Recife
(12/01/07) - Os peixes-bois (Trichechus manatus)
Tico e Guape vão ser transferidos do Centro
de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Centro
Mamíferos Aquáticos do Ibama (CMA)
para um cativeiro em ambiente natural, montado na
gamboa Caracabú, na margem oeste do Rio Caraça,
a aproximadamente um quilômetro da vila de
pescadores da Barra de Mamanguape, município
de Rio Tinto, litoral norte da Paraíba.
O processo é chamado de
translocação e vai acontecer durante
a madrugada de hoje (12) para amanhã (13).
“Toda a translocação deverá
ser realizada durante a noite, a fim de evitar a
incidência de radiação solar
sobre os animais”, explica a veterinária
da Fundação Mamíferos Aquáticos,
Fernanda Niemeyer. O processo deve se iniciar por
volta das três horas da manhã, mas
durante todo o dia os peixes-bois serão preparados
para a mudança.
Os animais serão transportados
em uma piscina de fibra acoplada em cima de um caminhão
do tipo munk. Eles serão constantemente monitorados
durante o percurso pela médica veterinária
e por dois tratadores, que registrarão o
comportamento dos animais, freqüência
respiratória e hidratação dos
mesmos. A chegada ao cativeiro na Paraíba
está prevista para as sete horas da manhã
do dia 13.
Lá, os animais terão
seus comportamentos analisados para verificar a
adaptação deles ao novo ambiente.
A veterinária explica que durante as primeiras
24 horas a vigilância será contínua.
Quanto à alimentação, a princípio,
cada peixe-boi deve receber 15 kg de cenoura e 10
de beterraba. Gradativamente estes alimentos vão
ser substituídos por algas.
“Animais saudáveis, mas
inaptos à reintrodução”. Com
essa frase a veterinária Fernanda Niemeyer
esclarece que Tico e Guape são peixes-bois
que já foram reintroduzidos ao ambiente natural,
mas que o processo de adaptação não
foi satisfatório e eles foram levados de
volta ao Cetas do CMA\Ibama, por correrem risco
de morte.
Conheça um pouco mais da
história desses animais:
Tico foi encontrado encalhado
no dia 18 de março 2001, na Prainha do Canto
Verde, município de Beberibe-CE, ainda com
o cordão umbilical. Na época o animal
media 1,23 m e pesava 30 kg. Dois dias após
o encalhe o animal foi levado para o CMA\Ibama,
em Pernambuco, onde permaneceu em processo de reabilitação
até dezembro de 2004, quando foi reintroduzido
na praia do Patacho, litoral norte de Alagoas.
O animal foi acompanhado via satélite,
que possibilitou verificar que o animal se deslocou
sentido ao mar aberto, local onde seria possível
sua sobrevivência pela falta de água
e comida, uma vez que o peixe-boi é um animal
de hábitos costeiros.
Após 15 dias de liberdade,
Tico foi resgatado, a cerca de 100 km de distância
da costa, na divisa entre Sergipe e Bahia, e levado
de volta ao CMA\Ibama. “De acordo com a última
biometria, realizada no dia 25 de agosto do ano
passado, ele pesava 177 kg e media 2,05 m de comprimento.
Por conta do problema de superlotação,
a piscina na qual Tico se encontra possui dimensões
de 4,0m x 2,4m, o que prejudica a adequada movimentação
do animal”, explica Fernanda.
Já Guape foi encontrado
encalhado na comunidade de Coqueirinho, na Baía
da Traição (PB), em dezembro de 1995.
De imediato foi feita a transferência do animal
para o CMA\Ibama, em Pernambuco. Fernanda Niemeyer
explica que durante o período de reabilitação,
Guape sempre permaneceu próximo de um outro
peixe-boi, chamado de Guaju. “Esse fato levou os
dois animais a serem translocados juntos, em dezembro
de 1999, para o cativeiro em ambiente natural da
Barra do Rio Mamanguape”, afirma ela.
No dia 24 de abril de 2006 as
cordas do cativeiro desapareceram, e no dia 27 do
mesmo mês o cativeiro tombou permitindo a
fuga dos animais. “Foi decidido por unanimidade
dos técnicos do CMA/Ibama e da FMA que estes
animais permaneceriam soltos e, desde então,
houve a preocupação em encontrar,
dentro da atual situação, a melhor
maneira de manter estes animais em liberdade e segurança”,
ressalta Fernanda.
