Mensagem
do papa abre Campanha da Fraternidade 2007
21 de Fevereiro de 2007
- Eduardo Mamcasz - Rádio Nacional
da Amazônia - Brasília - Na mensagem
do papa que será lida na abertura da
Campanha da Fraternidade 2007, Bentro XVI
convida todos os brasileiros a uma “mudança
de vida” no sentido de assumir o “compromisso”
de um maior cuidado com “os povos e toda a
natureza, em especial a da Amazônia”.
A mensagem especial será
lida a partir do meio dia (horário
de Brasília), em Belém do Pará,
na abertura da 43ª Campanha da Fraternidade,
que neste ano tem como tema “Fraternidade
e Amazônia- vida e missão neste
chão”. A íntegra da mensagem
do papa será distribuída depois
da leitura.
O coordenador-executivo
da campanha, padre José Carlos Tofolli,
da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil, disse que Bento XVI recebeu o texto
base da CNBB para preparar a mensagem.
Segundo o padre, a mensagem
é um convite para “refletirmos sobre
o bioma que é a floresta amazônica,
bioma que é o grande berço de
vida e que a gente tem que aprender a cuidar
melhor para que, inclusive, os povos que nela
habitam possam ter uma vida mais digna”.
Padre Tofolli destacou que
a mensagem principal deste ano é na
verdade um alerta. “Ou nós cuidados
desta natureza, ou vamos perecer junto com
ela, por causa da ação destruidora
tão grande que o homem vem realizando”.
Ele também lembrou
o “desafio à defesa da Amazônia,
contra todas as formas de devastação,
que são os interesses de pessoas e
grupos ávidos de lucros”.
Esta é a primeira
vez que a CNBB adota um tema regional na Campanha
da Fraternidade, que existe desde 1963. Entre
os temas já adotados estão a
mulher, o negro, a terra, o migrante, a fome,
a violência e os povos indígenas.
A campanha é realizada
durante o período da Quaresma, que
vai da Quarta-Feira de Cinzas até a
Semana Santa. Além das discussões
em torno do tema escolhido, também
são realizadas coletas nas igrejas
católicas.
O coordenador também
confirmou que a visita de Bento XVI ao Brasil
começa no dia 9 de maio, em São
Paulo, e não mais no dia 13, como estava
inicialmente previsto, para a abertura, em
Aparecida do Norte (SP), da 5ª Conferência
dos Bispos da América Latina e do Caribe.
A programação oficial ainda
não foi liberada, mas ele adiantou
que nesta visita o papa fica apenas em São
Paulo.
Vale do Rio Doce diz que
apoio a CNBB faz parte de política
social e ambiental
23 de Fevereiro de 2007
- Wellton Máximo* - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- A Campanha da Fraternidade 2007, lançada
em Belém (PA) com o tema Vida e missão
neste chão, defende a preservação
ambiental da Amazônia
Brasília - A mineradora Vale do Rio
Doce rebateu hoje (23) as críticas
de movimentos sociais ao apoio dado pela empresa
durante o lançamento da Campanha da
Fraternidade 2007, promovida pela Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em nota
oficial, a Vale do Rio Doce afirmou que o
apoio à campanha está em linha
com a política social e ambiental da
mineradora.
Segundo o comunicado, a
Vale ajuda a promover o desenvolvimento sustentável
das comunidades que vivem próximas
às áreas de mineração.
A companhia ressaltou que pretende aplicar
R$ 300 milhões na área social
e R$ 400 milhões no meio ambiente somente
este ano.
Na última quarta-feira
(21), nove pastorais sociais e entidades eclesiais
condenaram o patrocínio da Vale ao
lançamento da campanha, na capital
paraense. Em manifesto, as entidades sociais
afirmaram que o apoio dado pela empresa à
transmissão da cerimônia de abertura
pela televisão vai contra o tema da
Campanha da Fraternidade deste ano, que é
a preservação da Amazônia.
Para os movimentos populares, as atividades
da Vale do Rio Doce devastam a floresta e
prejudicam o meio ambiente.
O manifesto também
questionou o impasse da empresa com os índios
Xikrin, no sul do Pará. Em dezembro,
a companhia foi obrigada pela Justiça
Federal a retomar o repasse mensal de R$ 430
mil para a comunidade indígena. Os
recursos haviam sido suspensos em outubro,
depois que os índios ocuparam um pátio
da companhia em Marabá.
Na nota divulgada hoje,
a Vale destacou que o caso está na
Justiça. De acordo com a companhia,
o próprio juiz do processo teria identificado
a utilização irregular pelos
índios do dinheiro enviado pela empresa.
A ajuda serve como forma de compensação
à comunidade Xikrin pela exploração
do minério de ferro na Serra dos Carajás.
Em Brasília, o secretário-geral
da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), dom Odílio Scherer,
afirmou que as dioceses são livres
para discordar do apoio da Vale do Rio Doce.
