08/03/2007
- A produção de etanol e de
biocombustíveis representa um novo
segmento à economia brasileira: a economia
da agroenergia. A avaliação
é da ministra-chefe da Casa Civil,
ao destacar a importância do protocolo
assinado nesta quarta-feira (7), em Brasília,
entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), a Federação das Indústrias
do Rio Grande do Sul (Fiergs) e o Instituto
Euvaldo Lodi (IEL), para execução
do programa para produção de
biocombustíveis no Rio Grande do Sul.
Segundo a ministra, que participou da solenidade
junto com o ministro da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, Luís Carlos Guedes
Pinto, projetos semelhantes a esse dão
ao governo federal a certeza de que o etanol
é decisivo para acelerar o desenvolvimento
econômico do país. “O governo,
desde a primeira gestão, destaca os
dois pilares do biocombustível: o etanol
e o biodiesel”, observou Dilma Rousseff. Ela
diz que o crescimento do setor vai incentivar
a abertura de novas fronteiras agrícolas
no Rio Grande do Sul. “Estamos prontos para
disputar a corrida do que se refere a primeira
e segunda gerações de biocombustível
e a Embrapa é estratégica para
manter o nosso protagonismo”, afirmou.
Para o ministro da Agricultura
a produção brasileira de álcool
pode chegar aos 14 mil litros por hectare.
Luís Carlos Guedes diz que a execução
do programa no Estado gaúcho contribuirá
para alcançar um maior volume de álcool
combustível, sem prejudicar o meio
ambiente. Embora a cultura canavieira no Rio
Grande do Sul não seja tão expressiva
como em outros estados – tanto que os gaúchos
importam 98% do álcool consumido, pagando
um valor 42% acima do preço de outras
regiões brasileiras – poderá
ocupar significativo espaço na economia
gaúcha. O diretor-presidente da Embrapa,
Silvio Crestana, e o presidente da Fiergs,
Paulo Tigre, compartilham da mesma certeza:
o Rio Grande do Sul não pode ficar
fora da realidade do etanol. Crestana, inclusive,
enfatizou que a Embrapa divide a liderança
no programa de biocombustíveis porque
afinal, aposta nas três agriculturas
hoje existentes no Brasil: a de produção
de alimentos, de fibras e de energia.
Deva Rodrigues
MINISTRO APRESENTA
ETANOL A COMITIVA DE EMPRESÁRIOS JAPONESES
07/03/2007 - “Podem começar
a misturar 3% de álcool à gasolina
japonesa que o Brasil garante o suprimento
do produto.” Foi com esta frase, que busca
dissipar as dúvidas sobre a capacidade
brasileira de atender à demanda internacional
por etanol, que o ministro da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, Luís
Carlos Guedes Pinto, tranqüilizou comitiva
de 52 empresários japoneses ligados
à Federação de Negócios
do Japão (Nippon Keidanren), que esteve
no ministério esta quarta-feira (07/3).
O encontro, que antecede
a viagem de Guedes ao Japão e dois
outros países asiáticos (marcada
para 9 a 19 deste mês), antecipou os
temas que serão tratados em reuniões
com autoridades locais. “O Japão tem
planos de misturar 3% de etanol a seu combustível.
O Brasil será capaz de atender esta
demanda, desde que haja contrato entre as
partes.”
Segundo Guedes, o Brasil
nunca deixou de honrar compromissos de exportação.
“Não há em nossa história
casos de default de contratos. É preciso
entender, porém, que etanol não
é como petróleo, que pode deixar
de ser extraído quando não existe
demanda. A cana-de-açúcar precisa
ser colhida todo ano; por isso, precisa ter
demanda assegurada.” Nestas condições,
disse o ministro, o Brasil pode até
triplicar sua produção, sem
a necessidade de derrubar uma árvore
sequer.
