Dados sobre o cerrado são positivos,
mas não eliminam alerta, diz coordenador
de programa de bacias
21 de Fevereiro de 2007 - 20h18 - Érica
Santana - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - Os dados apresentados
pela pesquisa da Embrapa Cerrados (unidade
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária),
que concluiu que 61% do cerrado ainda conserva
sua vegetação original, são
positivos, mas isso não significa que
a situação desse bioma não
seja preocupante. A afirmação
é do coordenador do Programa Nacional
de Bacias Hidrográficas do Ministério
do Meio Ambiente, Maurício Laxe.
“Esses dados são fundamentais para
que a gente possa remodelar as estratégias,
mas não tiram do alerta a situação
da degradação do cerrado”, disse
Laxe, em entrevista à Agência
Brasil.
A pesquisa, divulgada na semana passada pela
Embrapa Cerrados em conjunto com o Ministério
do Meio Ambiente e o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), avaliou imagens captadas em 2002 por
satélite em dez estados e no Distrito
Federal.
O coordenador disse que, apesar de a pesquisa
da Embrapa apresentar detalhamento do ponto
de vista espacial, é preciso levar
em conta que os dados foram captados há
cinco anos.
“Grande parte dessa área já
sofreu degradação. Nós
tivemos uma expansão grande da soja
nos últimos anos e com certeza, se
for dar o retrato hoje, pela velocidade do
desmatamento e ainda a falta de consciência
ambiental, esses números estão
piorando cada vez mais”, explicou.
De acordo com a Embrapa, o cerrado possui
207 milhões de hectares, dos quais
78,5 milhões são usados na agricultura
e em pastagens cultivadas. Laxe disse que
as bacias hidrográficas que se encontram
no cerrado não estão protegidas,
principalmente as do São Francisco,
Paraná e do Araguaia-Tocantins.
Segundo ele, o desrespeito pelas áreas
de preservação permanente (APPs)
é uma das principais causas da degradação
acelerada do cerrado e das suas nascentes.
Essas áreas protegem vegetação
à margem de cursos d’água, nas
encostas e no topo de morros e serras, entre
outros locais. O coordenador ressaltou “a
necessidade de uma política voltada
para o cerrado começar a se configurar
de forma mais contundente no país”.
Ele também defendeu a intensificação
da fiscalização.
Maurício Laxe lembrou que até
pouco tempo atrás o cerrado e caatinga
não eram reconhecidos como biomas nacionais.
Em agosto de 2004, a Comissão Especial
do Cerrado, no Congresso Nacional, aprovou,
por unanimidade, proposta de emenda à
constituição (PEC 115 de 95)
reconhecendo as duas vegetações
como Patrimônio Nacional. Até
então, só mata atlântica,
a floresta amazônica, a Serra do Mar,
o Pantanal e a zona costeira integravam o
patrimônio. Segundo Laxe, medidas como
essa “apontam positivamente para uma preocupação
maior em relação à preservação”.
Pesquisa conclui que 61% do cerrado conserva
vegetação original
15 de Fevereiro de 2007 - Beatriz Arcoverde*
- Repórter da Rádio Nacional
- Brasília - O cerrado ainda possui
61% de áreas remanescentes. Essa é
a conclusão de pesquisa dirigida pela
Embrapa Cerrados (unidade da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária), em conjunto
com o Ministério do Meio Ambiente e
o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq). Os números
foram apresentados hoje (15) na sede da Embrapa
Cerrado, em Planaltina (DF).
As imagens do bioma são de 2002 e
abrangem os estados de São Paulo, Paraná,
Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito
Federal, Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia,
Tocantins, Maranhão e Piauí.
Dois anos de pesquisa, a partir de 2005, foram
necessários para se chegar ao resultado
apurado. São consideradas remanescentes
áreas em que permanece a vegetação
original, em diferentes estágios de
conservação.
Para o chefe-geral da Embrapa Cerrado, Roberto
Teixeira, o resultado ultrapassou as expectativas.
“Mas não é por isso que a gente
pode passar a pensar que podemos eliminar
um pouco mais”, comentou. “A idéia
é manter esses 61% e fazer com que
se consiga produzir mais alimento nas áreas
já utilizadas.”
Pelos limites oficiais, o cerrado representa
207 milhões de hectares. Calcula-se
que cerca de 78 milhões de hectares
são áreas utilizadas na agricultura
e em pastagens cultivadas.
