Porto
Alegre (20/12/06) - Um levantamento feito
pela Divisão de Controle e Fiscalização
do Ibama no Rio Grande do Sul, revela que
o estado, principalmente a região Metropolitana
de Porto Alegre não é apenas
rota de tráfico de animais silvestres,
mas grande comprador destes mesmos animais.
Apenas neste ano de 2006,
foram aplicados 1.174 autos de infração
no estado: 587 correspondem à fiscalização
da fauna; 307 à pesca, 144 às
atividades relativas ao meio ambiente (poluição
e degradação, entre outros)
e 89 referentes à flora. Convertidos
em multas, estes autos de infração
representam, juntos, a quantia de R$ 9.761.521,10.
Segundo o responsável
pela Dicof, analista ambiental Fernando Falcão,
“as pessoas acham que tráfico de animais
só acontece em outros locais, e não
está associado à aquisição
de animais para mascotes, mas milhares de
animais são comercializados irregularmente
em nosso Estado”. Outro aspecto importante,
segundo ele, é a necessidade de implementação
efetiva do Sistema Nacional de Meio Ambiente
- SISNAMA - possibilitando a fiscalização
da fauna por parte dos municípios,
evitando assim sobrecarregar o órgão
federal. Falcão acrescenta ainda “o
Rio Grande do Sul lavrou 91,6% do valor das
multas de fauna no Brasil em 2005, num total
de 1.077 autos de infração”.
Criada em fevereiro de 1998,
a Lei dos Crimes Ambientais, considera os
animais, seus ninhos, abrigos e criadouros
naturais, propriedade do Estado. A compra,
venda, criação ou qualquer outro
negócio envolvendo animais silvestres
é crime. Mas muita gente ignora a legislação,
por mais severa que seja sua aplicação.
De acordo com dados divulgados pela Rede Nacional
Contra o Tráfico de Animais (RENCTAS)
e o IBOPE, 33 milhões de brasileiros
têm ou já tiveram um animal silvestre
em casa. E o mais grave: de dez animais silvestres
capturados vivos, apenas um chega ao seu destino
final. O cruzamento dessas informações
perfaz um número de 600 milhões
de animais.
Uma das dificuldades de
combater o tráfico de animais é
a lucratividade. Quanto mais ameaçada
e mais rara a espécie, mas lucrativo
se torna o crime ambiental. Além da
captura, que retira os animais de seu habitat,
as técnicas usadas para o transporte
dos animais, se caracterizam pela crueldade.
Flamingos enrolados em meias de nylon, para
diminuir de tamanho, são empilhados
uns sobre os outros. Pássaros são
enrolados em canudos de papéis e alguns
têm os ossos do peito quebrados para
serem transportados em canos de pvc e outros
têm os olhos perfurados para, cegos,
não verem a luz do sol e assim não
denunciarem o crime com seu canto. Para a
analista ambiental do Núcleo de Fauna
do Ibama/RS, Cibele Indrusiak, “enquanto os
brasileiros não assumirem sua responsabilidade
na conservação, continuaremos
firmes no caminho da extinção
de várias espécies nos próximos
anos”.
Maria Helena Firmbach Annes