16/12/2006
- As casas localizadas na faixa de praia do
Bairro Serviluz, em Fortaleza (CE), sofrem
há vários anos com a invasão
da areia das dunas que são transportadas
pelo vento. Esse processo é ainda maior
a partir do mês de agosto e se estende
até o fim do ano. O volume estimado
é de 62 m³ de areia por metro
de praia, no período de um ano. Para
se ter uma idéia, isso equivale a 10
caçambas de caminhão cheias.
Estudos realizados pela
Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza/CE),
Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
podem ajudar a solucionar o problema, que
preocupa os moradores e o poder público.
Uma equipe da Embrapa desenvolveu,
experimentalmente, uma manta geotêxtil
a partir da casca do coco verde, que pode
ser utilizada na contenção de
dunas e encostas, na recuperação
de áreas degradadas e na proteção
de margens de cursos de água.
Segundo o engenheiro agrônomo
da Embrapa Agroindústria Tropical,
Adriano Mattos, essas mantas normalmente utilizam
palhas ou fibras vegetais trançadas
em malhas de nylon ou telas de polipropileno.
“A utilização da casca do coco
verde torna o produto altamente biodegradável”,
explica Adriano. Ele acrescenta que as cascas
do coco verde são um resíduo
que vem causando sérios problemas para
as prefeituras, em razão do volume
que ocupam nos aterros sanitários.
A Embrapa Agroindústria
Tropical já desenvolveu uma tecnologia
e um conjunto de equipamentos para o processamento
da casca de coco verde, transformando esse
resíduo em pó e fibra. Esse
trabalho viabilizou a implantação
de uma unidade de beneficiamento no bairro
do Jangurussu, em Fortaleza, com recursos
do Banco Mundial, em parceria com diversas
instituições públicas
e privadas.
Projeto
Agora, um convênio
assinado com a Prefeitura de Fortaleza, em
parceria com a Secretaria de Meio Ambiente
e Controle Urbano (Semam), a Secretaria Executiva
Regional II, a Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, a Secretaria de Desenvolvimento
Urbano e Infraestrutura, a Empresa Municipal
de Limpeza Urbana e o Fundo Municipal de Defesa
do Meio Ambiente possibilitou o início
do projeto “Métodos combinados para
contenção do processo erosivo
eólico na Praia do Serviluz”, elaborado
pela Embrapa Agroindústria Tropical.
O objetivo do projeto é
instalar cercas verticais de contenção,
feitas a partir das mantas de coco verde.
Essas mantas vão ajudar a barrar a
ação do vento, evitando que
as partículas de areia invadam as residências
dos moradores da Praia do Serviluz.
Cobertura de solo
As mantas - que serão
confeccionadas pela unidade de beneficiamento
da casca do coco verde do Jangurusssu - também
serão utilizadas como cobertura de
solo para a plantação de espécies
adaptadas ao ambiente, como cactáceas
(palma forrageira), arbustivas (murici, guajiru,
nim), frutíferas (cajueiro, goiabeira)
e herbáceas (salsa, amendoim), além
de canteiros com 14 espécies de plantas
medicinais, como por exemplo alecrim pimenta,
malvarisco, confrei, chambá, capim
santo, hortelã japonesa e alfavaca
.
A idéia, segundo
o pesquisador da Embrapa Agroindústria
Tropical e coordenador do projeto, João
Alencar, é que essa vegetação
seja a responsável pela contenção
definitiva da areia e, ainda, promova a melhoria
do meio ambiente. “As plantas medicinais poderão
ser utilizadas como matéria-prima para
a produção de fitoterápicos,
possilitando o acesso da população
à saúde”, diz João.
Os trabalhos de sensibilização
junto à comunidade do Bairro do Serviluz
já foram iniciados. “Estamos realizando
sete reuniões com os moradores para
apresentar o projeto e para envolver a comunidade
nas atividades”, conta João, adiantando
que também estão previstos seis
cursos – sendo três na área de
educação ambiental e os restantes
sobre produção de plantas medicinais.
Teresa Barroso (DRT 812CE JP)