21/12/2006 - Marluza Mattos - A Comissão
Nacional de Biodiversidade (Conabio) aprovou,
nesta quinta-feira (21), um conjunto de metas
para que o Brasil reduza a perda de sua biodiversidade
até 2010. A iniciativa é inédita
no país e deve influenciar a elaboração
do próximo Plano Plurianual (PPA),
que conterá orientações
para os orçamentos anuais da União
de 2008 a 2011. "As metas se tornarão
um instrumento de políticas públicas.
Elas poderão direcionar as ações
do governo e da sociedade civil", avaliou
o gerente de Conservação da
Biodiversidade do Ministério do Meio
Ambiente, Bráulio Dias.
A partir das deliberações da
Conabio, o país trabalhará para
acabar com o desmatamento na Mata Atlântica,
reduzir a taxa em 75% na Amazônia e
em 50% nos demais biomas até 2010,
considerando 2002 como ano base. Todas as
espécies ameaçadas de extinção,
reconhecidas oficialmente, deverão
ser alvo de planos de ação e
grupos ativos de assessoramento. Outra meta
define que, nos próximos quatro anos,
o Brasil deverá garantir que 60% da
diversidade genética dos seus parentes
silvestres de plantas cultivadas, de 10 gêneros
prioritários, sejam conservados na
natureza e fora dela - desses 10, sete já
foram estudados: o algodão, o amendoim,
o arroz, o grupo das abóboras, a mandioca,
o milho e a pupunha. Há ainda uma meta
que determina que 30% dos produtos não-madeireiros
deverão ser certificados, garantindo
que a origem seja de fontes manejadas de forma
sustentável.
Ao todo, são 49 metas, definidas a
partir de sugestões de especialistas,
apresentadas num seminário promovido
pela Conabio em outubro. No seminário,
foram apresentados dados sobre o cenário
atual da biodiversidade e previsões
otimistas e pessimistas para 2010. As metas
tratam da conservação e proteção
da biodiversidade, do uso sustentável
dos recursos naturais e repartição
eqüitativa dos benefícios gerados
a partir deles e de conhecimentos tradicionais.
Com a definição das metas,
o Brasil preenche uma lacuna presente no seu
3º Relatório Nacional, entregue
à Convenção sobre Diversidade
Biológica (CDB). Na elaboração
do documento, optou-se por não incluir
as metas nacionais de biodiversidade até
que estudos e levantamentos contratados pelo
Projeto de Conservação e Utilização
Sustentável da Diversidade Biológica
Brasileira (Probio), com diagnósticos
das espécies exóticas invasoras
e mapeamentos dos remanescentes dos biomas
fossem concluídos. Com os resultados
desses estudos, o processo de definição
de metas iniciou, levando em conta as decisões
da própria CDB sobre a estrutura e
objetivos de um plano estratégico para
a conservação.
As Metas para a Biodiversidade até
2010 permitirão que o país avance
no cumprimento da sua Agenda de Ações
Prioritárias. Lançada pela ministra
do Meio Ambiente, Marina Silva, e pelo ministro
de Relações Exteriores, Celso
Amorim, essa agenda orientará o Brasil
até o final do seu mandato na presidência
da CDB - em 2008, quando será realizada
a próxima Conferência das Partes
da CDB, na Alemanha.
Essa foi a 12ª reunião extraordinária
da comissão e marcou o encerramento
dos trabalhos em 2006. No primeiro dia de
encontro, os integrantes da Conabio aprovaram
a minuta do texto da portaria sobre a Atualização
das Áreas Prioritárias para
Conservação, Utilização
Sustentável e Repartição
de Benefícios da Biodiversidade Brasileira,
que deverá ser assinada pela ministra
do Meio Ambiente, Marina Silva. O trabalho,
cujo conteúdo envolve todos os biomas
do país, apontou como prioritária
uma área equivalente a cerca de 8,6
milhões de Km² do território
brasileiro. Na abertura da reunião,
na quarta-feira (20), o Ministério
do Meio Ambiente lançou o Portal Brasileiro
sobre Biodiversidade, o PortalBio, e os Mapas
de Cobertura Vegetal dos Biomas Brasileiros.
