27/02/2007 - O Ministério do Meio
Ambiente (MMA) apresentou nesta terça-feira
(27/02) os resultados de oito projetos preliminares
de pesquisa sobre Mudanças Climáticas
e seus Efeitos sobre a Biodiversidade Brasileira.
No conjunto, os estudos analisaram o perfil
evolutivo do clima no País e desenharam
possíveis cenários do clima
nos próximos 100 anos (de 2010 a 2100).
Os pesquisadores avaliaram ainda os efeitos
da elevação do nível
do mar na costa brasileira e identificaram
indicadores para aferir com maior sensibilidade
as mudanças climáticas. Os resultados
foram anunciados em entrevista coletiva da
ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, do
secretário do Biodiversidade e Florestas
do MMA, João Paulo Capobianco, e dos
pesquisadores responsáveis pelos estudos.
Desenvolvidas de 2004 a 2006, as pesquisas
foram selecionadas pelo MMA por meio de cartas-consulta,
em atendimento à determinação
da Conabio.
A série de estudos, encomendada em
2004, muito antes da divulgação
do relatório do International Panel
on Climate Change (IPCC), neste mês,
em Paris, faz parte da estratégia do
Ministério de se antecipar aos problemas.
Com base nelas, o governo poderá dar
continuidade à estruturação
de políticas públicas adequadas
(além das que estão em curso,
como a utilização de combustíveis
renováveis) para enfrentar o problema
do aquecimento global e seus múltiplos
efeitos sobre a biodiversidade, a saúde,
a agricultura e a economia. "As pesquisas
são resultado de visão de implantação
de políticas estruturantes que procuramos
desenvolver desde 2003", disse a ministra.
Planejamento - Segundo Marina Silva, o conjunto
das pesquisas sobre Mudanças Climáticas
e seus Efeitos sobre a Biodiversidade Brasileira
integra, até o presente momento, um
elenco de outras providências do MMA
para preparar o governo a lidar com o fenômeno
das mudanças climáticas a partir
de uma cultura contínua e permanente
de prospecção do conhecimento
qualificado, ancorado na excelência
do trabalho da comunidade científica.
"Combinadas à elaboração
dos Mapas de Cobertura Vegetal Nativa do Brasil
e dos Mapas de Áreas Prioritárias
para Conservação e Uso Sustentável
da Biodiversidade, que já realizamos,
temos condições de começar
a analisar o cenário, fazer projeções
e balizar as futuras intervenções
do poder público", afirmou. De
acordo com a ministra, porém, nada
adiantará o Brasil aprofundar as ações
que já desenvolve buscando mitigar
os efeitos da mudança do clima se os
países desenvolvidos, responsáveis
por 80% das emissões de CO2, não
fizerem o mesmo. "O barco é de
gelo. Ou seja, a questão precisa da
contribuição de todos os países",
disse Marina Silva.
Financiamento - As oito pesquisas sobre Mudanças
Climáticas e seus Efeitos sobre a Biodiversidade
Brasileira tiveram como principal financiador
o Projeto de Conservação e Utilização
Sustentável da Diversidade Biológica
Brasileira (Probio/MMA), e foram elaboradas
por mais de uma dezena de instituições
de pesquisa brasileiras de excelência.
Os outros financiadores foram o Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq/Ministério da Ciência e
Tecnologia); a Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São
Paulo (Fapesp); o Fundo para o Meio Ambiente
Global (GEF); o Banco Mundial (Bird) por meio
do Projeto Using Regional Climate Change Scenarios
for Studies on Vulnerability and Adaptation
in Brazil and South America, apoiado pelo
Global Opportunity Fund (GOF), do Reino Unido
- e o Instituto Interamericano de Mudanças
Globais.
Precaução - As conclusões
devem ser vistas como indicadores, não
como fatos consumados. Por vários motivos.
O primeiro deles é que as pesquisas
são os primeiros de um processo que
o MMA pretende tornar contínuo e permanente.
Tanto mais segura será uma análise
quanto mais estudos forem feitos ao longo
do tempo. Em segundo lugar, as metodologias
utilizadas nas pesquisas (nas atuais e nas
do futuro) apresentam alguns resultados divergentes
- logo, não permitem 100% de certeza.
Outras variáveis devem ser levadas
em conta, como a possibilidade de os países
adotarem políticas ambientais mais
saudáveis que hoje; é necessário
considerar ainda a ocorrência radical
de fenômenos naturais (sem ação
do homem) capazes de anular as previsões
atuais.
Brasil procura reduzir emissões de
CO2
A ministra Marina Silva lembrou na entrevista
que o governo brasileiro, antecipando-se aos
problemas, vem adotando uma série de
providências para enfrentar o problema
do aquecimento e de outras mudanças
climáticas. "Estamos fazendo a
nossa parte". Segundo ela, a progressiva
substituição de combustíveis
fósseis por renováveis, como
o etanol, alcança neste momento 45%
da matriz energética brasileira, o
que reduz sensivelmente as emissões
causadoras do efeito estufa. Por exemplo,
80% da principal fonte energética do
País (a energia elétrica) são
geradas a partir de hidrelétricas.
