Biocombustível
- 01/02/2007 - Uma planta considerada por
muitos agricultores como "praga",
por ser invasora de pastagens, poderá
ajudar na geração de energia
elétrica para comunidades isoladas
da Amazônia. Trata-se da Inajá
- Maximiliana maripa -, uma palmeira da regiao
amazônica, que terá seu óleo
aproveitado para operar em uma usina de biocombustível
na geração de energia, a ser
implantada em Roraima em março deste
ano. Com recursos do Ministério da
Ciência e Tecnologia (MCT) através
da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep),
a usina é resultado de uma parceria
entre a Embrapa Roraima, unidade da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa/Mapa) e o Instituto Militar de Engenharia
(IME).
Como projeto-piloto do IME,
inicialmente a usina vai operar com óleo
in natura de inajá, havendo possibilidade
de testes com óleos de outras plantas.
E a princípio tambem a produção
prevista para a usina será de quatro
mil litros de óleo refinado, por mês,
o suficiente para atender a uma comunidade
de até quarenta famílias.
Composta por dois módulos,
a usina será instalada no Campo Experimental
Serra da Prata, da Embrapa Roraima, em Mucajaí
(RR). Um módulo, que sendo fabricado
em São Paulo, servirá para a
extração de óleo, e outro,
projetado pelo IME, é para o refino
do óleo e virá do Rio de Janeiro.
Desde janeiro estão sendo providenciados
o transporte e a montagem da usina, prevista
para entrar em operação em março.
Informações
do IME dão conta que a usina em Roraima
terá capacidade para até 16
mil litros por mês, mas o alcance deste
potencial vai depender de vários fatores,
como a disponibilidade de matéria-prima
e o envolvimento da comunidade no processo.
"É fundamental o envolvimento
da comunidade para que ela perceba a geração
de energia como possibilidade de geração
de renda", afirmou.
Um dos fatores para Roraima
ter sido escolhida como projeto-piloto para
as comunidades de fronteira foi, além
da localização geográfica,
a atuação da Embrapa na pesquisa
com oleaginosas potenciais para biocombustíveis.
Dois pesquisadores da Embrapa
Roraima trabalham nessa linha. O pesquisador
Oscar José Smiderle estuda características
agronômicas de plantas oleaginosas com
potencial para biodiesel, enquanto o pesquisador
Otoniel Ribeiro Duarte, que está concluindo
o doutorado no Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (Inpa/MCT) com uma pesquisa
sobre o uso agroindustrial do Inajá.
De acordo com informações
disponíveis na Embrapa Roraima, o Inajá
é uma planta que tem suas sementes
dispersas por diversos animais, resiste ao
fogo e rebrota nos locais onde ocorrem queimadas
para preparação de roçados
ou plantio de pastos. As sementes de inajá
fornecem alto teor de óleo. De acordo
com os estudos já realizados, o Inajá
também apresenta potencial econômico
para a fabricação de ração
animal para peixes, aves e suínos.
A geração
de renda é um dos objetivos pretendidos
pelo projeto de geração de energia
elétrica com o biocombustível
a fim de contribuir para a sustentabilidade
de comunidades isoladas de fronteira, aproveitando
as matérias-primas disponíveis
na região e a organização
da comunidade beneficiada.
A coordenadora do projeto,
Wilma de Araújo Gonzalez, química
do IME, explica que a estratégia é
aplicar o conhecimento do IME em biocombustíveis
e o conhecimento instalado na região
Norte, através de instituições
como a Embrapa e a Fundação
Centro de Análise, Pesquisa e Inovação
Tecnológica (Funcapi), aproveitando
a logística do Exército brasileiro,
por meio do Comando Militar da Amazônia,
para contribuir com o desenvolvimento sustentável.
(Fonte: Síglia Regina Souza/Embrapa)
Assessoria de Imprensa do MCT