08
de fevereiro - Ele foi expulso de casa quando
tinha oito anos. Damião Paradzané,
hoje o cacique guerreiro da aldeia Marãiwatséde,
entrou num avião da Força Aérea
Brasileira (FAB) junto de seu pai, sua mãe,
e todos os 233 Xavante que viviam onde hoje
é a terra Indígena Marãiwatséde.
Foram transferidos, sem nada saberem, para
a Missão Salesiana de São Marcos,
em 14 de agosto de 1966. Nos primeiros 15
dias, 160 morreram, entre eles o pai de Paradzané,
o grande chefe Ru’waê. Passaram quatro
décadas peregrinando por terras Xavante,
exilados e impedidos de voltar para a sua
terra, que era cada vez mais invadida, devastada
e grilada. Em 1998 a área indígena
foi homologada, mas Paradzané e seu
grupo apenas conseguiram retornar, após
muita luta e um enfrentamento direto com posseiros,
em agosto de 2004. nesta segunda-feira 5 de
fevereiro, a justiça federal pôs
fim a um processo que impedia o retorno dos
índios, determinou a saída imediata
dos invasores e o reflorestamento da área.
“Ficamos muito felizes. A luta é essa.
Mostramos para as outras etnias, nossos parentes
indígenas, a nossa luta pelo nosso
direito. Finalmente conseguimos a nossa vitória.
Eu e a minha comunidade estamos muito felizes.”
Por telefone do Núcleo de Apoio Marãiwatséde,
da Funai, em Ribeirão Cascalheira (MT),
Paradzané concedeu a seguinte entrevista
ao site da Funai.
Pergunta: Com a
decisão final pela Justiça,
que garante a terra aos Xavante, como está
o pessoal na aldeia?
Damião Paradzané:
A noticia eu passei para a comunidade, e a
comunidade está muito feliz, estamos
comemorando bastante, hoje vai ter festa e
uma comemoração muito grande,
vamos dançar no pátio da aldeia.
Mas não acabou, ainda tem problema
de saúde, falta de caça, alimentação,
a área foi muito degradada. Pra gente
é até perigoso, não tem
como sair de lá, está cheio
de posseiros. A saúde está mal.
A plantação foi falha. Está
difícil. Mas estamos recuperando, aos
poucos. No ano passado plantamos mandioca,
milho, abóbora, estamos fazendo um
trabalho muito bom, plantamos 400 mudas de
pequi, 20 pés de coco. Estamos trabalhando
na área e no futuro não vamos
ter problema de falta de comida. Com a decisão,
vão limpar a área e vamos reflorestar
e procurar produzir para o povo não
ter mais fome.
Pergunta: Como vai
ser feita a retirada dos posseiros, vocês
vão participar, estão com medo
de represálias?
Paradzané: Eu mesmo estou
na cidade agora, mas já já volto
para aldeia para conversar, no wára
[reunião diária que os Xavante
fazem no pátio central da aldeia].
Hoje e amanhã a gente vai comemorar,
hoje a noite dançar e festejar pelo
que nos conseguimos. A vitória. A vitória
com muita luta. Mas precisamos tirar fazendeiros,
posseiros. Eles estão morando dentro
da área do índio, judiam a saúde
do índio, derrubam a floresta, fazem
desmatamento, fazem construção
de moradia dentro da área indígena,
fazem a roça, jogam veneno. Vamos pressionar,
continuar pressionando, lutando, e cobrar
o governo para tirar logo eles de lá,
para a gente tranqüilizar, viver tranqüilo,
em paz. Isso é importante, isso é
o que a gente quer.
Pergunta: Na sua
opinião, deve aumentar a violência
nos próximos dias e da expulsão?
Paradzané: Nós estamos
tranqüilos. Sempre que mostramos a nossa
consciência, tranqüilo, com sabedoria.
Os índios Xavante, hoje, estão
estudando, e aprendendo o jeito e o sistema
do branco. Não adianta a gente brigar
e matar posseiros. Isso não resolve.