Além do etanol e da energia elétrica
(tradicional, porém "limpa"),
o Brasil se dedica com atenção
especial à produção de
energia a partir de novas fontes alternativas
renováveis.
O Programa Nacional de Biodiesel também
tem contribuído para mitigar o aquecimento,
inclusive porque é exportado, juntamente
com o etanol, aos países desenvolvidos
(maiores poluidores) como substitutos de combustíveis
fósseis. Como benefício extra,
o Programa de Biodiesel possibilita ao Brasil
aproveitar o bagaço da cana para aumentar
sua participação em projetos
de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
Muitas usinas brasileiras de açúcar
e de álcool já produzem eletricidade
com baixas emissões a partir do bagaço
da cana.
Dos 205 projetos brasileiros de MDL em validação
e aprovação pela Comissão
Interministerial de Mudança Global
do Clima, 67 referem-se a projetos de co-geração
a partir da biomassa. Só com os projetos
de MDL, o Brasil evitou a emissão de
cerca de 25 milhões de toneladas de
Dióxido de Carbono (CO2) nos últimos
sete anos. O índice brasileiro de redução
de emissões de CO2 é maior do
que a média dos países. O Brasil
ocupa a terceira posição mundial
no desenvolvimento de projetos daquele tipo.
A ministra lembrou que contribuem também
para a redução de emissões
o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas
de Energia Elétrica (Proinfa), que
estabelece a contratação de
3.300 MW de energia produzidos por três
fontes renováveis (eólica, biomassa
e pequenas centrais hidrelétricas).
O potencial de redução anual
das emissões associado ao Programa
gira em torno de 2,9 milhões de toneladas
de CO2. "Concorreu, ainda, para a queda
nas emissões, a redução
em mais de 50% do desmatamento, verificada
na Amazônia, nos dois últimos
anos, período em que se evitou a emissão
de aproximadamente 430 milhões de toneladas
de gás carbônico. Naquele sentido,
foi importante também a criação
de novas unidades de conservação
federal, que superam 50 milhões de
hectares protegidos no País",
afirmou Marina Silva.
Além dos esforços que desenvolve,
o governo brasileiro tem buscado propagar
soluções nas negociações
internacionais da Convenção
sobre Mudanças Climáticas. Na
última Conferência das Partes,
em 2006, em Nairobi, o Brasil, a partir de
sua experiência, apresentou proposta
de incentivo aos países em desenvolvimento
para auxiliá-los a reduzir ainda mais
suas emissões de gases de efeito estufa
por meio da redução do desmatamento.
IPCC alerta para o perigo aquecimento
O Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (International Panel on
Climate Change (IPCC) divulgou, no início
de fevereiro, o Quarto Relatório de
Avaliação das Mudanças
no Clima do Planeta, chamado IPCC-AR4.
O documento demonstra de forma conclusiva
os perigos do aumento da concentração
de gases de efeito estufa na atmosfera, resultantes
da baixa capacidade dos países industrializados
de reduzir suas emissões, bem como
da resistência de algumas nações
em desenvolvimento em negociar a estabilização
e a diminuição de suas emissões.
O relatório detectou um aumento de
temperatura global entre 2 ºC a 4,5 ºC
a mais do que os níveis registrados
antes da Era Pré-Industrial. A estimativa
mais certeira fala em aumento médio
de 3 ºC, considerando que os níveis
de dióxido de carbono (CO2) se estabilizem
em 45% acima da taxa atual.
Em relação às causas
da mudança de clima, o relatório
afirma que é "muito provável"
(até 90% de chance) que as atividades
humanas, lideradas pela queima de combustível
fóssil, estejam fazendo a atmosfera
esquentar desde meados do século 20.
Os estudos
1) Mudanças Climáticas e seus
Efeitos sobre a Biodiversidade Brasileira
Instituição Executora: Centro
de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos
(CPTEC)/Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe).
Coordenador: Prof. José Marengo.
A primeira parte desse estudo analisa o comportamento
da água e a temperatura do ar ao longo
do século passado. A segunda parte
oferece ao leitor projeções
do clima no Brasil em três faixas temporais
de trinta anos cada - de 2010 a 2040, deste
ano a 2070 e daí a 2100.
Os prognósticos foram obtidos a partir
da análise de ciclos hídricos
e da temperatura em regiões econômica,
ecológica e socialmente importantes:
Amazônia, Pantanal, Nordeste e Bacia
do Paraná-Prata (esta representativa
do Sul-sudeste). Amazônia e Pantanal
apresentam alto grau de vulnerabilidade à
mudança de clima. O semi-árido
do Nordeste é a região onde
a população é a mais
sensível à mudança de
clima. Já a bacia do Paraná-Prata
foi escolhida por sua posição
de destaque na produção agropecuária
e na geração de energia hidrelétrica
para grandes cidades do sudeste da América
do Sul.