Comissão aprova Áreas Prioritárias
para a Conservação
20/12/2006 - Marluza Mattos - A Comissão
Nacional de Biodiversidade (Conabio) aprovou
nesta quarta-feira (20) a minuta do texto
da portaria sobre a Atualização
das Áreas Prioritárias para
Conservação, Utilização
Sustentável e Repartição
de Benefícios da Biodiversidade Brasileira,
que deverá ser assinada pela ministra
do Meio Ambiente, Marina Silva. O trabalho,
cujo conteúdo envolve todos os biomas
do país, apontou como prioritária
uma área equivalente a cerca de 8,6
milhões de Km² do território
brasileiro, sendo 2 milhões de Km²
referentes a áreas que já fazem
parte do Plano Nacional de Áreas Protegidas,
594 mil Km² a áreas que estão
em recuperação e 2,8 milhões
de Km² de áreas novas.
A iniciativa de identificar alvos de conservação
nos biomas do país iniciou em 1998,
quando cinco subprojetos do Probio foram realizados
com esse objetivo. Em maio de 2004, o decreto
nº 5.092 reconheceu 900 áreas
como prioritárias no país, instituídas
por meio de portaria do Ministério
do Meio Ambiente, publicada no mesmo mês.
O processo de atualização, aprovado
nesta quarta-feira, iniciou em dezembro de
2005, quando a Conabio deliberou sobre a metodologia
que seria usada. Essa metodologia levou em
conta as decisões da 7ª Conferência
das Partes da Convenção sobre
Diversidade Biológica (COP7) e os princípios
de planejamento sistemático para conservação
e seus critérios básicos: representatividade,
persistência e vulnerabilidade dos ambientes.
Foram usados instrumentos de geoprocessamento
e modelagem matemática, sem que isso
prejudicasse o processo de participação
e negociação na escolha das
prioridades e ações. Reuniões
técnicas com os especialistas foram
desenvolvidas em todos os biomas. As sugestões
apresentadas por eles foram apreciadas em
seminários regionais, que contaram
com representantes dos governos federal, estaduais
e municipais, da academia e de instituições
de pesquisa, de organizações
não-governamentais, do setor empresarial,
de populações indígenas,
quilombolas, populações tradicionais,
caiçaras. Tudo para definir alvos específicos
de preservação em cada bioma
que contemplassem a biodiversidade da região.
Os resultados desse processo de atualização
ainda serão consolidados em relatório,
durante seminário nacional previsto
para ocorrer em 2007. Esse documento terá
a descrição completa e detalhada
das áreas e ações prioritárias.
O mapa das áreas prioritárias
deverá ser permanentemente atualizado.
No Pampa, os especialistas apontaram 84 alvos
de conservação, entre espécies
de esponjas, moluscos, crustáceos,
insetos, anfíbios, répteis,
mamíferos, aves. Foram indicados também
30 alvos de unidades ambientais, baseados
em geomorfologia, vegetação
e solos.
Na Zona Costeira e Marinha, os especialistas
apontaram 27 alvos de ecossistemas e 22 de
espécies na região Sul. Foram
indicados 34 alvos de ecossistemas e 47 de
espécies na região Norte. No
Nordeste, foram 42 alvos de ecossistemas e
47 de espécies. No Sudeste/Sul, foram
42 alvos de ecossistemas e 39 de espécies.
No Cerrado, o processo de atualização
das áreas prioritárias para
conservação indicou como alvo
443 espécies de plantas, 50 de peixes,
80 de anfíbios, 127 de répteis,
56 de aves e 70 de mamíferos. Também
foram identificados 118 alvos de unidades
de paisagem no Cerrado e 10 alvos de unidades
de paisagem no Pantanal. Foram indicados 75
alvos de espécies de plantas do Pantanal,
três de peixes, 18 de anfíbios,
54 de répteis, 28 de aves e 18 de mamíferos.
