30 de Dezembro de 2006 -
Juliane Sacerdote e Yara Aquino - Da Agência
Brasil - Brasília - O Brasil sofrerá
sérias mudanças climáticas
nos próximos 50 anos, se não
forem tomadas medidas de preservação
do meio ambiente, como a redução
dos índices de desmatamento e de liberação
de gases causadores do efeito estufa.É
o que aponta o estudo "Cenário
climático futuro: avaliações
e considerações para a tomada
de decisões", coordenado pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe). O trabalho foi financiado pelo Ministério
do Meio Ambiente e teve apoio do Banco Mundial.
O estudo leva em conta dois
cenários: um pessimista e outro otimista.
No primeiro, estima-se que o desmatamento
e a poluição continuem na proporção
em que ocorrem atualmente e que o Protocolo
de Quioto não seja seguido. Nesse caso,
nos próximos 50 anos, a temperatura
na Amazônia poderia sofrer aquecimento
entre 6 e 8 graus e redução
da chuva em 20%.
O cenário otimista
considera uma sociedade ecologicamente correta,
onde seriam reduzidas a poluição
e o desmatamento e seguido o Protocolo de
Quioto. O aumento de temperatura na região
amazônica não seria evitado,
porém seria menor, entre 4 e 5 graus
e a redução das chuvas ficaria
entre 10% e 15%.
O Nordeste seria outra região
gravemente afetada. De acordo com o estudo,
o clima da região pode passar de semi-árido
para árido, que se assemelha ao clima
de deserto, sem chuvas. A alteração
teria, inclusive, conseqüências
sociais, como a migração da
população local, aponta o estudo.
Em outras regiões, como a Sul, deve
haver mudanças na distribuição
das chuvas durante o ano, o que pode resultar
em problemas para a agricultura.
De acordo com o coordenador
do estudo, José Antônio Marengo,
para amenizar o cenário futuro, é
preciso evitar a queimada de biomassas, reduzir
o desmatamento e oferecer incentivos governamentais
para as empresas que poluem menos. Segundo
Marengo, que é pesquisador do Inpe,
a população também pode
colaborar usando menos os veículos
e consumindo menos água. .
Marengo alerta que, apesar
das pessoas se adaptarem às temperaturas,
que vêm sofrendo um processo de aumento
contínuo há cerca de 50 anos,
as crianças e os idosos são
os mais afetados pelas alterações.
“Os idosos podem ter infartos ou desidratação,
podendo chegar à morte”, afirma.
As análises traçadas
pelo estudo, que segue para a segunda etapa,
servirão para subsidiar políticas
ambientais de enfrentamento à situação.
“O estudo quer saber também quanto
vai custar a mudança climática
no Brasil. É o primeiro estudo efetivo
que vai organizar o cenário climático
de todo o país”, afirma o pesquisador.