21/12/2006 - Para marcar os 20 anos de criação
da Secretaria de Estado do Meio Ambiente –
SMA, foi inaugurada na noite de ontem (20/12)
uma galeria de fotos dos ex-secretários
da pasta, em evento que contou com a presença
do governador Claudio Lembo e de seis dos
sete secretários que antecederam o
professor José Goldemberg. A inauguração
da galeria de fotos se deu no “hall” do Anfiteatro
Augusto Ruschi, na sede da SMA, no bairro
Alto dos Pinheiros, na capital paulista.
“Muitas instituições brasileiras
não resistem vinte anos, mas a SMA
está envelhecendo bem, assim como os
bons vinhos” comparou Goldemberg. Para o secretário,
a colocação do presidente Lula
sobre os obstáculos ao desenvolvimento
criados pela legislação ambiental
não procede, “pelo menos no que se
refere ao Estado de São Paulo, o mais
desenvolvido do país que, ao mesmo
tempo, possui a legislação mais
restritiva. O que ocorre no mundo hoje é
uma crescente preocupação com
a questão ambiental e somente as nações
totalitárias é que não
levam a sério o meio ambiente”, concluiu.
O arquiteto e ambientalista José Pedro
de Oliveira Costa, primeiro secretário
da pasta, disse que a criação
da galeria de fotos é emocionante e
significativa. “Tive o privilégio de
iniciar a construção do sistema
ambiental na gestão de Franco Montoro,
um idealista com quem tive a honra de trabalhar.
Em cada dia de minha gestão, tive uma
luta a ser travada e cada um de nós,
secretários, sabemos o quanto isto
é difícil”, comentou Costa.
“É uma enorme satisfação
voltar nesta casa sempre, pois só tenho
boas lembranças. Mas também
lembro que foi, à frente desta pasta,
a única vez em minha vida em que tive
que tomar calmante para entrar numa reunião
do CONSEMA (Conselho Estadual de Meio Ambiente).
Naquele momento, no final dos anos 80, a sociedade
civil percebia que podia participar das decisões
e as reuniões eram muito tensas”, relembrou
o urbanista Jorge Wilheim.
Alaôr Caffé Alves também
discordou da colocação do presidente
Lula, afirmando que São Paulo é
o Estado mais estruturado do ponto de vista
do meio ambiente, graças à habilidade
de todos os secretários que passaram
pela SMA.
“Fui secretário no momento da ECO
92 e levamos nossa mensagem ao Rio de Janeiro.
Realizamos um trabalho significativo na ECO
e São Paulo continua presente nesta
exemplar missão de buscar o desenvolvimento
sustentável, para que todos nós
tenhamos qualidade de vida”, salientou Caffé.
“Durante nove anos coordenei as promotorias
de meio ambiente do Estado, fazendo muitas
cobranças à SMA. Mas quis o
destino que eu acabasse indo ser secretário
e senti que não é fácil
conduzir esta máquina tão importante
e tão difícil de ser trabalhada”,
ressaltou Edis Milaré.
Por sua vez, Fábio Feldmann ponderou,
também sobre as afirmações
do presidente Lula: “Podemos olhar as declarações
do presidente por um lado positivo. Quando
o presidente nomina os temas: indigenistas,
quilombolas e ambientalistas, percebemos que
nossa luta ganhou evidência. Isso de
certo modo é o resultado do nosso trabalho.
Há 20 anos, nossas críticas
não eram ouvidas, a sociedade não
era chamada a participar; se fosse, não
haveria a Transamazônica e a Usina de
Balbina”.
“Há 20 anos”, continuou, “o número
de unidades de proteção era
menor, não havia praticamente EIA-RIMA.
Atualmente, a demanda é muito maior,
mas a estrutura e o orçamento da SMA
não acompanharam este crescimento.
O desafio atual é o de como fortalecer
a estrutura para administrar o meio ambiente
nos próximos vinte anos. A estrutura
do poder público deve ser fortalecida”.
“Quando esta Secretaria foi pensada e estruturada,
eu trabalhava com o Zé Pedro. Ela surgiu
em cima de dois grandes pontos de discussão:
Áreas de Proteção e criação
do CONSEMA. A gestão ambiental tinha
um foco maior no controle. Considero que amadurecemos
alguns instrumentos e que o Estado avançou
muito na questão ambiental. Mas ainda
temos um bom caminho a percorrer e dificuldades
a serem superadas, como a demora do poder
público responder em tempo as demandas
da sociedade. Estou muito contente com este
encontro, em podermos pensar sobre o que já
fizemos e sobre o que faremos, porque temos
ainda um longo caminho pela frente”, afirmou
Stela Goldenstein. Golsdenstein foi sucedida
por Ricardo Tripoli, que não pôde
comparecer à cerimônia e esteve
à frente da SMA entre fevereiro de
1999 e janeiro de 2002.
Texto: Cristina Olivette
Foto: Pedro Calado