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LUTA DE QUILOMBOLAS PARA CONSEGUIR TÍTULO DE PROPRIEDADE DUROU QUASE 20 ANOS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2007

3 de Março de 2007 - Renato Brandão e Gabriel Corrêa - Da Agência Brasil - São Paulo - Até conseguir a posse da terra, a comunidade do Quilombo da Caçandoca enfrentou uma luta de 18 anos. Primeiro quilombo do país a ter o título de propriedade da terra, o Caçandoca ocupa 210 hectares de uma área de Mata Atlântica de 890 hectares, situada em Ubatuba, um dos balneários mais valorizados do litoral norte paulista.

Os membros da comunidade vivem na propriedade desde o final do Século 19, na fazenda de mesmo nome, produtora de café, aguardente, banana e mandioca. Eles tiveram uma luta árdua até o reconhecimento.

O primeiro passo da comunidade para ser dona da terra foi a criação, em 1989, da Associação dos Remanescentes da Comunidade do Quilombo de Caçandoca, seguida pelo auto-reconhecimento da situação de quilombolas. Com essa etapa cumprida, foi possível reivindicar a atuação dos órgãos públicos no processo.

Somente em 2000 o Instituto de Terras de São Paulo reconheceu oficialmente a comunidade como remanescente de quilombo, depois de uma pesquisa antropológica, encomendada pela Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária em São Paulo (Incra-SP).

Segundo Antônio dos Santos, 61 anos, um dos líderes da comunidade, a partir da década de 70, a comunidade resistiu a contínuas ameaças de jagunços de grileiros. Na década passada, a ameaça de expulsão passou a ser de grupos imobiliários interessados na terra. Em 1998, a Urbanizadora Continental, uma das empresas que reivindicava a propriedade da terra, chegou a obter esse direito na Justiça em caráter liminar.

“Nos anos setenta, com a jagunçada, a gente padeceu muito. Agora, a gente não teve uma relação tão brava assim com a imobiliária, porque nunca vinha o dono, só representante”, lembra Antônio dos Santos. “Depois eles entraram na Justiça contra a gente, ficou por conta do juiz, mas a gente já não tinha mais esta preocupação pessoal”.

O quadro começou a mudar com a atuação conjunta do Incra-SP, Itesp e Ministério Público do Estado de São Paulo. Em dezembro de 2005, o Caçandoca sediou um encontro nacional de representantes quilombolas, aberto pela ministra da ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).

Logo após o evento, no dia 7, o Diário Oficial da União publicou o reconhecimento oficial do Caçandoca pelo Incra. Em 26 de setembro do ano passado, por decreto presidencial não-numerado, o governo reconheceu os 210 hectares como de interesse social para fins fundiários e determinou sua desapropriação ao Incra e pediu à Justiça a desapropriação. Em dezembro de 2006, a Justiça Federal de Taubaté julgou procedente a ação do Incra-SP.

“Estamos aguardando o título definitivo, porque veio o título, mas provisório”, explicou Antônio dos Santos. Ele definiu o decreto presidencial como “um alívio, pois a gente tem certeza de que não vamos mais sair”. Segundo a assessoria de imprensa do Incra-SP, a Associação não pode vender a propriedade.

Caçandoca poderá produzir até 40 mil litros de polpa de açaí por ano

3 de Março de 2007 - Renato Brandão - Repórter da Agência Brasil - São Paulo - A comunidade quilombola de Caçandoca deve chegar a produzir 40 litros de polpa de açaí por ano. A previsão é da superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária em São Paulo (Incra-SP).

Dez pessoas da comunidade, localizada em Ubatuba, no litoral norte paulista, participam diretamente do projeto de produção de polpa de açaí, que teve apoio do Incra para ser implementado.

Parte dos R$ 2.400 destinados a cada uma das 53 famílias de Caçandoca foi usada para comprar as sementes de açaí. As mudas foram plantadas em um viveiro, em que são também cultivadas sementes de abricó, caju, rosa e plantas medicinais, para uso comercial ou da própria comunidade.

O instituto doou máquinas para que a comunidade colha o coco do açaí, também conhecido como juçara, extraia a polpa e a embale para a venda, de forma sustentável.

A juçara ou açaí é uma palmeira da Mata Atlântica encontrada também em todo o Norte e Nordeste. Na comunidade Caçandoca existem cerca de 30 mil pés de açaí numa área de 60 hectares.

De acordo com as estimativas divulgadas pelo Incra-SP, um pé da palmeira pode produzir até cinco cachos para colheita. O projeto prevê colher apenas um cacho em cada planta, deixando os demais para alimentar os animais e pássaros e garantir a reprodução das palmeiras.

Um cacho de açaí tem cerca de 700 sementes e pesa em média oito quilos, o que geraria aproximadamente cinco litros de polpa. A previsão é vender cada litro a R$ 8, com uma receita calculada em R$ 320 mil. “Vamos aguardar uns quinze, vinte dias até amadurecer os frutos”, afirmou Antônio dos Santos, 61 anos, líder da comunidade.

Comunidade quilombola do litoral norte paulista ganha apoio para produzir

3 de Março de 2007 - Renato Brandão - Da Agência Brasil - São Paulo - Após receber o reconhecimento do governo federal e a propriedade da terra, a comunidade de Caçandoca, em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, que reúne 53 famílias, começou a receber recursos e apoio da política fundiária do governo federal para assentamentos.

O primeiro projeto a contribuir para o sustento da comunidade será a produção e venda de polpa de açaí. Em abril deste ano, os quilombolas colhem a primeira safra da fruta.

Há cerca de um mês a Associação dos Remanescentes da Comunidade do Quilombo Caçandoca recebeu as duas máquinas previstas em convênio firmado em novembro de 2006 com a Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Incra em São Paulo (Incra-SP).

Pelo convênio, a comunidade tem direito a uma despolpadeira, máquina que retira a polpa do coco do açaí, e uma seladora, que embalar a polpa em sacos plásticos. Também foram comprados máscaras, aventais e luvas, acessórios necessários às atividades. De acordo com a assessoria de imprensa do Incra-SP, até abril também serão entregues à comunidade um freezer e um gerador elétrico, o que permitirá congelar a polpa.

Segundo a assessoria, há mais cinco projetos na comunidade, em cada um dos quais trabalha um grupo de famílias. Alguns já estão em fase de implementação, como o de apicultura (criação de abelhas para comercialização de produtos como mel e cera) e o de pesca artesanal.

Foram comprados apiários (conjunto de colméias), uma canoa e uma rede de pesca. Os outros projetos estão ligados ao setor do turismo e devem incluir a exploração turística da praia e de trilhas na Mata Atlântica.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 

 

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