Panorama
 
 
 

COMUNIDADES INDÍGENAS E A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Dezembro de 2006

Índios do Acre ensinarão como preservar o meio ambiente

9 de Dezembro de 2006 - Priscilla Mazenotti - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O povo indígena Ashaninca, que vive no Acre, vai ensinar aos brancos como preservar e respeitar o meio em que vivem. O projeto Saber da Floresta começa em abril do ano que vem e vai levar aos centros de formação os povos ribeirinhos, os seringueiros, os castanheiros, os beneficiários da reforma agrária e todas as pessoas que vivem na região indígena.

O projeto vai funcionar numa área de 87 hectares do povo Ashaninca, no município de Marechal Thaumaturgo, divisa do Acre com o Peru. As aulas envolvem temas como manejo ambiental, respeito ao período de reprodução dos animais, plantio de frutas nativas e apicultura com abelhas da região.

“Partindo do princípio que não é possível manter o equilíbrio ambiental na terra indígena se o entorno está todo devastado, os ashanincas elaboraram esse projeto de criação de um centro de formação para trocar experiências com as pessoas que também vivem na floresta, mas não são indígenas", explicou o coordenador de Educação Escolar Indígena do ministério da Educação, Kleber Gesteira. "E nesse diálogo vão ensinar a todos os brasileiros do entorno as técnicas e os conhecimentos que eles conhecem”.

Serão dois cursos por ano, com duração de até 20 dias e com a participação de até 40 pessoas em cada curso. “Toda essa técnica de manejo, de conhecimento a respeito da natureza, das espécies, dos vegetais, dos animais, da flora, da fauna, é do conhecimento dos ashanincas. Alguns desses conhecimentos são imemoriais, são séculos de conhecimentos acumulados, outros são conhecimentos que eles recuperaram agora mais recentemente. São essas técnicas, esses princípios que serão discutidos e debatidos nesses centros de formação”, disse Kleber.

Segundo ele, os conhecimentos que são passados há muitos séculos entre os próprios ashanincas, serão, agora, compartilhados com os vizinhos. “Essa experiência vai trazer novos horizontes para o desenvolvimento sustentável na Amazônia”.

“Na floresta se identificam hoje muitos espaços de manejo, muitas das espécies que existem hoje foram apuradas, manejadas ao longo dos séculos pelos índios da região. Esse conhecimento é fundamental para o Brasil como um todo. Essa experiência vai mostrar isso de forma clara com certeza”, acrescentou.

E, segundo Kleber Gesteira, projetos como esse também acontecem em outras partes do país, como na região de cerrado e de Mata Atlântica. “Os povos indígenas, principalmente a partir de um processo de educação escolar mais respeitoso com a sua língua e com a sua cultura, têm conseguido criar e sistematizar o acervo de conhecimento que são fundamentais para eles, mas que também são muito importantes para todos os brasileiros", esclareceu.


Índios do Nordeste elegem demarcação de terras como principal reivindicação

8 de Dezembro de 2006 - Márcia Wonghon - Repórter da Agência Brasil - Recife - Cerca de cem índios de 20 etnias do Nordeste decidiram eleger como prioridade a ser reivindicada ao governo federal a demarcação e regularização dos territórios indígenas. Eles participam de conferência regional na capital pernambucana e alegam que a falta de delimitação acarreta diversos problemas. Por exemplo, a dificuldade de manutenção de rituais e hábitos da cultura indígena.

Segundo o vice-cacique da tribo Xukuru, de Pesqueira, José Barbosa, sem as terras, os índios não podem se beneficiar de programas sociais nas áreas de saúde e educação. Além das dificuldades de sobrevivência, eles enfrentam situações de tensão. ”Muitas lideranças dos povos indígenas são vítimas de ameaças de pistoleiros contratados por fazendeiros”, enfatizou. O cacique Akanauã Pataxó, do sul da Bahia relatou que, na luta pela terra, 19 lideranças indígenas do estado perderam a vida.

Valdelice Amaral, cacique da tribo Tupinambá, da Bahia, onde vivem 3.700 índios em 22 comunidades, disse que na região alguns indígenas trabalham em fazendas em regime de semi-escravidão, sem poder participar de rituais e festividades da cultura indígena. Destacou que a Fundação Nacional do Índio (Funai) reconheceu os Tupinambás em 2002, mas ainda não deu à tribo os direitos garantidos na constituição para melhorar as condições de vida do povo, porque a terra não foi demarcada. “Hoje vivemos em pequenas áreas, de dois hectares para oito famílias”, declarou.

O antropólogo João Pacheco, que participa do evento, reconheceu que a questão da demarcação das áreas indígenas no Nordeste é preocupante. “É extremamente grave, diferente da Amazônia, onde existem terras que podem ser destinadas aos índios. Aqui no nordeste os índios recebem pressões pesadas. Uma coisa é discutir a questão de forma abstrata e outra é ver de perto que eles precisam de assistência e necessitam de recursos básicos”, frisou.

