12/12/2006 - “Falta integração,
um diálogo maior entre todos os órgãos
de fiscalização e entidades
envolvidas com as operações
do Porto de Santos, visando uma discussão
mais elaborada que objetive solucionar os
problemas de diversas naturezas relacionados
a este porto sediado na Baixada Santista”.
Essa afirmação foi enfatizada
pelo diretor de Engenharia, Tecnologia e Qualidade
Ambiental da Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental - CETESB, Lineu Bassoi, em sua palestra,
no seminário “Agenda Ambiental para
o Porto de Santos”, realizada no último
dia 07/12, na Universidade Católica
de Santos - UNISANTOS.
Esse seminário é resultado
do trabalho conjunto da CETESB, Companhia
Docas do Estado de São Paulo - CODESP
e UNISANTOS, tendo trazido a público
os primeiros resultados do projeto de pesquisa
“Cenário de Negociação
Ambiental para o Estuário de Santos
e São Vicente”, que conta com financiamento
da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP,
no que se refere às “Políticas
Públicas” para desenvolver uma agenda
ambiental para o Porto de Santos. Também
são instituições parceiras,
nesse trabalho, o Departamento de Patrimônio
da União - DPU, a Agência Brasileira
de Gerenciamento Costeiro e o Programa de
Pós-Graduação em Ciência
Ambiental da Universidade de São Paulo
- USP. Esta parceria se amplia com a participação
das prefeituras municipais de Santos e do
Guarujá, do Instituto de Pesca e da
Federação dos Pescadores.
Participaram desse seminário mais
de 100 pessoas, sendo a CETESB representada
na Abertura pelo gerente da Agência
Ambiental de Santos, Paulo Sérgio Fonseca.
Na primeira parte do seminário, merecem
destaques a experiência do Rio Grande
do Sul sobre a Evolução da Agenda
Ambiental pelo Porto de Rio Grande, e implantação
da Agenda Ambiental Portuária Local
pela Agência Nacional de Transporte
Aquaviário - ANTAQ.
Ações ambientais preventivas
e corretivas
No segundo quadro, foi apresentada a visão
sobre a Agenda Ambiental do Porto de Santos
por parte de organizações governamentais
como Prefeituras de Santos e do Guarujá,
CETESB, CODESP e Departamento de Patrimônio
da União - DPU, e por parte das não
governamentais, como a Agência Costeira
e a Federação dos Pescadores.
O Sistema Estadual de Meio Ambiente foi representado
pelo geól. Marcos Matiusso, do Departamento
de Avaliação de Impacto Ambiental
– DAIA, e por Lineu José Bassoi, diretor
de Engenharia, Tecnologia e Qualidade Ambiental
da CETESB. A primeira palestra enfocou o licenciamento
ambiental realizado pela SMA e a importância
da avaliação ambiental estratégica
no programa de gestão ambiental.
A segunda versou sobre as ações
preventivas e corretivas da CETESB na região
do Porto de Santos, abrangendo: controle das
fontes poluidoras, licenciamento, gerenciamento
de riscos, gestão de resíduos
sólidos, áreas contaminadas,
monitoramento ambiental das águas do
estuário e aspectos gerais sobre o
licenciamento da dragagem.
Além da necessidade de um diálogo
maior entre todos os órgãos
de fiscalização e entidades
envolvidas com as operações
do Porto de Santos, o diretor Lineu Bassoi,
da CETESB, durante sua palestra, apresentou
várias questões importantes,
sendo uma delas relativa à da dragagem
do Porto de Santos. Fazendo um pequeno retrospecto,
o diretor lembrou que, conforme estudo da
CETESB, no período de fevereiro de
2005 até o final de junho de 2005,
foram dispostos cerca de 2.7000.000 m³
de material dragado, ou seja 50% do total
previsto na Licença de Operação.
Em consequência, vários estudos
e monitoramentos, foram realizados, tanto
verificando aspectos referentes à quantidade
quanto à qualidade do material descartado,
inclusive quanto à sua toxicidade,
assim como os efeitos sentidos pelo ecossistema.