Nos dois biomas, foram identificados seis
alvos de áreas de ecossistemas únicos
e algumas áreas importantes para manutenção
de processos ecológicos em ambientes
aquáticos: áreas de rios, microbacias
e outros sistemas.Foram indicados, ainda,
31 alvos de unidades ambientais onde há
formações geológicas
importantes para recarga de aqüíferos,
manutenção da perenidade de
rios do Cerrado e de outros biomas e dos pulsos
de inundação no Pantanal.
Os alvos de conservação indicados
na Amazônia foram habitats terrestres
e aquáticos, espécies de primatas,
entornos de rios, centros de endemismo, área
desflorestada e bacias hidrográficas
inteiras. Como alvos de conservação
de recursos de uso sustentável, foram
apontados a piaçava, a jarina e o mogno,
as áreas alagadas e de alto potencial
madeireiro.
No caso da Mata Atlântica, foram identificados
oito alvos de espécies de anfíbios,
12 de répteis, 48 de mamíferos,
40 de aves, além de 93 unidades ambientais
baseadas em geomorfologia, vegetação,
solos e altitude. Para a Caatinga, foram 715
alvos de conservação. Entre
eles estão 74 de aves, 134 de répteis
e anfíbios, 33 de mamíferos,
12 de peixes e 12 de invertebrados. Outros
219 referem-se à flora. Ainda foram
identificados 89 alvos de invertebrados de
uso sustentável e dois de processos
ecológicos.
MMA lança Mapas de Cobertura Vegetal
Nativa dos Biomas Brasileiros
20/12/2006 - Marluza Mattos e Rafael Imolene
- Pela primeira vez na História do
Brasil, um estudo detalhado revela a situação
de todos os biomas do País. Os Mapas
de Cobertura Vegetal dos Biomas Brasileiros
foram apresentados pelo Ministério
do Meio Ambiente durante a abertura da 12ª
Reunião Extraordinária da Comissão
Nacional de Biodiversidade (Conabio), em Brasília,
nesta quarta-feira (20).
O estudo revelou que a cobertura vegetal
nativa dos biomas Amazônia, Cerrado,
Pampa, Pantanal e Caatinga apresentam áreas
com percentuais acima de 40% em relação
às suas coberturas originais. Para
o secretário de Biodiversidade e Florestas
do MMA, João Paulo Capobianco, a apresentação
dos resultados pode ser comparada à
concretização de um sonho. "Há
muitos anos se desejava um estudo como este.
Hoje temos um mapeamento nacional, que será
analisado e aprimorado continuamente",
afirmou, durante a reunião. Os dados
ainda são passíveis de ajustes.
Os resultados definitivos serão apresentados
em 2007.
O Pantanal é o bioma que detém
o melhor resultado, com 88,7% de cobertura
vegetal nativa intacta. Depois aparece a Amazônia
(85%), seguida da Caatinga (62,6%), do Cerrado
(61,1%) e do Pampa, com 41,3%. O último
lugar da lista pertence à Mata Atlântica,
com 27,44%. O estudo, cujo ano base é
2002, contou com a participação
de técnicos do Ministério do
Meio Ambiente, do IBGE, da Embrapa e de diferentes
universidades, entre outros órgãos
federais e entidades.
A íntegra do mapeamento estará
disponível no início de 2007,
afirmou Capobianco. "É uma contribuição
de enorme valor, que ajudará a identificar
as áreas críticas", disse.
Os mapas deverão ainda oferecer subsídios
para a formulação de políticas
públicas de conservação
e uso sustentável da biodiversidade
do país. Cada bioma foi tratado como
um projeto independente. Interessados em conhecer
o conteúdo dos resumos executivos dos
projetos de cada bioma podem acessar o site
www.mma.gov.br/portalbio, no link Biodiversidade
Brasileira, e selecionar no menu à
esquerda o título Cobertura Vegetal
dos Biomas Brasileiros.
