeccionadas
com nylon muito grosso. “Mas um passo fundamental
é o aprofundamento do trabalho de pesquisa
em relação à interação
entre esse tipo de arte de pesca e a morte
de peixes-boi, surgindo a partir daí
medidas eficazes, seja o zoneamento de áreas
com grande incidência da espécie
ou até a proibição dessas
redes em alguns locais, se for o caso“, afirma
Alvite.
No final de outubro, o Centro
de Mamíferos Aquáticos (CMA/IBAMA)
verificou a ocorrência da morte de um
peixe-boi no rio Mapari, na localidade Siquibira,
no município de Humberto de Campos.
A equipe encontrou o animal já em estado
de decomposição, sendo encontrados
grandes hematomas e uma marca roxa na nadadeira
peitoral esquerda, provavelmente causada por
uma corda ou rede.
Na região, é
muito freqüente a utilização
de malhadeiras. De acordo com a população
local, no período de lua crescente
ou minguante, este tipo de rede é colocado
em canais e igarapés profundos, representando
um enorme perigo ao peixe-boi. O tamanho da
rede varia de 110 a 220 metros de comprimento,
confeccionada de nylon grosso e malha grande.
A comunidade está
elaborando um abaixo assinado solicitando
ao Ibama que aquela área seja fechada
para a utilização de certos
tipos de artes de pesca. No animal encontrado
foram feitos procedimentos de biometria, registro
fotográfico e coleta de material biológico.
Ele foi transferido para São Luís
e enterrado nas proximidades do Centro de
Tratamento de Animais Silvestres (CETAS/IBAMA).
O CMA aproveitou a ocasião
para promover uma curta palestra informando
aos moradores locais que o peixe-boi marinho
é um animal ameaçado de extinção
e protegido por lei. Em 2006, foi registrado
um caso anterior de morte de peixe-boi comprovadamente
em decorrência de captura em artes de
pesca. No ano passado, foram nove os casos
registrados no estado.
Paulo Roberto