3
de Fevereiro de 2007 - Alex Rodrigues - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- O principal objetivo da manifestação
realizada hoje (03) pela Central dos Movimentos
Sociais (CMS), em Campo Grande, capital do
Mato Grosso do Sul, é tirar os índios
de seu isolamento e denunciar o que vem ocorrendo
no estado contra os povos indígenas.
Essa é a explicação do
presidente da Central Única dos Trabalhadores
no estado (CUT- MS), Alexandre Junior Costa.
A caminhada percorreu o bairro da Moreninha
e também recolheu medicamentos e roupas
para as famílias indígenas.
De acordo com o coordenador
do Conselho Indigenista Missionário
(Cimi) no estado, Egon Heck, a manifestação
serve para denunciar as injustiças
que vêm sendo cometidas. “A Justiça,
que demorou a se manifestar sobre o direito
de Xuretê ser sepultada na fazenda,
foi rápida para prender lideranças
indígenas. Enquanto os líderes
Kaiowá seguem presos, o assassino,
continua solto. Mesmo tendo sido reconhecido
por testemunhas”, afirma.
No dia 9 de janeiro, 70
famílias Guarani-Kaiowá foram
expulsas da fazenda Madama, também
chamada pelos índios como tekoha (terra
tradicional) Kurusu Amba. O local fica entre
Amambai e Coronel Sapucaia, ambos no Mato
Grosso do Sul.
Segundo o Conselho Indigenista
Missionário (Cimi), 50 famílias
Guarani-Kaiowá haviam ocupado a fazenda
no dia 4 de janeiro. Nos dias subseqüentes,
outras pessoas da mesma etnia foram chegando
ao local. Os Guarani-Kaiowá declaram
ter sido expulsos da terra. A última
retirada teria ocorrido há cerca de
duas décadas.
Durante a ação
de seguranças particulares, Zulita
Lopes, também conhecida como Xuretê,
de 73 anos, foi morta. Um adolescente de 14
anos desapareceu; indígenas sofreram
graves lesões corporais e quatro líderes
indígenas foram presos.
Heck também criticou
a demora do governo federal em instituir os
grupos responsáveis pela demarcação
das terras indígenas e o governo do
Mato Grosso do Sul por cancelar a distribuição
das cestas básicas que eram fornecidas
às famílias.
Movimentos sociais
realizam manifestação de solidariedade
a Guaranis-Kaiowá
3 de Fevereiro de 2007 -
Alex Rodrigues e Spensy Pimentel - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- Representantes de entidades de trabalhadores
e de defesa dos direitos humanos percorreram
neste sábado as ruas do bairro Moreninha,
em Campo Grande (MS), para manifestar solidariedade
ao povo Guarani-Kaiowá e protestar
contra a violência no campo. A manifestação
foi organizada pela Coordenação
dos Movimentos Sociais (CMS).
Além da manifestação
de apoio, os movimentos sociais arrecadaram
alimentos e roupas. Tudo será distribuído
às famílias Guarani-Kaiowá
que, segundo os organizadores do ato, passam
graves dificuldades. Foram arrecadadas cerca
de duas toneladas de alimento nas últimas
duas semanas.
A caminhada pelo bairro
contou com a participação da
escola de samba Catedráticos do Samba,
cujo enredo deste ano trata da luta dos povos
indígenas no Mato Grosso do Sul. No
dia 9 de janeiro, 70 famílias Guarani-Kaiowá
foram expulsas da fazenda Madama, também
chamada pelos índios como tekoha (terra
tradicional) Kurusu Amba. O local fica entre
Amambai e Coronel Sapucaia, ambos no Mato
Grosso do Sul.
Segundo o Conselho Indigenista
Missionário (Cimi), 50 famílias
Guarani-Kaiowá haviam ocupado a fazenda
no dia 4 de janeiro. Nos dias subseqüentes,
outras pessoas da mesma etnia foram chegando
ao local. Os Guarani-Kaiowá declaram
ter sido expulsos da terra. A última
retirada teria ocorrido há cerca de
duas décadas.
Durante a ação
de seguranças particulares, Zulita
Lopes, também conhecida como Xuretê,
de 73 anos, foi morta. Um adolescente de 14
anos desapareceu; indígenas sofreram
graves lesões corporais e quatro líderes
indígenas foram presos.
O adolescente continua desaparecido.
As famílias temem que ele tenha sido
assassinado. Segundo o coordenador do Cimi
no Mato Grosso do Sul, Egon Heck, os índios
temem sair à procura do jovem e serem
vítimas de novas emboscadas.
A Polícia Federal
(PF) de Ponta Porã instaurou inquérito
policial no dia 10 de janeiro para investigar
a ação dos pistoleiros. Em uma
primeira nota oficial, a PF divulgou que “as
primeiras análises indicam que os disparos
ocorreram durante confronto entre índios
e funcionários da fazenda para desocupação
desta. Uma das vias de acesso à Madama
estava interditada, mesmo assim, foram realizadas
perícias no local, sendo encontrado
alguns rojões usados, cápsulas
de munições deflagradas, arcos,
flechas e um galpão incendiado”.
Radiobras
Vale do Javari está
em situação de “calamidade”,
diz coordenador da Funai
3 de Fevereiro de 2007 -
Gláucia Gomes - Repórter da
Agência Brasil - Brasília - O
Vale do Javari, a segunda maior reserva indígena
do Brasil e foco endêmico das hepatites
B e D (o tipo Delta), está em estado
de calamidade pública. Essa é
a avaliação do coordenador da
Frente Etno-ambiental da Fundação
Nacional de Índio (Funai), Antenor
Vaz.
Segundo ele, o vale, que
é habitado por povos indígenas
isolados e não contatados, precisa
receber a atenção das autoridades
brasileiras, para além dos esforços
empreendidos pela Fundação Nacional
de Saúde (Funasa), pelas prefeituras
e pela própria Funai.
A reserva é de difícil acesso.
Localiza-se na região do Alto Solimões,
no estado do Amazonas. Há anos, sofre
com uma epidemia de hepatite que já
vitimou dezenas de indígenas, de diferentes
povos, gerando mobilizações
e ações dos governos estadual
e federal.
Vaz acredita que para combater
o problema é preciso iniciar um processo
de vacinação, não só
no interior da terra indígena, mas
em toda a região de Atalaia do Norte.
A segunda medida proposta por ele seria iniciar
um processo de exames laboratoriais para saber
realmente qual a porcentagem de pessoas que
estão acometidas pelo vírus
da hepatite. Por fim, o estudo detalhado dos
fatores de riscos na região deveria
ser intensificado.
A preocupação
maior do coordenador é que o vírus
da hepatite B chegue até os povos isolados
ou não contatados. “Nós sabemos
que os índios isolados não têm
anticorpos. O organismo não reage para
doenças como pneumonia, hepatite, malária,
gripe. Então, qualquer contato de qualquer
cidadão, que tenha estado com a cultura
não indígena e os grupos isolados
significa um contato perigoso e desencadeando
um processo de extermínio rápido.
Em questão de semana é possível
que uma tribo seja acometida de uma doença
mortal” explica.
Na avaliação
do coordenador, “é preciso treinar
os agentes de saúde e os profissionais
para o reconhecimento da manifestação
da doença. Criar uma sentinela em todo
município. Toda a grávida deve
ser submetida a exame de sorologia para hepatite
B, que é a mais grave e só contrai
a hepatite delta quem já tem a hepatite
B. A transmissão vertical do vírus
da hepatite é outra grande preocupação,
uma vez que a mãe passa o vírus
direto para o bebê” defende.