Um levantamento feito pela organização
Conservação Internacional, também
com base em imagens de 2002, apontava 46%
de remanescentes. O coordenador da pesquisa
da Embrapa, Edson Sano, diz que os dados não
se contradizem. “O nosso número, com
base nos critérios do Ministério
do Meio Ambiente, contabiliza pastos com vegetação
nativa como área remanescente, e o
deles não”, comenta o pesquisador.
“Esses pastos correspondem a cerca de 18%
do território do cerrado.”
Segundo Sano, os dados da Embrapa são
mais confiáveis, porque trabalham com
uma resolução de imagem bem
mais alta, e assim permitem identificar locais
com potencial para aumento da produção
ou proteção da biodiversidade.
Foram analisadas 117 cenas do satélite
Landsat, que serviram para produzir 172 cartas
cartográficas, cada uma com 8 milhões
de hectares. Ele diz que agora se detalhará
o tipo de vegetação e a situação
de cada área.
“Isso deve estar pronto no começo
de março”, comenta. A pesquisa custou
R$ 700 mil, financiados pelo Banco Mundial
por meio do Projeto de Conservação
e Utilização Sustentável
da Diversidade Biológica Brasileira
(ProBio).
*Colaborou Pedro Biondi.
Preservação do cerrado recebe
menos apoio que a da Amazônia, avalia
geógrafo
19 de Fevereiro de 2007 - Érica Santana
- Repórter da Agência Brasil
- José Cruz/ABr - Brasília -
Apresentação da Embrapa Cerrados
(unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária) destaca a diversidade
de espécies desse bioma. Pesquisa da
Embrapa concluiu que 61% do cerrado mantém
vegetação nativa e que a área
cultivada pode dobrar aproveitando pastagens
degradadas
Brasília - Prevalece, ainda, no Brasil
a idéia de que o desmatamento do cerrado
seria um bom preço a se pagar pela
conservação da Amazônia.
A avaliação é do geógrafo
da Universidade Federal de Goiás (UFG)
Pedro Novaes, que defende cautela diante de
pesquisa divulgada pela Embrapa Cerrados (unidade
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)
que aponta que 61% do cerrado ainda conserva
a vegetação nativa.
“A Amazônia existe em interação
com o cerrado”, observou Pedro Novaes, em
entrevista à Agência Brasil.
“Então, a devastação
do cerrado vai ter conseqüências
muito sérias sobre a Amazônia
e sobre outros biomas também, como
já está tendo.”
O pesquisador, mestre em ciências ambientais,
ressaltou a necessidade de continuar preservando
esse bioma, cujo limite oficial (207 milhões
de hectares) corresponde a um quarto do território
nacional. “Quando se compara a biodiversidade
da Amazônia e da mata atlântica,
percebe-se que elas têm muitas espécies
comuns. No cerrado, ao contrário, grande
parte das espécies dele só existem
aqui. Se a gente destrói o hábitat
dessas espécies, elas vão estar
extintas”.
O geógrafo apontou a falta de compromisso
com a implementação dos corredores
de biodiversidade – redes de áreas
protegidas, que buscam permitir que as populações
de seres vivos se desloquem e se reproduzam,
evitando empobrecimento genético, em
regiões com ocupação
humana. “É um conceito muito bonito,
mas na prática eu acho que isso, até
agora, não resultou em grande coisa
em termo de conservação dos
cerrado ou de outros ecossistemas do Brasil.”
Ele também disse que no país
as reservas legais – percentual da propriedade
em que é obrigatório manter
a vegetação original – existem
de direito, mas não de fato: “Se a
gente verificar na prática o que são
essas reservas, a vasta maioria delas está
averbada em terras de pastagens, que não
têm mais a vegetação nativa
preservada”.
Novaes classificou como “bastante grave”
e “controversa” a questão das queimadas
no cerrado. Lembrou que o fogo tem um papel
natural no bioma e que sempre ocorreu naturalmente,
mas ressaltou que as queimadas provocadas
pelo homem foram responsáveis pela
desestruturação do bioma.
Ele disse ainda que a vegetação
ciliar (aquela que margeia os rios e cursos
d’água em geral), que por lei, deveria
ser de preservação permanente,
também tem sido devastada pela ação
humana. “A preservação da mata
ciliar fica na mesma ficção
da reserva legal. Basta sair de casa e viajar
para a gente ver qual é a situação
da vegetação ciliar, a gente
quase não vê [esse tipo de formação]”.
