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MINISTÉRIO CONTABILIZA 1488 MUNICÍPIOS COM PROCESSO DE DESERTIFICAÇÃO NO NORDESTE

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2007

Irene Lôbo - Repórter da Agência Brasil - Brasília - De acordo com as Nações Unidas, desertificação é o processo de degradação de regiões áridas, semi-áridas e subúmidas secas, resultantes de fatores climáticos e da ação humana. No caso do Brasil, o processo de desertificação abrange 1.488 dos cerca de 1.800 municípios que compõem os nove estados do Nordeste, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA). O problema atinge ainda algumas cidades do norte de Minas Gerais e do noroeste do Espírito Santo.

A área total sujeita ao processo de desertificação aumentou de cerca de 900 mil quilômetros quadrados em 2003 para 1,3 milhão nos dias de hoje, o que equivale a 15,7% do território nacional. De acordo com o coordenador-técnico do Programa de Combate à Desertificação, do MMA, José Roberto Lima, o avanço dos estudos sobre o tema permite que o país tenha atualmente uma maior exatidão da dimensão do problema.

Se não conseguir paralisar e reverter a desertificação, o Brasil poderá, num prazo de 60 anos, ter todo o Semi-Árido transformado em regiões áridas, ou seja, desertos. Já as regiões subúmidas secas se transformariam em semi-áridas. A previsão é do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Brasil mostrará trabalho contra desertificação a outros países

Irene Lôbo - Repórter da Agência Brasil - Brasília - As ações do Brasil no combate à desertificação vão ser apresentadas a outros países. O trabalho brasileiro está no "Relatório de Implementação de Combate à Desertificação", cuja apresentação oficial ocorrerá no próximo mês em Buenos Aires, capital da Argentina, durante a 5ª Sessão do Comitê de Revisão da Implementação da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (Cric).

O relatório, elaborado por três anos pelo Ministério do Meio Ambiente, é uma espécie de prestação de contas do país à Organização das Nações Unidas (ONU), já que o Brasil é signatário da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação.

“Em 2003 o Brasil estava numa posição de quase expulsão da convenção, por que não cumpria com os seus compromissos internacionais. Hoje o Brasil é tido como um país modelo a ser seguido, as ações desenvolvidas no Brasil são consideradas hoje um dos pontos altos da convenção”, afirma o coordenador-técnico do Programa de Combate à Desertificação do MMA, José Roberto Lima.

De acordo com Lima, o relatório traz iniciativas do governo federal, de estados e da sociedade civil, que se uniram para enfrentar o problema em torno de um projeto maior, o Programa Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN), coordenado pelo MMA. Para o período de 2004 e 2007, o PAN tem recursos previstos da ordem de R$ 25 bilhões.

No programa estão inseridas ações como a distribuição de cisternas (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome), o trabalho de formação de agricultores que vivem em áreas desertificadas (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e o projeto de revitalização do Rio São Francisco (Ministério da Integração Nacional).

“Todos esses programas são de projetos de combate à desertificação, então o governo está tratando isso de forma muito consistente, muito contundente, no sentido realmente de parar, frear o avanço da desertificação e tentar recuperar áreas”, afirma o coordenador.

País combate desertificação sem aplicar programa nacional, avalia consultor

Érica Santana - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O Brasil tem avançado na consolidação de políticas voltadas para evitar a desertificação, mas ainda não consegue aplicar seu principal instrumento, o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação (PAN), segundo o diretor de Relações Institucionais da Associação Maranhense para a Conservação da Natureza (Amavida), João Otávio Malheiros.

“O nosso PAN foi bem pouco aplicado ainda”, comentou o diretor da Amavida, em entrevista à Agência Brasil. “Mas, por menos que ainda se tenha feito, tem um conjunto de instituições e políticas que concatenadas dão uma resposta efetiva e possibilitam o encontro de novas soluções. As bases para fazer já estão postas.”

Um dos resultados desse trabalho é o “Relatório de Implementação de Combate à Desertificação”, elaborado sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente (MMA). O documento será apresentado a outros países durante a 5ª Sessão do Comitê de Revisão da Implementação da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (Cric), no mês que vem, em Buenos Aires.