“Em nosso país, 200
milhões de bovinos ocupam uma área
de 220 milhões de hectares. Há
muito espaço para uma utilização
mais eficiente do solo. Só com a recuperação
de pastagens degradadas para a agricultura,
podemos acrescentar à produção
mais 50 milhões de hectares.”
Para assegurar tanto a demanda
quanto o suprimento do produto, o Brasil vem
trabalhando para transformar o etanol em commodity.
“Precisa haver estabilidade de preço
tanto para o produtor quanto para o consumidor
e, para isso, é preciso pensar em contratos
de longo prazo. Outra alternativa é
atrelar o preço do etanol à
variação de preço do
petróleo”, afirmou Guedes.
Ao comentar o encontro,
Shoei Utsuda, representante da Nippon Keidanren,
afirmou: “Com sua explicação,
o ministro nos convenceu de que não
há riscos de fornecimento de etanol
pelo Brasil. Os estudos em andamento, sobre
a ligação do preço do
etanol ao petróleo, também nos
tranqüilizaram. Resta lidar, agora, com
questões relativas à logística
de exportação do produto do
Brasil.” A Mitsui & Co., empresa de que
Utsuda é presidente e executivo-chefe
(CEO), acaba de anunciar acordo de investimento
em usinas de etanol associada à Petrobrás.
AUMENTO DA PROCURA
POR ETANOL NOS EUA APONTA CENÁRIO FAVORÁVEL
Á AGRICULTURA BRASILEIRA
07/03/2007 - O crescimento
da demanda por etanol no mercado norte-americano
deve provocar um novo ciclo promissor no agronegócio.
O cenário traçado durante o
Fórum Mundial de Agricultura, promovido
pelo Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos, no início deste mês,
em Washington, aponta para um incremento do
comércio de milho e soja. “As perspectivas
para o Brasil são extremamente animadoras”,
diz o coordenador da área de fibras
e oleaginosas da Secretaria de Política
Agrícola (SPA), do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa), Sávio Pereira.
O forte aumento da procura
por etanol nos EUA deve beneficiar o agronegócio
brasileiro, prevê Pereira, que participou
do evento. Segundo ele, a tendência
é que os agricultores norte-americanos
expandam significativamente a produção
de milho, ocupando áreas hoje destinadas
à soja. Com isso, acrescenta, abrem-se
duas oportunidades para o Brasil: ampliar
as exportações da oleaginosa
e as de milho para outros mercados. “Os Estados
Unidos devem exportar menos soja e milho.”
De acordo com Pereira, o
uso de milho para a produção
de etanol nos EUA neste ano é estimado
em 54 milhões de toneladas. Os números
apresentados durante o Fórum Mundial
de Agricultura indicam que o mercado norte-americano
deve destinar cerca de 81 milhões de
toneladas do produto para fabricação
de álcool combustível em 2008.
Ao mesmo tempo, informa, o estoque de milho
naquele país deve cair para 5% do volume
da safra. “Historicamente, o estoque deles
sempre se manteve na média de 12%.
O novo percentual reflete o crescimento da
demanda por milho destinado ao etanol.”
Esse cenário, avalia
Pereira, vai incentivar o produtor brasileiro
a aumentar a área plantada com as duas
culturas. O último levantamento da
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab),
destaca, projeta uma safra recorde de 127,7
milhões de toneladas de grãos
em 2006/07, com redução de 3,5%
na extensão das lavouras. “Ou seja,
o crescimento deve-se basicamente aos ganhos
de produtividade. Diante do novo quadro da
agricultura norte-americana, a expectativa
é que o Brasil expanda a área
cultivada na temporada 2007/08.”
Cotações -
As projeções para as cotações
de milho e soja também são animadores,
diz Pereira. Hoje, o produtor norte-americano
recebe, em média, US$ 126 por tonelada
de milho. A previsão é que em
2007/08 a tonelada do cereal chegue a US$
142. Já o preço médio
da tonelada de soja nos EUA, que atualmente
é de US$ 228, deve subir para US$ 261
em 2007/08. A se confirmar esse cenário,
assinala, isso também terá reflexos
no mercado brasileiro.
