Meio
Ambiente / Ecossistema - 13/12/2006 - A Fundação
SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT) lançaram
nesta terça-feira (12) os resultados
da edição 2000/2005 do Atlas
dos Remanescentes Florestais de Mata Atlântica,
o mais completo estudo sobre este bioma extremamente
ameaçado.
Em entrevista coletiva on-line,
Marcia Hirota, diretora de Gestão do
Conhecimento e coordenadora do Atlas pela
SOS Mata Atlântica; Flávio Ponzini,
coordenador técnico do estudo pelo
Inpe; e Mario Mantovani, diretor de Mobilização
da ONG ambientalista, mostraram os dados de
oito estados pesquisados (Espírito
Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná,
Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina
e São Paulo), que somam 79.515.743
hectares, correspondendo a 60% da área
do bioma.
“O Atlas é fruto
de um amplo trabalho, sistematicamente atualizado
há duas décadas, que conta com
o envolvimento de muitas instituições
e pessoas que participam e colaboram na sua
realização, para que o País
e a sociedade tenham mais subsídios
para atuar em favor da proteção
deste bioma, que é Patrimônio
Nacional”, observa Márcia Hirota. “Os
dados e mapas são disponibilizados
gratuitamente no portal http://www.sosma.org.br
e todo cidadão tem a chance de checar
como está a situação
da Mata Atlântica no seu município
com apenas alguns cliques”.
De acordo com o que foi
mapeado até agora, a Mata Atlântica
está reduzida a 6,98% de sua cobertura
original. Em 2000, este índice era
de 7,1%. O Atlas mostra a situação
estado a estado, levando em conta três
classes de mapeamento: florestas, restingas
e mangue. Do total de 95.066 hectares de desflorestamento
detectados na Mata Atlântica no período
de 2000 a 2005, 73.561 hectares, ou 77% do
total de remanescentes suprimidos, estão
concentrados em Santa Catarina e Paraná.
Entre os oito estados pesquisados, Goiás
foi o que mais devastou a Mata Atlântica
percentualmente (7,94%), seguido por Mato
Grosso do Sul (2,84%), Santa Catarina (2,03%),
Paraná (1,34%), Rio Grande do Sul (0,30%),
São Paulo (0,19%), Espírito
Santo (0,16%) e Rio de Janeiro (0,08%).
Histórico
Desenvolvidos pelo Inpe
e Fundação SOS Mata Atlântica,
os "Atlas dos remanescentes florestais
e ecossistemas associados do bioma Mata Atlântica”
foram produzidos nos períodos de 1985-11000,
11000-1995, 1995-2000, 2000-2005 e representam
um grande avanço na compreensão
da situação em que se encontra
a Mata Atlântica em dez dos 17 estados
abrangidos pelo bioma.
O último levantamento
mostra que, comparando os desmatamentos identificados
nos intervalos de 1995-2000 e 2000-2005, houve
diminuição de 71% no ritmo de
desflorestamento.
Os trabalhos de pesquisa
do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata
Atlântica para o período de 2000
a 2005 continuam, e quando estiver concluída,
esta edição do estudo contemplará
10 estados, perfazendo 94% do total. As bases
dos estados de Minas Gerais e Bahia deverão
ser avaliadas nos próximos meses, uma
vez que a atualização depende
de imagens de satélite livres da cobertura
de nuvens.
O primeiro mapeamento do
Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata
Atlântica, publicado em 11000 pela Fundação
e o Inpe, com a participação
do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis),
teve o mérito de ser um trabalho inédito
sobre a área original e a distribuição
espacial dos remanescentes florestais da Mata
Atlântica.
Em 1991, a SOS Mata Atlântica
e o Inpe deram início a um mapeamento
mais detalhado, em escala 1:250.000, analisando
a ação humana sobre os remanescentes
florestais e nas vegetações
de mangue e de restinga entre 1985 a 11000.
Publicado em 1992/93, o trabalho avaliou a
situação da Mata Atlântica
nos dez estados - Bahia, Espírito Santo,
Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do
Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul - que apresentavam
a maior concentração de áreas
preservadas.
Um novo lançamento
ocorreu em 1998, desta vez cobrindo o período
de 11000-1995, com a digitalização
dos limites das fisionomias vegetais da Mata
Atlântica e de algumas Unidades de Conservação
federais e estaduais, elaborada em parceria
com o Instituto Socioambiental, e incluindo
maior precisão na verificação
dos remanescentes florestais devido a aprimoramentos
metodológicos no processamento das
imagens de satélite.
Desenvolvido com técnicas
de interpretação visual de imagens
de satélite, levantamentos de campo
e sobrevôos, o trabalho vem, ao longo
dos anos, apropriando-se dos benefícios
da tecnologia de informação,
especialmente, das áreas de sensoriamento
remoto e de geoprocessamento.
Entre o período de
1995-2000, os resultados revelaram novamente
a situação da Mata Atlântica
em 10 dos 17 estados - a totalidade das áreas
do bioma Mata Atlântica de Goiás,
Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de
Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do
Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
do Sul e áreas parciais da Bahia -
que abrangeram nesta etapa 1.185.000 km²,
ou seja, 94% da área total do Bioma
Mata Atlântica.
As bases temáticas
geradas anteriormente também foram
georreferenciadas, reinterpretadas e utilizadas
como fundamento para a geração
de uma nova base, ainda referente ao período
11000-1995, mas incluindo dados na escala
1:50.000. Com isso, foi possível elaborar
a análise da evolução
da Mata Atlântica no período
1995-2000.
Em 2005, a Fundação
SOS Mata Atlântica e o Inpe deram início
à atualização do Atlas
para avaliar a dinâmica dos remanescentes
florestais, de mangue e de restinga ocorrida
no período 2000 e 2005. Nessa nova
versão foram aprimorados aspectos relacionados
ao georreferenciamento das bases temáticas
geradas, bem como na identificação
dos remanescentes procurando minimizar erros
de interpretação.
Várias são
as iniciativas associadas ao Atlas dos remanescentes
florestais da Mata Atlântica. Uma delas
é a inserção de novas
bases, tais como a dos limites municipais
e das Unidades de Conservação,
além das áreas prioritárias
para conservação da biodiversidade
da Mata Atlântica e das formações
vegetais, definido pelo artigo 3º do
Decreto Federal 1000/93 e com base no Mapa
de Vegetação do Brasil do IBGE,
na escala 1:5.000.000.
Esta quarta edição,
do período 2000 a 2005, conta com a
execução técnica da Arcplan
e patrocínio do Bradesco e co-patrocínio
da Colgate-Palmolive/Sorriso Herbal.
Assessoria de Imprensa do INPE