Metodologias - Na elaboração
do estudo, foram utilizados cincos metodologias,
além de considerados quatro itens:
chuva, temperatura, vazão de rios e
extremos climáticos, como secas e chuvas
intensas. Na análise dos dados, o pesquisador
utilizou dois cenários extremos: o
totalmente pessimista (A2) e o absolutamente
otimista (B2). No primeiro, considera-se que
nada será feito para impedir o avanço
do aquecimento; no segundo, o contrário:
tudo será feito para melhorar o quadro.
Temperatura e chuvas no século XX
No Brasil, a temperatura média aumentou
aproximadamente 0,75 ºC no século
XX, considerando a temperatura média
anual de 24,9 ºC, aferida entre 1961
e 11000. O ano mais quente no País
foi o de 1998 (aumento de até 0,95
ºC em relação a 24,9 ºC).
O aumento da chuva no Sul do Brasil foi consistente,
mais acentuado no inverno e, depois, no verão.
No Nordeste e na Amazônia, não
houve aumento ou redução de
chuvas.
Vazão dos rios no século XX
As pesquisas indicam aumento da vazão
entre 2 e 30% na bacia do Rio Paraná.
Na Amazônia, Pantanal e Nordeste, não
foi verificada tendência de períodos
maiores de secas ou de chuva. Não houve
alterações importantes nas vazões
dos rios da Amazônia e da bacia do rio
São Francisco.
Algumas vazões (Amazônia, Sul
do Brasil, Norte do Nordeste) têm alta
correlação com anomalias de
temperatura de superfície do mar nos
oceanos Pacífico e Atlântico
Tropical. Isto sugere ser possível
uma associação entre vazões
extremas e o El Niño ou o aquecimento
no Atlântico Norte Tropical, como foi
o caso de 1998, quando houve reduções
nas vazões em Manaus e Óbidos
e nos níveis baixos do Rio Solimões,
durante a seca de 2005.
Eventos Extremos
No Sudeste da América do Sul, têm-se
observado aumento na intensidade de episódios
de dias com chuva intensa no período
de 1961 a 11000. Ou seja, as chuvas estão
se tornando mais violentas. Alguns estudos
mostram relação de extremos
de chuva no Sudeste e Sul do Brasil à
freqüência/intensidade, com padrões
de circulação como a Zona e
Convergência do Atlântico Sul
ou o Jato de Baixos Níveis da América
do Sul.
O estudo registrou tendência de maior
ocorrência de noites quentes no Sudeste
do Brasil, que vão de 5% na década
de 1950 até quase 35% no início
do século XXI. Por outro lado, a tendência
de dias frios apresentou freqüência
de 25-30% na década de 1970, chegando
até 5-10% em 2001-2002.
Os dados mostram tendência de aumento
de episódios de chuva intensa no Centro-oeste
e Sudeste do Brasil. No Brasil, as tendências
positivas de extremos de chuva aparecem mais
intensamente nos estados de São Paulo,
Paraná e Rio Grande do Sul. Verificou-se
tendência de aumento no número
de dias com chuva intensa e muito intensa
. O destaque dos últimos anos, na categoria
Eventos Extremos, foi o furacão Catarina,
em março de 2004, possivelmente o primeiro
furacão do Atlântico Sul. Não
houve nada comparável nos últimos
50 anos e não há registros na
história brasileira de fenômeno
tão intenso na costa sul do Brasil.
Elevação do nível do
mar
Na costa brasileira, observou-se tendência
de aumento do nível do mar da ordem
de 40 centímetros/século ou
quatro milímetros/ano. Cidades litorâneas
e 25% da população brasileira,
cerca de 42 milhões de pessoas que
vivem na zona costeira, podem ser afetadas
pela elevação do oceano Atlântico.
A elevação do nível do
mar pode chegar a meio metro ao longo do século
XXI.
A cidade do Rio de Janeiro é uma das
mais vulneráveis. Estudos d Inpe, a
partir de imagens do satélite Landsat,
simularam a enchente que ocorreria na Ilha
de Marajó, partindo aumento do nível
do mar. Com dois metros de elevação,
28% de seu território pode desaparecer.
Caso o aumento chegue a 6 metros, 36% da ilha
pode ser inundada.
Áreas mais sensíveis à
erosão
No Brasil, as áreas mais suscetíveis
à erosão estão na região
Nordeste, pela falta de rios capazes de abastecer
o mar com sedimentos. Em Pernambuco, um dos
estados mais afetados, cerca de seis em cada
dez praias dos 187 km de costa cedem terreno
para o mar. Uma elevação de
50 cm no nível do Atlântico poderia
consumir 100 m de praia no Norte e no Nordeste.
Em Recife, por exemplo, a linha costeira retrocedeu
80 m de 1915 a 1950 e mais de 25 m de 1985
e 1995.
Temperatura subiria até 4ºC no
Brasil e 8ºC na Amazônia
No Brasil, o aumento da temperatura média
no ar pode chegar até 4ºC acima
da média climatológica em 2100,
em relação à temperatura
média aferida de 1961 a 11000. Na Amazônia,
o aquecimento pode chegar, no cenário
mais pessimista, a 8 ºC.