Em função desses resultados,
a CETESB estipulou que a dragagem, sob responsabilidade
da CODESP, envolveria o volume mensal de descarte
do material dragado na região oceânica,
de no máximo 300 mil m³/mês.
Avanços
Na sua palestra, Bassoi apresentou, também,
alguns avanços que ocorreram desde
1996, até hoje, assim como algumas
propostas para o melhor gerenciamento da atividade
de dragagem: estabelecimento de uma sistemática
de caracterização do material
a ser dragado, com alternativas de disposição
pré-estabelecidas, conforme sua qualidade;
definição de outra área,
ou outras áreas, para o lançamento
de material dragado; promover uma rediscussão
do plano de monitoramento, que vise, inclusive,
a sua simplificação, a médio
prazo; e a possibilidade de emitir licenças
por períodos maiores.
“Espera-se que o controle das fontes e o
equacionamento dos passivos ambientais da
região impliquem em uma melhoria significativa
do material dragado. Possibilitando, dessa
forma, o seu reaproveitamento, por exemplo,
em projetos de recomposição
da orla”, concluiu Bassoi.
Por outro lado, o diretor da CETESB lembrou
que a agência ambiental paulista tem
várias ações no Porto
de Santos que são importantes no contexto
do monitoramento e controle ambiental. "O
gerenciamento de riscos tecnológicos
envolve tanto ações preventivas
como corretivas e mitigadoras às emergências
químicas", afirmou.
O representante da agência ambiental
paulista ainda apresentou, como expectativas
para a Agenda Ambiental do Porto de Santos,
a partir de estudos elaborados pela CETESB,
os seguintes itens: a conclusão dos
Planos de Emergência Individual – PEI´s
dos terminais, incluindo a CODESP, para posterior
elaboração do Plano de Área
do Porto de Santos; conclusão do Programa
de Gerenciamento de Riscos nos Terminais Químicos
e Petroquímicos da Baixada Santista
e Litoral Norte - PGR; conclusão do
Programa Apell – Alerta e Preparo da Comunidade
para Emergências Locais, no Terminal
de Alemoa, para posterior ampliação
da região portuária; e a integração
do Plano de Área com o Plano de Auxílio
Mútuo do Porto de Santos com o Plano
de Contingência para Vazamento de Produtos
Químicos no Mar – da Associação
Brasileira de Terminais Líquidos –
ABTL.
Recuperação e manutenção
da qualidade ambiental
No geral, no discurso de todos os palestrantes,
foi enfatizada a importância de haver
maior integração entre os diversos
atores envolvidos, gerenciando conflitos existentes
e construindo um programa de gestão
comprometido com a recuperação
e com a manutenção da qualidade
ambiental.
A Agenda Ambiental Portuária deve
reunir o conjunto de ações necessárias
para que as atividades portuárias passem
a contribuir para melhorar a qualidade ambiental
na sua área de influência. É
um plano de ação, incluindo
metas, as ações necessárias,
os prazos, as responsabilidades e as parcerias
necessárias. Este plano foi proposto
para ser debatido com os principais interessados
e implantado depois de processo de consulta
e diálogo, prevendo para o futuro novas
etapas de consulta e debate, assim sempre
buscando aperfeiçoar a agenda.
Foram selecionados 12 temas para discussão
na agenda que serão discutidos no primeiro
semestre de 2007. Em paralelo às sessões
de discussão dos temas da Agenda Ambiental
Portuária, serão oferecidas
oficinas de capacitação em negociação
ambiental. E com base em experiências
de pesquisadores brasileiros e do exterior,
serão oferecidos treinamentos para
que todos os setores interessados adquiram
maior domínio dos temas relacionados
ao meio ambiente e desenvolvimento sustentável,
bem como sobre os tipos de comportamento que
podem facilitar a construção
de entendimentos entre diferentes setores,
visando planos de ação. As oficinas
serão abertas a todos os interessados.
Haverá nova divulgação
da Agenda Ambiental assim que for definido
o cronograma das reuniões, dos cursos
e o modo de inscrição.
Texto: Rosely Martin
Foto: José Jorge