A iniciativa de mapear a cobertura vegetal
nativa dos biomas é da Secretaria de
Biodiversidade e Florestas. Ela foi implementada
com recursos do Projeto de Conservação
e Utilização Sustentável
da Diversidade Biológica Brasileira
(Probio), resultante de parceria entre o MMA,
o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq), o Fundo Global
para o Meio Ambiente (GEF) e o Banco Mundial.
Pantanal
Com área total de 150.355 Km²,
o Pantanal se situa na região Centro-Oeste
e está inserido na bacia do Rio Paraguai.
As paisagens pantaneiras formam um grande
mosaico que, mesmo ocupado há mais
de 250 anos, abriga grande diversidade de
espécies de plantas e animais adaptados
à dinâmica do clima e aos pulsos
de inundação da região.
Foram compostas para o bioma 17 imagens de
satélite da série Landsat, do
ano de 2002, e 20 cartas topográficas
na escala de 1:250.000. Verificou-se que 88,7%
da cobertura vegetal nativa do bioma encontra-se
preservada enquanto 11,7% são áreas
de uso antrópico (ação
do homem). As áreas mais preservadas
estão no Mato Grosso e no Mato Grosso
do Sul, 85,3% e 91% respectivamente.
Amazônia
A Amazônia abrange uma área
de aproximadamente 4.196.943Km². Apesar
de sua dimensão, da riqueza de espécies
que abriga e da diversidade de habitats que
oferece, há grandes lacunas no conhecimento
sobre sua flora, fauna e processos ecológicos.
O mapeamento foi feito a partir de 198 imagens
Landsat, captadas de 2001 a 2004. A partir
de 261 cartas, na escala de 1:250.000, foi
possível mapear as classes de vegetação
(tipos de fisionomia, distribuição
espacial) e classes de uso (vegetação
secundária, pasto, cultura). O trabalho
revelou uma área de cobertura vegetal
nativa de 85%; destes, 80,76% compostos por
florestas, 2,5% por água e 3% por vegetação
secundária, indicando uma área
antropizada (ação do homem)
total de 9,5%, concentrada no Pará,
Mato Grosso, Rondônia e Maranhão.
Caatinga
A Caatinga se estende por quase todos os
estados do Nordeste e por parte de Minas Gerais.
Estima-se que pelo menos 932 espécies
foram registradas na região, sendo
380 endêmicas (típicas da região).
A área do bioma compreende 844.453
Km², cobrindo 9,92% do território
nacional. Dentre os biomas brasileiros, é
o menos conhecido cientificamente. Foram processadas
54 cenas do satélite Landsat, resultando
na produção de 48 cartas. Os
mapas do bioma estão na escala de 1:250.000.
O estudo revelou que a área preservada
compreende o equivalente a 62,69% da cobertura
original. Esse percentual não inclui
a região norte de Minas Gerais, e as
faixas de contato com os biomas Mata Atlântica
e Cerrado, mapeadas por outras equipes.
Cerrado
Com extensão de aproximadamente 204,7
milhões de hectares, o Cerrado se estende
pela Bahia, Goiás, Maranhão,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Paraná, Piauí, São Paulo,
Tocantins e Distrito Federal. Ele é
considerado o segundo bioma brasileiro mais
rico em biodiversidade. O mapeamento revelou
que a porcentagem da cobertura vegetal do
Cerrado é de 61,1%. Esse percentual
é maior do que outros levantamentos
feitos, como o da ong Conservação
Internacional, que em 2004 indicava 55% de
área intacta. Uma das principais razões
dessa diferença está na resolução
espacial dos dados de sensoriamento remoto.
Os resultados da Conservação
Internacional se baseiam em imagens de satélite
com uma resolução espacial de
1 Km, menos precisa do que a resolução
do satélite Landsat, usada no mapeamento,
de 30 metros.
Foram analisadas 114 cenas do satélite
Landsat ETM+ (ano-base 2002). Esse satélite
permite mapeamentos temáticos na escala
de até 1:50.000. Com essas imagens
foram confeccionados 172 mapas na escala de
1:250.000, um nível de detalhamento
inédito. Piauí, Maranhão,
Tocantins e Bahia são os estados onde
o percentual do bioma é maior.