Ele destacou que a exposição Índios - Os Primeiros Brasileiros, que reúne em Recife um acervo de fotos, vídeos e objetos da cultua indígena, realizada junto com a conferência, mostra que eles são produto do processo histórico de construção do Brasil. A idéia é chamar a atenção do governo para gerar políticas eficientes de assistência adequada à realidade da cultura indígena.

A Conferência, que prossegue até domingo, é promovida pela Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo.

Indígenas participam de revisão de mapa de áreas prioritárias para conservação

6 de Dezembro de 2006 - Thaís Brianezi - Repórter da Agência Brasil - Manaus - Representantes de organizações indígenas estão reunidos hoje (7) em Manaus com técnicos do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e de organizações não-governamentais da área ambiental para participar da atualização do Mapa Nacional de Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios. A oficina, que vai até amanhã, não estava prevista no processo de revisão do documento e atende a uma reivindicação da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

"Temos aqui índios do Acre, Amazonas, Pará e Rondônia especializados nessa questão. Eles fiscalizam há anos suas terras e acho que têm conhecimentos que podem servir ao Ministério do Meio Ambiente", declarou à Radiobrás o coordenador do Departamento Etnoambiental da Coiab, Darcy Marubo. "A oficina é boa para o governo e para a gente. Temos que investir na proteção e desenvolvimento sustentável das terras indígenas, não adianta só demarcar. Não é admissível que continuem a morrer índios por desnutrição e que nossas áreas continuem a ser invadidas por madeireiros."

O representante da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do MMA, Ronaldo Waighan, explicou que o mapa é um instrumento que ajuda a direcionar a aplicação de verbas em projetos de conservação da natureza e de desenvolvimento sustentável. Nele, as terras indígenas serão classificadas como áreas de prioridade extremamente alta, muito alta e alta. "Isso pode resultar em recursos maiores ou menores em fiscalização. Ou também se traduzir no tempo dos investimentos, porque a prioridade se desdobra em importância e urgência", explicou.

Para a coordenadora de Identificação e Delimitação de Terras Indígenas da Fundação Nacional do Índio (Funai), Juracilda Veiga, a análise das terras indígenas ajuda a mostrar a dimensão dos problemas ambientais enfrentados pelo órgão e a necessidade de reestruturação dele. "Hoje a Funai representa a proteção de 12% do território nacional, mas está realmente sucateada para enfrentar os desafios. Nossa coordenação, por exemplo, tem apenas seis antropólogos", revelou.

O mapa de áreas prioritárias em vigência atualmente foi elaborado entre 1998 e 2000, mas homologado apenas em 2004 pelo presidente Lula. O processo de revisão deverá ser concluído ainda neste ano, em uma reunião extraordinária do Conselho Nacional de Biodiversidade (Conabio), prevista para acontecer nos dias 19 e 20, em Brasília.

Aprimoramento de políticas públicas para os índios é tema de conferência em Recife

7 de Dezembro de 2006 - Márcia Wonghon - Repórter da Agência Brasil - Recife - Propostas para aprimorar as políticas governamentais nas áreas de segurança, saúde, educação e desenvolvimento sustentável serão debatidas, na capital pernambucana, por cerca de 100 índios de 20 etnias do Nordeste. Eles participam até domingo (10), da Conferência Regional dos Povos Indígenas.

O encontro, promovido pela Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), em parceria com o Serviço Alemão de Cooperação Técnica e Social e a Fundação Joaquim Nabuco, será aberto nesta sexta-feira (08), no Forte das Cinco Pontas.

De acordo com Uilton Tuxá, coordenador da Apoinme, o principal desafio dos povos indígenas é resolver a questão fundiária. "A demarcação territorial é uma bandeira erguida ao longo dos anos, que tem custado a vida de muitas lideranças indígenas. Somos perseguidos e alvo de pistolagem", declarou.

No final dos trabalhos vai ser elaborado um documento contendo reivindicações, com base em um levantamento sobre as necessidades das tribos. O texto será encaminhado a autoridades do governo federal, parlamentares e também a representantes de instituições não governamentais que atuam na defesa dos direitos dos povos indígenas.

Durante a Conferência estará sendo realizada a exposição "Índios, os primeiros brasileiros", que inclui vídeos, objetos, fotos, música e documentos que apresentam as formas pelas quais os índios foram incorporados ao processo de construção do Brasil.

O projeto é uma iniciativa do Museu Nacional do Rio de Janeiro. O antropólogo, João Pacheco, coordenador da exposição, disse que a idéia é mostrar a importância da contribuição dos índios para o processo de construção das cidades brasileiras.

