11/01/2007 - Rafael Imolene - Começa na
próxima segunda-feira (15), no município
paulista de Atibaia, o treinamento de operadores
de caldeiras para tratamento de solo. O curso faz
parte do Programa Nacional de Eliminação
do Brometo de Metila, coordenado pelo Ministério
do Meio Ambiente. Durante cinco dias, os 27 inscritos
aprenderão a utilizar os equipamentos a serem
doados pelo governo brasileiro com recursos do Fundo
Multilateral do Protocolo de Montreal.
No fim do treinamento, dia 19, o MMA entregará
oito caldeiras a associações de agricultores
da região, cada uma ao custo de US$ 50 mil
ou R$ 135 mil, em valores atuais. Os equipamentos
poderão ser usados imediatamente, cedidos
pelas associações aos produtores locais
de flores e plantas ornamentais que erradicaram
o uso do agrotóxico brometo de metila.
Até maio, será entregue o lote completo
de caldeiras, com 27 unidades, um investimento de
US$ 1,35 milhão. Ainda na cerimônia
de encerramento do curso será apresentado
o coletor solar, que substitui a utilização
do agrotóxico, porém em menor escala.
Até o final de 2007 está prevista
a entrega de 600 coletores pelo governo brasileiro,
em regiões produtoras de flores em São
Paulo, incluindo Atibaia, Ibiúna e Holambra,
bem como em Pernambuco.
Tanto a caldeira quanto o coletor podem ser aplicados
para o tratamento do solo e o controle de formigas
sem causar danos ao meio ambiente ou à saúde
das pessoas que o manuseiam. Já o brometo
de metila agride a camada de ozônio e provoca
efeitos nocivos à saúde, como edema
pulmonar, perturbações nervosas, insuficiência
circulatória e até câncer, entre
outras doenças.
A caldeira já é utilizada em outros
países, inclusive na vizinha Argentina, onde
agrônomos brasileiros vinculados ao plantio
de flores tiveram a oportunidade de conhecê-la.
Já o coletor solar foi desenvolvido pela
Embrapa e possui tecnologia 100% nacional. "Sua
fabricação é tão simples
que vamos distribuir panfletos com instruções
de como produzir seu próprio coletor solar",
afirmou o diretor de Qualidade Ambiental do Ministério
do Meio Ambiente, Ruy de Góes.
Parecido com uma mesa, o coletor é feito
de madeira. Apoiado em quatro pés possui
uma caixa de madeira no topo, recoberta por uma
camada plástica. No interior da caixa estão
instalados tubos metálicos, onde a terra
deverá ser depositada. Após o aquecimento
a temperaturas médias de 60ºC, a terra
estará livre de organismos nocivos ao cultivo
de plantas ornamentais e hortaliças, como
o morango.
A caldeira também adota o aquecimento da
terra para tratar o solo, utilizando-se de vapor
de água em grandes quantidades de terra.
A Organização das Nações
Unidas para o Desenvolvimento Industrial está
iniciando um processo de licitação
para produzir os coletores em escala. Atualmente,
o custo estimado de cada coletor é de US$
100 (R$ 220). O Fundo Multilateral do Protocolo
de Montreal dispõe de US$ 2 milhões
(cerca de R$ 4,4 milhões) para investir nas
caldeiras e coletores.
Erradicação - o brometo de metila
é um gás utilizado para tratamento
de solo e fitossanitários. Em 1992, o gás
foi incluído na lista das substâncias,
organizada pelo Protocolo de Montreal, que destroem
a camada de ozônio. Como signatário
do protocolo, o Brasil assumiu o compromisso de
eliminar a substância até 2015. Como
o brometo é extremamente tóxico e
prejudicial à saúde humana, o governo
brasileiro decidiu antecipar os prazos estabelecidos
pelo protocolo.
Foto: MMA