Panorama
 
 
 

PARCERIA ENTRE ‘Y IKATU XINGU E EMBRAPA DÁ
LARGADA A AÇÕES EM CAMPO

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Fevereiro de 2007

16/02/2007 - O projeto vem tendo boa receptividade de produtores e comunidade locais e conta com a participação direta e indireta de 70 técnicos de 12 diferentes unidades da Embrapa.

Os técnicos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), da Unemat (Universidade do Estado de Mato Grosso) e do Instituto Socioambiental (ISA) já colocaram o pé na estrada para dar início ao projeto que vai realizar pesquisas, dispor novas tecnologias e campanhas educativas sobre produção agropecuária sustentável na Bacia do rio Xingu no Mato Grosso. De 31 de janeiro a 7 de fevereiro, um grupo de pesquisadores das três instituições visitou os municípios de Querência e Canarana para definir pontos de coleta de água e as propriedades em que serão instaladas as quatro primeiras unidades demonstrativas do projeto, onde também serão realizados trabalhos práticos de campo.

Trata-se de uma parceria promovida pela campanha ‘Y Ikatu Xingu, que pretende proteger e recuperar as nascentes e as matas ciliares do rio Xingu. A iniciativa conta com mais de R$ 1000 mil da própria Embrapa e do Fundo Setorial do Agronegócio, do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Durante três anos, serão desenvolvidos sete subprojetos voltados à recuperação de matas de beira de rio (Áreas de Preservação Permanente-APP), integração lavoura-pecuária e lavoura-pecuária-floresta, monitoramento da qualidade da água, plantio direto de soja, planejamento e uso do solo, educação ambiental, manejo de pastagem e sistemas agroecológicos. Serão realizadas atividades com estudantes, técnicos, assentados, agricultores familiares, médios e grandes produtores da região de Querência, Canarana, Água Boa, Ribeirão Cascalheira, Nova Xavantina e São José do Xingu.

“O projeto tem essa qualidade de reunir atores diferentes, de setores diferentes, para apoiar propostas comuns. A receptividade tem sido excelente”, comemora Ladislau Skorupa, coordenador da iniciativa pela Embrapa. Ele informa que, a partir de março, será entregue o equipamento e começa o treinamento de técnicos da Unemat e parceiros locais para a coleta de água. Também serão iniciados a instalação das unidades demonstrativas e os contatos com as secretarias municipais de Meio Ambiente, Educação e Agricultura para a elaboração de um programa de educação ambiental a ser desenvolvido com os estudantes. O projeto tem participação direta e indireta de 70 técnicos de 12 diferentes unidades da Embrapa. “Nossa intenção é manter a presença da instituição na região e tentar trazer novos projetos”.

Grupo de pesquisadores visitou Querência e Canarana para definir pontos de coleta de água e as propriedades em que serão instaladas as quatro primeiras unidades demonstrativas.

A comitiva foi acompanhada pela secretária de Agricultura e Meio Ambiente de Canarana, Eliane Felten, pelo secretário de Agricultura de Querência, Daltro Barbosa, e pelo presidente do Sindicato Rural de Canarana e Vice-presidente Leste da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso), Marcos da Rosa. Os técnicos também visitaram Água Boa para conhecer áreas ameaçadas pela erosão e encaminhar o problema para outras unidades da Embrapa.

“Não há nenhum órgão no Brasil com mais competência e respaldo técnico do que a Embrapa para nos dizer o que podemos ou não fazer em nossas propriedades”, diz Daltro Barbosa. Para ele, um dos maiores problemas enfrentados pelo setor produtivo no nordeste do Mato Grosso é a falta de detalhamento do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) estadual, o que estaria impedindo a definição das áreas mais aptas à produção e à conservação e, assim, engessando o desenvolvimento local. “Os produtores estão dispostos a contribuir no controle do desmatamento, mas precisamos de regras bem definidas. Não sabemos quanto do município pode ser desmatado e onde fica exatamente a área de transição entre floresta e Cerrado, por exemplo”.

O professor Amintas Rossete, do Departamento de Ciências Biológicas da Unemat de Nova Xavantina, considera que o projeto poderá levantar informações em primeira mão sobre os ecossistemas locais. “É uma região onde foram realizados poucos estudos”. Rossete avalia que a iniciativa é importante para sensibilizar os produtores sobre a questão da recuperação de APPs e do lixo nos rios. “Também poderemos disponibilizar aos municípios e aos produtores instrumentos para o planejamento do uso do solo”, explica o pesquisador, que é responsável pelo subprojeto voltado a esse assunto. Os dados gerados pelo subprojeto poderão servir justamente para o detalhamento do ZEE. “Essas informações serão oferecidas aos gestores públicos, cabe a eles adotar as orientações que serão elaboradas a partir daí.”