Guaju foi encontrado morto numa
gamboa próxima à base do CMA/Ibama.
Após a morte de companheiro de cativeiro,
Guape iniciou a realização de deslocamentos
mais longos, e no dia 3 de setembro foi recapturado
com 1/3 de perda de peso, debilitado e eliminando
uma considerável quantidade de “redinhas”
(artefato de pesca predatória) e sacolas
plásticas nas fezes, o que obrigou a transferência
dele para o Cetas do CMA\Ibama. Mas o animal também
se encontra em uma piscina inadequada ao seu tamanho.
Por esse motivo, a analista ambiental
do CMA\Ibama, Luisa Lopes, considera essa translocação
essencial para melhorar a situação
do Centro, tendo em vista o quadro de superlotação
em que o local se encontra atualmente. “Desta forma,
vai ser possível liberar piscinas para o
recebimento de filhotes que porventura venham a
encalhar, e para o remanejamento dos 17 animais
que se encontram em reabilitação atualmente”,
explica Luisa.
Luís Boaventura
Projeto Peixe-Boi forma guias
para turismo de observação
Brasília (12/01/07) - Dois
dias após a reintrodução de
dois peixes-bois (Trichechus manatus) no cativeiro
em ambiente natural da Barra de Mamanguape, município
de Rio Tinto, litoral norte da Paraíba, o
Projeto Peixe-Boi realiza o II Curso de Formação
de Guias para Observação de Peixes-Bois.
As aulas serão práticas
e teóricas e ministradas pelo chefe e técnico
do Centro Mamíferos Aquáticos do Ibama
(CMA), pela presidente e funcionária da Fundação
Mamíferos Aquáticos (FMA) e também
pela chefe da Área de Proteção
Ambiental (APA) Barra de Mamanguape, bem como por
representantes da Capitania dos Portos e da PBTur.
As vagas são limitadas às pessoas
que recentemente realizaram passeios de observação
de peixes-boi.
Entre as aulas estão disciplinas
sobre Segurança no Mar e Normas de Navegação,
o histórico do Projeto Peixe-Boi, noções
da biologia da espécie, introdução
aos primeiros socorros e estratégias de conservação
do peixe-boi. No dia 18 de janeiro ocorrerá
a abertura oficial da temporada 2007 de turismo
de observação de peixe-boi na APA
da Costa dos Corais, após a publicação
da lista dos guias credenciados a operar na região.
Todos os participantes que forem
aprovados na avaliação final receberão
certificado de participação, camiseta
do Guia Oficial Peixe-boi 2007 e crachá de
identificação individual e estarão
automaticamente aptos a se credenciar para executar
a atividade de condução de turistas
para a observação de peixes-boi na
natureza.
De acordo com a bióloga,
Ana Emília Alencar, da Fundação
Mamíferos Aquáticos, cada vez mais
a sociedade procura a chance de observar um animal
no ambiente natural dele. “Ainda mais, o peixe-boi,
que concilia características raras como uma
postura dócil e simpatia, aliados ao imenso
tamanho”, conclui a bióloga.
Ana Emília explica ainda
que cerca de 3.500 pessoas, em média, vão
todos os anos à Barra de Mamanguape para
conhecer os animais cativos. O cativeiro foi inaugurado
em 1996 é foi o primeiro do Projeto Peixe-Boi.
Por lá já ficaram hospedados oito
peixes-bois, Netuno, Folia, Iracema, Xuxu, Aparecida,
Sereia, Guaju e Guape. Este último animal
retorna ao local amanhã (13), acompanhado
de outro da mesma espécie, chamado Tico.
“Esses animais estão saudáveis, mas
são considerados inaptos à reintrodução”,
explica a veterinária da FMA, Fernanda Niemeyer.
A Unidade Executora do CMA na
Paraíba vai manter um cadastro dos guias
aptos a operar no turismo de observação.
Esta permissão será condicionada ao
correto cumprimento das regras e normas de conduta
editadas pelo Ibama. A qualquer momento a permissão
poderá ser cassada. O Projeto Peixe-Boi é
executado pelo Centro Mamíferos Aquáticos\Ibama
em parceira com a Fundação Mamíferos
Aquáticos e patrocínio oficial da
Petrobras.
