Vitória
(17/01/2007) - A temporada reprodutiva 2006/2007
de tartarugas marinhas nas praias continentais,
que teve início em setembro de 2006,
ainda não terminou e já traz
resultados positivos. De acordo com os dados
coletados até 30 de dezembro de 2006
esta temporada promete mais desovas que a
última, cujo resultado (100 mil filhotes
protegidos) foi o melhor desde o início
dos trabalhos do TAMAR no Espírito
Santo, há 24 anos.
Os dados parciais relacionados
especialmente às espécies cabeçuda
(*Caretta caretta*) e gigante (*Dermochelys
coriacea*) são os maiores de toda a
história do TAMAR-ES. Em relação
à tartaruga cabeçuda, espécie
que mais desova em praias capixabas, a quantidade
de ninhos está 10% maior se comparada
ao mesmo período do ano passado. O
que já demonstra um recorde desde que
os trabalhos do projeto tiveram início
no Estado.
Quanto à tartaruga
gigante, cujo único ponto de desova
na costa brasileira é o litoral norte
do Espírito Santo, os números
também são positivos, embora
sua situação seja ainda muito
crítica. Até hoje foram marcadas
12 fêmeas desovando nesta temporada
e acredita-se que haja mais uma, que não
foi flagrada. Em compensação,
ano passado apenas quatro fêmeas dessa
espécie desovaram em praias capixabas,
sendo que uma morreu presa a redes de pesca.
Os trabalhos de monitoramento
das praias realizados pela equipe do TAMAR
continuam até março, fim do
período reprodutivo, e visam proteger
um número de filhotes maior do que
a temporada passada. As tartarugas marinhas
demoram até 20 anos para chegar à
idade reprodutiva e de cada mil filhotes que
nascem apenas um chega à fase adulta.
Ou seja, das 100 mil tartarugas nascidas no
último ano, daqui a 20 anos, provavelmente,
estima-se que apenas 100 retornem para desovar.
Segundo Antônio de
Pádua Almeida, Coordenador Técnico
do Projeto TAMAR-ES, ainda é cedo para
que sejam feitas previsões a respeito
do total de ninhos desta temporada, e o aumento
desses números é resultado de
uma série de fatores. "Acreditamos
que isso é o fruto do trabalho realizado
pelo Projeto TAMAR, com a participação
fundamental da sociedade e das instituições
parceiras, ao longo de todos esses anos; uma
avaliação mais concreta só
será viável quando esses resultados
positivos começarem a se repetir ao
longo dos anos. As ameaças, entretanto,
continuam, e novas frentes de ação,
principalmente para diminuir a mortalidade
causada pela pesca – principal ameaça
às tartarugas marinhas hoje – vêm
sendo desenvolvidas em conjunto com os pescadores".
O Tamar-Ibama é
um programa nacional patrocinado nacionalmente
pela Petrobras. No Espírito Santo monitora
252 km de praias e conta com o apoio das prefeituras
municipais de Anchieta, Linhares, Serra e
São Mateus, do IEMA, da Universidade
de Vila Velha (UVV), Laboratório Marcos
Daniel, hotéis e pousadas e patrocínio
da Companhia Siderurgia de Tubarão
(CST), Arcelor e Samarco. Além da população,
que contribui diretamente na preservação
e manutenção do Projeto através
de visitas às Bases, comprando produtos
ou participando da Campanha “Adote uma Tartaruga”.
Alyson Segundo