Se eles, que perderam duas vezes, na Justiça
e na homologação, vierem fazer
provocação com a gente, daí
é problema deles. Nós estamos
tranqüilos e não temos nada de
medo, não tememos eles. Eles é
que devem ter medo porque invadiram a nossa
terra, terra xavante. E invadiram com covardia,
e assim, covardes, ocuparam a terra até
hoje. Eles sabem que a terra é do índio,
mas querem guerra, vão reagir. Eles
podem criar problemas, e vai precisar de ajuda
da Policia Federal, da Funai, do Incra, do
Ministro da Justiça O problema da violência
é da Policia Federal. A comunidade
está tranqüila, em paz e feliz.
Pergunta: Em dezembro
foi feita a tradicional festa oió,
de iniciação dos jovens Xavante,
dentro da área. Qual é aproxima
festa?
Paradzané: O oió foi
muito bom, foi o primeiro que fizemos desde
que voltamos pra Marãiwatséde.
Sábado agora, o próximo, vai
ter festa das mulheres e corrida de tora.
E vamos comemorar junto a vitória na
Justiça. Estamos muito felizes. Quero
agradecer a Deus, em primeiro lugar. Depois,
ao Ministro da Justiça e a sexta câmara
do Supremo Tribunal Federal (STF), que nos
ajudou, ao presidente da Funai, o doutor Mércio
Gomes, que sempre me ajudou, sempre esteve
ao nosso lado. A eles agradeço com
o meu peito, com o coração.
Agradeço também aos funcionários
deles, da Funai, ao Edson Beiriz, coordenador
do Programa Xavante e administrado de Goiânia,
ao Denivaldo da Rocha, da Funai aqui em Ribeirão
Cascalheiras, dois lutadores, sofredores,
sempre juntos da gente aqui do lado. Ao Cláudio
Romero, que nos ajudou quando era presidente
da Funai, que esteve aqui do nosso lado. Ao
procurador da Funai, o César Augusto
Lima do Nascimento, ao procurador federal
Mário Lúcio Avelar, aos advogados
da Advocacia geral da União (AGU) e
o pessoal do Ministério Público,
a todo o pessoal que me apoio nessa luta,
os antropólogos, o pessoal da Itália
na briga contra a Agip. Agradeço muito
a todos eles. Estou lembrando da minha luta,
estou quase chorando por lembrar da minha
luta, e agora chegamos no final com a decisão
da Justiça.
Justiça devolve
terra a índios Xavante
07 de fevereiro - Depois
de 11 anos e 8 meses, a Justiça Federal
em Cuiabá colocou fim ao processo que
discutia a permanência dos índios
Xavante na Terra Indígena Marãiwatséde,
homologada em 1998, e determinou a expulsão
de todos os fazendeiros (inclusive a grande
fazenda Liquifarm Agropecuária Suiá-Missú
Ltda), posseiros e invasores da área
e o reassentamento daqueles que se incluírem
em programas de reforma agrária na
área da Fazenda Guanabara, cerca de
80 km do local. A maioria, no entanto, deverá
desocupar a área sem receber indenização,
por serem consideradas ocupações
de má-fé (invasões),
e deverão reflorestar a área
que foi devastada.
No processo de número
95.0000679-0, o juiz federal José Pires
da Cunha, da quinta Vara Federal do Mato Grosso,
julgou procedente, em 05 de fevereiro, a ação
movida pelo Ministério Público,
Funai e União determinando: “a) Condenar
os Réus e todos aqueles, incertos,
desconhecidos e terceiros, a deixar de efetuar
qualquer exploração extrativista,
bem como de agricultura (ainda que de subsistência)
e pecuária, na área da Terra
Indígena Marãiwatséde;
b) determinar aos réus e todos aqueles
incertos, desconhecidos e terceiros não
índios, que se retirem da Terra Indígena
Marãiwatséde; e, c) condenar
os requeridos a procederem o reflorestamento
da área que ocupam. Determinar ao Incra
que promova, com urgência, o reassentamento
dos posseiros cadastrados na área já
reservada para tanto (fazenda Guanabara)”.
Na opinião do presidente
da Fundação Nacional do Índio-Funai,
Mércio Pereira Gomes, esse é
um dos casos mais importantes da Funai e da
política indigenista nos últimos
20 anos. “Era uma área perdida, e a
cada dia que passava diminuía as chances
de os índios retornarem a sua terra.
