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RELATÓRIO DO IPCC AFIRMA QUE ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS RESULTAM DA AÇÃO HUMANA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2007

Meio Ambiente / Ecossistema - 07/02/2007 - O "Resumo para Tomadores de Decisão do 4º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC, sigla em inglês) – Base Científica" foi apresentado na última sexta-feira (2), em Paris, na França. O texto final do Resumo foi aprovado após quatro dias de discussões entre representantes dos países-membros do Painel, incluindo o Brasil. O IPCC é vinculado ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a Organização de Meteorologia Mundial (OMM).

Segundo o Relatório, as influências antrópicas (causadas por atividade humana) sobre o sistema do clima cresceu desde a última divulgação, em 2001, e que o efeito das atividades humanas conduz ao aquecimento do Planeta.

O documento afirma, assim, que é "muito provável" - probabilidade maior que 90% - que o aumento de temperatura observado desde a metade do século 20 seja resultado do aumento das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera, provocados por atividades humanas. O relatório de 2001 afirmava que era apenas "provável".

Constata, ainda, que as concentrações de dióxido de carbono (CO2), metano e óxido nitroso, principais gases de efeito estufa, cresceram consideravelmente desde o início da revolução industrial (10000), como conseqüência das atividades humanas, sendo as emissões de CO2 resultado, principalmente, do uso de combustíveis fósseis e, em menor escala, da mudança do uso da terra (conversão de florestas) e as emissões de metano e óxido nitroso, proveniente das atividades agrícolas.

O Relatório diz, ainda, que o aquecimento do sistema climático é inequívoco, comprovado pelas observações das temperaturas do ar e dos oceanos, pelo derretimento das geleiras e o aumento do nível do mar.

Projeta, para as próximas décadas, um aumento esperado de temperatura de 0,2ºC, por década, mesmo que as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera se mantivessem constantes nos níveis de 2000. O aumento de emissões, acima dos níveis atuais, conduziria a aumentos de temperatura até o ano de 2100, na faixa de 1,8ºC a 4ºC, dependendo do cenário socioeconômico avaliado. O relatório estima, também, um aumento do nível do mar entre 18 cm e 59 cm, até 2100.

Entre as conclusões está o alto grau de confiança em um aumento dos eventos climáticos extremos, incluindo um aumento de episódios de temperaturas muito altas e chuvas abundantes. O relatório prevê, também, o aumento da intensidade dos ciclones tropicais.

Essa publicação aborda apenas as questões relacionadas à ciência do clima, e será seguido por dois outros relatórios, um dedicado aos estudos de vulnerabilidade e adaptação à mudança do clima, a ser divulgado em abril, e outro abordando os aspectos de mitigação (ações para redução das emissões líquidas antrópicas de gases de efeito estufa), a ser divulgado em maio.

As informações do Relatório são resultado de dois anos de estudos de cientistas de todo o mundo baseados na avaliação de publicações sobre o tema nos últimos cinco anos. Esse trabalho contou com a participação de cientistas brasileiros, tanto em sua redação, como nas diversas etapas de revisão.

Brasil
Diferentemente dos países desenvolvidos, onde a principal fonte de emissão é o uso energético de combustíveis fósseis, no Brasil, a maior parcela das emissões líquidas estimadas de CO2 é proveniente da mudança do uso da terra e florestas, em particular do desmatamento para o uso agropecuário.

Em função da elevada participação de energia renovável na matriz energética brasileira, pela geração de eletricidade a partir de hidrelétricas, pelo uso de álcool no transporte e bagaço-de-cana e carvão vegetal na indústria, a parcela das emissões de CO2 pelo uso de combustíveis fósseis no Brasil é relativamente pequena. Além disso, observa-se que o consumo energético brasileiro é ainda modesto, quando comparado aos países desenvolvidos.

Assim, estima-se que as emissões líquidas devidas à conversão de florestas para outros usos respondam por cerca de 75% do total das emissões anuais no período de 11000 a 1994, totalizando cerca 780 milhões de toneladas de CO2 em 1994, e as emissões do setor energético representem 23% do total, estimadas em cerca 240 milhões de toneladas de CO2, dos quais 40% referem-se ao consumo de combustíveis no transporte. Os processos industriais, como a produção de cimento e cal, respondem pelos 2% restantes.

O período de 11000 a 1994 corresponde à informação oferecida à Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Global do Clima na Primeira Comunicação Nacional, e os trabalhos para sua atualização deverão ser encerrados até 2009, quando será apresentado o inventário brasileiro para o período de 1995-2000.

Ações brasileiras
A mitigação visa tornar menos severa a mudança do clima, por meio da redução das emissões de gases de efeito estufa ou pelo aumento de remoção por sumidouros. Nesse sentido, diversas ações no Brasil contribuem para a mitigação do aquecimento global do clima como o combate ao desmatamento, o uso de energias renováveis, em especial de álcool e bagaço de cana-de-açúcar, para o uso de combustível e do biodiesel como alternativa de diminuição da dependência dos derivados de petróleo, estabelecendo um novo mercado para as oleaginosas. Além disso, o uso de energia eólica (dos ventos) e solar, entre outros.

No âmbito do Protocolo de Quioto, o Brasil contribui no combate ao efeito estufa por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), havendo atualmente mais de 200 projetos em diferentes estágios de implementação.