O peixe-boi marinho (Trichechus
manatus) é uma espécie criticamente
ameaçada de extinção. Na natureza,
segundo estimativas dos pesquisadores do Projeto
Peixe-Boi, existem cerca de 500 animais numa faixa
de cinco mil quilômetros entre Amapá
e Alagoas. Na lista oficial do Ibama, o status de
conservação da espécie é
classificado de criticamente ameaçado. O
animal pode chegar aos 60 anos de idade, pesar 600
kg e medir 4,5 metros de comprimento, contudo, normalmente
chegam a pesar 400 quilos.
O peixe-boi não tem nenhum
inimigo natural, seu único predador é
homem. Eis alguns fatores apontados para seu desaparecimento:
a caça indiscriminada, a pesca predatória,
a destruição e poluição
dos locais onde vivem, a captura acidental, os ferimentos
provocados por embarcações motorizadas,
o assoreamento dos rios e o ciclo reprodutivo lento.
Luís Boaventura
Eco-Parque Peixe-Boi & Cia
espera garotada no verão
Recife (09/01/07) - Nas férias
de janeiro as crianças podem aproveitar para
curtir as atividades especiais que o Eco-Parque
Peixe-Boi & Cia preparou para esta temporada
de verão. Desde o último sábado
até o dia 31 de janeiro o parque vai estar
aberto de domingo a domingo, sem os intervalos das
segundas-feiras, com acontece habitualmente, das
10 às 16 horas.
Na programação das
recreações consta um jogo de Labirinto
e um Dominó Gigante. As crianças também
podem participar de oficinas de carpintaria e pintura
e assistir a nove sessões de filmes sobre
a conservação dos peixes-bois. Aos
sábados e domingos, no cinema que reproduz
o formato de um peixe-boi, as pessoas têm
uma sessão a mais, desta vez para uma apresentação
teatral. É que às 10h30 o Grupo de
Teatro de Bonecos Mulungu apresenta a peça
´Cadê o Zé Fofinho’, com bonecos
articulados.
O grupo já se apresentou
no Eco-Parque nas férias de 2006, com a peça
‘O Sumiço da Galinha Maristela’. São
jovens de Igarassu - Região Metropolitana
do Recife - que desde 2005 vêm se apresentando
no Estado. “A idéia central era fazer a fusão
entre as artes plásticas e cênicas
e com isso resgatar os valores culturais que estavam
sendo esquecidos”, afirma Aristone Ramos, um dos
diretores do Grupo.
"Em todas as atividades já
realizadas no nosso Eco-Parque, priorizamos promover
os grupos locais e envolvê-los com a nossa
causa", explica a coordenadora do Eco-Parque,
Daniela Araújo, que espera que esse evento
sirva para "proporcionar atividades recreativas
diferenciadas para as crianças, além
de atraí-las para conhecer ou fazer mais
uma visita ao parque”.
Além disso, o empreendimento
turístico oferece aos visitantes uma rara
oportunidade de observar animais poucos conhecidos
no litoral brasileiro. Atualmente, estima-se que
existam cerca de 500 peixes-bois marinhos (Trichechus
manatus), de Alagoas ao Amapá. O número
já chegou a milhares, mas a população
foi sendo reduzida por causa da caça indiscriminada.
Qualquer visitante pode participar
das atividades que serão gratuitas. A entrada
no parque custa R$ 3,00 por pessoa. Alunos de escolas
públicas agendadas, crianças menores
de um metro e idosos com mais de 60 anos estão
isentos desse valor.
O Projeto Peixe-Boi é executado pela parceira
firmada entre o Centro Mamíferos Aquáticos
do Ibama (CMA) e a Fundação Mamíferos
Aquáticos (FMA) e patrocínio oficial
da Petrobras.
O Eco-Parque Peixe-Boi & Cia
funciona na sede nacional do Projeto Peixe-boi,
na Ilha de Itamaracá, litoral norte de Pernambuco.
Para a diretora-presidente da FMA, Denise Castro,
o objetivo do Eco-Parque são: “promover o
eco-turismo na Ilha de Itamaracá, criar oportunidades
de emprego direto e indireto para a população
local e promover a educação ambiental
nos visitantes”. O local foi inaugurado em 2002
e é considerado o primeiro parque temático
do Brasil voltado exclusivamente para mamíferos
aquáticos, com atenção ao peixe-boi
marinho.
Luís Boaventura