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MINISTÉRIO CONFIRMA INTERESSE DE INVESTIDORES INTERNACIONAIS EM PRODUZIR BIOCOMBUSTÍVEIS NO BRASIL

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Janeiro de 2007

20 de Janeiro de 2007 - Alex Rodrigues e Grazielle Machado - Repórteres da Agência Brasil - Brasília - O Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) confirma que há interesse de investidores, entre grupos nacionais e multinacionais, na produção de biocombustíveis no Brasil.

Segundo a coordenadora de Biocombustíveis da Secretaria de Agricultura Familiar do ministério, Edna Carmelio, "grandes empresas de capital nacional que já plantavam soja passaram a produzir biodiesel". Ela informou que costuma receber empresários, representantes de fundos de investimentos e de pensão "interessados em alocar recursos nesse setor”.

Para a secretária, é possível utilizar a terra de forma racional, sem prejudicar o meio ambiente ou ameaçar a segurança alimentar: “Há exemplos, em São Paulo, de empresas que já plantavam cana e que passaram a aproveitar o período de descanso da terra para cultivar amendoim”. Assim como o girassol e o dendê, o amendoim é uma fonte de óleo vegetal com o qual se pode produzir o biodiesel.

Também em São Paulo, ela citou empresas que além de manterem produção própria, fecharam contratos com cooperativas de outras regiões. “Há um movimento em busca de matérias-primas. Não é como a cana, em que a indústria está em uma localidade e a matéria-prima está ao redor. O óleo para a produção do biodiesel vem de grãos que podem ser transportados e armazenados, o nos permite aproveitar de forma mais inteligente a potencialidade da terra, abastecendo o mercado nas entressafras”, apontou.

Entre janeiro e novembro de 2006, o país produziu cerca de 55 milhões de litros de biodiesel – somente em novembro foram cerca de 17 milhões de litros, informou. E acrescentou que a Petrobras tem comprado e distribuído praticamente todo o biodiesel produzido no país. A exportação, no entanto, ainda é pequena e precisa ser autorizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). “Ainda estamos consolidando nosso mercado interno, mas se houver interesse de um empresário, não haverá obstáculo", disse.

A secretária detectou uma tendência para que ocorra com o biodiesel o mesmo que com o etanol: “Desde o ano passado, com a corrida dos países europeus para adquirir combustíveis renováveis, passamos a exportar volumes expressivos de etanol”.

Edna Carmelio citou ainda estudo da Embrapa indicando que se o Brasil utilizar a terra de forma racional, pode produzir o biodiesel necessário para substituir o diesel comum e ainda exportar o excedente: “Sem derrubar uma só árvore, podemos produzir em escala. Sem concorrer com a produção de alimentos e respeitando o meio ambiente”.

O governo, segundo ela, tem concedido benefícios aos produtores. “Queríamos que o biodiesel fosse produzido em larga escala e que gerasse empregos e inclusão social. Para estimular isso, demos estímulos tributários às empresas que trabalham com agricultores familiares. Quanto mais essas empresas compram da agricultura familiar, menos impostos federais elas pagam. E os financiamentos a projetos industriais são um incentivo: o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] já liberou mais de R$ 200 milhões para o setor".

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Economista alerta que multinacionais podem concentrar produção de biocombustíveis

20 de Janeiro de 2007 - Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O economista Luiz Antonio Prado, doutor em Meio Ambiente, tem expectativas pouco otimistas em relação às vantagens da produção de biocombustíveis para os pequenos produtores agrícolas. A atividade, alertou, pode gerar maior concentração de riquezas, desabastecimento e o conseqüente aumento nos preços dos alimentos – tudo isso, agravado pela pouca geração de empregos.

“Minha expectativa é muito desfavorável. Eu prevejo um novo Programa Nacional do Álcool (ProÁlcool), quando também se prometia a criação de empregos. No final, o resultado foi uma grande concentração de propriedades, a expulsão e o êxodo do pequeno produtor rural – forçado a vender suas terras e a migrar para os grandes centros urbanos –, com o conseqüente adensamento das favelas e periferias. Vejo o país vendendo terra para os estrangeiros produzirem o biocombustível que será exportado por eles”, disse.

Segundo o economista, grupos espanhóis, italianos, portugueses e americanos já vêm se instalando, principalmente na região Nordeste do país, onde encontram terras baratas e financiamento público para desenvolver seus projetos. Ele lembrou que, a exemplo da soja – cuja produção, garantiu, já está sob controle de poucos grupos estrangeiros –, empresas multinacionais querem garantir sua fatia no mercado de combustíveis limpos.

Para lucrar, previu, essas empresas adotarão a monocultura em grandes áreas. E se esse for o modelo há um grande risco de faltarem alimentos no futuro: “No mínimo, os produtos alimentícios, sobretudo os perecíveis, ficariam mais caros, pois teriam de ser transportados por maiores distâncias”. Prado lembrou que na Malásia, maior exportador mundial de biodiesel, já existem comitês internacionais "tentando evitar que a monocultura gere uma crise que expulse os pequenos produtores do campo”.

Por isso, defendeu que o Brasil priorize a criação de pequenas associações de produtores, o que na opinião do especialista não vem ocorrendo. “Tenho viajado por tradicionais áreas produtoras de mamona no Nordeste e ali não vi perspectiva de formação de cooperativas”, alertou.

E citou como exemplo a cidade cearense de Itatira, em um região produtora de mamona: "Os agricultores passaram a vender sua produção para uma empresa estrangeira pelo preço mínimo estabelecido pelo governo. Este valor, na última década, sempre esteve 20% abaixo do preço de mercado. Há poucas exceções, principalmente no Sul do país, onde têm surgido algumas cooperativas".

Na opinião do economista, o governo deveria financiar a implantação de pequenas usinas regionais, descentralizadas. “Isso tem uma vantagem econômica. O país hoje não calcula qual é o custo de transporte da matéria-prima, pagando para levar de lá para cá não só o óleo, mas todos os resíduos que podem servir de ração”, apontou.

Ele sugeriu que o Brasil pense primeiro em seu próprio abastecimento: “Não há nenhum país desenvolvido que não esteja pensando primeiro na auto-suficiência energética. E são raros os casos de países que aceitam estas megaproduções. Na Alemanha, maior produtor de óleos vegetais para consumo próprio, o modelo prioriza as usinas descentralizadas e regionais”.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 

 

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