27/11/2006 - A queda de um avião
de porte médio, transportando 20 passageiros
e cinco tripulantes, em um bairro da Capital,
provocou incêndio, explosões
e deixou mais de 125 feridos, além
de um número ainda não estimado
de vítimas fatais. Na descida, o avião
colidiu com um posto de combustível,
o que tornou mais grave o acidente, pois contribuiu
para atingir também uma oficina mecânica,
que armazenava diversos produtos inflamáveis
e explosivos, entre os quais cilindros de
gás acetileno, utilizado em funilaria.
A operação de salvamento foi
rápida e envolveu o Corpo de Bombeiros,
a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
- CETESB, a Defesa Civil do Estado e do Município,
Polícia Técnica, Instituto de
Criminalística e os serviços
de saúde. Foram mobilizados diversos
hospitais para socorrer às vítimas,
atendidas no local ou removidas por ambulâncias
e helicópteros para serviços
públicos, como a Santa Casa e o Hospital
das Clínicas, mas também para
instituições particulares, como
o Albert Einstein, Sírio Libanês,
Samaritano e Oswaldo Cruz, devido à
gravidade e extensão do acidente.
Tudo lembrava o cenário de uma grande
tragédia, não fosse o acontecimento
uma simulação, organizada pelo
Corpo de Bombeiros, visando treinar todos
os envolvidos para uma situação
real dessa natureza. Com a organização
do evento iniciada ainda no ano passado, o
exercício de atendimento emergencial
à queda de uma aeronave em pleno espaço
urbano, realizado neste domingo (26/11), em
um terreno cedido pela Telefônica, junto
ao Clube da Telesp, na Barra Funda, é
apenas uma coincidência com o recente
acontecimento, que resultou no maior acidente
aéreo da história brasileira.
Treinamentos de grande porte têm sido
simulados pelo Corpo de Bombeiros do Estado
de São Paulo, que em anos anteriores
já promoveu ações semelhantes
em São Paulo, em um grande hipermercado
e no Rodoanel.
A operação deste domingo envolveu
centenas de pessoas, entre policiais, técnicos
operacionais de serviços de trânsito,
abastecimento de água e elétrico,
assim como profissionais da área de
segurança pública e do serviço
de saúde. No caso da CETESB, participaram
11 técnicos, do Setor de Operações
de Emergência e da Agência de
Pinheiros, área na qual teria ocorrido
o "acidente". Para a agência
ambiental paulista, a ação emergencial
envolvia a preocupação com os
cilindros do gás acetileno, altamente
inflamável e explosivo, assim como
o monitoramento dos tanques subterrâneos
de combustível do posto atingido pela
aeronave, que, se também afetados,
poderiam ampliar a tragédia ainda mais.
Quem esteve no local ou passou pelas proximidades
certamente se surpreendeu com o realismo das
cenas, que contou com a colaboração
da Escola de Samba Rosas de Ouro, usando sua
experiência na confecção
de carros alegóricos, para construir
a réplica do avião, que, no
caso, se chocou de verdade com a cidade cenográfica.
Foi usado um imenso guindaste e o sistema
de cordas tirolesas para simular o vôo
e provocar o choque, sucedido de explosões
e incêndios. Logo depois, começaram
a ser removidas as primeiras vítimas,
que exibiam ferimentos, que iam desde pequenos
cortes, até fraturas e vísceras
expostas. Tudo foi feito com muito cuidado,
usando inclusive o serviço de maquiadores
profissionais que trabalham para o cinema
e televisão, sem contar os atores presentes
entre as vítimas.
Foi tudo fictício, desta vez. Mas
ações reais em acidentes aéreos
reais já fazem parte da experiência
dos técnicos do Setor de Emergências
da CETESB. O primeiro deles foi quando um
cargueiro da Transbrasil caiu próximo
à Cumbica e deixou dezenas de casas
destruídas, no final da década
de 80. Lá, a CETESB foi chamada para
monitorar o nível de explosividade,
provocado pelo vazamento de gás de
cozinha em diversas residências. Mais
recentemente, a CETESB cuidou do monitoramento
na galeria de águas pluvias na região
da Avenida 23 de Maio, atingidas pelo combustível
que vazou de um pequeno avião que caiu
ao tentar aterrissar no aeroporto de Congonhas.
Nesse caso real, a única vítima
foi um pipoqueiro que passava no local e saiu
do acidente apenas com escoriações
leves, sem contar o prejuízo com a
perda total do carrinho com o qual trabalhava.
Texto: Eli Silva Serenza
Foto: Pedro Calado