24
de Dezembro de 2006 - Wellton Máximo
- Repórter da Agência Brasil
- Brasília - O agronegócio no
Brasil tem potencial para crescer pelos próximos
dez anos, desde que a produção
se fundamente na preservação
dos recursos hídricos e do solo. A
conclusão é do estudo Projeções
do Agronegócio: Mundial e Brasil, divulgado
na última semana pela Assessoria de
Gestão Estratégica do Ministério
da Agricultura.
O relatório pretende
orientar a política do ministério
nos próximos anos. De acordo com o
estudo, para que o crescimento ocorra de forma
consistente, é essencial o desenvolvimento
de tecnologias para a conservação
da água, da floresta e da fertilidade
natural das terras. Segundo o documento, a
Amazônia terá de ser objeto de
uma política específica que
preserve a sustentabilidade da floresta.
Conforme o estudo, a oferta
de recursos naturais no Brasil será
fator de competitividade no futuro, quando
o aumento da população e da
renda mundial elevará a demanda por
alimentos. “A disponibilidade de recursos
hídricos será de fundamental
importância para o desenvolvimento do
agronegócio e para a segurança
alimentar”, afirma o documento.
De acordo com o relatório,
o Brasil poderá se beneficiar do crescimento
da população mundial, que deve
pular dos atuais 6,5 bilhões de habitantes
para 8,3 bilhões em 2030. O maior aumento
se dará na Ásia, que terá
mais 1,1 bilhão de pessoas no período.
Nesse cenário, segundo o estudo, alguns
países superpopulosos, como China e
Índia, enfrentarão escassez
de áreas cultiváveis e alta
demanda por comida.
Para o Ministério
da Agricultura, a manipulação
genética de plantas não se opõe
à preocupação com o meio
ambiente. Na avaliação dos autores
do estudo, as melhorias na produtividade obtidas
com os avanços da biotecnologia, farão
com que boa parte do crescimento da produção
agrícola não se dê sob
a expansão da área plantada.
“O desafio é incorporar as inovações
científicas e tecnológicas ao
agronegócio brasileiro, garantindo
a sua competitividade no médio e longo
prazo”, afirma o relatório.
Pelas projeções
do ministério, o efeito do ganho da
produtividade poderá ser sentido principalmente
na produção de grãos.
O estudo aponta que, daqui a dez anos, a área
plantada de soja, trigo, arroz, feijão
e milho atingirá 51,43 milhões
de hectares, o que representará aumento
de 15,7%. No mesmo período, no entanto,
a colheita será de 147,77 milhões
de toneladas, volume 26,8% maior que o obtido
na última safra.
Além das próprias
projeções do Ministério
da Agricultura, o documento baseou-se em informações
de órgãos e entidades nacionais,
como o Núcleo de Assuntos Estratégicos
da Presidência da República (NAE),
a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab),
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), a Confederação Nacional
da Agricultura (CNA) e a Fundação
Getúlio Vargas (FGV).
O relatório também
leva em conta dados de organismos internacionais,
como a Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e a Alimentação
(FAO), o Banco Mundial e a Organização
para a Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico (OCDE). O trabalho dá
continuidade a relatório divulgado
em 2006.
Amazônia ganhará
plano de desenvolvimento sustentável
para o agronegócio
24 de Dezembro de 2006 -
Wellton Máximo* - Repórter da
Agência Brasil - Brasília - A
maior floresta tropical do planeta ganhará
um instrumento de desenvolvimento sustentável:
nos próximos dias, o Ministério
da Agricultura apresentará o Plano
de Desenvolvimento Sustentável para
a Amazônia.
O objetivo é fornecer
alternativas de desenvolvimento do agronegócio
na região, sem comprometer o meio ambiente.
Os produtores serão orientados a aderir
a culturas mais adaptadas à floresta.
Assim que divulgar o plano, o ministério
iniciará a distribuição
de manuais nos municípios da região.
De acordo com Márcio
Porto Carneiro, responsável pela política
de agricultura sustentável e um dos
elaboradores do plano, a prioridade agora
é informar os produtores sobre as ações
do governo para orientar a população
local.
“O próprio Ministério
da Agricultura vai se encarregar de fazer
isso chegar aos sindicatos rurais, às
associações, às cooperativas,
aos órgãos de assistência
técnica local, para que o produtor
fique sabendo e tenha acesso ao material de
todas as formas possíveis de comunicação”,
afirmou Carneiro. E acrescentou: “A divulgação
em massa é importante para que todas
as camadas da sociedade possam entender aonde
se pretende chegar com esse plano”.
O plano, explicou, foi discutido
com os líderes locais, as prefeituras
e os governos estaduais. Elaborado com apoio
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), prevê a ocupação
em áreas já desmatadas e regras
claras para coibir o avanço da devastação,
pelo estímulo a atividades sustentáveis
como o extrativismo.
“O foco principal do plano,
na verdade, é agregar valor aos produtos
naturais, que são a fonte de vida daquelas
populações, sem a introdução
de culturas exóticas ou estranhas às
culturas locais”, explicou Carneiro, ao citar
como exemplo a utilização da
castanha-do-pará para a produção
de biodiesel.
Plano reitera impedimento
ao cultivo de soja na área de floresta
24 de Dezembro de 2006 -
Wellton Máximo* - Repórter da
Agência Brasil - Brasília - O
Plano de Desenvolvimento Sustentável
para a Amazônia, que o Ministério
da Agricultura lançará nos próximos
dias, reitera o que está estabelecido
no zoneamento agrícola em relação
ao cultivo de soja: não pode ser feito
na área da floresta.
Responsável pela
política de agricultura sustentável
e um dos elaboradores do plano, Márcio
Porto Carneiro afirmou que "o produtor
que tiver juízo não vai plantar
soja em plena selva, porque vai ter muita
dificuldade de manter a lavoura. Então,
isso já é um bloqueio natural
e legal”.
Essa orientação,
conforme o especialista do ministério,
será um dos principais eixos do plano.
Ele explicou que o objetivo é estimular
a produção do grão em
áreas de pastagens degradadas ou incentivar
a rotação de cultura em áreas
de cultivo de algodão, por exemplo.
“A gente pode integrar cada
vez mais a soja com a pecuária ou com
outras lavouras, sem precisar derrubar uma
única árvore”, salientou.
A definição
de uma política própria de desenvolvimento
da Amazônia é, na avaliação
do governo, uma das condições
necessárias para a continuidade do
crescimento do agronegócio no país.
Segundo estudo divulgado
na última semana pelo Ministério
da Agricultura, a conservação
do meio ambiente é fator primordial
para que o Brasil ocupe papel de destaque
na produção de alimentos nos
próximos dez anos.