Ele salientou, no entanto, que a empresa não
está patrocinando a Campanha da Fraternidade.
“A Vale só deu apoio ao evento de abertura”,
ressaltou Scherer. “A campanha é uma
atividade da Igreja e envolve toda a sociedade.”
O manifesto contra o apoio
da Vale do Rio Doce foi assinado pela Articulação
Nacional da Pastoral da Mulher Marginalizada,
a Comissão Dominicana de Justiça
e Paz do Brasil, o Conselho Nacional do Laicato
do Brasil (CNLB), o Grito dos Excluídos
e o Grito dos Excluídos Continental.
Também assinaram o documento as seguintes
pastorais: do Menor, dos Migrantes, da Juventude
Rural e a Comissão Pastoral da Terra
(CPT).
*Colaborou Grazielle Machado
Arcebispo de Belém
rebate críticas ao lançamento
da Campanha da Fraternidade
21 de Fevereiro de 2007
- Wellton Máximo - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- A Campanha da Fraternidade 2007, lançada
em Belém (PA) com o tema Vida e missão
neste chão, defende a preservação
ambiental da Amazônia.
Brasília - O lançamento
da Campanha da Fraternidade 2007, ocorrido
hoje (21) em Belém (PA), foi muito
menos restrito do que nos outros anos. A afirmação
é de dom Orani João Tempesta,
presidente da Comissão Episcopal de
Cultura, Educação e Comunicação
da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB).
Arcebispo da capital paraense
e um dos organizadores do evento, dom Orani
rebateu as críticas de movimentos sociais
em relação à abertura
da campanha, que neste ano tem como tema a
preservação da Amazônia.
Na última sexta-feira (16), nove pastorais
sociais e entidades eclesiais apresentaram
um manifesto em que classificavam de elitista
a programação do lançamento.
Depois de afirmar que desconhecia
o manifesto, o arcebispo disse que a única
diferença na abertura da campanha em
relação aos anos anteriores
é que o evento foi mais amplo. “Todos
os anos, damos uma entrevista coletiva na
sede da CNBB, em Brasília, para anunciar
a abertura da campanha. Desta vez resolvemos
fazer a mesma coisa, só que em plena
floresta e com mais convidados, como a ministra
Marina Silva [do Meio Ambiente] e a governadora
do Pará [Ana Júlia Carepa)]”,
disse.
No manifesto, os movimentos
sociais tinham afirmado que a organização
do evento ficara a cargo de uma empresa privada
e que a participação na abertura
da campanha era restrita a quem tinha convites.
No entanto, dom Orani negou que a população
tenha sido excluída da Campanha da
Fraternidade: “No domingo, as arquidioceses
de todo o país vão promover
atos públicos para marcar o início
da campanha e espero que esses movimentos
sociais estejam presentes”.
Sobre o patrocínio
da mineradora Vale do Rio Doce à transmissão
do evento pela televisão, outra crítica
apontada no manifesto, o arcebispo declarou
não ter visto problemas. “O patrocínio
é algo normal na televisão”,
apontou. Ele disse também que não
cabe à CNBB julgar as atitudes da empresa:
“Claro que esses movimentos sociais podem
dizer o que pensam, mas quem julga é
a Justiça”.
As entidades que assinaram
o manifesto alegaram que a companhia devasta
o meio ambiente. E relembraram os recentes
atritos com os índios Xicrin, que chegaram
a ter a ajuda fornecida pela mineradora interrompida
no final do ano passado e só voltaram
a receber os recursos após decisão
judicial. A Agência Brasil tentou entrar
em contado com a Companhia Vale do Rio Doce,
mas não obteve resposta.
O manifesto foi assinado
pela Articulação Nacional da
Pastoral da Mulher Marginalizada, a Comissão
Dominicana de Justiça e Paz do Brasil,
o Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB),
o Grito dos Excluídos e o Grito dos
Excluídos Continental. Também
assinaram o documento as seguintes pastorais:
do Menor, dos Migrantes, da Juventude Rural
e a Comissão Pastoral da Terra (CPT).
As entidades ressaltaram
estar descontentes apenas com a forma como
se deu o lançamento e destacaram a
importância da Campanha da Fraternidade.
Segundo o texto, a campanha ajuda os cristãos
e toda a sociedade a refletirem sobre temas
de relevância social no país.
Entidades católicas
divulgam manifesto com críticas ao
lançamento da Campanha da Fraternidade
21 de Fevereiro de 2007
- Clara Mousinho - Da Agência Brasil
- Brasília - A Campanha da Fraternidade
2007, lançada em Belém (PA)
com o tema Vida e missão neste chão,
defende a preservação ambiental
da Amazônia
Brasília - Nove pastorais sociais e
organismos eclesiais divulgaram um manifesto,
na última sexta-feira (16), criticando
a programação do lançamento
da Campanha da Fraternidade 2007, hoje (21)
na capital paraense.
