11/01/2006
- Foi inaugurada pelo presidente da Funai, Mércio
Pereira Gomes, na segunda-feira (08), a Casa de
Cultura Irantxe, na Terra Indígena Irantxe,
no município de Campo Novo dos Parecis (MT).
Essa é a segunda Casa de Cultura no estado,
que já conta com a dos Paresi, na aldeia
Formoso. Uma terceira, dos Chiquitano, está
em construção na Terra Indígena
Portal do Encantado. Ao todo, estão sendo
construídas 24 Casas de Cultura em todo o
país.
Além dos Irantxe -autodenominados
Manoki- das aldeias da região, estavam presentes
seus parentes próximos, os Myky, e lideranças
Paresi e Nambikwara, junto do presidente da Funai,
do coordenador da Coordenação Geral
de Artesanato (CGART), Odenir Pinto de Oliveira
e do administrador regional de Tangará da
Serra, Rony Walter Azoinayce Paresi.
"O objetivo da casa de cultura
é promover a valorização da
cultura material Irantxe, pela releitura dos processos
de produção artesanal, a partir de
um modelo que permita a integração
de novas formas de produção com elementos
tradicionais de sua cultura", disse, na inauguração,
Odenir Oliveira.
"O povo Irantxe, depois de
muitos anos de contato, de sofrimento e perda de
pessoas de seu povo, começa a crescer como
povo, demograficamente, e agora luta para crescer
culturalmente, se fortalecer", afirmou o presidente
da Funai na ocasião. "Ser respeitado
no mundo no seu jeito de ser, é isso que
a Casa de Cultura vai contribuir com vocês.
Nessa mistura de elementos tradicionais e modernos,
como é a arquitetura da casa. A casa é
a união, que vai ajudar vocês nessa
luta pela cultura e pela suas identidades",
disse.
O cacique Marcelino Napôtsi,
líder jovem dos Irantxe, fez a inauguração
formal do espaço. Ao final, na língua,
o pajé Alonso fez um agradecimento para a
proteção de seu povo contra a ameaça
que sofrem pela população regional.
Depois das formalidades, houve um jogo de "cabeçabol",
em que os dois times oponentes jogam uma espécie
de futebol usando apenas a cabeça contra
uma bola de borracha natural, que durou a tarde
inteira.
Os indígenas também
aproveitaram a oportunidade para esclarecerem suas
dúvidas sobre os processos de regularização
fundiária que visam recompor o território
tradicional, pela revisão dos limites das
terras indígenas Irantxe, Manoki e Menky.
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Equipe desenvolve projeto na Casai-SP
Este mês as técnicas da equipe multidisciplinar
promovem a oficina de Integração de
Equipe de Funcionários na Casa de Saúde
Indígena de São Paulo (Casai-SP).
A atividade é direcionada aos funcionários
que atuam com os povos indígenas, para escutar
as experiências, as angústias e os
conflitos no dia-a-dia do trabalho de cada um.
A ação faz parte
do projeto “Atividades Cotidianas para os Indígenas
da Casai-SP”, idealizado e coordenado pelo consultor
da Unesco e médico Armando Guzzardi. O projeto
foi implantado em setembro do ano passado, de acordo
com as diretrizes da Política Nacional de
Atenção aos Povos Indígenas.
A necessidade desse trabalho surgiu a partir do
diagnóstico sobre a ociosidade dos pacientes
e acompanhantes em boa parte do tempo, detectada
pela equipe durante as visitas técnicas,
graças a observação e as conversas
com funcionários e usuários da Casa
de Saúde.
Diante disto, o projeto propõe
a realização de atividades cotidianas,
com o desenvolvimento de oficinas que potencializem
a estrutura de acolhimento da instituição,
visando a consolidação de um espaço
de diálogo, interlocução, reflexão
e integração entre os usuários
e também funcionários.
Atualmente, estão em curso
as seguintes oficinas: Mito e História; Artesanato;
Canto e Dança; Vídeos; Educação
para Saúde e SUS; Atividades Físicas
e jogos; Passeios; Cerâmica e Integração
da equipe de funcionários.
No decorrer dos projetos já
foram obtidos alguns resultados relevantes, tais
como: socialização entre os usuários;
fortalecimento de intercâmbio cultural entre
os indígenas que passam pela Casai; postura
mais ativa em relação à situação
de doença e “exílio”; consolidação
de um espaço institucional de escuta aos
usuários e funcionários; e avaliação
interdisciplinar de casos considerados complexos.
O trabalho vem sendo realizado,
de segunda a sábado, pela equipe formada
por Dora Pankararu (pedagoga), Joana Garfunkel (psicóloga),
Regina Brotto (educadora física) e Vanessa
Caldeira (antropóloga). Já está
programado para o primeiro semestre deste ano, uma
semana cultural, que dará espaço para
a participação do público externo
nas oficinas.
Fonte: Funasa.