Já a temperatura média do ar
no País, em 2100, pode aumentar a 28,9ºC
no cenário de altas emissões
(pessimista) e até 26,3 ºC no
cenário de baixas emissões (otimista).
Em relação à temperatura
média aferida de 1961 a 11000 (de 25ºC),
aquela elevação representaria
o aquecimento de 3,8ºC para o cenário
de altas emissões e 1,3 ºC para
o cenário de baixas emissões.
Redução de chuva na Amazônia
e no Nordeste
A probabilidade de maior redução
de chuva pode afetar a Amazônia e o
Nordeste. No Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste,
permaneceriam estáveis nos níveis
atuais, embora o volume da precipitação
possa ser mais intenso.
Já na região da bacia do Prata,
as projeções indicam possível
aumento na quantidade de dias de chuva e no
aumento da vazão dos rios até
a segunda metade do Século XXI.
Variações nos extremos do clima
Existem incertezas nas tendências de
variabilidade de extremos de clima no Brasil
(exceto na região Sul), por causa da
falta de informação confiável
de longo prazo ou do acesso restrito a este
tipo de informação para grandes
regiões, como a Amazônia. As
projeções de extremos para a
segunda metade do século XXI mostram
em geral aumentos nos extremos de temperatura,
como noites mais quentes, ondas de calor,
e nos indicadores de eventos extremos de chuva.
Projeções de aumento de temperatura
por região
Amazônia
+5,3ºC (pessimista)
+3,0ºC (otimista)
Nordeste
+4,0ºC (pessimista)
+2,2ºC (otimista)
Pantanal
+4,6ºC (pessimista)
+3,4ºC (otimista)
Sul-Bacia do Prata
+3,5ºC (pessimista)
+2,3ºC (otimista)
O fenômeno da "Aridização"
Simulações do balanço
hídrico nas regiões do Brasil
sugerem, no cenário de maiores emissões
de gases de efeito estufa, tendência
de extensão da deficiência hídrica
(estiagem) por praticamente todo o ano no
Nordeste, apontando para maior "aridização"
da região semi-árida até
final do Século XXI.
Para a Amazônia, o período de
excesso de água atual, durante a estação
chuvosa, pode se reduzir significativamente
em climas futuros mais quentes, associados
a um aumento de temperatura e de evaporação
e a uma diminuição das chuvas.
Num cenário pessimista, o estudo sugere
que o Nordeste se transformaria de semiárido
em árido até finais do século
XXI. O balanço hídrico realizado
com as médias dos valores dos modelos
não chega a este extremo, mas sugere
que a estação chuvosa seria
mais fraca e os déficits de umidade
no solo seriam maiores no futuro. Na Amazônia,
o estudo sugere que a deficiência de
água na estação seca
seria pouco maior que no clima do presente
devido a uma redução das chuvas
durante a estação chuvosa.
Conseqüências gerais
A mudança climática poderá
alterar a estrutura e o funcionamento dos
ecossistemas. Pode haver a perda de biodiversidade
e de recursos naturais, ainda mais quando
se acrescenta às mudanças climáticas
os efeitos das alterações da
cobertura de vegetação, especialmente
desmatamentos. Outros efeitos: alterações
das rotas migratórias e mudanças
nos padrões reprodutivos das espécies.
Teme-se que a capacidade de absorção
de carbono das florestas tropicais, sensíveis
à mudança climáticas,
diminua com o tempo, e que estas deixem de
funcionar como eliminadoras de carbono e passem
a ser fonte de emissão deste gás.
No pior cenário, a Amazônia pode
virar Cerrado até final do século
XXI devido ao aumento na concentração
de gases de efeito estufa.
Os recifes de corais são especialmente
vulneráveis às mudanças
na temperatura da água; calcula-se
que um aumento entre 3ºC e 4ºC causaria
sua morte.
Doenças
A mudança climática pode causar
aumento do risco de incidência de doenças
como malária, dengue, febre amarela
e encefalite. Tais doenças teriam condições
mais favoráveis para se expandir num
planeta mais quente, em parte porque os insetos
que as carregam (caso da malária e
da dengue) teriam mais facilidade para se
reproduzir. Aumentaria ainda o risco de contrair,
por meio da água, salmonelose, cólera
e outras doenças.
Doenças respiratórias também
poderiam ser mais comuns, como conseqüência
de um possível aumento na incidência
de incêndios na floresta e na vegetação
da Amazônia e Cerrado, devido à
redução de chuva.
Além disso, teme-se que pessoas morram
como conseqüência das ondas de
calor, especialmente crianças e idosos.
A queda da produtividade agrária também
pode agravar a desnutrição,
que hoje já afeta 800 milhões
de pessoas globalmente.
Grandes cidades sentirão mais o aquecimento
Em todas as grandes cidades, o aquecimento
também deve exacerbar o problema das
ilhas de calor, no qual prédios e asfalto
retêm muito mais radiação
térmica que áreas não-urbanas.
