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DEMORA NA PAVIMENTAÇÃO DA BR-163 ABRE ESPAÇO PARA ESTRADAS ILEGAIS, DIZ INSTITUTO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2007

10 de Março de 2007 - Clara Mousinho - Da Agência Brasil - Brasília - Um levantamento do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) mostra que quase metade (40%) da malha rodoviária da BR-163 é cortada por estradas ilegais, construídas de forma precária principalmente para apoiar o desmatamento ilegal na Amazônia. Segundo um dos coordenadores do instituto, Ricardo Melo, a demora na pavimentação da rodovia contribui para a abertura destas rotas.

"O governo quando abre uma área de assentamento, por lei, é obrigado a abrir estradas pras populações. Mas muitas vezes ele não tem dinheiro para fazer isso. Como você tem pessoas assentadas e não tem dinheiro para construir estradas legais, começa um processo ilegal de abertura de estradas que é feito em parceria com o setor privado, formado por madeireiros e pecuaristas”, diz Melo.

Esta semana, representantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA), do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da sociedade civil discutiram os maiores desafios da BR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA).

A BR-163 tem 1,7 mil quilômetros e é uma das rodovias utilizadas para o escoamento da soja produzida no Mato Grosso. A estrada é alvo de ocupação desordenada e de atividades rurais não planejadas.

“É preciso definir quem é dono de que. A partir disso a gente tem outras coisas, a questão da gestão florestal, como vai ser explorado isso. Se essa exploração de fato vai representar uma melhoria de vida das populações locais, como gerenciar as florestas dessas regiões”, sugere o coordenador do Ipam.

Foram definidos na reunião quatro eixos de trabalho. Segundo o pesquisador do Ipam, David McGrath, os desafios são: as questões fundiárias, a questão da implantação da nova política florestal especificamente o Distrito Florestal, fortalecimento da participação da sociedade civil e a questão do fomento à produção.

Para o diretor do programa nacional de florestas do Ministério do Meio Ambiente, Tasso Azevedo, o maior desafio é completar o asfaltamento da rodovia com um modelo de desenvolvimento econômico sustentável da floresta. “A floresta em pé tem que valer bem mais do que a floresta no chão.”

Pavimentação da BR-163 começa no segundo semestre, diz técnico da Casa Civil

7 de Março de 2007 - Kelly Oliveira - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A pavimentação de um trecho de mil quilômetros da BR-163, entre Guarantã do Norte, em Mato Grosso, e Santarém, no Pará, deverá ser iniciada no segundo semestre deste ano. A informação foi dada hoje (7) pelo subchefe adjunto de Análise e Acompanhamento de Políticas governamentais da Casa Civil, Johaness Eck, ao participar do seminário BR-163: caminhos e descaminhos em busca de sustentabilidade, realizado pelo Instituto Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

A obra de pavimentação da BR-163 foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado pelo governo no dia 22 de janeiro para estimular o crescimento econômico do país.

Eck informou que o custo da obra, a ser executada em quatro anos, está estimado em cerca de R$ 1,2 bilhão. Segundo o cronograma da obra, a licença de instalação, necessária para o início da pavimentação, deve ser entregue pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em maio deste ano. “Depois do licenciamento, será necessário ainda que o período de chuvas termine para que as obras comecem”, acrescentou Eck.

Ele disse que o governo pretende também investir recursos para que haja desenvolvimento sem agressão ao meio ambiente. Para isso, serão implementadas medidas do Plano BR-163 Sustentável, que prevê educação ambiental, recuperação de áreas degradadas, capacitação de mão-de-obra dos trabalhadores executores da obra, apoio às comunidades indígenas e proteção à fauna e à flora, entre outros.

Em 2006, o orçamento para esse plano foi de R$ 800 milhões. “Agora estamos ajustando o orçamento para os próximos anos. Temos expectativa de aumento em função da obra de pavimentação que está incluída no PAC”, afirmou Eck.

Para o diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Marcos Ximenes, é necessário também um trabalho de fiscalização da sociedade para evitar a ação de grileiros e a devastação ambiental. Segundo ele, sem o controle social, crescem a ocupação desordenada, as queimadas e atividades rurais sem planejamento ao longo do trecho que será pavimentado.

“A tradição é que, quando se faz uma estrada, a destruição da natureza vem junto, porque aumenta o interesse pela área. A idéia é que possamos asfaltar, mas atenuar esse efeito. Mas não é o governo que vai chegar lá e impor um mecanismo de controle, com um policial em cada esquina. Isso não é um mecanismo que funcione porque é uma área extensa”, disse Ximenes. Ele acredita que, com o controle social, é possível reduzir em 40% os desmatamentos na região. “Fizemos essa simulação. Com a integração e planejamento participativo isso é possível”.