Professora da UnB diz que critérios
distorcem estudo da Embrapa sobre o cerrado
19 de Fevereiro de 2007 - Érica Santana
- Repórter da Agência Brasil
- José Cruz/ABr - Brasília -
Imagem feita por satélite que integra
levantamento da Embrapa Cerrados (unidade
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Estudo da Embrapa concluiu que 61% do cerrado
mantém vegetação nativa,
e detalhamento deve sair em março.
Brasília - A professora Jeanine Felfili,
do Departamento de Engenharia Florestal da
Universidade de Brasília (UnB), disse
que a pesquisa divulgada pela Embrapa Cerrados
na última quinta-feira (15), que conclui
que 61% da cerrado conserva a vegetação
original, apresenta “uma distorção
bem grande”.
“Por essa pesquisa, o cerrado estaria ótimo.
Mas só de andar nas estradas se percebe
que não é isso”, disse a professora,
em entrevista à Agência Brasil.
Segundo ela, o problema da pesquisa é
metodológico, porque a Embrapa Cerrados
(unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária) classificou como remanescente
tanto a vegetação intocada como
a que foi perturbada, ou seja, uma área
que foi desmatada, virou pasto ou foi abandonada
e que tem alguma vegetação crescendo
ou está em processo de recuperação.
“Para mim, tem uma defasagem de 20%, que é
justamente referente a essas áreas
degradadas que não estão sendo
cultivadas, que foram consideradas como remanescentes”.
De acordo com Jeanine Felfili, pesquisas
realizadas anteriormente pela Organização
das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2000
e pela organização não-governamental
(ONG) Conservação Ambiental
em 2002, apontam que a vegetação
remanescente original do cerrado não
ultrapassa os 40% (na verdade, a da ONG registra
46%). “A pesquisa da Embrapa não bate
com nenhuma outra pesquisa das outras organizações
importantes, que foram divulgadas na época
em que o cerrado foi enquadrado como um hot
spot mundial”, disse.
Hot spots são ecossistemas de alta
biodiversidade que estão sob muita
pressão de degradação,
e que por isso têm prioridade de preservação.
No Brasil, além do cerrado, a mata
atlântica também é considerada
um hot spot. Segundo a professora, caso o
percentual apontado pela pesquisa da Embrapa
esteja realmente correto, não haverá
razão para a preservação
da biodiversidade do cerrado continuar prioritária.
Para Felfili, o cerrado não conseguirá
resistir às pressões agrícolas
sem a criação de unidades de
conservação que funcionem de
fato. Ela disse ainda ser necessário
ampliar o tamanho das reservas desse bioma.
“Enquanto as reservas na Amazônia são
de 1 milhão de hectares, as do cerrado
são todas pequenas, não passam
da casa do milhar. Uma família de onças
não consegue viver num parque nacional”,
afirmou.
A professora disse também que falta
fiscalização e assistência
técnica de órgãos como
a Empresa de Assistência Técnica
e Extensão Rural (Emater) para que
as reservas legais cumpram sua função.
“Estamos precisando fazer a transversalidade
que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
sempre prega. Ou seja, os Ministérios
da Agricultura e do Meio Ambiente se darem
as mãos e fazerem um trabalho integrado”.
São Paulo é o estado que mais
desmatou cerrado, conclui mapeamento
19 de Fevereiro de 2007 - Alex Rodrigues
- Repórter da Agência Brasil
- José Cruz/ABr - Brasília -
Detalhamento de estudo da Embrapa Cerrados
(unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária) que concluiu que 61%
do cerrado mantém vegetação
nativa. Estados têm grau de desmatamento
diferente, e São Paulo aparece como
o que menos conservou vegetação
original desse bioma
Brasília - O levantamento da Embrapa
Cerrados (unidade da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária) segundo o qual
61% desse bioma conserva sua vegetação
original detalhou as áreas remanescentes
em nível estadual. O pior resultado
foi o de São Paulo. O estado, que tinha
33% (um terço) de seu território
coberto pela vegetação típica
da savana, preservou apenas 15% da área
original, segundo o estudo. Já o melhor
resultado foi o do Piauí: permanece
92% da vegetação, que compunha
37% da área do estado.
