Panorama
 
 
 

LEIA A ÍNTEGRA DO DISCURSO DE LULA NO LANÇAMENTO DA POLÍTICA NACIONAL DE BIOTECNOLOGIA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2007

8 de Fevereiro de 2007 - Agência Brasil - Brasília - No lançamento hoje (8) da Política Nacional de Biotecnologia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que os empresários precisam investir mais em pesquisas científicas. Leia a seguir a íntegra do discurso:

"O Brasil finalmente consolida sua presença na rota da inovação em âmbito nacional. Todos sabemos da singular capacidade que tem a ciência para impulsionar o desenvolvimento e realizar o potencial humano na face da Terra. Essa característica mudou de patamar nas últimas décadas. Hoje, mais do que nunca, a tecnologia desloca e amplia o campo do possível, alarga os limites das nossas ações e a dimensão da nossa presença no Planeta.

Esse poder de reinventar o tempo e o espaço da história, autoriza o entusiasmo com a pesquisa e a tecnologia. Todavia, reafirma também a necessidade de encarar a ferramenta como uma extensão do corpo; não o contrário. Portanto, como instrumento da vontade ética e democrática da sociedade. Um meio para responder aos desafios do nosso tempo, sem estreitar o tempo dos que virão depois de nós.

Minhas senhoras e meus senhores,

No inquieto amanhecer do século XXI são nítidos os sinais da emergência que batem à nossa porta. Mais nítida ainda é a percepção de que só a força da cooperação entre a democracia, a ciência e a economia poderá equacionar o alerta social e ambiental que nos convoca e desafia.

A biotecnologia deve ser entendida como uma ponte entre o desenvolvimento e a natureza para alcançar o futuro sustentável pelo qual tanto lutamos e ansiamos. Há mais de 11 mil anos, o ser humano já recorre à biotecnologia. Na seleção e desenvolvimento de espécies, na busca das mais resistentes e produtivas, conquistamos o excedente agrícola necessário para aprimorar as formas de viver e de produzir em sociedade.

A universalização de vacinas, que fortaleceu nosso sistema imunológico, e promoveu uma revolução na saúde pública, é outra conquista biotecnológica. O Brasil, com 20% da biodiversidade do mundo e detentor de imensas florestas, reúne trunfos que nos credenciam a ocupar um lugar de destaque neste novo vetor do desenvolvimento.

A meta da Política Nacional de Biotecnologia é justamente acionar esse potencial, para que nos próximos dez ou quinze anos nosso país figure entre os cinco maiores pólos mundiais de pesquisa, geração de serviços e produtos da biotecnologia.

Nosso paradigma, meus amigos e minhas amigas, é a liderança já alcançada na área de biocombustíveis. Trata-se de uma parceria de sucesso indiscutível entre a comunidade científica e a eficiência da sociedade brasileira e empresarial. Nosso desafio agora é replicar essa associação bem-sucedida em outros ramos da economia e da produção.

Vamos fazer remédios e vacinas mais baratos. Vamos fazer plástico biodegradável. Vamos desenvolver enzimas industriais que aumentem a eficiência e poluam menos. Vamos criar alimentos mais nutritivos, vamos desenvolver medicamentos e cosméticos a partir da biodiversidade e técnicas de recuperação ambiental.

Além disso, vamos mirar no futuro da biotecnologia, investindo em pesquisas como sequenciamento do DNA, neurociência, células-tronco, nanobiotecnologia, biofármacos. O Fórum de Competitividade em Biotecnologia, criado pelo governo em 2004, trabalhou durante dois anos nessa direção, selecionando as prioridades da política que anunciamos hoje. Elas permitirão estreitar essa convergência em diferentes áreas e setores da indústria, da agropecuária, da saúde humana e animal, e da tecnologia ambiental.

Não há mais tempo a perder. A distância existente hoje entre a produção e o laboratório precisa ser vencida. Um país que figura entre as 15 maiores economias do mundo, capaz de produzir aviões e biocombustíveis renováveis, não pode ter apenas 10% do seu poder científico sob a responsabilidade do setor privado. É preciso que essa participação se amplie, e muito. Com essa nova política, o investimento de ponta no Brasil ganha mais um incentivo e uma baliza que vêm se juntar a outras já definidas pelo nosso governo.

Políticas como a de Inovação e propriedade intelectual, Biossegurança, de acesso a biodiversidade, de financiamento da ciência e pesquisa tecnológica, povos e comunidades tradicionais, são sujeitos fundamentais para a preservação dos nossos recursos genéticos e os conhecimentos por eles acumulados apontam caminhos para o desenvolvimento de novas tecnologias oriundas da biodiversidade.

