3
de Fevereiro de 2007 - Alex Rodrigues - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- O Brasil está entre os cinco países
que mais emitem gases poluentes, mas sua contribuição
individual para o aquecimento global é
pequena, defende o pesquisador Carlos Nobre,
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe).
“O total das emissões
brasileiras de gás carbônico
e metano é grande”, reconhece Nobre,
que aponta o desmatamento da floresta amazônica
como “maior vilão”, responsável
por aproximadamente 75% da emissão
de gás carbônico na atmosfera,
e também a pecuária, que emite
metano.
Mas ele pondera que, se
levarmos em conta a população
do país, o índice não
é tão relevante. “Quando olhamos
a emissão per capita, que é
com quanto cada brasileiro contribui, vemos
que não é tão grande.
Nossa emissão per capita de gás
carbônico é menos de 20% a de
um norte-americano”.
Nobre defende que a ação
prioritária do governo brasileiro deve
ser sobre as queimadas. “Se a emissão
per capita é pequena e a do setor energético
deve aumentar, já que temos que crescer
e oferecer mais energia, então devemos
atuar com bastante rigor na redução
do desmatamento”.
O pesquisador diz
que o cidadão comum também pode
ajudar a evitar ou reduzir o aquecimento global.
“É necessário
que cada pessoa se conscientize da gravidade
do problema e entenda com quanto cada família
contribui, quanto cada um emite de gás
carbônico ao usar seu veículo.
As emissões têm a ver com nosso
padrão de consumo. Se vamos consumir
madeira vinda da Amazônia, por exemplo,
é necessário verificar se ela
é certificada ou se foi obtida ilegalmente.
Se for carne, se é de pastagens criadas
por desmatamentos ilegais. O consumidor consciente
vai ser a maior arma. Mas esse nível
de consciência ambiental ainda está
em construção. Eu diria até
que estamos um pouco longe disso”.
Nesta entrevista à
Rádio Nacional e à Agência
Brasil, Carlos Nobre também afirmou
que o aquecimento global é um problema
para a atual geração, e não
para as demais.
Brasil precisa enfrentar
conseqüências do efeito estufa,
avalia diretor da ANA
3 de Fevereiro de 2007 -
Yara Aquino - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - Além de
medidas para amenizar ou mesmo evitar as mudanças
no clima que estão previstas no relatório
do Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas, é preciso planejar
ações que permitam ao Brasil
enfrentar as conseqüências. A afirmação
é do diretor da Agência Nacional
e Águas (ANA), Oscar Cordeiro.
“Quanto mais prestarmos
atenção ao uso do solo, a previsão
de chuvas e secas, quanto mais projetarmos
pontes, diques e obras que possam dar maior
proteção, quanto mais avançarmos
nessas estratégias mais preparado vai
estar o Brasil para fazer face a essas conseqüências
que estão associadas às mudança
climáticas”, explica Cordeiro.
O diretor da ANA lembra
que as mudanças no clima devem ocorrer
no longo prazo. O relatório sobre Mudanças
Climáticas aponta, por exemplo, um
potencial aumento da temperatura do planeta
em até 4 graus até o ano de
2100. Segundo ele, a chave para enfrentar
os fenômenos naturais será a
observação.
“Devemos redobrar nosso
acompanhamento e vigilância sobre as
obras que já existem e principalmente
sobre as que serão projetadas daqui
pra frente para incorporarem essas possibilidades”.
De acordo com Cordeiro,
a agricultura também deve se preparar
para as alterações climáticas.
“Devemos passar a contar com certos desenvolvimentos
agrícolas, tecnológicos e científicos
que vão permitir que certas culturas
possam precisar de menos água”.
Em sua avaliação,
as mudanças climáticas podem
acarretar alterações no ciclo
de chuvas e fazer com que regiões que
antes não precisavam de irrigação
passem a adotar essa alternativa. Da mesma
forma, áreas secas podem ter mais chuvas.
A vazão dos rios da Amazônia
também pode sofrer alterações
com a previsão de derretimento das
geleiras.
“Mas creio que as mudanças
ocorreriam de forma lenta e gradual o que
permitira que pudéssemos acompanhar,
monitorar e trabalhar com medidas corretivas”,
afirma o diretor da ANA.
No relatório
do Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas, divulgado ontem (2), 2.500
cientistas projetam que a emissão de
gases de efeito estufa nas taxas atuais ou
maiores têm 90% de chance de causar
aquecimento global e alterações
climáticas. A conseqüências
serão catástrofes naturais como
chuvas intensas, furacões, tufões,
derretimento das geleiras, entre outros.