Ministra
do meio ambiente defende valor econômico
da conservação da água
9 de Dezembro de 2006 -
Alex Rodrigues - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - No Brasil, enquanto
o uso domiciliar consome apenas 10% da água
tratada, a agricultura absorve 70% e a indústria
outros 20%. Diante desta constatação,
a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
tem chamado a atenção para a
importância da proteção
e uso sustentável do potencial hídrico
brasileiro para o desenvolvimento econômico
brasileiro.
“A água é
um insumo fundamental. Para produzirmos um
quilo de grãos, precisamos de mil litros
de água; para produzir um quilo de
frango, dois mil litros de água. Isso
significa que ao exportarmos grãos
e frangos, estamos exportando água
na condição de comoddity”.
Além de destacar
o valor econômico da água, a
ministra também defende a importância
do líquido como importante elemento
de inclusão social. Citando o exemplo
do semi-árido brasileiro, a ministra
lembrou dos “graves problemas” enfrentados
pela população devido à
falta de água.
Segundo estudo divulgado
esta semana pela Agência Nacional de
Águas (ANA), até 2025, cerca
de 30 milhões de brasileiros que vivem
nos nove estados nordestinos e na região
norte de Minas Gerais sofrerão com
um quadro crítico de abastecimento
se não houver investimento.
A ministra afirmou que a
contaminação das águas
subterrâneas também é
um grave problema nacional. Segundo ela, a
principal causa para isso é a quantidade
de esgoto in natura jogado diretamente nos
córregos e rios. Ao destacar a importância
do saneamento básico para a conservação
dos recursos hídricos, Marina mencionou
as iniciativas para recuperar um dos maiores
afluentes do Rio São Francisco, o Rio
das Velhas.
“Em Minas Gerais, só
agora, com o Programa de Revitalização
do Rio São Francisco, o esgoto de Belo
Horizonte está sendo tratado. Antes
ele era jogado diretamente no Rio das Velhas”.
Além de abranger 51 município,
a bacia do Rio das Velhas é responsável
por abastecer mais de 60% da população
de Belo Horizonte.
A ministra também
defendeu que sejam criadas unidades de conservação
em áreas com nascentes, iniciativa
que, segundo ela, deveria fazer parte de um
programa maior, de recuperação
das bacias hidrográficas. Apesar dos
problemas, a ministra afirma que o país
tem avançado. “A agenda de recursos
hídricos tem sido muito pró-ativa
e com respostas muito importantes. O Brasil
é o primeiro país da América
Latina e Caribe a ter seu Plano Nacional de
Recursos Hídricos”.
Aprovado em janeiro deste
ano, depois de 18 meses de estudos, o plano
é um dos instrumentos previstos pela
Lei das Águas. Além disso, ele
atende à recomendação
da Organização das Nações
Unidas (ONU) de que os países construíssem
seus planos de gestão integrada de
recursos hídricos até 2005.
O objetivo principal da iniciativa é
reduzir à metade o número de
pessoas sem acesso à água potável
e ao saneamento básico.
Agência Nacional de
Águas premia iniciativas de conservação
e uso sustentável da água
7 de Dezembro de 2006 -
Alex Rodrigues - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - A Universidade
da Região de Joinville (Univille),
em Santa Catarina, a Associação
Programa Um Milhão de Cisternas e o
Centro de Educação Popular e
Formação Sindical (Cepfs) da
Paraíba foram os vencedores do 1º
Prêmio ANA, promovido pela Agência
Nacional de Águas.
Além de promover
mais visibilidade à Política
Nacional de Recursos Hídricos, o prêmio
reconhece e estimula iniciativas bem sucedidas
de conservação e uso sustentável
da água.
Com um projeto de assessoria
técnica e científica ao Comitê
de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica
do Rio Cubatão do Norte, a Univille
venceu a categoria Gestão de Recursos
Hídricos. A modalidade premiou casos
de sucesso na aplicação de instrumentos
de gestão em bacias hidrográficas,
estudos acadêmicos, projetos de capacitação,
de comunicação e de divulgação.
