Biodiversidade
- 07/02/2007 - Equipes do Programa de Pesquisa
em Biodiversidade seguem no próximo
dia 7 para a Estação Científica
do Museu Goeldi - O mosquito é um inseto
que existe há mais de 170 milhões
de anos e está distribuído em
cerca de 2.700 espécies, organizadas
em aproximadamente 35 gêneros. Para
investigar esse grupo biológico, uma
equipe de especialistas do Programa de Pesquisa
em Biodiversidade (PPBio/Amazônia Oriental)
chega nesta quarta-feira (7) na Floresta Nacional
(flona) de Caxiuanã, onde o Museu Paraense
Emílio Goeldi (MPEG/MCT) mantém
a Estação Científica
Ferreira Penna.
O grupo coordenado pelo
pesquisador associado do Museu Goeldi, Ulisses
Confalonieri, terá a presença
de mais nove pessoas, entre elas, estudantes,
técnicos e funcionários da Secretaria
Executiva de Saúde Pública do
Pará (Sespa).
O esquema amostral de pesquisa
compreenderá nove parcelas destinadas
aos estudos de campo do PPBio, com coletas
realizadas no dossel e ao nível do
solo. Ainda segundo o pesquisador, há
previsão de se realizar as coletas
em quatro parcelas aquáticas.
O procedimento técnico
para a coleta dos mosquitos é a utilização
de armadilhas luminosas e redes, que são
os tipos mais comumente utilizados para a
captura desses animais. Inseto famoso, mas
não querido, o pernilongo, que pertence
à família Culicidae, será
um dos alvos do estudo. Seu tamanho pode variar,
mas raramente passa dos 15 mm. Seu peso fica
entre dois e 2,5 miligramas.
Estudos anteriores realizados
pelo pesquisador apontam que na região
de Caxiuanã existem, hoje, 55 espécies
de mosquitos da família Culicidae,
da qual faz parte o Aedes aegypti, mosquito
transmissor da dengue, e 26 espécies
de mosquitos flebótomos, que são
os responsáveis pela transmissão
da leishmaniose.
"Algumas espécies
são mais facilmente encontradas nas
épocas chuvosas enquanto outras o são
nas épocas secas. Existem também
espécies que são freqüentes
o ano todo. Como nossa viagem será
no período das chuvas, coletaremos
apenas os mosquitos comuns nessa época",
explicou Ulisses.
Peixes A equipe responsável
pelos estudos ictiológicos na Flona
de Caxiuanã, sob a responsabilidade
do pesquisador Luciano Montag, volta a campo
também nesta quarta-feira, a fim de
realizar novas pesquisas nos igarapés
da região.
Sua primeira expedição,
que aconteceu em outubro do ano passado, rendeu
bons frutos aos pesquisadores e ao PPBio.
Durante a pesquisa foram coletados mais de
dois mil indivíduos pertencentes a
cinco ordens. Dentre eles, duas novas ocorrências
na Flona de Caxiuanã.
Ainda é desconhecida
a espécie a que pertence os dois indivíduos
encontrados, mas já se sabe que são
das famílias Trichomycteridae e Crenuchidae.
Com essa nova ocorrência, o número
de diferentes famílias na Flona aumentou
de 208 para 210.
O resultado desse trabalho
foi publicado no 17º Encontro Brasileiro
de Ictiologia, ocorrido este ano entre os
dias 28 de janeiro e 1º deste mês,
em Itajaí (SC).
Nesta viagem, a idéia
é melhorar e refinar o protocolo (metodologia)
de coleta por meio de rede de mão.
Montag e mais três estudantes farão
coletas com duração de cerca
de oito horas em cada igarapé da área
reservada aos estudos do PPBio.
"A principio a coleta
com a rede de mão é o método
mais eficaz e de fácil padronização
podendo ser usado em todos os locais de pesquisa
ictiológica do PPBio, não só
em Caxiuanã, mas também em outros
estados como Manaus e Amapá",
concluiu Luciano.