IPCC
O Painel consiste na reunião dos maiores cientistas especialistas em suas áreas para avaliar a literatura científica sobre mudança do clima. Conta com uma pequena estrutura administrativa – cinco pessoas – e convida os cientistas do mundo, especialistas em mudanças climáticas, a participarem, de modo voluntário e não remunerado, da elaboração de Relatórios de Avaliação periódicos sobre o status da ciência do clima, por meio de revisão da literatura científica publicada na área de mudança do clima. Os relatórios são publicados em geral a cada cinco anos. Além dos relatórios de avaliação, o IPCC também elabora relatórios temáticos especiais, conforme solicitação da comunidade científica ou da Convenção sobre Mudança do Clima.

Os relatórios do IPCC estão organizados em três volumes, sob a responsabilidade de três Grupos de Trabalho. O Grupo 1 trata da avaliação da ciência da mudança global do clima. O Grupo 2, ocupa-se da avaliação dos seus impactos, enquanto que o Grupo 3 cuida dos aspectos sociais e econômicos associados às medidas de mitigação. Embora todos os três sejam importantes, o relatório do Grupo 1 tem um papel fundamental no processo.
Assessoria de Imprensa do MCT

Dados sobre intensificação dos extremos climáticos é o diferencial do relatório do IPCC, dizem pesquisadores

Aquecimento Global - 05/02/2007 - Para especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT) envolvidos na realização do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), divulgado na última sexta-feira (2), em Paris, o documento atual não apresenta surpresas, mas traz detalhes importantes sobre os extremos climáticos, com dados que ficaram de lado na versão lançada em 2001.

O relatório deste ano indica que o aquecimento global é causado fundamentalmente pela atividade humana e que seus efeitos no clima já começaram e continuarão pelos próximos séculos, mesmo que haja um corte nas emissões dos gases estufa.

O meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Inpe, José Antonio Marengo, explica que o relatório anterior destacava o aquecimento global, o degelo das calotas polares e o aumento do nível do mar, mas não trazia tantos detalhes sobre os extremos, que se caracterizam por pancadas de chuva violentas alternadas com longas secas, ondas de calor e furacões. Um exemplo dos extremos climáticos, segundo ele, são as recentes inundações em Minas Gerais e São Paulo.

"Mais importante do que saber se a chuva vai diminuir, é saber como ela vai diminuir. A região amazônica e o Nordeste, por exemplo, poderão ter redução nas precipitações e aumento na temperatura de cerca de 4 graus, causando estiagens. Mas isso não impede que as chuvas intensas continuem. Esses extremos prejudicarão todo o sistema ecológico e a agricultura", afirmou Marengo.

Outro pesquisador do CPTEC, Carlos Nobre, concorda com a avaliação e destaca que o cenário é especialmente preocupante para o Brasil. "Já somos um país com muitos extremos climáticos, o que implica secas, enxurradas, deslizamentos de encostas, inundações e vendavais. O relatório, cujos dados são bem mais consistentes que os anteriores, dá indicações de que esses fenômenos vão se intensificar", disse.

Marengo ressalta que o novo relatório indica um cenário melhor em alguns aspectos, embora a avaliação geral seja mais sombria. "O texto de 2001 apontava que o aquecimento global poderia atingir até 5,8 graus Celsius, no pior cenário. O de 2007 indica um aumento de até 4,5 graus. Por outro lado, pela questão dos extremos climáticos, concluímos que a situação é pior do que imaginávamos".

O pesquisador avalia que outro avanço do relatório atual é a constatação, com 90% de probabilidade, de que as atividades humanas são a maior causa do aquecimento nas últimas décadas. "O número é absolutamente conclusivo. Agora, é estatisticamente impossível dissociar a ação humana do aquecimento global", disse.

"Na linguagem científica, uma probabilidade de 90% é próxima da certeza. No mínimo, há uma influência determinante do fator humano", completa Nobre.

Ação
De acordo com os pesquisadores do Inpe, que juntos com outros 2,5 mil produziram o relatório do IPCC, as previsões tendem a aprofundar a mobilização dos governos, principalmente nos países que resistem a ratificar o Protocolo de Kyoto, como os Estados Unidos e a Austrália.

"Mesmo esses países estão começando a tomar atitudes. A seca na Austrália e o furacão Katrina, nos Estados Unidos, já haviam deixado claro que não faz sentido negar a extensão das mudanças climáticas", disse Marengo.

Nobre afirma que, embora o país seja resistente em relação ao Protocolo de Kyoto, os estados norte-americanos mais progressistas começaram a tomar medidas de redução das emissões de gases estufa. "É um fenômeno curioso de antropologia social que o governo dos Estados Unidos tenha se mantido impassível enquanto os alertas sobre o aquecimento global foram feitos especialmente pela comunidade científica daquele país. Mais de 40% dos trabalhos na área foram feitos por pesquisadores do país", disse.

A repercussão do relatório do IPCC na mídia, segundo os cientistas, é um sinal inequívoco de que ele terá um impacto poderoso sobre a opinião pública, que exercerá, conseqüentemente, maior pressão sobre os governos.

"O relatório mostra que não podemos mais ficar de braços cruzados", disse Marengo. Para ele, caberá ao Brasil reduzir suas emissões, principalmente as que são provocadas pelas queimadas. "Há dados da WWF de que no Brasil as queimadas representam 75% das emissões de gases estufa. O Brasil está entre os dez maiores poluidores do planeta", disse.
(As informações são de Fábio Castro, da Agência Fapesp)
Assessoria de Imprensa do MCT

 
 

Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia (www.mct.gov.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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