Mas eles não desistiram nunca, lutaram
muito, com força, persistência
e inteligência.”
Expulsos em 14/08/1966,
os índios passaram as últimas
quatro décadas vagando por outras áreas.
Foram dizimados – só na transferência
forçada, 2/3 dos índios foram
mortos por epidemias – e viram a sua terra
tradicional ser ocupada pela fazenda Suiá-Missú,
que chegou a ser considerada o maior latifúndio
do mundo. “É uma justiça que
chega tarde, mas que não falha. A sentença
vem consolidar decisões prévias
do Supremo Tribunal Federal (STF) e, o principal
de tudo: ela reflete o reconhecimento pelo
Judiciário brasileiro da ocupação
tradicional dos povos indígenas.”
Na opinião do procurador
da Funai em Cuiabá, César Augusto
Lima do Nascimento, com a declaração
de nulidade das posses e das invasões,
não haverá indenização.
“No máximo, se for considerada como
ocupação de boa-fé, apenas
a fazenda Suiá-Missu. Mas a centena
de posseiros e invasores ilegais deverá
sair sem indenização. E isso
deve ser executado ainda esse ano, e o quanto
antes”, afirma.
“Os índios estão
vibrando. A alegria é uma só”,
diz o coordenador da Funai para a área
Xavante, e administrador executivo regional
em Goiânia, Edson Beiriz. “Mas precisamos
monitorar essa desocupação,
fazer um plano. Tem pessoas lá que
não são clientes da reforma
agrária e vão ter que sair sem
indenização. Vamos fazer cumprir
a sentença com equipe na área
junto com o Incra, assessorando o Incra no
reassentamento das famílias que são
clientes da reforma agrária. Com relação
aos demais, vamos fazer a retirada deles e
obrigar o reflorestamento da área devastada.”
Para o indigenista da Funai
Cláudio Romero, coordenador da Coordenação
Geral de Estudos e Pesquisas (CGEP), que conheceu
os índios Xavante de Marãiwatséde
em 1961, se a decisão demorou, pelo
menos ela veio bem feita e muito bem fundamentada.
“Nunca é tarde para se fazer justiça.
O juiz teve maturidade, soube conduzir com
competência o processo e agora ficou
provado com fatos, fotos, depoimentos, laudos
antropológicos. Está muito bem
argumentado a ocupação tradicional
dos índios”, afirma. “Esses índios
sofreram, foram expulsos, morreram, passaram
anos vagando. O Brasil começa a se
reatar com uma injustiça histórica,
de uma desocupação injusta,
feita enganado os índios.” Para ele,
“em termos de indigenismo, essa é uma
das maiores vitórias perante a Justiça
de todos os tempos”.
Após comemorar
demarcação de Balaio, presidente
visita aldeias na região
07 de fevereiro - Foi uma
festa aguardada por mais de 20 anos. Teve
cururi – a uva da Amazônia–, beiju,
peixe e paca moqueados, suco de bacaba e açaí
e muita conversa na aldeia Balaio, junto de
lideranças Tukano, Desána e
Kuripáko para comemorar a declaração
da Terra Indígena Balaio e o prosseguimento
do processo de demarcação da
área. Localizada dentro do Parque Nacional
do Pico da Neblina, próximo à
fronteira da Venezuela, a T.I. Balaio foi
declarada de posse permanente dos povos indígenas
da região por portaria de 15 de dezembro
de 2006, assinada pelo ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos. Ela está
contígua à T.I. Yanomami, e
vem proteger ainda mais a bacia do Alto Rio
Negro.
“Diversos obstáculos
tiveram que ser superados dentro do Estado
brasileiro para o Brasil entender que a terra
é de vocês”, disse em discurso
o presidente da Funai, Mércio Pereira
Gomes. Além de ser sobreposta a um
parque nacional, Balaio também fica
na área de fronteira, que recebe proteção
especial do Exército brasileiro. “O
Parque Nacional antes era um problema para
vocês, mas agora é só
uma questão de trabalhar junto, Ibama
e Funai, meio ambiente e povos indígenas”,
afirmou o chefe do Parque Nacional do Pico
da Neblina, Fábio de Mello Osolins.