Pampa
O bioma compreende os campos da metade-sul
e das Missões do Rio Grande do Sul,
cobrindo uma área aproximada de 176.496
Km². No mapeamento, foram usadas 22 imagens
de satélite Landsat 5 TM e 7 ETM+,
ano base 2002. Foram confeccionadas 23 cartas-imagem
na escala 1:250.000. O mapeamento revelou
que o bioma apresenta um total de 41,32% de
cobertura vegetal nativa. Desse total, 23,03%
correspondem a formações campestres,
5,19% a formações florestais
e 12,91% a formações de transição.
Das áreas consideradas não remanescentes,
58,68%, há 9,99% de corpos d'água
naturais ou artificiais.
Mata Atlântica
A Mata Atlântica é considerado
o mais ameaçado dos biomas. Nela se
concentram 70% da população
brasileira, distribuída em 15 estados.
Apesar da devastação, a Mata
Atlântica ainda conserva uma parcela
significativa da diversidade biológica
do país, com altíssimos níveis
de endemismo. Abriga inúmeras populações
tradicionais e garante o abastecimento de
água para mais de 120 milhões
de pessoas.
A inovação do mapeamento está
na identificação dos remanescentes
de formações não florestais,
além das áreas antrópicas,
em toda a área de abrangência
do bioma. O estudo apontou a presença
de 27,44% de remanescentes (22,44% florestais
e 5% não-florestais). Esse total agrega
áreas acima de aproximadamente 15 hectares,
incluindo vegetação original
e secundária em estágio mais
avançado.
Os resultados diferem da referência
atual estabelecida pelo Atlas dos Remanescentes
Florestais da Mata Atlântica (da Fundação
SOS Mata Atlântica, 2002) por algumas
razões. O estudo anunciado nesta quarta-feira
(20) adota o Mapa dos Biomas Brasileiros de
2004, enquanto o atlas adota os limites do
domínio da Mata Atlântica extraídos
do Mapa de Vegetação do IBGE
elaborado em 1993. É preciso destacar
ainda que as escalas de mapeamento são
diferentes e o conceito de remanescentes adotado
no mapeamento é mais abrangente do
que no atlas.
Novos mosaicos terão regimento e diretrizes
em 90 dias
18/12/2006 - Os conselhos dos três novos
mosaicos ecológicos criados no país
elaborarão, até março
de 2007, o regimento interno e as diretrizes
e ações a serem desenvolvidas
naquelas áreas. Os três mosaicos
do Corredor Ecológico das Serras do
Mar e da Mantiqueira, na Mata Atlântica,
foram reconhecidos como tal em 11 de dezembro
passado, por meio de portaria da ministra
Marina Silva. São eles: os mosaicos
da Bocaina, da Mata Atlântica Central
Fluminense e da Mantiqueira. O Conselho Gestor,
presidido por um chefe de Unidade de Conservação
(UC) da região dos mosaicos, atuará
como instância de gestão integrada
das unidades de conservação
que integram cada mosaico.
Ao reconhecer um mosaico, o governo estimula
a gestão integrada das áreas
envolvidas, contribuindo para a preservação
e conservação dos recursos naturais
e para o desenvolvimento sustentável
da região. Os três novos mosaicos
reúnem 51 Unidades de Conservação
e somam mais de 900 mil hectares em 59 municípios
de três estados: Rio de Janeiro, Minas
Gerais e São Paulo.
Mosaicos novos - O Mosaico Bocaina, com uma
área de 221.754 hectares, estende-se
por dez unidades de conservação
em nove municípios do litoral sul do
Rio de Janeiro e do litoral norte de São
Paulo. Com 233.710 hectares, o Mosaico da
Mata Atlântica Central Fluminense é
formado por 22 UC em 13 municípios
do RJ, de SP e de Minas Gerais. Já
o Mosaico Mantiqueira está presente
em 19 UC, numa área de 445.615 hectares
de 37 municípios fluminenses, paulistas
e mineiros.
