Rio
de Janeiro(29/12/06) - Um fato inédito
ocorreu com a equipe de fiscalização
do Ibama no Rio de Janeiro durante uma operação
do defeso de espécies aquáticas
em meados deste mês. Os fiscais encontraram
na praia, um Mero (Epinephelus itajara) uma
das maiores espécies de peixes e que
corre sério risco de extinção
praticamente sem vida e conseguiram reanimá-lo
e soltá-lo ao mar.
Segundo Rodrigo de Carvalho,
analista ambiental da Divisão de Fiscalização
da Superintendência do Ibama no Rio
de Janeiro, a equipe estava no Escritório
do Ibama de Arraial do Cabo quando recebeu
a informação que o Mero estava
na praia grande. Imediatamente se dirigiram
até o local e encontraram o enorme
corpo estendido na praia, inanimado. O animal
media um metro e setenta de comprimento e
pesava cerca de 150 quilos. Segundo informações
de testemunhas, o peixe estava lá a
mais ou menos três horas. Durante um
arrasto de praia o “gigante” veio junto e
os pescadores sabendo que a fiscalização
do Ibama estava na cidade, retiraram o animal
da água, mas não o mataram.
Esperaram que ele morresse sozinho para não
comprometer ninguém. Segundo os pescadores,
aparentemente a espécie parecia já
ter vindo morta na rede e eles não
puderam fazer nada.
A equipe de fiscalização
decidiu apreender o Mero e doá-lo para
alguma associação beneficente
local. Mas no momento em que os fiscais tentaram
levantar o animal para colocá-lo na
viatura, ele deu sinal de vida, reagiu de
imediato e começou a respirar. Quando
então, com a ajuda de pescadores e
voluntários a equipe o reconduziu ao
mar. “Ao perceber a água, o animal
contorceu-se vigorosamente e já dentro
d’água sua nadadeira dorsal ficou eriçada.
Lentamente o gigante tomou rumo ao mar aberto
e todos vibraram com o acontecimento que foi
filmado e fotografado”, comemora Rodrigo.
O Mero pertence à
família dos Serranídeos, que
é representada também pelas
garoupas, chernes e badejos. Chega a alcançar
até 2,7 metros de comprimento e pesar
mais de 400kg. É um peixe solitário
e territorialista, habita regiões recifais,
ilhas rochosas, lajes, estuários e
manguezais, mas também pode ser encontrado
em naufrágios, estruturas submersas
e plataformas de petróleo. Carnívoro,
alimenta-se preferencialmente de lagostas,
caranguejos e peixes. Seu período de
acasalamento e reprodução acontece
geralmente em áreas estuarinas no final
da primavera e início do verão.
Os filhotes possuem um crescimento lento e
só atingem a primeira maturação
com seis anos em média. Esta espécie
ocorre nas águas costeiras e tropicais
dos oceanos Pacífico e Atlântico.
É o primeiro peixe
marinho que ocorre no Brasil a ser protegido
em regulamentação específica.
A espécie está protegida da
pesca, captura, transporte, comercialização,
beneficiamento e industrialização
até setembro de 2007, através
da Portaria Ibama nº 121 de 20 de setembro
de 2002, editada à partir da solicitação
da Fundação SOS Mata Atlântica.
Aos infratores serão
aplicadas as penalidades e sanções
previstas na Lei de Crimes Ambientais, regulamentada
pelo Decreto n° 3.179 de 21/09/1999, com
penas que variam de 1 a 3 anos de detenção
e/ou multa de R$ 700,00 a R$ 1000.000,00.