Para o presidente do Centro de Estudos, Pesquisa e Formação de Trabalhadores do Baixo Amazonas (Ceftbam), Venilson Taveira, a criação de assentamentos e reservas ambientais na região freou a invasão de grileiros. Entretanto, ressaltou, ainda falta investimento do governo em programas sociais para as comunidades da região.

“É preciso fazer com que as políticas públicas cheguem, como o programa Luz para Todos, a educação, as estradas, dentro dos assentamentos. Na hora que isso acontecer dentro dos assentamentos, vamos ter outra economia para a agricultura familiar naquela região”, enfatizou.

Pesquisa aponta avanço de estradas ilegais em terras públicas na Amazônia

10 de Março de 2007 - Gilberto Costa e Elaine Borges - Repórteres da Rádio Nacional da Amazônia - Brasília - Imagens de satélite analisadas pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, o Imazon, mostram que há 173 mil quilômetros de estradas abertas ilegalmente em terras públicas na Amazônia.

De acordo com o estudo, a cada ano surgem cerca de 1,9 mil quilômetros de novas estradas de chão batido, abertas na mata por meio de moto-serras, tratores do tipo patrol ou tratores de esteira com correntes estendidas (usados para maiores devastações).

As estradas clandestinas trazem a extinção da floresta e concentram o desmatamento. Nove em cada 10 quilômetros da malha rodoviária ilegal estão no Mato Grosso, Rondônia e Pará. No raio de 5 quilômetros das pistas ilegais estão 80% da destruição da Amazônia, calcula o geógrafo Carlos Souza Júnior, responsável pelo estudo do Imazon.

Ele explica que a análise das imagens de satélite permite compreender a “geografia da ocupação” antes que as novas fronteiras de exploração da floresta estejam delineadas. Com as fotos das rodovias “endógenas” ou “não-oficiais”, governo e sociedade podem antecipar onde ocorrerão processos de desmatamento.

“Se a gente consegue localizar essas estradas, a gente consegue prever com muito mais precisão onde vai acontecer o desmatamento nos próximos anos”, explica o geógrafo.

Para Marcelo Marquesine, um dos coordenadores das campanhas do Greenpeace na Amazônia, as estradas são “as veias abertas da destruição da floresta”, as rodovias clandestinas iniciam um ciclo de devastação.

A estrada serve primeiro para retirar madeira nobre, em seguida vem a ocupação da terra pública por meio de grilagem. Por fim, o uso da terra para a pecuária extensiva ou para a exploração agrícola em monocultura. “Os madeireiros abrem as estradas, retiram as melhores espécies (ipês, jatobás, mogno e cedro) e na seqüência entra o fazendeiro”, explica Marquesine.

A pesquisa do Imazon verificou que as estradas ilegais cortam inclusive áreas protegidas (como a Estação Ecológica da Terra do Meio, a Terra Indígena do Baú ou mesmo área militar do Caximbo, ambas no Pará) e formam caminhos vicinais às estradas regulares como a BR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA) e está em processo de licenciamento ambiental no Ibama para a pavimentação.

Para que a rodovia asfaltada não venha a aumentar a destruição, o governo federal e a sociedade civil formaram grupos de trabalhos que planejaram medidas mitigadoras da obra, entre elas a criação nos dois últimos anos de oito unidades de conservação e o estabelecimento de áreas de limitação administrativa provisória às margens BR-163 – de onde não podem partir rodovias vicinais irregulares.

Na avaliação de Marcos Ximenes, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, e um dos articuladores da participação social no projeto de pavimentação da BR-163, a Lei de Concessão de Florestas vai aumentar a capacidade do Estado em controlar a ocupação da Amazônia e evitar a abertura de pistas irregulares. “O Estado se torna senhor da situação”, opina Ximenes.

Para Marcelo Marquesine, do Greenpeace, o projeto de concessão de floresta é “bom” mas restrito às empresas que trabalham com manejo florestal e não garante que as madeireiras que financiam a construção de estradas clandestinas saiam da ilegalidade.

Segundo ele, a “governança” da região será resolvida com medidas que criem mais alternativas econômicas e resolva a questão fundiária. “Não existe regularização fundiária na Amazônia. Daí se instala o caos.”

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 

 

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