Eles argumentam que "entre
o discurso do texto-base da campanha",
que destaca a reflexão e o conhecimento
das comunidades tradicionais e da Amazônia,
e a forma como está sendo feito o lançamento
da campanha "há uma contradição
muito grande".
"A organização
do lançamento foi entregue a uma empresa
de eventos. O lançamento será
numa ilha. A participação será
restrita aos que tiverem convites. O embarque
para a ilha será nas Docas, local reservado
para as elites do Pará", afirmam
os manifestantes em nota.
Segundo as entidades, "o
mais grave" é que o lançamento
seja patrocinado pela Companhia Vale do Rio
Doce, "que é uma das principais
responsáveis pela destruição
ambiental e por conflitos com as populações
tradicionais da Amazônia".
“A imprensa nacional noticiou
nos últimos meses as ações
dos índios Xicrin contra a Vale, e
como esta cortou todos os repasses de recursos
contratados com os indígenas, só
voltando a efetuar os mesmos por decisão
judicial”, afirmam no manifesto.
O tema deste ano é
Fraternidade e Amazônia. Pela primeira
vez em 43 edições o lançamento
da Campanha da Fraternidade não é
realizado em Brasília. A CNBB escolheu
a cidade de Belém (PA), porque o Pará,
segundo um estudo do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE),
é o estado que tem o maior índice
de desmatamento.
Segundo o presidente do
Conselho Nacional do Laicato do Brasil, Carlos
Francisco Signorelli, o lançamento
está sendo feito em moldes ostensivos.
“O local vai ser fechado para a população.
Nós achamos que ele deveria ser feito
de uma forma mais eclesial e amazônico”,
reclamou.
As entidades não
participam do lançamento da campanha
de 2007. “Diante disto, decidimos não
participar do ato de lançamento, como
protesto pela forma como foi organizado, sobretudo
pela ausência do povo, o principal sujeito
da Campanha da Fraternidade”.
Apesar das críticas,
as entidades não são contra
a Campanha da Fraternidade, criticam apenas
o lançamento. Segundo o manifesto,
a campanha é um gesto profético
da Igreja no Brasil que ajuda os cristãos
e toda a sociedade a refletirem sobre temas
da maior relevância social.
Para Signorelli, a Campanha
da Fraternidade é fundamental e as
entidades contribuem muito para a difusão
dela por todo país. “Nós achamos
que houve falta de sintonia entre a campanha
e a forma de lançamento, pois ela prega
que os povos da Amazônia têm muito
a dizer pela sua simplicidade”.
Assinam o manifesta a Articulação
Nacional da Pastoral da Mulher Marginalizada,
a Comissão Dominicana de Justiça
e Paz do Brasil, a Comissão Pastoral
da Terra (CPT), o Conselho Nacional do Laicato
do Brasil (CNLB), o Grito dos Excluídos
e Grito dos Excluídos/as Continental,
Pastoral da Juventude Rural (PJR), a Pastoral
do Menor e o Serviço Pastoral dos Migrantes
(SPM).
Arcebispo de Brasília
destaca importância da Campanha da Fraternidade
para conscientização sobre Amazônia
21 de Fevereiro de 2007
- Clara Mousinho - Da Agência Brasil
- Brasília - O arcebispo de Brasília,
Dom João Brás de Aviz, afirmou
que a 43ª Campanha da Fraternidade, a
ser lançada hoje, busca conscientizar
a população brasileira sobre
a importância da região amazônica.
Pela primeira vez, a campanha não será
lançada em Brasília.
A Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB) escolheu a cidade
de Belém, porque o estado do Pará
tem o maior índice de desmatamento
da Amazônia Legal, segundo pesquisa
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). O tema deste ano da campanha é
Fraternidade e Amazônia.
“Nós temos, como
brasileiros, um desconhecimento muito grande
da Amazônia. É uma riqueza natural
enorme que convive com a pobreza das populações.
Uma terra também de muitos conflitos,
onde encontramos uma população
que sobrevive dentro dessa riqueza enorme,
mas fica à margem da sociedade”, disse
Dom João de Aviz.
O arcebispo destacou que
a Campanha da Fraternidade deste ano tem o
objetivo de informar os brasileiros sobre
os problemas da Amazônia e chamar a
atenção para a necessidade de
preservação.
“A Amazônia é
um território que ocupa mais da metade
do Brasil, além de ser um dos biomas
mais ricos, mais complexos e fascinantes de
toda a Terra. Então construir essa
fraternidade com a região amazônica
é importantíssimo. Devemos olhar
com carinho o equilíbrio da natureza
do globo terrestre e a necessidade de conservar
as riquezas que possuímos justamente
para a sobrevivência das pessoas”, disse.