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OFICINA DEFINE METAS PARA PROTEGER E RECUPERAR BACIA DA BILLINGS

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Março de 2007

01/03/2007 - ISA e representantes das prefeituras da região do manancial, da sociedade civil e de órgãos estaduais discutiram metas para proteger as áreas preservadas remanescentes, requalificar as áreas antropizadas, reverter a poluição oriunda do bombeamento das águas do rio Pinheiros, recuperar o passivo ambiental e social e garantir a participação dos cidadãos no processo de produção de água para abastecimento público.

O Programa Mananciais do Instituto Socioambiental promoveu nesta quarta-feira, 27 de fevereiro, na sede do Consórcio de Municípios do ABC, mais uma oficina para discutir objetivos e metas a serem incorporados à Lei Específica da Billings, em elaboração pelo Sub-Comitê da bacia e que deve ser aprovada ainda este ano.

A oficina contou com a participação de 26 representantes das prefeituras da região, sociedade civil organizada e órgãos estaduais e é a segunda a ser realizada neste mês de fevereiro. A primeira oficina apresentou dados atualizados da Bacia da Billings, produzidos no âmbito do projeto “Avaliação da implementação das propostas de ação e recomendações resultantes do Seminário Billings 2002 e produção de informações técnicas necessárias à elaboração da Lei Específica”. Desenvolvido pelo ISA com recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro), o projeto permitiu que o Diagnóstico Socioambiental da Billings, publicado em 2002, fosse atualizado.

Segundo os dados apresentados pelo estudo do ISA, em 2006 a bacia da Billings tinha 40% de seu território ocupado por atividades humanas, sendo 13% por usos urbanos e 27% por usos antrópicos diversos, como agricultura, mineração, silvicultura, áreas de pastagens e terrenos abandonados e sem uso aparente. A região conta com 43% de cobertura de vegetação de Mata Atlântica e o reservatório ocupa os restantes 17% da bacia.

Grande parte da ocupação urbana identificada (63%) concentra-se nas porções dos municípios de São Paulo e São Bernardo do Campo inseridas na bacia. O mesmo se dá para os usos antrópicos (70%). As áreas cobertas por Mata Atlântica, por sua vez, concentram-se principalmente nos municípios de Santo André – o mais preservado da bacia - e São Bernardo.

Para avaliar a situação das Áreas de Preservação Permanente (APPs), o estudo do ISA considerou, até o momento, as faixas de 30 metros no entorno dos corpos d’água, 50 metros da represa e de nascentes. Em 2006, 43% das APPs hídricas encontram-se alteradas por usos humanos, sendo 10% por usos urbanos e 33% por atividades econômicas diversas que existem na região. O estudo constata ainda que 16% da ocupação urbana e 25% da ocupação antrópica existentes na região estão em APPs.

Em outubro do ano passado, houve uma oficina de discussão dos objetivos da lei. Como continuidade a este processo, na oficina desta semana foram discutidas metas para alcançar os objetivos, que são: proteger as áreas preservadas remanescentes e requalificar as áreas antropizadas (para torná-las parceiras da produção de água); reverter a poluição afluente pelo bombeamento das águas do rio Pinheiros para a represa; recuperar o passivo ambiental e social; e, garantir participação cidadã no processo de produção de água para abastecimento público.

Na oficina foram discutidas metas para o primeiro objetivo - proteger as áreas preservadas remanescentes e requalificar as áreas antropizadas. Entre elas: garantir a preservação dos remanescentes existentes em 2000 e ampliar a área vegetada para 60% da bacia até 2017 (10 anos após a aprovação da lei); recuperar, em 10 anos, as APPs hídricas ocupadas por usos antrópicos; e promover instrumentos de compensação aos municípios para a preservação e ampliação de áreas protegidas.

No próximo dia 13 haverá nova oficina para dar continuidade à proposição de metas. Além disso, o grupo responsável pela elaboração da lei irá apresentar uma avaliação sobre a inserção das metas propostas e sua compatibilidade com a minuta de lei que está em discussão.
ISA, Marussia Whately

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O esgoto corre solto na Guarapiranga

Expedição percorreu a região da Bacia Hidrográfica da Guarapiranga, na zona sul de São Paulo, e recolheu para análise amostras de água de rios e córregos que desaguam na represa. A visita organizada por ONGs, entre elas o ISA, se deparou com cenários de abandono ou funcionamento precário das estações elevatórias de esgoto, poucas ligações entre residências e a rede coletora e cursos d' água extremamente poluídos.

Em torno de 800 mil pessoas vivem na área da Bacia Hidrográfica da Guarapiranga, um dos principais mananciais para o abastecimento de água para a população da Grande São Paulo. Pouco mais da metade dessa população tem rede de esgoto instalada em suas residências. Mesmos nestes casos, a maioria do esgoto coletado é despejada nos rios e na represa, ao invés de ser transportada para tratamento. Assim, os esgotos domésticos, vertidos diretamente pelas tubulações das residências, ou com o carimbo da Sabesp, nos córregos, rios e na própria represa - somados à poluição difusa gerada na bacia -, poluem e comprometem a qualidade da água da Guarapiranga. O problema foi apontado em detalhes na publicação GUARAPIRANGA 2005 – Como e por que São Paulo está perdendo este manancial, lançada pelo ISA em 2006, e foi confirmado por expedição pela região do manancial organizada por um conjunto de ONGs no último dia 15 de fevereiro.

