Brasília
(07/12/06) - A Polícia Federal (PF)
e o Ibama desarticularam uma quadrilha que,
desde 2004, atuava na exploração
e no comércio ilegal de madeira, retirada
de unidades de conservação e
de terras indígenas localizadas no
oeste de Rondônia. Os policiais já
executaram as nove prisões preventivas
e os 62 mandados de busca e apreensão
autorizados para a Operação
Passagem, iniciada a partir das 6 horas de
hoje.
Entre os presos, seis eram
funcionários do Ibama e três
empresários. A lista é encabeçada
pela chefe do Escritório Regional de
Guajará-Mirim, Claudia Nunes Pires
Sanches, cuja exoneração do
cargo saiu publicada no Diário Oficial
de hoje. Durante o cumprimento dos mandados
de busca e apreensão, os policiais
efetuaram ainda três prisões
em flagrante: uma das pessoas ocultava grande
quantidade de madeira em uma chácara
e outras duas portavam armas ilegais.
A quadrilha era formada
por servidores públicos federais, lotados
no Ibama de Guajará Mirim, em Rondônia,
e empresários do setor madeireiro.
Eles agiam por meio de empresas fantasmas,
“vistoriadas” pelos servidores envolvidos,
para vender ATPFs (Autorização
para Transporte de Produtos Florestais) de
forma ilícita, comercializar créditos
de planos de manejo e exportar ilegalmente
madeira para a Bolívia.
Essa é a 14ª
grande operação feita no país
em parceria com a PF e o Ibama, desde 2003.
Na Amazônia, é a 12ª grande
operação. Tais iniciativas integram
as ações do Plano de Prevenção
e Controle do Desmatamento da Amazônia.
A investigação
da Operação Passagem se deu
a partir de supostas ameaças de morte
a um servidor do Ibama em outubro de 2005.
As ameaças teriam partido de madeireiros
insatisfeitos com os resultados de uma auditoria
feita por ele no Ibama de Guajará Mirim.
A auditoria apontou diversas irregularidades
e crimes que teriam sido cometidos por servidores
e indicava, inclusive, que 11 empresas do
município de Nova Mamoré teriam
sido beneficiadas. Em novembro de 2005 o relatório
de auditoria foi encaminhado à Polícia
Federal que deu início às investigações
que culminaram na operação de
hoje.
Em junho de 2006, o monitoramento
dos telefones dos supostos envolvidos, feito
pela Polícia Federal, confirmou as
suspeitas. O serviço de inteligência
policial constatou também que parte
da madeira comercializada ilegalmente foi
extraída das terras indígenas
Lages e Ribeirão, no oeste do estado.
Em agosto, foi localizado um dos locais onde
a madeira ilegal era estocada.
Durante as 14 operações
conjuntas da PF e do Ibama foram presas 424
pessoas, sendo 106 servidores do Ibama, 19
servidores públicos de outras instituições
e 299 empresários, lobistas, advogados
e contadores. "A parceria com a Polícia
Federal é um sucesso”, afirma o presidente
do Ibama, Marcus Barros. Segundo ele, a união
da inteligência das duas instituições
tem permitido prender corruptores e corruptos
e desmontar esquemas de corrupção
em funcionamento há muitos anos no
país. Esse trabalho, prevê, continuará
produzindo resultados no combate a crimes
ambientais.
Ascom