10
de Fevereiro de 2007 - Daniel Merli e Juliane
Sacerdote - Da Agência Brasil - Brasília
- "Esperamos que o diálogo com
o governo federal seja contínuo",
defende Cláudia de Pinho, uma das representantes
da sociedade civil na Comissão Nacional
de Desenvolvimento Sustentável dos
Povos e Comunidades Tradicionais. Ela era
uma das pessoas que esperava, desde o ano
passado, pela aprovação do decreto
presidencial criando uma política nacional
para essas comunidades.
Uma das principais preocupações
de Cláudia de Pinho, é aumentar
o controle sobre o uso comercial de produtos
gerados com os conhecimentos das comunidades
tradicionais. Segundo da representante das
comunidades, Cláudia de Pinho, “anda
não existe uma definição
de como vai funcionar essa questão
financeira”, mas espera que os povos tradicionais
participem de todos os processos e não
“apenas da retirada de conhecimento”.
No Brasil já existe
um Conselho de Gestão do Patrimônio
Genético (Cgen), que regula o acesso
aos conhecimentos tradicionais. O conselho
é uma instituição federal
e funciona por meio da medida provisória
2186/01. É composto por 19 órgãos
da administração pública,
que têm direito ao voto.
Entre as funções
do Cgen estão: a autorização
de projetos e estabelecimento de normas para
o funcionamento do próprio sistema.
Os membros do conselho são divididos
em nove representantes de ministérios,
e os outros dez, de instituições
de pesquisas vinculadas ao governo federal.
A sede do Conselho fica a cargo do Ministério
do Meio Ambiente.
O secretário executivo
do Cgen e também diretor do Departamento
de Patrimônio Genético, Eduardo
Vélez, explica que a "lógica
do controle é para garantir a soberania
nacional sobre a biodiversidade brasileira,
mas também para garantir a repartição
de benefícios econômicos, caso
sejam gerados”.
Na opinião de Vélez,
a legislação é falha,
já que representantes da sociedade
não tem direito ao voto. E para tentar
solucionar isso, um projeto de lei, deve ser
enviado ao Congresso Nacional em breve.
“O que nós fazemos,
para garantir a participação
dessas instituições, é
convidá-las para as reuniões
do Conselho. Mas ainda existem as discussões
nas quatro câmaras temáticas,
onde qualquer grupo interessado pode participar”
destaca o secretário. A Comissão
Nacional de Desenvolvimento Sustentável
dos Povos e Comunidades Tradicionais ainda
não enviou nenhum documento formal
ao Cgen pedindo assento, mas, segundo a representante,
essa é uma questão a ser discutida
futuramente.
Direitos indígenas,
biodiversidade e Amazônia são
preocupações do governo na área
de meio ambiente, diz ministro
8 de Fevereiro de 2007 -
Irene Lôbo - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - O ministro das
Relações Institucionais, Tarso
Genro, afirmou que a grande preocupação
do governo Lula em relação ao
meio ambiente é afirmar os direitos
indígenas fundamentais, demarcar as
terras dos índios, proteger o meio
ambiente, a biodiversidade brasileira e integrar
a Amazônia a um projeto nacional de
desenvolvimento.
Em entrevista hoje (8) a
emissoras de rádio do país,
feita no estúdio da Rádio Nacional
de Brasília, Tarso disse que a questão
ambiental não é fácil
de ser abordada, embora a ministra do Meio
Ambiente, Marina Silva, tenha feito um ótimo
trabalho. O ministro citou algumas realizações
do governo Lula nessa área, como a
política de demarcação
de terras indígenas e de proteção
das fronteiras.
“Há uma grande preocupação
em todos os países, como territórios
indígenas e sua demarcação.
Há uma grande preocupação
também para que essa demarcação
não seja utilizada através de
uma visão internacional, que vem sendo
trabalhada por algumas organizações
internacionais que não têm interesse
numa preliminar fundamental: a Amazônia
é, sim, um patrimônio da humanidade,
mas é, sobretudo, um território
brasileiro”.
Segundo ele, a Amazônia
é hoje a chave de um projeto nacional.
“Ela é a própria síntese
de um projeto nacional, porque, dependendo
da forma que ela vai sendo integrada nesse
projeto, e, repito, respeitando esses espaços
territoriais, ancestrais, e ao mesmo tempo
utilizando forma equilibrada, de forma responsável
essa biodiversidade, e mantendo o equilíbrio
desse ecossistema. Dependendo disso, vamos
estar mais ou menos próximos da construção
de um projeto da nação”.
