15/02/2007
- Os resultados obtidos pelo projeto “Mapeamento
de remanescentes de cobertura vegetal natural
do Cerrado”, com participação
do pesquisador Edson Eyji Sano, da Embrapa
Cerrados (Planaltina -DF) – unidade da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária
- Embrapa, vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
comprovam que a porcentagem de área
remanescente no bioma Cerrado é de
61,2%. O estudo, financiado pelo Ministério
do Meio Ambiente (MMA) e Banco Mundial, mapeou
204,7 milhões de hectares por meio
de 114 cenas do satélite Landsat do
Cerrado.
Cada cena do satélite
cobre 185 km x 185 km. A maioria das imagens
foram feitas entre agosto e outubro de 2002.
As áreas isoladas de Cerrado, nos estados
do Amapá, Roraima e Pará, não
foram mapeadas. O estudo envolveu uma equipe
de 14 bolsistas do CNPq e pesquisadores da
Embrapa Cerrados, Universidade Federal de
Uberlândia e Universidade Federal de
Goiás.
O projeto de pesquisa, a
ser concluído em março deste
ano, ainda está avaliando quais formações
vegetais estão presentes nos 61,2%
de área preservada do Cerrado. O estudo
irá quantificar também as áreas
reflorestadas, com uso de pivô central
e pastagens cultivadas.
As imagens de satélite
utilizadas possuem precisão de mapeamento
33 vezes maior do que as colhidas pela Conservação
Internacional (CI), ONG que fez pesquisa semelhante
em 2004. O levantamento feito pela CI apontou
que apenas 45% da vegetação
nativa do Cerrado permanecia preservada.
Segundo Edson Sano, a diferença
nos dois valores pode ser explicada pela distintas
resoluções espaciais de sensoriamento
remoto. “A ONG utilizou imagem de satélite
com resolução espacial de 1
Km, bem mais grosseira que os 30 metros do
satélite Landsat”, salienta.
O mapeamento do Cerrado
via satélite dividiu o Bioma em 172
cartas planimétricas, quadrantes com
aproximadamente 8 milhões de hectares.
O estudo aponta também a área
preservada em cada um dos quadrantes, assim
como a porcentagem de vegetação
nativa por bacia hidrográfica e por
estados. No Distrito Federal, por exemplo,
o estudo aponta que 51% da cobertura vegetal
é nativa.
Para o chefe-geral da Embrapa
Cerrados, Roberto Teixeira Alves, os dados
da pesquisa, que apontam uma área preservada
maior do que análises anteriores, feitas
com tecnologia menos avançada, não
permitem acomodação. “Não
é por isso que vamos deixar o Cerrado
ser utilizado de forma irracional. É
preciso utilizar a área já antropizada
(cujas características originais foram
alteradas pela atividade humana) para aumentar
a produção de grãos,
carne e leite”.
O papel da Embrapa, salienta
Teixeira, é disponibilizar tecnologias
como a integração lavoura-pecuária
e cultivares mais produtivas para que a produtividade
agropecuária possa aumentar sem utilizar
novas áreas.
Biodiversidade
A pesquisa faz parte do
PROBIO, programa lançado pelo MMA para
fomentar projetos voltados para a conservação
da biodiversidade dos biomas brasileiros.
O Cerrado brasileiro é reconhecido
como a savana mais rica do mundo em biodiversidade
com a presença de diversos ecossistemas,
riquíssima flora com mais de 10.000
espécies de plantas, com 4.400 endêmicas
(exclusivas) dessa área.
Segundo dados do MMA, a
fauna do Cerrado apresenta 837 espécies
de aves; 67 gêneros de mamíferos,
abrangendo 161 espécies e dezenove
endêmicas; 150 espécies de anfíbios,
das quais 45 endêmicas e 120 espécies
de répteis, das quais 45 encontradas
apenas no Cerrado. Apenas no Distrito Federal,
há 90 espécies de cupins, mil
espécies de borboletas e 500 espécies
de abelhas e vespas.
Gustavo Porpino de Araújo
Embrapa Cerrados
+ Mais
Embrapa e Petrobras
farão corredor ecológico em
Itaboraí
15/02/2007 - A Embrapa assinou
nesta quarta-feira (14) contrato com a Petrobras
para a realização do projeto
do corredor ecológico do Complexo Petroquímico
do Rio de Janeiro – COMPERJ, instalado no
município de Itaboraí. O projeto
articulado pela Embrapa Agrobiologia envolve
outras três Unidades: Embrapa Solos,
Embrapa Florestas e Embrapa Meio Ambiente.
Durante a cerimônia
de assinatura do contrato, que será
executado por meio da Sociedade de Pesquisa
Johanna Döbereiner, o Diretor da Área
de Abastecimento da Petrobrás, Paulo
Roberto Costa, disse que esta é uma
semente que está sendo plantada e que
com certeza dará frutos para novos
projetos envolvendo as duas estatais.
O projeto inclui um milhão
de metros quadrados de mata ciliar do Rio
Macacu, 500 mil metros quadrados de mata ciliar
do Rio Caceribu e cerca de 10 milhões
de metros quadrados de áreas não
edificantes, equivalentes a aproximadamente
um terço do terreno do empreendimento.
Será feita também
a recomposição da vegetação
de transição de manguezal para
Mata Atlântica, além da valorização
e preservação de áreas
de vegetação remanescente. Serão
utilizadas um milhão de mudas nas atividades
de reflorestamento. Todas a mudas serão
de espécies identificadas pela Embrapa
como compatíveis com o ecossistema
local. Também está previsto
no projeto a produção de uma
lavoura de demonstração para
Biodiesel
Para o plantio de mudas
e manutenção da área
do cinturão verde, a Petrobrás
pretende contar com o trabalho de moradores
locais que já estão sendo cadastrados.
Muitos trabalham em atividades de lavoura,
já que Itaboraí é uma
região rural com pequenas plantações.
O COMPERJ é o maior
projeto individual da história da Petrobras.
São 45 milhões de metros quadrados
de área e um investimento de US$ 8,3
bilhões.
Ana Lucia Ferreira
Embrapa Agrobiologia