A sua importância é inquestionável em várias dimensões, são a alma da cultura brasileira. Nesse sentido, o governo está lançando, também, a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável para Povos e Comunidades Tradicionais, como garantia e reconhecimento do seu papel estratégico para o desenvolvimento sustentável.

Inauguramos, portanto, mais um caminho para o futuro. E, mais uma vez, ele será pavimentado pelo entendimento democrático de toda a sociedade, a quem cabe a prerrogativa de escolher o rumo e a velocidade do nosso futuro. Estamos tratando da nossa vida, da vida dos nossos filhos, dos filhos dos nossos filhos, dos netos que um dia eles terão. E, também, estamos cuidando do Planeta em que vivemos.

Exatamente por isso, o Fórum de Competitividade – que reúne governo, setor privado, academia, trabalhadores e outros segmentos da sociedade civil – continuará a assessorar o Comitê Nacional de Biotecnologia, instância à qual caberá, de agora em diante, definir ações específicas e os recursos necessários para viabilizar as metas da nova política.

Minhas senhoras e meus senhores,

Nosso desafio maior é harmonizar a temperança e a ousadia. A economia brasileira não pode prescindir da inovação científica e tecnológica para acelerar seu crescimento. A sociedade brasileira não pode prescindir da inovação para multiplicar oportunidades de emprego e renda reclamadas há tanto tempo pelo nosso povo.

Portanto, o Brasil não é e não voltará a ser um supridor de matérias-primas para o mercado mundial. O Programa de Aceleração do Crescimento e a Política Nacional de Biotecnologia convergem para outra direção e definem outras prioridades para o desenvolvimento brasileiro no século XXI.

Uma delas, e das mais importantes, é a aliança entre a biotecnologia e a agroenergia. Temos condições de mostrar ao mundo que “plantar combustível” é a melhor forma de colher justiça social e, ao mesmo tempo, contribuir para a redução do efeito estufa que tanto mal causa ao Planeta e que está desequilibrando o nosso Planeta.

Queremos repartir com o mundo essa porta de saída para o aquecimento global. Ela ajudará a transformar a urgência desse momento num sopro de equilíbrio com regeneração da esperança em um futuro mais sustentável. Sabemos como fazê-lo. E o faremos sem prejuízo de uma política de preservação que já reduziu em 52% o desmatamento na Amazônia, desde 2003. Evitamos assim o lançamento de mais 430 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera nesse período.

Foi graças à pesquisa, à mobilização social e às ações do governo que tudo isso se tornou possível. Portanto, em vez de ameaçar lavouras de alimento, ou devastar florestas, a biotecnologia e a eficiência da nossa agricultura formaram um cinturão produtivo a favor da sociedade e do meio ambiente, gerando riqueza, renda e emprego.

Essa é a base da nossa aposta na Política de Desenvolvimento da Biotecnologia. Com o impulso da pesquisa e a criatividade do homem da terra, a biotecnologia ajudará a consolidar o Brasil como a grande potência tecnológica e ambiental do século XXI. Uma potência da solidariedade, capaz de aproveitar, e muito bem, as oportunidades oferecidas pela história, sem descuidar das urgências do Planeta. Repito: o Brasil finalmente consolida sua presença na rota da inovação. E isso graças a vocês.

Muito obrigado."

Decreto deve regular extração de materiais biológicos

8 de Fevereiro de 2007 - Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil - Roosewelt Pinheiro/ABr - Brasília - Na cerimônia de lançamento da política de biotecnologia, os ministros da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan (ao microfone), da Saúde, Agenor Álvares, e do Meio Ambiente (interino), Claudio Langone.
Brasília - Até o final da próxima semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve assinar decreto que estabelece novos procedimentos para a retirada de material biológico dos vegetais e animais brasileiros. A medida será uma das primeiras ações da Política de Desenvolvimento da Biotecnologia, que entrou em vigor hoje (8).

A informação foi dada pelo secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Cláudio Langone, após a solenidade de lançamento da nova política governamental para a biotecnologia, no Palácio do Planalto.

Na avaliação de Langone, o decreto a ser assinado nos próximos dias deve corrigir falhas na lei que, desde 2001, define as regras para os projetos de extração de substâncias da fauna e da flora do país. O principal problema, segundo Langone, é que a atual legislação obriga a assinatura de contratos prévios com o governo federal para a retirada desses materiais.

“Esse item criou um entrave para os investimentos em biotecnologia porque muitos desses projetos não chegam a virar negócios e as empresas não querem se comprometer com antecedência”, comentou o secretário. A nova regulamentação, explicou Langone, vai retirar essa exigência.