Acesso à água
As mudanças climáticas ameaçam
intensificar as dificuldades de acesso à
água. A combinação das
alterações do clima, escassez
de chuva associada a altas temperaturas e
altas taxas de evaporação, pode
levar a uma crise nos recursos hídricos.
Os mais vulneráveis seriam os agricultores
pobres de subsistência na área
do semi-árido do Nordeste (polígono
da seca), região semi-árida
de 940 mil km2 que abrange nove estados do
Nordeste e enfrenta problema crônico
de falta de água.
Efeito estufa
O efeito estufa é um fenômeno
natural: parte do calor da energia solar que
atinge o planeta é aqui retida por
gases que se acumulam na atmosfera - parte
desse calor é liberado para o espaço.
Mas a concentração na atmosfera
de alguns desses gases, especialmente gás
carbônico, aumentou muito no século
XX, em virtude do intenso e crescente uso
de combustíveis derivados do petróleo,
gás e carvão; do desmatamento;
do aumento de resíduos orgânicos
nas cidades ou nas atividades agropecuárias;
no uso de substâncias e gases em processos
industriais e equipamentos.
Todos esses itens conduzem a uma intensificação
do efeito estufa; são as causas principais
do aquecimento observadas nos últimos
100 anos. Esses gases (gás carbônico,
metano, dióxido de enxofre etc.) permanecem
na atmosfera por décadas, o que significa
que, se as emissões fossem zeradas,
o planeta continuaria aquecendo e o clima
continuaria sofrendo transformações
por muito tempo, ainda que numa taxa menor.
Quioto - Para enfrentar o problema de aquecimento
global e lidar com esses problemas, mais de
150 países assinaram a Convenção
das Nações sobre Mudanças
Climáticas em 1992, e o Protocolo de
Quioto em dezembro de 1997. O Protocolo só
entrou em vigor em fevereiro de 2005, ainda
que não tenha sido ratificado pelos
Estados Unidos e pela Austrália.
No Brasil, dois grandes fatores contribuem
com as causas: o desmatamento da Amazônia
e da Mata Atlântica, o aumento das queimadas,
o uso de combustíveis especialmente
derivados do petróleo ou carvão
mineral. Os acordos internacionais deixam
claro que os países devem assumir compromissos
que tentem promover o desenvolvimento sustentável,
reduzindo e evitando o desmatamento; recuperando
áreas degradadas; o uso de forma mais
eficiente da energia disponível e ampliando
o uso de energia renovável, como solar
e eólica.
2) Diagnóstico sobre os efeitos da
elevação do nível do
mar decorrente do aquecimento global da atmosfera
nos ecossistemas costeiros brasileiros - sub-região
do litoral das regiões Sudeste e Sul
- estudo de caso da baía e estuário
de Santos e São Vicente (SP)
Instituições Executoras: Fundação
Centro Tecnológico de Hidráulica
- FCTH e Universidade de São Paulo
USP
Coordenadores: Prof. Associado Paolo Alfredini
e Dra. Emilia Arasaki
Este estudo foi desenvolvido a partir de
ensaios em uma grande maquete da Baía
e Estuário de Santos e São Vicente
(SP), em escala horizontal 1:1.200 e vertical
1:200. Objetivo foi elaborar um banco de dados
sobre a variação do nível
do mar, avaliar a velocidade e amplitude da
invasão do mar, além da previsão
dos impactos sobre as áreas urbanas
e manguezais da região.
A área estudada abriga o maior porto
da América Latina e a maior cidade
litorânea do estado de São Paulo.
Não se conhece estudo semelhante empregando
maquetes daquela dimensão para a questão
da elevação do nível
do mar em área costeira do Brasil.
A importância do estudo está
na possibilidade de simular diversos cenários,
reproduzindo diferentes situações
de maré e ondas. Em termos mundiais,
trata-se de um trabalho pioneiro. Construída
no Laboratório de Hidráulica
da Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo, a maquete tem capacidade
de simular marés altas e baixas, bem
como ondas.
Foram realizados ensaios em dois cenários:
o primeiro, na condição atual;
o segundo, com elevação do nível
médio do mar de 1,5 metro, situação
apontada como mais crítica para o ano
de 2100.
Um mapeamento temático foi elaborado,
utilizando o mapa digital do terreno (composto
pela topografia, linha de costa e demais contornos
que caracterizam a região) e de fotos
aéreas e imagens de satélite.
Resultados - Os resultados do estudo mostram
que, numa elevação extrema do
nível do mar, áreas atualmente
em processo erosivo, como a Praia de Milionários
(São Vicente), Ponta da Praia (Santos)
e Praia de Pitangueiras (Guarujá),
terão o processo de erosão intensificado.
Outra conseqüência: as faixas
de areia das praias santistas sofrerão
redução, afetando a distribuição
da fauna bentônica (que vive sob a areia)
onde não houver condições
de deslocamento de espécies. É
esperada também a diminuição
das espécies de peixes no estuário
devido à maior presença de água
salgada. Em relação aos mangues,
nota-se que haverá inundação
de extensas áreas, sem possibilidade
de migração desses bosques.