Sociedade e governo
vão definir políticas para comunidades
tradicionais
10 de Fevereiro de 2007
- Grazielle Machado - Da Agência Brasil
- Brasília - Quase um quarto do território
brasileiro é ocupado pelas chamadas
comunidades tradicionais, segundo estudo do
Ministério do Meio Ambiente. Essas
cerca de cinco milhões de pessoas são
quilombolas, ciganos, sertanejos, seringueiros,
agro-extrativistas, pescadores artesanais,
povos indígenas, pantaneiros, entre
tantos outros.
A partir desta semana, uma
comissão paritária, formada
por 15 representantes do governo e 15 da sociedade
civil, ganhou a função de definir
a partir de agora as políticas públicas
para atender as necessidades das comunidades
tradicionais. Um decreto, assinado pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva esta semana,
cria a Política Nacional de Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais. E dá à comissão
o poder de definir políticas para a
"preservação dos direitos
culturais, a memória cultural e a identidade
racial e étnica" desses povos.
Pela primeira vez, o Estado
reconhece oficialmente a existência
dessas comunidades, na opinião do coordenador
do núcleo de povos e comunidades tradicionais
do Ministério de Desenvolvimento Social,
Aderval Costa Filho. Segundo ele, o princiapl
avanço da nova legislação
é que agora podem ser pensadas políticas
diferenciadas para esses povos.
As políticas atuais,
segundo ele, não são capazes
de chegar a esses povos. "Normalmente
são comunidades que têm pouco
acesso às políticas públicas
até porque estão longe ou porque
os programas implementados não atendem
às suas diferenciações",
avalia. "O decreto propõe adaptações,
recortes diferenciados para contemplar o modo
de vida dessas pessoas", afirmou Aderval.
A preservação
da cultura tradicional, uma grande característica
de todas as comunidades, é outra preocupação
do governo. Aderval lembra que essas comunidades
têm uma maneira própria de se
organizar, por isso precisam de leis mais
específicas. "Eles possuem suas
próprias formas de organização
social, ocupam e usam os seus territórios
os recursos naturais como condição
para sua reprodução cultural,
social, religiosa, ancestral e econômica".
Ministra defende
lei para definir competência sobre licença
ambiental
8 de Fevereiro de 2007 -
Alex Rodrigues - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - A ministra da Casa
Civil, Dilma Rousseff, afirmou que impedimentos
a grandes obras têm sido causados pelo
que classificou como “indefinição
a respeito da competência de cada ente
federativo e órgão de fiscalização
ambiental”. Dilma defendeu que a regulamentação
do artigo 23 da Constituição
Federal pode minimizar parte destes problemas.
A ministra fez a afirmação hoje
(8), ao participar do Encontro dos Diretores
do Serviço de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas (Sebrae).
"Muitas vezes, o próprio
Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis]
delegava para um dos órgãos
ambientais estaduais a responsabilidade pelo
licenciamento ambiental. Então, o investidor
ia a esse órgão e apresentava
seu Estudo de Impacto Ambiental [EIA], dando
início ao processo. Aí surgiam
os problemas jurídicos".
A regulamentação
do artigo 23 é uma das medidas incluídas
no PAC e deve ocorrer por meio de lei complementar,
tendo de ser aprovada pelo Congresso Nacional.
Segundo a assessoria do Ministério
do Meio Ambiente, o artigo tem papel fundamental
para disciplinar formas de cooperação
entre a União, os estados e os municípios
nas ações de proteção
ambiental, definindo não só
quem deve realizar o licenciamento ambiental
de um empreendimento ou atividade, mas também
a quem compete fiscalizá-lo.
A ministra garantiu ter
conhecido ao menos dois empreendimentos que,
já em estágio avançado,
foram interditados pelo Ministério
Público. Segundo ela, o ministério
alegava que a obra não poderia ter
sido licitada por um determinado órgão
de fiscalização ambiental. “No
caso, o ministério disse que não
podia ser o Ibama estadual, mas sim o nacional.
Por sua vez, o próprio Ibama nacional
dizia que isso não era necessário.
E como a lei estava imprecisa, a obra era
embargada e era necessário recorrer
a todo o processo judicial”.
A ministra disse que o governo
espera que o artigo 23 da lei seja regulamentado
"a fim de trazer maior tranqüilidade
institucional nesta área”. “A regulamentação
deste artigo é uma iniciativa do próprio
Ministério do Meio Ambiente e foi objeto
de um processo de negociação.
Além disso, teve a aprovação
dos diversos ministérios".