“Temos a oportunidade de fazer o que os países desenvolvidos não fizeram. Eles destruíram suas florestas. Nós podemos conciliar produção e conservação”, acredita Marcos da Rosa. Ele cita o trabalho realizado com os estudantes como fundamental para mudar a mentalidade das pessoas no futuro. O produtor aponta que o agronegócio recebe muitas críticas infundadas e que as informações produzidas pelo projeto podem mostrar às pessoas os problemas por que passa o setor.
ISA, Oswaldo Braga de Souza.

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Justiça enfim devolve Maraiwatsede ao povo Xavante

13/02/2007 - Decisão da semana passada, tomada pela Justiça Federal em Cuiabá, pode por fim a uma das mais longas novelas sobre o direito de um povo indígena a seu território tradicional e confirma importante jurisprudência a favor do reconhecimento de Terras Indígenas no Mato Grosso.

Terra Indígena homologada em 1998 pelo governo federal, a Maraiwatsede, localizada entre os municípios de São Félix do Araguaia e Alto da Boa Vista, norte do Mato Grosso, finalmente voltará a ser de posse permanente do povo xavante. Hoje seu território de 165 mil hectares é ocupado por fazendeiros, posseiros e assentados de programa de reforma agrária. Um acampamento indígena permanece ao lado da rodovia federal 158, que corta a TI de Sul a Norte, lembrando quem são os verdadeiros donos do território. A invasão, contudo, está com os dias contados. Isso porque na semana passada a Justiça Federal no Mato Grosso decidiu pela retirada da população não-índia da área, dando início ao último capítulo de uma das mais longas novelas sobre o direito de um povo indígena a seu território tradicional.

Na sentença publicada no dia 5 de fevereiro o juiz federal José Pires da Cunha determina que todos os invasores da TI Maraiwatsede devem sair da reserva indígena, interromper qualquer atividade econômica ou de subsistência dentro da área e promover o reflorestamento da TI. O juiz ainda ordena que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) promova “com urgência” o reassentamento dos posseiros em área reservada para este fim. Clique aqui para ler a sentença na íntegra.

Segundo Raul Silva Telles do Valle, advogado do ISA, "a decisão confirma a jurisprudência dos tribunais superiores, principalmente do TRF 1ª Região, que há anos vêm decidindo pela invalidade dos títulos de propriedade outorgados pelo Estado do Mato Grosso a particulares na década de 1950 e 1960". O advogado explica que, em sua grande maioria, estes títulos incidiam sobre terras de ocupação indígena, que já à época eram de propriedade da União e inalienáveis. "Essa é uma decisão justa, pois não aceita a tese do fato consumado que muitas vezes impede o retorno de populações indígenas aos territórios de onde foram expulsas. Claro que há uma questão social a ser resolvida, pois há muitos posseiros de boa-fé, mas é para isso que o Incra deve agir", pondera Telles do Valle.

A disputa em torno da Terra Indígena Maraiwatsede remonta a década de 1960, quando a população xavante que vivia na região foi retirada de seu território por aviões da Força Área Brasileira, com a ajuda de missionários e fazendeiros, e transportada para reservas xavantes localizadas mais ao sul. A antropóloga Iara Ferraz e o agrônomo Mariano Mampieri contam o que aconteceu com a população removida em texto publicado em Povos Indígenas no Brasil 1991/1995: "A remoção forçada dos Xavante resultara em tragédia: de uma população de 300 pessoas, 86 morreram em conseqüência de uma epidemia de sarampo assim que chegaram a São Marcos. Dois anos depois começaram a se dispersar, casando em outras aldeias xavante. Mas a maior parte do grupo permaneceu reunida, asilando-se, neste anos, em outras áreas (Kuluene, Couto Magalhães e Areões) até a formação, em 1985, da aldeia Água Branca, ao sul da reserva de Pimentel Barbosa, no município de Canarana."

No lugar das aldeias, instalou-se na Maraiwatsede a fazenda Suiá-Missú, um projeto agropecuário de grande porte incentivado pelo governo federal e encampado pela Liquifarm Agropecuária Suiá-missú. Mas os Xavantes nunca desistiram de retornar ao território e conseguiram, em 1992, a promessa por parte da holding italiana ENI, que havia adquirido a Liquifarm e era então considerada a proprietária das terras, de que a área lhes seria devolvida. O anúncio, entretanto, desencadeou um movimento de invasão da área, coordenado por políticos de cidades vizinhas, no momento em que a Funai realizava a perícia antropológica visando a demarcação da terra. Mesmo invadidos e em grande parte desmatados, os 165 mil hectares da área foram declarados de posse indígena, em outubro de 1993. De lá para cá a tensão na região foi permanente, com ameaças e agressões por parte dos invasores e mobilização indígena. A decisão judicial da semana passada, com julgamento de mérito, é a resposta da Justiça Federal a uma aça movida pelo Ministério Público Federal em 1995, e até agora a maior recompensa à persistência xavante. Resta saber como será feita a desintrusão do território.
ISA, Bruno Weis.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.isa.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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