A expedição visitou cinco pontos na região da Guarapiranga, quatro deles equipados com estações elevatórias da Sabesp que captam e retiram o esgoto gerado nas casas para destiná-lo a tratamento, preservando os córregos, rios e a própria represa. Ou que deveriam captar e retirar. O cenário encontrado pelo grupo é de abandono ou funcionamento precário das estações elevatórias, poucas ligações entre residências e a rede coletora e, em conseqüência, córregos e rios extremamente poluídos. Das cinco amostras de água coletadas, apenas uma apresentou resultado considerado aceitável. Três amostras de águas obtiveram qualidade considerada “ruim” e uma, “péssima”. Clique aqui para ler o relatório da expedição na íntegra. “Os resultados das amostras coletadas indicam que a poluição na represa continua intensa e confirmam que a situação ainda está longe de ser aceitável”, afirma Marussia Whately, coordenadora do Programa Mananciais do ISA.

O relatório da expedição será encaminhado para o Ministério Público Estadual (MPE) com a intenção de subsidiar o inquérito civil público, aberto no final do ano, para que a Sabesp esclareça o lançamento de esgoto da rede pública, sem tratamento, no reservatório e nos cursos d’água da bacia da Guarapiranga. O documento será enviado ainda para a Secretária Estadual de Meio Ambiente e para a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado (Cetesb). O inquérito foi aberto pelo MPE após representação encaminhada por entidades da sociedade civil, entre elas o ISA, denunciando a situação de saneamento na região da Guarapiranga.

"O cheiro é ruim demais"

No Jardim dos Reis, primeiro ponto visitado, no fundo de um vale que divide os municípios de São Paulo e Itapecerica da Serra, um conjunto de barracos recém-construídos joga todo o esgoto no rio que corre por perto. A estação elevatória ao lado dos barracos também verte esgoto não tratado no leito do riacho. Uma das moradoras da favela, a alagoana Maria do Carmo da Silva, diz que na época de chuva o córrego fica mais limpo do que o normal, “pois a água leva tudo embora”. “Ruim mesmo é quando o tempo fica seco, a sujeira se acumula e o cheiro é ruim demais”, diz ela, que está desempregada, assim com o marido. “Passo o dia cuidando das minhas netas, para minha filha poder trabalhar”. Dona Maria diz que a chuva é boa e ruim, pois se leva os detritos córrego abaixo, também enche o leito e provoca inundações na favela. “A gente convive com a chuva, mas não sei se ela é boa não”.

No Jardim Vera Cruz, bairro localizado no distrito do Jardim Ângela próximo à represa, a chuva também provoca a inundação dos córregos de água preta que correm livres entre as ruas de terra. “A represa vem até aqui do lado”, diz o dono de um bar onde não se vende água mineral. Se não falta água suja, o mesmo não se pode dizer da potável. “Aqui falta água dia sim outro também”, diz outro jovem sentado no muro do boteco. A falta de água encanada potável saindo das torneiras e chuveiros é o outro lado da moeda da falta de saneamento básico na região dos mananciais de São Paulo.

A situação grave dos córregos que deságuam na represa, no Jardim Vera Cruz, se explica por uma série de fatores, entre eles a existência de uma estação elevatória da Sabesp que, embora tenha sido construída há onze anos, até hoje não funciona. Procurada pelo ISA, a Sabesp afirma que não pode esclarecer nada a respeito das estações visitadas na expedição antes de responder ao MPE no inquérito em curso.

O Jardim Vera Cruz é um dos núcleos habitacionais que se adensaram em locais proibidos ou perigosos na região, como encostas ou perto de corpos d' água, e que já ocupam 17% da área da bacia da Guarapiranga. Uma das conseqüências deste processo é a retirada da vegetação nativa, fundamental para a produção de água com qualidade. Atualmente, pouco mais de um terço da área total da bacia mantém sua vegetação original. A diminuição da mata, a intensa ocupação humana e a superexploração para abastecimento estão contribuindo para a redução da represa: em 30 anos, a Guarapiranga diminuiu em 20% seu espelho d´água.

Em outro ponto perto de curso da água, na Estrada da Baronesa, que fica ao lado do córrego Itupu, a falta de coleta de esgoto é flagrante. Todas as casas jogam seus detritos nos córregos da localidade, ainda que a Sabesp mantenha a rede de captação por perto. “Nestas regiões, que são Áreas de Proteção Permanente (APPs) a situação é muito grave pois a lei não permite que a infra-estrutura seja instalada, ainda que na realidade a ocupação esteja totalmente consolidada”, diz Marussia Whately, do ISA. “Nas APPs não pode chegar rede de esgoto, então a população teria que ser reassentada em local perto e de forma digna”. Cerca de 40% das APPs na bacia da Guarapiranga estão invadidas ou ocupadas.

Outro problema constatado durante a expedição é a baixa mobilização das comunidades para aumentar a captação do esgoto doméstico. A expedição percebeu que em alguns bairros existe o acesso à rede coletora, mas as pessoas simplesmente não fazem as conexões com suas residências. “No Jardim Vera Cruz, por exemplo, como tem a estação, é sinal de que tem rede pelo menos em parte do bairro. O que não tem é a conexão com as casas. Como a comunidade não se envolve, a intervenção pública não consegue mudar a situação.”

Esta foi a primeira de três expedições programadas pela região da Guarapiranga. A atividade é resultado de parceria entre o CEDHEP – Centro de Direitos Humanos e Educação Popular de Campo Limpo, Fórum em Defesa da Vida e Contra a Violência, Fundação SOS Mata Atlântica, Instituto Socioambiental e SOS Guarapiranga.
ISA, Bruno Weis.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.isa.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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