18-01-2007
- São Paulo - Cientistas especializados
em questões nucleares avançam
relógio do Juízo Final em dois
minutos e lançam alerta para o mundo:
o risco de enfrentar as mudanças climáticas
com usinas atômicas é muito alto
Junte o aquecimento global
com um possível inverno nuclear e calcule
o tamanho da encrenca em que estamos nos metendo.
Não é pequeno. Cientistas de
vários países dedicados a questões
nucleares divulgaram esta semana um alerta:
estamos no limiar de uma Segunda Era Nuclear,
com problemas pipocando em diversas frentes.
O caso é grave e
fez andar o ponteiro do relógio do
Juízo Final, criado pelo Boletim dos
Cientistas Atômicos na década
de 1940, após a explosão das
bombas atômicas no Japão, para
monitorar os riscos que o planeta corre. O
avanço foi de dois minutos, nos deixando
a apenas cinco da meia-noite (ou do fim, como
queira).
Razões para tanto
não faltam. A mais evidente no momento
é a intensificação dos
problemas causados pelas mudanças climáticas.
Some-se a isso o interesse cada vez maior
de países como Irã, Paquistão,
Coréia do Norte e Índia na geração
de energia nuclear, a escalada terrorista
e a disponibilidade de mais de 25 mil armas
nucleares nas mãos de Rússia
e EUA – prontas para serem usadas – e temos
uma receita certa de destruição
do planeta.
Uma das questões
urgentes que mais preocupa cientistas e ambientalistas
é a falsa idéia de que usinas
atômicas podem ajudar a combater o aquecimento
global. Essa combinação pode
ser explosiva para o planeta.
“A energia nuclear é
uma ameaça muito grande para ser usada
como resposta às mudanças climáticas.
Isso pode gerar a proliferação
de armas nucleares pelo mundo. Um inverno
nuclear não é solução
para o aquecimento global”, afirmou Mike Townsley,
do Greenpeace Internacional.
O Brasil também pode
acabar contribuindo para esse clima de insegurança
se decidir retomar as obras da usina nuclear
Angra 3. A decisão será tomada
no próximo dia 30, em Brasília,
numa reunião do Conselho Nacional de
Política Energética (CNPE).
Ao custo de mais de
US$ 7 bilhões, daríamos um imenso
passo atrás justamente no momento em
que países europeus que já passaram
pela experiência nuclear decidem investir
pesado em fontes de energia renovável.
O Brasil é um dos países com
maior potencial nessa área e tem tudo
para contribuir para o seu desenvolvimento
em escala mundial. Não podemos perder
essa oportunidade.