3) Estudo de caso da Ilha dos Marinheiros,
estuário da Laguna dos Patos, RS: Diagnóstico
ambiental, modelo de elevação
digital e avaliação de vulnerabilidade
frente a cenários de elevação
do nível do mar.
Instituição Executora: Fundação
Universidade Federal do Rio Grande (Furg)
Coordenador: Prof. Dr. Carlos Roney Armanini
Tagliani
A Ilha dos Marinheiros pertence ao município
de Rio Grande, localizado na porção
mediana da Planície Costeira do RS.
Ocupa grande enseada na porção
terminal da Laguna dos Patos. O estuário
da Laguna e seus entornos são extremamente
planos de importância fundamental na
estrutura de todo o ecossistema. É
área de grande biodiversidade, sensível
a mudanças, além de abrigar
sítios de atividades econômicas
e de lazer dos mais importantes. Surge daí
a grande vulnerabilidade dessas áreas
em cenários prováveis de elevação
do nível do mar.
O Projeto Ilha dos Marinheiros apresenta
estudo de avaliação dos impactos
sobre os ecossistemas e o modo de vida da
população tradicional da Ilha
dos Marinheiros, frente a vários cenários
de elevação do nível
do mar.
Resultados - A Ilha dos Marinheiros apresenta
erosão em todas as suas margens, independentemente
de qual seja a orientação da
linha de praia. Mantidas as taxas de erosão
aferidas neste trabalho, e caso não
se contenha o processo, a Ponta da Marambaia,
a sudeste, poderá desaparecer.
Mudanças nas condições
de ventos, ondas e correntes poderão
provocar o aumento nas taxas de erosão
observadas; modificação no campo
central de dunas; assoreamento de áreas
agricultáveis, por atividade eólica;
mudança de posição do
lençol freático; salinização
de poços de abastecimento de água
potável e recuo das áreas de
marismas (banhados invadidas por água
do mar).
Uma elevação de 50 centímetros
no nível do mar provocaria a inundação
de 30% das áreas com matas nativas
e 86% das áreas de marismas; com elevação
de 1 metro, os percentuais mudariam para 67%
e 99%, respectivamente. Nesse caso, praticamente
todas as áreas agricultáveis
da ilha seriam inutilizadas, sem possibilidade
de recuo das áreas agrícolas
e de marismas para pontos mais elevados, devido
às condições geológicas
e pedológicas.
Os resultados indicam que uma elevação
mínima de 10 cm no nível da
laguna inundaria uma área agricultável
de 4,2 hectares (ha), o que representaria
perda anual de R$ 11 mil. Com 1 metro de elevação,
a perda de 284 ha implicaria em perda de R$
780 mil por ano.
4) Diagnóstico de alterações
hidrológicas devido ao impacto das
mudanças climáticas sobre o
ecossistema costeiro temperado brasileiro
(RS), por meio da vegetação
e do macrozoobentos
Instituição Executora: Fundação
Universidade Federal do Rio Grande (FURG),
Rio Grande, RS.
Coordenadores: Dr. César Serra Bonifácio
Costa, Dr. Ulrich Seeliger & DR. Carlos
E. Bemvenuti
A planície costeira do RS estende-se
por 640 km, em clima temperado quente, abrange
37.000 km2 de dunas costeiras, campos, lagoas
e lagunas e abriga a maior parte da população
litorânea. Nesta região, os ecossistemas
de dunas arenosas e marismas são importantes
interfaces com o mar. São também
barreiras naturais contra tempestades e possuem
habitats que sustentam a biodiversidade, recursos
pesqueiros etc.
O projeto procurou identificar indicadores
de variação climática
de longo prazo na estrutura da paisagem das
dunas costeiras, bem como em comunidades estuarinas
de marismas e de invertebrados associados
ao fundo estuarino. Tanto comunidades vegetais
costeiras como invertebrados sedentários
do fundo vêm sendo utilizados em outras
partes do mundo como indicadores ambientais,
devido à sua sensibilidade a mudanças
nas condições de temperatura,
salinidade da água e presença
de compostos poluentes.
Resultados - As tendências apontam
para aumento nas temperaturas médias
de várias bacias de drenagem do Rio
Grande do Sul, na ordem de 0,5 a 2,0°C,
até meados do século XXI, acompanhado
por chuvas e vazões dos principais
rios 10 a 60% maiores.
Neste cenário, os fluxos de água
doce poderiam elevar a vazão média
da Laguna dos Patos para 2251-3274 m3/s, estendendo
a zona de mistura até a região
costeira adjacente e prejudicando pescarias
artesanais, condições de navegação
e atividades do Porto de Rio Grande. A dessalinização
do estuário da Laguna dos Patos, além
de redução da produtividade
das marismas e de invertebrados estuarinos,
alguns de interesse econômico, pode
facilitar a expansão de espécies
invasoras sensíveis à salinidade,
como o mexilhão-dourado.