Para o líder Álvaro
Tukano, passadas as festividades e os trabalhos
para a demarcação física,
será preciso fazer melhorias estruturais
dentro da área. “Tem que consertar
a estrada, melhorar e refazer as pontes que
estão quase caindo, para a gente poder
ir para São Gabriel da Cachoeira quando
precisar”, afirmou. Segundo ele, o acesso
a São Gabriel é essencial, ao
menos, até que seja feita uma escola
dentro da aldeia. “Se os filhos de vocês
usam computador e aprendem direito na escola,
os nossos também precisam aprender
a usar o computador e a estudar”.
De São Gabriel da
Cachoeira até a aldeia Balaio, o caminho
de três pela estrada de terra corta
a mata alta como um túnel. O verde
é forte, com um brilho especial nessa
época seca do ano. A floresta é
intacta. No trajeto, avistam-se pequenos proprietários
de terra, que não chegam a dez, até
a entrada do Parque Nacional e da terra indígena.
De lá, são quatro pequenas comunidades
indígenas até chegar-se ao Balaio:
Poranga, Paritins, Iá Mirim e Rodrigo
Cibele. Paritins é habitada majoritariamente
pelo povo Kuripáko, e as outras por
Tukáno e Desána, mas vivem ali
também gente Yepamashã, Kobéwa,
Pirá-Tapúya, Tuyúka,
Baníwa, Baré e Tariáno.
Com 255.823 hectares, sendo contígua
à T.I. Yanomami, e ao lado da T.I.
Cué Cué Marabitanas, em fase
de estudo pela Funai, a região pode
se tornar o maior bloco de terras indígenas
contíguas do Brasil.
O Alto Rio Negro
No extremo noroeste do Brasil,
que forma a tríplice fronteira com
a Colômbia e a Venezuela, região
também conhecida como “Cabeça
do Cachorro”, corre o rio Negro, um dos principais
formadores do rio Amazonas. O conjunto de
terras indígenas localizadas na bacia
do Negro totalizam 10,7 milhões de
hectares, isso sem contar Balaio. Lá
vivem 17 etnias diferentes, além dos
Yanomami, falantes das línguas das
famílias aruak, tukano oriental, maku,
a língua geral chamada de nheengatu,
em uma população de aproximadamente
25 mil pessoas.
Após a recepção
na aldeia Balaio e reuniões em São
Gabriel da Cachoeira na sede da Funai e da
Federação das Organizações
Indígenas do Rio Negro (Foirn), Mércio
Gomes visitou as comunidades de Pari Cachoeira
e Iauaretê, habitadas em sua maioria
pelo povo Tukano. Essa foi a primeira visita
oficial por um presidente da Funai nessas
comunidades. Os indígenas celebraram
a visita, reuniram-se com o presidente, apresentaram
reivindicações para serem mais
atendidos pela Funai, e saudaram a demarcação
de Balaio, onde vivem parentes da população
dessas duas aldeias. Elas servem também
de abrigo a dois pelotões do Exército,
uma relação intermeada pela
Funai e pela Foirn, que são responsáveis
pela fiscalização da fronteira
com a Colômbia na Cabeça do Cachorro.
Parakanã
discutem homologação da terra
Apyterewa
06 de fevereiro - Reunido
com lideranças do povo Parakanã,
na cidade de Altamira, o presidente da Funai,
Mércio Pereira Gomes, explicou aos
índios os esforços que estão
sendo feitos para a homologação
da Terra Indígena Apyterewa. Após
longo debate nos anos 11000 dentro do Ministério
da Justiça, a área foi declarada
de posse permanente dos índios por
portaria do Ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, em 21/09/2004 e, no ano seguinte,
demarcada fisicamente. Após a homologação,
a maior dificuldade para ser concluída
a regularização fundiária
será a retirada das centenas de pequenos
proprietários de terra, que haviam
sido assentados pelo Incra (Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária)
dentro da área indígena.