Com a criação dos novos mosaicos,
o Ministério do Meio Ambiente chega
ao total de cinco mosaicos instituídos
no País. O primeiro foi o Mosaico da
Caatinga, no Piauí, aprovado em 2005.
Ele possui dois parques nacionais (da Serra
da Capivara e da Serra das Confusões,
ligados por um corredor ecológico).
O segundo dos cinco mosaicos criados até
o momento - o da Zona Marinha e Costeira -
estende-se de São Paulo ao Paraná.
Ele engloba mais de 20 Unidades de Conservação
federais, estaduais, municipais, além
de Reservas Particulares do Patrimônio
Natural (RPPN).
Ações de conservação
e recuperação da Mata Atlântica
são imprescindíveis para garantir
água e condições climáticas
à manutenção e melhoria
da qualidade de vida dos 120 milhões
de brasileiros que vivem em sua área
de abrangência e produzem 70% do Produto
Interno Bruto do País. O bioma cobre
a costa brasileira do Rio Grande do Sul ao
Rio Grande do Norte e é considerado
um dos mais ricos do mundo em biodiversidade.
Originalmente com 1.300.000 de km2, o bioma
atlântico está reduzido a menos
de 8% de sua cobertura original.
O projeto de apoio à criação
dos novos mosaicos, iniciado em dezembro de
2005, foi coordenado pelo Conselho Nacional
da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica
(RBMA). Ele contou com recursos do Fundo de
Parceria para Ecossistemas Críticos,
abastecido pela Conservação
Internacional, pelo Fundo para o Meio Ambiente
Global (GEF), pelo Governo do Japão,
pela Fundação Mac Arthur e pelo
Banco Mundial. O projeto foi desenvolvido
para articular os três mosaicos, levando
em conta iniciativas em andamento naquele
sentido pelos órgãos gestores
das três instâncias de governo
e proprietários de Reservas Particulares
do Patrimônio Natural.
Ministra valoriza ações do
Conacer em benefício do Cerrado
19/12/2006 - Rafael Imolene - Na última
reunião de 2006 da Comissão
Nacional do Programa Cerrado Sustentável
(Conacer), realizada nesta terça-feira
(19), a ministra do Meio Ambiente, Marina
Silva, elogiou os esforços da equipe
pelos avanços conquistados nesse primeiro
ano de atividades. Entre as ações
mencionadas pela ministra, constam a criação
de um espaço institucional no MMA para
o desenvolvimento de políticas e de
um programa de conservação daquele
bioma, bem como a aprovação
da PEC do Cerrado no Congresso Nacional. "Quero
dar os parabéns a todos por essa agenda
intensa no Parlamento, que tornou possível
aprovar as propostas importantes", disse
a ministra.
A reunião foi realizada na manhã
desta terça-feira (19) na sede do Ibama
em Brasília. A ministra citou, ainda,
a aprovação do Projeto GEF Cerrado,
orçado em US$ 39 milhões, dos
quais US$ 13 milhões do GEF (Fundo
Global para o Meio Ambiente - sigla em inglês)
e US$ 26 milhões de contrapartida do
governo brasileiro, recursos que serão
utilizados em 2007. Mencionou também
a criação do Parque Nacional
da Chapada das Mesas, no Maranhão,
com 160 mil hectares, e destacou a criação
das duas primeiras reservas extrativistas
do cerrado, em Goiás, totalizando 28
mil hectares, além da ampliação
em mais 120 mil hectares do Parque Nacional
Grande Sertão Veredas, em Minas Gerais.
Marina encerrou a fala de abertura da reunião
da Conacer afirmando estar otimista pelo fato
de, pela primeira vez na História do
Brasil, o debate pelo crescimento econômico
estar levando em consideração,
no mesmo patamar, a conservação
ambiental. Ao final, enalteceu a participação
dos demais ministérios e de entidades
sociais nas ações de preservação
do cerrado brasileiro.