Existem 7.376 hectares (ha) de macrohabitats
vegetados de marismas na costa gaúcha
- 92,7% deles (6.838 ha) estão situados
no estuário da Laguna dos Patos. A
comparação do mapeamento atual
com levantamentos passados, no sul do estado,
detectou aumento nas áreas das dunas
vegetadas e diminuição de dunas
esparsas/móveis. Tais tendências
parecem respostas ao aumento do nível
do freático nos últimos 30 anos.
O monitoramento da estrutura e distribuição
espacial de certos grupos de marismas poderá
avaliar alterações do gradiente
salino e efeitos ambientais do aumento da
temperatura. O padrão de oscilação
temporal dessas espécies nos estuários
maiores pode ser utilizado como parâmetro
para avaliar tendências ambientais de
longo prazo.
5) A diversidade e abundância de peixes
em zonas rasas estuarinas como indicadores
sensíveis a parâmetros climáticos
regionais e globais: estuários do RS
como estudo de caso
Instituição executora: Fundação
Universidade Federal de Rio Grande (FURG),
em parceria com Universidade Federal do Paraná
(UFPR), Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (IPH-UFRGS) e Texas A&M University
(EUA)
Coordenadores: Dr. João Paes Vieira
(FURG) e Dr. Alexandre M Garcia (IPH-UFRGS,
FURG)
A área de abrangência desse subprojeto
são os estuários do RS, com
ênfase na porção estuarina
da Laguna dos Patos e sua rica fauna de peixes.
O objetivo foi avaliar se a variação
interanual na diversidade e a abundância
de peixes que habitam as zonas rasas em estuários
podem ser utilizados como indicadores biológicos
sensíveis aos impactos provenientes
de mudanças climáticas.
A elaboração de um indicador
biológico sensível a anomalias
de chuva, especialmente àquelas ligadas
ao fenômeno El Niño, será
importante, pois acredita-se que eventos como
El Niño poderão ser mais freqüentes
num cenário de aumento da concentração
de CO2 na atmosfera.
Resultados - Num universo de 63 espécies
de peixes que ocorrem nas zonas rasas do estuário
da Laguna dos Patos, foi possível detectar
quatro indicadores (espécies de peixe)
que melhor refletem variações
de chuva na bacia de drenagem.
6) Proteínas de choque térmico
como bioindicadoras de alterações
climáticas
Instituição Executora: Fundação
Universidade Federal do Rio Grande
Coordenadores: Dr. Adalto Bianchini e Dr.
Pablo Elias Martinez
O aumento da temperatura acima de valores
normalmente suportados pelo organismo altera
o equilíbrio celular e provoca choque
térmico, levando à produção
de proteínas de choque térmico.
Dentre elas, a mais estudada é a Hsp70,
por causa de seu papel-chave na tolerância
térmica em animais. Neste estudo, foi
avaliada a presença da Hsp70 em células
imunológicas de fluídos vasculares
de cinco espécies do ecossistema costeiro
do sul do Brasil: o marisco branco Mesodesma
mactroides, o caranguejo Chasmagnathus granulatus,
a corvina Micropogonias furnieri, o lagarto
de dunas Liolaemus occipitalis e o camundongo
de dunas Calomys laucha.
Resultados - Os resultados indicam que a
utilização da Hsp70 nas células
imunológicas em espécies aquáticas
e terrestres de zona costeira, como biomarcadora
de alterações térmicas,
é viável. Isto porque a proteína
foi detectada em todas as espécies
analisadas e sua variação natural
não está associada a mudanças
sazonais.
Os resultados, após choque térmico
crônico, indicam que o aumento de temperatura
acima dos níveis normais por longo
período poderá causar perda
da biodiversidade, indicada pela não
tolerância do marisco branco M. mactroides
ao aumento de temperatura nas condições
testadas. Os dados indicam que os efeitos
dependem do habitat ocupado pela espécie,
sendo maiores em espécies terrestres
do que aquáticas.
7) Levantamento de indicadores sensíveis
a parâmetros climáticos no Pantanal
Instituições executoras: Fundação
Dalmo Giacometti e Embrapa Pantanal, em parceria
com Embrapa Florestas, Universidade Federal
do Mato Grosso do Sul e Universidade Federal
de Mato Grosso.
Coordenadora: Dr. Emiko Kawakami de Rezende
(Embrapa Pantanal)
O Pantanal foi escolhido por ter como principal
característica o pulso de inundações
sazonais, que pode ser bastante afetada por
mudanças climáticas globais.
O projeto avaliou respostas de espécies
frente a variações climáticas.
Foram analisados peixes; ninhos de jacaré
e da ave tuiuiú; árvores; relação
entre clima, idade e ocorrência de ninhos
de araras azuis na árvore manduvi;
répteis e anfíbios, microbiota
aquática, além de cenários
de inundação em função
de pluviosidade e altitude.
O trabalho fornece pistas para aspectos a
serem monitorados, bem como questões
a serem aprofundadas quanto aos efeitos de
variações climáticas,
manejo do ecossistema e conservação
de biodiversidade no Pantanal.