“Pela primeira vez, nesses
dez anos que participo do Fórum Mundial
de Agricultura, vi fazerem previsões
de preços de grãos com base
em perspectivas futuras. Antes, elas sempre
eram feitas a partir de fatos já ocorridos,
como uma seca, por exemplo”, observa Pereira.
O técnico do Mapa
ressalta que a atual produção
brasileira de milho já deve ter um
excelente resultado, graças ao bom
desempenho da safra de verão no Paraná.
“A produtividade média do cereal no
Paraná cresceu 25%, saltando de 5.120
quilos para 6.380 quilos por hectares.”
A produção
brasileira de milho (1ª e 2ª safras)
deve chegar a 48,8 milhões de toneladas
em 2006/07, com aumento de 14,7% em comparação
à passada, de 42,5 milhões de
toneladas. Só a safrinha de milho deve
totalizar 13 milhões de toneladas,
segunda as dados da Conab.
Neste ano, as exportações
de milho devem alcançar 6,5 milhões
de toneladas, calcula a estatal. Em 2008,
acredita Pereira, esse volume pode crescer
mais, se não houver nenhuma adversidade
climática.
GOVERNO E SETOR
PRIVADO ELABORAM PLANO DE FOMENTO AO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
07/03/2007 - O seminário
promovido pela Secretaria de Desenvolvimento
Agropecuário e Cooperativismo (SDC),
do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (Mapa), para discutir e elaborar
um Plano de Fomento ao Desenvolvimento Sustentável
Local. O objetivo do programa é permitir
maior crescimento do setor agropecuário
por meio da identificação das
potencialidades regionais e locais e da reestruturação
das cadeias produtivas, estimulando a inovação
tecnologócia, a organização
do setor, a capacitação de produtores
e a atração de novos investimentos.
O secretário de Desenvolvimento
Agropecuário e Cooperativismo, Márcio
Portocarrero, explicou que a intenção
do Mapa é estender para todo o País
as experiências já desenvolvidas
com Agropolos criados nos Estados do Ceará,
Paraná, São Paulo, Bahia, Pará,
Espírito Santo e Mato Grosso. “O plano
será baseado nos projetos implementados
nestes Estados, com a integração
dos diversos setores da sociedade na definição
e execução de ações
que melhor atendam as potencialidades regionais”,
destacou Portocarrero.
Segundo ele, a proposta
será enviada a representantes da bancada
ruralista no Congresso Nacional de forma a
garantir que recursos de emendas parlamentares
possam ser canalizados para os projetos de
desenvolvimento sustentável nos municípios.
“O Ministério da Agricultura recebe
demandas das prefeituras e dos governos estaduais
que resultam em emendas parlamentares que
às vezes não atendem às
reais necessidades regionais”, explicou.
Na avaliação
do secretário, a criação
do plano pode mudar a interferência
do Mapa no fomento ao desenvolvimento local.
Os Agropolos já em andamento trabalham
a partir da elaboração de um
diagnóstico sobre o potencial da região,
treinamento dos produtores, definição
dos cultivos e de instrumentos capazes de
atrair indústrias e permitir o acesso
a novos mercados. O papel do Mapa nesse processo,
por meio da SDC, é viabilizar a adoção
de metodologia e modelo únicos e flexíveis
para a implantação do plano,
buscando contemplar as peculiaridades e as
especificidades de cada região ou local.
O seminário realizado
em Brasília, conta com a participação,
entre outros, de representantes do Mapa, Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA), Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio (MDIC),
Sebrae, Emater, CNPq, Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA), Senai,
Organização das Cooperativas
Brasileiras (OCB), Embrapa, Superintendências
Federais de Agricultura, Instituto Agropolos
do Ceará, de São Paulo, do Pará,
do Espírito Santo, do Paraná,
da Bahia e do Mato Grosso. Ao todo são
61 participantes.