O Mapeamento de Remanescentes de Cobertura
Vegetal Natural do Cerrado verificou a situação
dos 207 milhões de hectares desse bioma
(o limite reconhecido oficialmente) com base
em imagens de satélite de 2002. Ficaram
de fora da pesquisa Amapá, Roraima
e Pará, estados amazônicos que
também têm áreas de savana.
O percentual de remanescentes nos outros estados
pesquisados é o seguinte: 31% no Paraná,
32% no Mato Grosso do Sul, 46% em Goiás,
53% em Minas Gerais, 66% em Mato Grosso, 73%
na Bahia, 82% em Tocantins e 89% no Maranhão.
O Distrito Federal, originalmente a única
unidade da federação integralmente
coberta pelo bioma, detém hoje 51%
de vegetação nativa. Em todos
os casos, são locais em diferentes
graus de preservação. As porcentagens
computam, por exemplo, pastagens com capins
nativos.
De acordo com o coordenador da pesquisa da
Embrapa, Edson Sano, ainda que o mapeamento
do bioma por meio das imagens do satélite
Landsat não tivesse o objetivo de definir
o nível de degradação
resultante da ação humana na
região, isso também é
possível. “Em uma etapa posterior,
a partir dos resultados já obtidos,
é possível selecionar áreas
e obter esses resultados”, comentou, em entrevista
à Agência Brasil.
Outro levantamento feito pela pesquisa foi
a área remanescente nas diversas bacias
hidrográficas. A do Paraná mantém
33% de vegetação original. A
do São Francisco; 65%, Amazonas, 68%;
Tocantins, 70%; Atlântico Leste, 79%;
e Atlântico Nordeste, 91%.
Segundo Edson Sano, entre as várias
aplicações do mapa criado a
partir do levantamento está a avaliação
da pressão exercida por núcleos
habitacionais próximos a áreas
de proteção permanente. “Não
foi alvo da pesquisa, mas a análise
pode ser feita facilmente. Basta estabelecer
um raio em torno dessas áreas para
saber o impacto da presença humana
ao redor”. Ele cita ainda a possibilidade
de quantificar as áreas reflorestadas
e de pastagens cultivadas, o que permitiria,
por exemplo, a criação de um
modelo de uso racional da água.
Geógrafo defende cautela diante de
levantamento sobre preservação
do cerrado
19 de Fevereiro de 2007 - Érica Santana
- Repórter da Agência Brasil
- José Cruz/ABr - Brasília -
Imagens feitas por satélite que integram
levantamento da Embrapa Cerrados (unidade
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Estudo da Embrapa concluiu que 61% do cerrado
mantém vegetação nativa,
e detalhamento deve sair em março
Brasília - A pesquisa divulgada pela
Embrapa Cerrados (unidade da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária) que aponta
que 61% do cerrado ainda conserva sua vegetação
original deve ser vista com cautela, na opinião
do geógrafo da Universidade Federal
de Goiás (UFG) Pedro Novaes.
“Eu acho que esse número tem que ser
muito bem qualificado, precisa ser visto com
o devido realismo e com cuidado. A gente teme
que os incautos, os afoitos e aqueles que
querem desenvolvimento a qualquer preço
o tomem como uma espécie de salvo-conduto
[para desmatar]”, disse o pesquisador, mestre
em ciências ambientais, em entrevista
à Agência Brasil.
Divulgada na última quinta-feira (15),
a pesquisa realizada pela Embrapa Cerrados
em conjunto com o Ministério do Meio
Ambiente e o Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq)
leva em consideração imagens
do bioma captadas em 2002 por satélite
em dez estados e no Distrito Federal.
Pedro Novaes destacou que, embora o estudo
da Embrapa aponte para uma conservação
superior a 60%, a devastação
no cerrado é intensa. Ele lembra que
até meados da década de 1960
o cerrado era praticamente intocado. “Isso
é uma devastação muito
significativa. O número não
significa que a situação do
cerrado não seja complicada”.
O geógrafo se afirmou pessimista em
relação ao futuro desse bioma.
“Acho que o desmatamento e a devastação
do cerrado ainda vão avançar
muito antes que a gente possa ver mudanças
nas nossas formas de produzir, que são
responsáveis pelo o que acontece hoje”.
Lembrou que a extensão total do cerrado
brasileiro equivale a cerca de um quarto do
território nacional.
Novaes disse que é importante considerar
o nível de fragmentação
das áreas remanescentes: “Não
adianta a gente ter 60% preservados se esse
percentual está em fragmentos muitos
dispersos e muito pequenos”.