20/12/2006
- A ONG ambientalista WWF-Brasil divulgou,
hoje pela manhã, pesquisa encomendada
ao Ibope sobre a percepção e
a atitude dos brasileiros em relação
à água e sua utilização.
A consulta incluiu, ainda, perguntas sobre
a relação entre o desenvolvimento
e a conservação do meio ambiente.
Os técnicos do WWF-Brasil queriam saber
a opinião dos brasileiros sobre as
recentes declarações do governo
de que o crescimento econômico do país
estaria sendo “travado” pelas restrições
ambientais aos projetos de infra-estrutura.
O Ibope apurou que apenas
7% dos brasileiros atribuem à questão
ambiental a atual estagnação
da economia do Brasil, cujo crescimento está
previsto para 2,5% em 2006. O convulsionado
Haiti deve crescer 3,7% este ano. Enquanto
isto, 62% dos entrevistados apontaram a corrupção
como a causa principal do baixo desempenho
da economia, seguida da carga tributária
e dos juros altos.
Para Samuel Barreto, coordenador
do Programa Água para a Vida, do WWF-Brasil,
estes resultados demonstram que a sociedade
sabe reconhecer os reais problemas enfrentados
pela nação. “A população
identifica problemas crônicos como a
corrupção, tributação
elevada, juros altos, entre outros, como os
verdadeiros vilões do crescimento econômico
e não aceita a questão ambiental
como bode expiatório”, disse Samuel.
Efeito Marina Silva
O documento final da pesquisa
foi entregue, hoje pela manhã, à
ministra Marina Silva, a quem o coordenador
de Políticas Públicas do WWF-Brasil,
Mauro Armelin, atribui uma das grandes surpresas
da pesquisa: a indicação do
desmatamento como um dos fatores para a degradação
dos recursos hídricos. Este tópico
não recebeu qualquer menção
na mesma pesquisa realizada em 2004 e foi
apontado por 22% dos entrevistados na pesquisa
deste mês.
“A percepção
de que o desmatamento prejudica o meio ambiente
é surpreendente, porque se trata de
uma sutileza difícil de perceber pela
população em geral. Mas podemos
atribuí-la ao “efeito Marina Silva”,
uma vez que a ministra transformou o combate
ao desmatamento em ação de governo”,
disse Armelin.
Samuel Barrêto destacou,
também, que a pesquisa demonstra que
a sociedade não está disposta
a conviver com degradação ambiental
em nome do crescimento econômico e acredita
ser possível harmonizar desenvolvimento
com conservação do meio ambiente.