No entanto, segundo Langone, a principal intenção do decreto é valorizar as comunidades tradicionais e os povos indígenas, que devem receber formas de compensação pela utilização desses materiais por indústrias e pesquisadores.

“As pesquisas mostram que 70% dos medicamentos são feitos de plantas, muitas delas usadas durante séculos pelas populações locais”, explicou Langone. Somente na Amazônia, segundo ele, a medida deve beneficiar 5 milhões de pessoas que fazem parte de povos tradicionais.

A medida, disse o secretário, foi acertada em conjunto pelos cinco ministérios que elaboraram a nova política do governo para o desenvolvimento da biotecnologia. Langone acrescentou ainda que a mudança na legislação não deve beneficiar apenas o uso de materiais biológicos para a produção de remédios. “Muitas substâncias usadas em cosméticos e na alimentação, por exemplo, são retiradas das nossas florestas”, ressaltou.
País precisa integrar conhecimentos populares e acadêmicos para desenvolver biotecnologia, diz pesquisadora

9 de Fevereiro de 2007 - Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Para que o Brasil alcance uma posição de competitividade na manipulação de seres vivos para fins industriais, a nova política de biotecnologia do governo federal precisará promover a integração do conhecimento popular com as pesquisas acadêmicas. A avaliação é da bióloga Luiza Chomenko, do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.

Em entrevista hoje (9) ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, a bióloga, que também é pesquisadora da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), afirmou que o Brasil terá de encontrar maneiras de tornar públicos os conhecimentos das populações locais para tirar proveito da biodiversidade. “O Brasil tem um dos maiores potenciais nessa área em todo o mundo, mas ainda não encontrou um meio de explorá-lo”, disse Luiza.

De acordo com a pesquisadora, o país precisa “olhar para dentro”, para saber como tirar proveito das substâncias extraídas da fauna e da flora industriais. “Os conhecimentos tradicionais, muitas vezes, estão com as pessoas mais simples de uma região e não chegam ao topo da cadeia, de uma pesquisa científica”, afirmou.

Para Luiza Chomenko, outro desafio consiste em transformar as tradições locais em um produto ou serviço que traga benefício para a sociedade. “Além de pegar esses saberes, os pesquisadores têm de reverter esses conhecimentos para o conjunto da população, para que não se restrinjam a meia dúzia de pessoas ou empresas”.

Na opinião da bióloga, a preservação do meio ambiente representa um elemento essencial para desenvolver a biotecnologia no Brasil. “Muitas riquezas da Amazônia, por exemplo, estão disponíveis nos pampas gaúchos ou no cerrado, que estão sendo destruídos”, salientou.

A pesquisadora destacou também o papel das comunidades locais na preservação da diversidade de espécies animais e vegetais do país. “A população de uma região tem de saber valorizar o patrimônio natural”, observou. “Essa é uma questão não só de auto-estima, mas de soberania de um povo sobre a sua ciência, seu saber”.

Para secretário, política de biotecnologia vai ajudar preservação da natureza

8 de Fevereiro de 2007 - Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Em vez de entrar em conflito com o meio ambiente, a Política de Desenvolvimento da Biotecnologia, sancionada hoje (8) pelo governo, será uma grande aliada para a preservação da natureza, segundo o secretário de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Gilney Viana.

Para ele, a questões ambientais foram incorporadas à política governamental para a biotecnologia. “Em muitos casos, as contribuições para o meio ambiente são mais valiosas que os possíveis impactos”, explica. “Uma bactéria que consiga despoluir rios pode ser tão útil ou um tipo de plástico que se decompõe mais rápido trará muitos benefícios”.

Viana destacou que a nova política de biotecnologia não está relacionada com os transgênicos. “Essa questão foi regulamentada com a Lei de Biossegurança”, comenta. “O Comitê Nacional de Biotecnologia, na verdade, servirá para desenvolver ferramentas que podem trazer benefícios para a indústria e a sociedade”.

O secretário afirma que os benefícios dessa política também serão sociais. Isso porque o governo pretende modificar a legislação de acesso ao patrimônio genético nacional para favorecer populações locais. Ele cita o caso de uma tribo indígena do Acre que usa a secreção de um tipo sapo para tratar feridas. “A nossa proposta é que o fabricante que pegar essa secreção para produzir vacina destine parte dos lucros a essa comunidade”, exemplifica.

Na avaliação do secretário, a iniciativa será importante para prevenir a biopirataria – retirada de materiais do país para o desenvolvimento de medicamentos. Para que isso ocorra, no entanto, Gilney afirma que o governo terá de mudar uma lei de 2001 que regula o acesso ao patrimônio genético. “O comitê também terá o poder de propor alterações no marco regulatório do setor”, salienta.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 

 

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