(Fernanda Engelhard – PPBio/Amazônia
Oriental)
Assessoria de Comunicação Social
do Museu Goeldi
Pesquisa do Inpa
conclui que reservas perdem espécies
em menos de 15 anos
Meio Ambiente / Ecossistema
- 05/02/2007 - As reservas experimentais com
até 100 hectares perdem, em aproximadamente
15 anos, a metade do número de espécies
de pássaros existentes. Esta é
a conclusão de uma pesquisa desenvolvida
pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCT), por meio do projeto de Dinâmica
Biológica de Fragmentos Florestais
(PDBFF), uma parceria entre o Inpa e o Instituto
Smithsonian (EUA). A partir dos dados obtidos,
deduz-se que as áreas perdem espécies
com muita rapidez. Outro dado importante é
que o isolamento importa, mas o tamanho da
área protegida é muito mais
prejudicial. A pesquisa foi publicada recentemente
na revista Science.
Segundo o cientista Gonçalo
Ferraz (Inpa), doutor em Ecologia e Biologia
Evolutiva pela Universidade de Columbia (Nova
Iorque – EUA), em locais com até 10
hectares, metade do número inicial
de espécies de aves desaparece em cerca
de quatro anos e no de 1 hectare leva menos
de dois anos. "Caso os dados sejam comparados
com o de mata contínua, o fragmento
tem muito menos espécies. Além
disso, as aves estudadas, por exemplo, o uirapuru
e o papa-formiga de topete, necessitam de
grandes áreas para viverem ou têm
requerimentos ambientais específicos",
afirmou.
A pesquisa é considerada
única no mundo por acompanhar aves
em áreas de diversos tamanhos - 1,
10 e 100 hectares - de mata contínua
e fragmentada, mesmo antes de serem alteradas.
O estudo concentrou-se na Reserva Florestal
(ZF-3), localizada na BR-174 nos ramais do
Distrito Agropecuário da Suframa, situados
ao Norte de Manaus (AM). No local, grupos
de cientistas observam os efeitos da ação
humana sobre populações de plantas,
insetos e outros animais.
Durante o trabalho foram
realizadas centenas de excursões a
mais de 23 locais no período de 1979
até 1993 para montar redes, capturar
aves e marcá-las com anilhas (pequenos
anéis de alumínio colocadas
nos pés dos pássaros). Em certos
lugares foram feitas até dez excursões
ao ano. Observou-se que de 55 espécies
analisadas, metade não é afetada
pelo isolamento, mas sofre a ação
da dimensão da área. O que pode
ocasionar a perda da variabilidade genética
e gerar indivíduos mais frágeis
à ação do meio ambiente.
Por isso, quanto maior a área maior
será a população de aves
e a possibilidade de manter a variabilidade
das espécies. "O ideal é
conservar a floresta, as áreas protegidas
e investir em atividades econômicas
compatíveis com a cobertura vegetal",
ressaltou.
Tratando-se da Amazônia,
Ferraz disse que a manutenção
da diversidade das espécies é
fundamental por duas razões. A primeira,
nas florestas tropicais os organismos são
extremamente interligados, ou seja, há
interações biológicas
de parasitismo, predação e cooperação.
Muitas delas são conhecidas pelos cientistas,
por exemplo, as aves polinizam plantas, outras
dispersam sementes e comem insetos. Contudo,
nem todas são conhecidas, mas existem.
Por isso, quando algo que não é
conhecido é alterado as conseqüências
são inesperadas e podem ser desagradáveis.
A segunda, quando se vive em uma região
como a Amazônia, em que a rede de interações
ecológicas é tão única
e rica no mundo se não for cuidado
pelos moradores do local, ninguém mais
cuidará.
Ele explicou que a pesquisa
teve início na década de 1970
quando fazendeiros receberam subsídios
federais para criação de fazendas
na área da ZF-3. Contudo, o Inpa em
parceria, na época, com a WWF, fez
um acordo com os fazendeiros para a manutenção
de áreas de 1, 10 e 100 hectares dentro
dos locais que seriam explorados. Ou seja,
as ilhas nas áreas desmatadas funcionariam
como reservas experimentais. Além disso,
também foram delineadas, na mata contínua,
reservas com a mesma dimensão. A ação
permitiu que os cientistas fizessem amostragem
dos dois cenários.
"O quadro montado possibilitou
ver as conseqüências do isolamento
e compará-las com a mata contínua.
Outro dado interessante é que os pesquisadores
começaram o monitoramento antes mesmo
das áreas terem sido alteradas. Isso
quer dizer que é possível analisar
o antes e o depois em todas as situações,
pois já se passaram quase 30 anos",
disse Ferraz.
Luís Mansuêto - Assessoria de
Comunicação do INPA