Resultados - Os resultados sugerem que o
Pantanal poderá ser bastante afetado
pelas mudanças climáticas globais.
Em cenários de clima mais seco, o ecossistema
poderá ser descaracterizado, incluindo
espécies hoje relativamente abundantes.
As inundações têm relação
direta com altitude e quantidade de água
remanescente de cheias anteriores. Entre os
indicadores avaliados, alguns apresentaram
resultados consistentes. A distribuição
de lixeiras (espécie de planta típica
da savana) de diferentes idades, no gradiente
de altitude/inundação, indica
que, em cenários de clima mais seco,
as áreas abertas do Pantanal serão
colonizadas rapidamente por espécies
xerófitas, levando a uma "savanização"
destas áreas.
Em cenários mais secos, o número
de ninhos de tuiuiu pode cair, afetando a
reprodução desta espécie.
É possível ocorrer a extinção
de peixes. Isso poderá acarretar reações
em cadeia, já que os peixes são
a base da dieta de muitas espécies
animais no Pantanal. O número de ninhos
de jacarés também sofrerá
redução.
Os dados sugerem que o recrutamento na população
da árvore manduvi (onde a arara azul
se reproduz) será tão afetado
que essa espécie de ave pode ser extinta.
Outras espécies arbóreas apresentaram
indício de crescimento diferenciado
em relação à precipitação.
O ipê roxo, por exemplo, parece ter
crescimento maior em anos mais chuvosos e
crescimento reduzido em anos secos.
8) Diagnóstico da saúde ambiental
de ecossistemas recifais da costa brasileira,
com a utilização de foraminíferos
bentônicos
Instituição executora: Fundação
Euclides da Cunha de Apoio à Universidade
Federal Fluminense, em parceria com o Departamento
de Geoquímica, o Departamento de Biologia
Marinha (Universidade Federal Fluminense),
o Departamento de Geologia (Universidade Federal
do Rio de Janeiro), e o Departamento de Oceanografia
(Universidade Federal de Pernambuco).
Coordenadora: Dra. Cátia Fernandes
Barbosa (Universidade Federal Fluminense).
Este projeto abrangeu recifes costeiros da
APA Costa dos Corais (PE) e de Porto Seguro
(BA) e os recifes oceânicos de Fernando
de Noronha (PE) e do Arquipélago dos
Abrolhos (BA). Espécies de foraminíferos
bentônicos foram utilizados como indicadores
por serem unicelulares, ocuparem todos os
ambientes marinhos, possuírem carapaça
calcária preservável como fóssil.
Apresentam ainda as mesmas exigências
metabólicas e de qualidade da água
dos corais, porém com um ciclo de vida
mais rápido em relação
a estes, o que facilita a diferenciação
entre eventos de estresse e declínio
de curto e longo tempo na qualidade da água.
O objetivo principal do projeto foi a elaboração
de diagnóstico da saúde de algumas
áreas de recifes de coral, com base
em estudo quantitativo e mapeamento dos padrões
de distribuição espacial das
frentes de estresse de branqueamento.
Resultados - A avaliação do
impacto natural e/ou antropogênico a
partir do mapeamento das frentes de branqueamento
das testas Amphistegina demonstra que esta
espécie pode ser usada nas áreas
de recifes de corais como bioindicador de
baixo custo. Uma vez que o ciclo de vida de
foraminíferos é de poucos meses,
estes organismos respondem mais diretamente
à degradação ambiental
do que os corais. Baixas densidades ou ausências
de foraminíferos em ecossistemas de
recifes de coral indicam que estas comunidades
estão em perigo.
Reunião da Conabio
A reunião desta terça-feira,
na Comissão Nacional de Biodiversidade
(Conabio), no auditório do Ministério
do Meio Ambiente (MMA), em Brasília,
recebeu a presença de 200 servidores,
gestores e consultores ligados ao governo
e à área ambiental para conhecer
os resultados de oito estudos, encomendados
há três anos pela Conabio e pelo
MMA, sobre Mudanças Climáticas
e seus Efeitos sobre a Biodiversidade Brasileira.
Após a abertura da reunião,
realizada às 15h pela ministra Marina
Silva, o secretário de Biodiversidade
e Florestas, João Paulo Capobianco,
coordenou as palestras dos pesquisadores.
Todos os resultados das pesquisas foram apresentados
em detalhes, inclusive com imagens de satélite,
fotografias, recortes de notícias de
jornal documentando sinistros climáticos,
como inundações.
Os oito estudos analisaram o perfil evolutivo
do clima no País e desenharam possíveis
cenários do clima nos próximos
100 anos (de 2010 a 2100). Os pesquisadores
avaliaram ainda os efeitos da elevação
do nível do mar na costa brasileira
e identificaram indicadores para aferir com
maior sensibilidade as mudanças climáticas.
Eles foram solicitados para orientar o governo
na definição de políticas
públicas que sejam capazes de enfrentar
a questão do aquecimento e de outras
mudanças climáticas.
Foto: MMA