A universidade oferece ferramentas
metodológicas para trabalhos científicos
na bacia hidrográfica e desenvolve
ações de educação
ambiental com a população, palestras
para estudantes e a distribuição
de sementes de árvores nativas. Segundo
os coordenadores do prêmio, apenas um
dos programas, o Cubatão Verde, chegou
a mais de 1,5 mil crianças de 25 escolas.
Dois projetos que priorizam
a mobilização popular para a
construção de cisternas como
forma de superar a falta d'água venceram
as outras duas categorias.
O Programa de Formação
e Mobilização Social para a
Convivência com o Semi-Árido,
gerenciado pela Associação Programa
Um Milhão de Cisternas, venceu na categoria
Uso Racional de Recursos Hídricos.
O Cepfs levou o troféu Água
para a Vida, concedido a ações
que contribuem para conscientizar a sociedade
sobre o valor do água para a promoção
do desenvolvimento socioeconômico, da
qualidade de vida e para a conservação
dos ecossistemas.
A Associação
Programa Um Milhão de Cisternas é
formada por 22 organizações
da sociedade civil, coordenadas pela Articulação
do Semi-Árido (ASA). De acordo com
o coordenador responsável pelo programa
na Bahia, Naidison Batista, o projeto beneficiou
820 mil pessoas com a construção
de 170 mil cisternas. A meta é atingir
um milhão de cisternas nos próximos
sete anos.
“O Brasil precisa multiplicar
iniciativas como esta, simples, pequenas,
mas capazes de mudar a realidade da população”,
defende Naidison, para quem o aspecto mais
importante do projeto é o seu caráter
mobilizador. “Capacitamos as pessoas, de forma
que não há necessidade de um
técnico acompanhando-as durante todo
o tempo”.
O projeto do Cepfs tem filosofia
semelhante. Por meio da capacitação
de pessoas, a iniciativa mobiliza e une a
comunidade. Com atitudes simples, a ação
foi capaz de contribuir para a redução
dos índices de mortalidade infantil
registrados pela Secretaria de Saúde
de Teixeira (PB) em cerca de 60%, segundo
a organização do prêmio.
A ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, que participou da cerimônia
na noite de ontem (6) elogiou a iniciativa.
“O uso sustentável dos recursos pressupõe
o conhecimento, tecnologia e a prática.
Esse prêmio alcança as três
modalidades. A pergunta agora é: o
que vamos fazer com estas boas experiências?
Podemos multiplicá-las, transformá-las
em políticas públicas, utilizá-las
para incentivar outras comunidades e outros
segmentos da sociedade”.
Cisternas e bombas d´água
são exemplos de combate à desertificação
1 de Dezembro de 2006 -
Yara Aquino - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - O Programa Um Milhão
de Cisternas é um dos exemplos de iniciativas
do governo e de comunidades de regiões
semi-áridas brasileiras para combater
a seca e os fenômenos dela decorrentes,
como a desertificação.
Desde 2003 o programa, que
é executado pela Organização
do Semi-árido (ASA), construiu cerca
de 166,1 mil cisternas.
A água é captada
da chuva por calhas instaladas em telhados
e armazenadas nessas unidades, o que garante
às famílias água por
mais tempo.
A ação fez
parte do balanço apresentado hoje (1º)
durante o seminário promovido pelo
Ministério do Meio Ambiente para marcar
o encerramento do Ano Internacional dos Desertos
e Desertificação.
Outro projeto desenvolvido
pela ASA é o Bomba d’Água Popular,
que já instalou 200 bombas em regiões
de seca.
Com a água bombeada,
é possível irrigar pequenas
plantações e garantir renda
e alimento para as famílias.
Paralelos aos programas,
as escolas dessas regiões são
incentivadas a ensinar aos alunos noções
de preservação do meio ambiente,
que evitam, por exemplo, a degradação
do solo e a realização de queimadas.
“O objetivo não é
combater a seca, mas conviver com essa problemática,
e usar corretamente a pouca água que
se tem”, diz o representante da ASA Paulo
Pedro de Carvalho.