Criado em 2004, o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação (PAN) tem a finalidade de combater a degradação do solo e desenvolver as áreas suscetíveis a esse processo, para diminuir a pobreza e miséria da população que vive nesses locais. “O Brasil incorporou questões voltadas à prevenção; de combinar o combate à desertificação ao resgate da capacidade dos solos e ao combate a pobreza, por exemplo”, informou Malheiros.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, as áreas que podem ser tornar desérticas estão concentradas em 11 estados: Bahia, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Ceará, Sergipe, Minas Gerais, Piauí e Maranhão e Espírito Santo.

Para João Otávio Malheiros, que também é consultor no relatório, o PAN ainda não conseguiu ser absorvido pelo MMA. “Não que seja um mau plano, mas ele ainda está meio deslocado dentro da máquina do Ministério do Meio Ambiente e dos ministérios parceiros”.

Malheiros apontou também entraves no Congresso Nacional: “Houve um problema de liberação das emendas parlamentares, de contingenciamento de orçamento. Tem todo uma série de justificativas, mas efetivamente o processo já tem as suas bases estabelecidas, agora precisa o rebatimento no Legislativo e precisa ter ações concretas”.

Para o consultor, é fundamental que haja uma política que desenvolva ações de pequeno, médio e grande portes e iniciativas locais, municipais, estaduais e regionais em todo o Semi-Árido. “A idéia do PAN é que isso se faz dentro do Plano Plurianual [PPA] dos governos federal e estadual. Nós não precisamos inventar a roda. Nós podemos utilizar os poucos recursos que nós temos com sabedoria”, concluiu.

Desertificação pode criar "refugiados ambientais", alerta consultor

Érica Santana - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Mais de 1 bilhão de pessoas vive em regiões áridas, semi-áridas e subúmidas secas, responsáveis por 22% da produção de alimentos do mundo. Só no Brasil, de acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, 32 milhões de pessoas habitam áreas que podem se tornar desérticas – áreas que ocupam mais de 1,3 milhão de quilômetros quadrados, ou seja, 15,7% do território nacional. O diretor de Relações Institucionais da Associação Maranhense para a Conservação da Natureza (Amavida), João Otávio Malheiros, aponta o risco de elas se tornarem “refugiados ambientais”.

Segundo Malheiros, se não se reverter a desertificação, essas pessoas não conseguirão permanecer nas áreas em que habitam hoje. “Antes se tinha um processo de êxodo rural a partir das secas, e isso não vai ser mais episódico. Vai ser um problema sério”. Ele é consultor no “Relatório de Implementação de Combate à Desertificação”, documento elaborado sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente e que será apresentado a outros países.

A principal causa da desertificação é o acelerado processo de degradação do solo, avaliou o ambientalista. “Os panoramas que estão sendo delineados, mantidas as atuais tendências, são todos muito preocupantes. O que nós da sociedade civil temos como solução são milhares de ações, que somadas sejam uma grande solução para um grande problema”, disse, em entrevista à Agência Brasil.

Malheiros defendeu a estabilização do avanço da desertificação, impedindo que novas áreas sejam degradadas, e a adoção de práticas agrícolas mais desenvolvidas como medidas a serem adotadas no combate e prevenção da deterioração do solo. “É vital que se recomponha a malha hídrica, que se protejam as nascentes, que se faça um trabalho muito grande de capacitação da agricultura, das práticas apropriadas que tenham relação mais simbiótica com o clima e que se desenvolvam estratégias apropriadas para o clima, que está cada vez mais árido”.

O ambientalista lembrou que as mudanças climáticas provocadas pelo efeito estufa têm reflexo direto no processo de desertificação: “Nós vamos ter uma agudização do problema, e a desertificação, que já vinha se acelerando, com esse impulso do aquecimento global vai ter um ritmo mais acelerado ainda”. Para ele, “é necessária uma grande reflexão na sociedade com construção urgente de políticas públicas efetivas”.

João Otávio Malheiros informou que a cada ano a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que uma superfície equivalente a Bélgica e a três Sergipes perde sua capacidade vital. “É uma questão que não é opção”, comentou. “Ou nós damos respostas efetivas ou seremos todos tragados por uma crise ambiental de proporção ainda inusitada.”

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 

 

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