“Essa área é
de vocês, e será para sempre
de vocês. Vocês não podem
deixar de lutar, porque ela vai ser homologada.
Já recebi muitos políticos,
senador, deputados, daqui do Pará,
que fazem pressão em Brasília
para a terra não sair. Mas eles já
perderam, ela vai ser homologada o quanto
antes”, disse o Gomes. “É preciso ter
calma. O Ministro já declarou a terra,
ela já foi demarcada. Agora é
só o tempo de saírem os assentados
e posseiros, que vão ser retirados
pelo Incra”.
Os índios estavam
preocupados com as invasões que, segundo
eles, continuavam a aumentar ilegalmente na
área. De acordo com o administrador
regional em Altamira, Benigno Pessoa Marques,
toda essa movimentação está
sendo acompanhada para que sejam considerados
quais assentados possuem benfeitorias de boa-fé,
que deverão ser ressarcidos pela Funai,
e quais são de má-fé,
ou seja, deverão ser expulsos da área
sem nada receber.
Estavam presentes também
lideranças das etnias Xikrin do Bacajá,
Xipaya, Curuaya e Juruna. Durante a tarde,
o presidente da Funai reuniu-se com funcionários
na sede da administração regional
para discutir as estratégias do órgão,
obter um plano de carreira indigenista e aumento
do número de funcionários do
quadro.
Decisão de
Tribunal exige consulta prévia aos
índios para licenciamento de Belo Monte
08 de fevereiro - Fonte:
Procuradoria da República no Estado
do Pará - O Ministério Público
Federal no Pará vai pedir explicações
à 5ª Turma do Tribunal Regional
Federal da 1ª Região sobre o acórdão
publicado na última segunda-feira (05)
a respeito da Hidrelétrica de Belo
Monte.
A decisão, que seguiu
o voto da desembargadora Selene Maria de Almeida,
concordou parcialmente com a tese do MPF,
de que Belo Monte só pode ser autorizada
pelo Congresso Nacional depois de consulta
às comunidades indígenas afetadas.
Considerou inválido o Decreto Legislativo
788/2005, que foi aprovado às pressas
na última legislatura e liberava o
licenciamento da obra. O TRF também
proibiu ao Ibama que faça a consulta
aos índios, determinando ser essa uma
atribuição exclusiva do parlamento.
Em seguida, os desembargadores
definiram que os estudos de impacto ambiental
e um laudo antropológico podem ser
feitos independente da autorização
parlamentar, o que contraria o entendimento
do MPF. A legislação ambiental
brasileira determina um rito fixo para licenciamento
de obras de grande impacto: autorização
do congresso, elaboração de
termo de referência e por fim estudos
de impacto ambiental que subsidiarão
a concessão ou não de licença
para o empreendimento.
“A grande dúvida
que fica é sobre o termo de referência,
o pontapé inicial do licenciamento.
É uma espécie de questionário,
normalmente feito pelo órgão
licenciador e determina quais questões
devem ser respondidas pelo estudo de impacto.
Quem vai fazer esse termo de referência
é o Congresso Nacional, agora que o
Ibama está proibido de consultar as
comunidades indígenas?”, questiona
Ubiratan Cazetta, procurador que discutirá
o caso com a PRR1.
Para a Procuradoria da República
no Pará, a decisão dá
margem a várias perguntas além
dessa, tornando-se fonte de mais controvérsias.
Por isso, através de contato formal,
vai provocar a Procuradoria Regional da República
da 1ª Região (PRR1), em Brasília,
para que, como instância atuante junto
ao TRF, interponha embargos de declaração
pedindo esclarecimento sobre os estudos autorizados.
Os embargos de declaração
são um recurso jurídico usado
quando determinada decisão judicial
contém omissão, obscuridade
ou contradição. No caso do acórdão
em questão, há omissão
sobre a natureza dos estudos de impacto ambiental
liberados.
“É preciso deixar
claro o que deverá ser estudado, qual
órgão vai analisar o resultado
desses estudos, se eles já fazem parte
do processo de licenciamento ambiental e qual
a vinculação do Congresso Nacional
ao resultado dos estudos”, finaliza Cazetta.