Desertificação
já é fenômeno perceptível
no Brasil, diz coordenador
1 de Dezembro de 2006 -
Yara Aquino - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - O coordenador do
Plano Nacional de Combate à Desertificação,
do Ministério do Meio Ambiente, José
Roberto de Lima, afirmou hoje (1°) que
a desertificalção já
é um processo perceptível no
Brasil.
O fenômeno deve-se
à degradação de terras,
resultante de fatores climáticos e
da ação humana. Para ser classificada
como tal, a degradação deve
ocorrer em regiões de clima árido,
semi-árido e sub-úmido seco.
“Temos áreas muito
impactadas. Em Cariri, no Ceará, estudos
mostram que há regiões com características
de árido, que são quase desertos”.
Ele diz que cerca de 1,5 mil municípios
brasileiros de 11 estados estão localizados
em áreas suscetíveis à
desertificação.
A migração
é um dos fenômenos decorrentes
da desertificação. Diversos
fatores levam os migrantes – denominados,
nesses casos, de “refugiados ambientais” –
a se deslocarem para outras regiões,
como a degradação e o empobrecimento
do solo e a morte de rios. Sem esses recursos
naturais, fica mais difícil sobreviver
da agricultura e de outras atividades produtivas.
Desde 2004, quando foi lançado
o Plano Nacional de Combate à Desertificação
(PAN), as ações para combater
a desertificação e suas conseqüências
têm sido intensificadas.
De acordo com Lima, no Plano
Plurianual 2004-2007, estão previstos
aproximadamente R$ 2 bilhões, que estão
“em sintonia” com o combate à desertificação
no semi-árido.
“O PAN foi elaborado com
a participação de 1,2 mil pessoas,
mais de 300 instituições, com
um grande envolvimento da sociedade civil
impactada, que discutiu e integrou as políticas
existentes”. Como exemplos dessa política,
Lima cita os projetos de agricultura sustentável
no semi-árido e o Programa Um Milhão
de Cisternas.
O plano está ligado
ao compromisso assumido pelo Brasil na Convenção
das Nações Unidas para o Combate
à Desertificação. Para
marcar o encerramento do Ano Internacional
dos Desertos e Desertificação,
o Ministério do Meio Ambiente promoveu
hoje (1º) um seminário em que
foi apresentado um balanço das ações.
Representantes do Mercosul
discutem ações de combate à
desertificação
8 de Dezembro de 2006 -
Raquel Mariano - da Agência Brasil -
Brasília - O desmatamento, o uso indevido
do solo e o avanço das monoculturas
inadequadas são alguns dos fatores
que provocam a desertificação.
Para discutir esses problemas e elaborar ações
que combatam a formação de paisagens
áridas, estão reunidos desde
ontem (7), em Brasília, representantes
dos países do Mercosul no encontro
A Estratégia Mercosul de Luta contra
a Desertificação, a Degradação
da Terra e os Efeitos da Seca.
O grupo vai elaborar um
documento que define o que os países
vão fazer para combater os desertos
na América do Sul. Segundo o coordenador
do Programa Nacional de Combate à Desertificação
do Ministério do Meio Ambiente, José
Roberto de Lima, “a partir desse documento,
vão ser desenvolvidas uma série
de atividades comuns de combate a desertificação
nesses países como o fortalecimento
funcional, formação de capacidades,
intercâmbio de conhecimentos, experiências
exitosas e mobilização social”.
Para ser aprovado, o documento
deverá ser assinado por todos os ministros
do Meio Ambiente dos países envolvidos.
Lima afirmou que a desertificação
atinge todos os países de forma crescente,
em uma escala extremamente grave. Em alguns
países como o Chile e a Argentina,
as situações são muito
difíceis. Já no Brasil, o semi-árido
também é bastante preocupante.
Atualmente, segundo
o coordenador, aproximadamente 33% da superfície
do planeta está impactada pelo processo
de desertificação. “Em 60 anos,
isso pode chegar a 50% da superfície”,
afirmou.