Brasília,
15 de dezembro de 2006 — A Ministra do Meio
Ambiente, Marina Silva, assinou esta semana
as Portarias nos 349, 350 e 351, que reconhecem
três novos Mosaicos de Unidades de Conservação
da Mata Atlântica na região das
Serras do Mar e da Mantiqueira: Mosaico Bocaina,
na região de Paraty (RJ) e Ubatuba
(SP); Mosaico da Mata Atlântica Central
Fluminense, na região serrana do Rio
de Janeiro e Mosaico da Serra da Mantiqueira,
composto por unidades de conservação
de São Paulo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro.
Considerada um dos cinco
hotspots de biodiversidade mais importantes
do planeta - que são as áreas
mais ricas em diversidade biológica
e também as mais ameaçadas -
a Mata Atlântica é um bioma prioritário
para a conservação ambiental.
De acordo com a nova edição
do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata
Atlântica, divulgado essa semana pela
Fundação SOS Mata Atlântica
e o INPE - Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais -, restam hoje menos de 7% da superfície
original deste bioma, que ocupava originalmente
135 milhões de hectares. “Apesar da
devastação acentuada, a Mata
Atlântica ainda abriga enorme riqueza
biológica e alto grau de endemismo
(espécies que só ocorrem ali)
e por isso requer urgência nas ações
de conservação e recuperação
que venham garantir água, condições
climáticas e outros serviços
ambientais essenciais à manutenção
e melhoria da qualidade de vida da população.
E esses mosaicos estão localizados
em áreas prioritárias para a
conservação no bioma”, explica
Luiz Paulo Pinto, diretor do Programa Mata
Atlântica da Conservação
Internacional (CI-Brasil).
A criação
dos Mosaicos tem como objetivo principal estimular
a gestão integrada entre as diversas
Unidades de Conservação, contribuindo
para a conservação dos recursos
naturais, bem como para o desenvolvimento
sustentável do território onde
se situam, nos estados de Minas Gerais, Rio
de Janeiro e São Paulo. A sua implementação
requer o planejamento e a execução
de ações de forma integrada,
objetivando o desenvolvimento sustentável
da região, priorizando a preservação
da paisagem, da biodiversidade, e o desenvolvimento
de atividades produtivas ligadas à
cultura local, à mata e aos ambientes
marinhos.
Para o sucesso efetivo da
gestão dos mosaicos, é imprescindível
a realização de atividades de
Educação Ambiental integradas
à capacitação profissional
voltada à conservação,
que tem grande potencial nas três regiões.
Além de integrar também as ações
de fiscalização e controle,
a criação dos Mosaicos deverá
contribuir para o desenvolvimento de projetos
de recuperação de áreas
degradadas, proteção de espécies
ameaçadas e formação
de corredores ecológicos, para ampliar
a conectividade entre as unidades de conservação
do mosaico.
O Projeto de Apoio à
criação dos Mosaicos de Unidades
de Conservação, iniciado em
dezembro de 2005, é uma iniciativa
conjunta do Ministério do Meio Ambiente,
Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da
Mata Atlântica, CI-Brasil, agências
ambientais estaduais e diversas outras instituições.
Contou com recursos do Fundo de Parceria para
Ecossistemas Críticos, formado pela
Conservação Internacional, GEF
(Fundo Global do Meio Ambiente), Governo do
Japão, Fundação Mac Arthur
e Banco Mundial.
A estratégia adotada
pelo Projeto foi contribuir com as iniciativas
em andamento nos órgãos gestores
ambientais das três instâncias
de governo e proprietários de Reservas
Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs),
visando a proposição e articulação
de três Mosaicos de Unidades de Conservação
em diferentes regiões da Serra do Mar,
composto por Unidades de Conservação
federais, estaduais, municipais e particulares.
Mosaicos
Mosaico Bocaina (10 unidades
de conservação)
Localização: Vale do Paraíba
do Sul, litoral sul do estado do Rio de Janeiro
e litoral norte do estado de São Paulo
Área: 221.754 hectares
Algumas UCs: Parque Estadual da Serra do Mar
(a maior área protegida de proteção
integral da Mata Atlântica) e o Parque
Nacional da Serra da Bocaina
Algumas espécies ameaçadas:
chauá (Amazona rhodocorytha), papa-formigas-de-cabeça-negra
(Formicivora erythronotos) e gavião-pombo-pequeno
(Leucopternis lacernulata).
Mosaico da Mata Atlântica
Central Fluminense (22 unidades de conservação)
– Essa é uma das áreas com maior
concentração de endemismo e
espécies ameaçadas na Mata Atlântica
Localização: região serrana
do Rio de Janeiro
Área: 233.710 hectares
Algumas UCs: Parque Nacional da Serra dos
Órgãos e Parque Estadual dos
Três Picos.
Algumas espécies ameaçadas:
muriqui-do-sul (Brachytelles arachnoides);
tietê-de-coroa (Calyptura cristata)
e choquinha-pequena (Myrmotherula minor)
Mosaico da Serra da Mantiqueira
(19 unidades de conservação)
Localização: tríplice
fronteira dos estados de São Paulo,
Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Área: 445.615 hectares
Algumas UCs: Parque Estadual da Serra do Papagaio
e Parque Nacional do Itatiaia. O Parque Itatiaia
foi a primeira unidade de conservação
criada no Brasil, em 1937. É considerado
um site da Aliança pel Extinção
Zero (AZE, da sigla em inglês), devido
ao fato de ser o único local conhecido
de ocorrência da espécie de anfíbio
criticamente em perigo Holoaden bradei. Este
parque tem alto grau de endemismo de anfíbios.
Algumas espécies ameaçadas:
papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea);
caneleirinho-de-chapéu-preto (Piprites
pileata); jacutinga (Pipile jacutinga)