Decreto autoriza desapropriar terra para índios Krahô-Kanela no Tocantins

8 de Dezembro de 2006 - Agência Brasil - Brasília - O decreto de desapropriação de terra para os índios Krahô-Kanela foi publicado hoje (8) no Diário Oficial da União. Eles agora têm oficialmente o direito de usufruir uma área de 7.153 hectares no Tocantins – um hectare corresponde a um campo de futebol.

O decreto, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, determina que as fazendas Lagoa do Jacaré e Retiro do Cocal, destinadas a assentar o grupo indígena no município de Lagoa da Confusão, são de interesse social, para fins de desapropriação.

O decreto autoriza a Fundação Nacional do Índio a promover a desapropriação dos imóveis, e determina que fique responsável pelas despesas. Em agosto, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) se comprometeu a fornecer à Funai R$ 8 milhões para a desapropriação.

O pagamento é necessário para indenizar os proprietários, como nos processos de reforma agrária, porque a Funai não reconheceu a ocupação como tradicional. Mas o terreno é da União, assim como as terras indígenas propriamente ditas.

O povo Krahô-Kanela é originário do Maranhão e “migrou” para o Tocantins, fato que levantou a discussão sobre a tradicionalidade da terra ocupada.

Índios Krahô-Kanela comemoram posse da terra e já começam a erguer aldeia

9 de Dezembro de 2006 - Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Depois de serem expulsos de uma área que ocupavam desde o início do século passado, os índios Krahô-Kanela puderam comemorar a vitória de uma luta iniciada há 30 anos. Foi publicado ontem (8), no Diário Oficial da União, o decreto de desapropriação de 7.153 hectares de duas fazendas no município de Lagoa da Confusão, em Tocantins.

O decreto, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, autoriza a Fundação Nacional do Índio (Funai) a promover a desapropriação dos imóveis, que serão pagos com R$ 8 milhões vindos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

O cacique Mariano Ribeiro Krahô-Kanela anunciou hoje (9) que as primeiras casas da nova aldeia já começam a ser erguidas. “É uma alegria muito grande, poder voltar ao local em que nossos avós viviam”, comemorou. Até agora, eles estavam morando em uma casa, erguida sobre um antigo lixão, na cidade de Gurupi (TO).

Segundo o cacique, os Krahô-Kanela tiveram que fugir, por volta de 1910, do município de Barra do Corda, no Maranhão, para não serem mortos pelos fazendeiros, que já naquela época invadiam e ocupavam as terras indígenas. “Os brancos matavam muita gente e a nossa família (tribo) precisou fugir para não morrer”, recordou.

O líder indígena só lamenta que, ao longo dos anos, a comunidade original, de 300 pessoas, foi se desfazendo, só restando hoje 86 que permaneceram juntas.

“Os outros foram se espalhando pelas periferias das cidades e se misturando aos brancos. Mas se eles quiserem retornar, serão bem-vindos, desde que sigam os nossos rituais e modo de vida”, disse o cacique.

No dia próximo dia 27 será feita uma festa na nova aldeia, que deverá contar com as presenças de representantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), da Funai, do Incra e do vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Paulo Paim (PT-RS), que intermediou a negociação com o governo.

Ministério quer política de saúde específica para povos do campo e de florestas

1 de Dezembro de 2006 - Manoela Alcântara - De A Voz do Brasil - Brasília - "Rio, floresta e manguezal. O povo da Amazônia no Encontro Nacional". Esse foi o grito que uniu hoje (1º), em Brasília, moradores da floresta e do campo no debate promovido pelo ministério da Saúde para definir ações para melhorar a prevenção e o tratamento de doenças dessas populações.

Segundo o secretário executivo do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, a Política Nacional de Saúde das Populações do Campo e Florestas será formulada a partir de sugestões desses moradores e de especialistas em saúde. A idéia é reforçar ações de saúde básica, ao capacitar os trabalhadores da área para atender as necessidades de urgência e emergência e humanizar o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).

O secretário diz que o maior problema para atender essas populações é a dificuldade de acesso aos locais onde elas vivem. “Temos uma parceria com a Aeronáutica e com o Exército para chegar até populações ribeirinhas e da região amazônica. Neste encontro, vamos ver uma maneira de como essas ações podem ser desenvolvidas e agrupadas em uma política mais ampla, que venha fortalecer o acesso dessas populações ao sistema de saúde".

A diretora do Conselho Nacional dos Seringueiros, Raimunda Gomes da Silva, considera uma vitória a realização de um encontro para ouvir sugestões da população rural. Ela pretende sugerir que sejam definidas ações para atender as mulheres do campo, principalmente em relação à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.

"A gente quer pedir que sejam implementadas as políticas públicas da saúde para a mulher, e que o SUS possa atender a gente lá onde a gente está”, disse. "O pior ponto é que não temos conhecimento dessas doenças, então, queremos também um trabalho de prevenção".

O encontro termina amanhã (2). No encerramento, será elaborado um documento com as principais sugestões para dar início à política nacional de saúde para esses povos.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 
 
 

 

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