9
de Março de 2007 - Nielmar de
Oliveira - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - A Petrobras
atua no segmento de etanol desde a década
de 70, quando apoiou a implantação
do Programa Nacional do Álcool
(Proálcool). Na época,
a empresa de abrangência nacional
destinada a transporte, armazenamento,
distribuição de derivados
líquidos de petróleo e
à mistura de álcool a
gasolina foi fundamental na agilização
do desenvolvimento do programa.
A estatal brasileira
foi a primeira a instalar bombas de
álcool hidratado em seus postos
de combustíveis espalhados pelo
Brasil. Também desenvolveu e
instalou os primeiros tanques para estocagem
de álcool carburante. A consciência
da capacidade de desenvolvimento do
mercado mundial do etanol como combustível
alternativo aos derivados do petróleo
vem levando a empresa a procurar cada
vez mais o mercado externo. No ano passado,
a estatal exportou 120 milhões
de litros de etanol para o mercado venezuelano,
volume que agora em 2007 deverá
chegar aos 240 milhões de litros.
Paralelamente, a empresa
vem buscando outros mercados como o
asiático, o europeu e o africano.
Já está pronta uma carga
de 20 milhões de litros de álcool
que deverá ser embarcada ainda
este mês para a Nigéria.
A intenção da estatal
é chegar ao final deste ano exportando
um total de 850 milhões de litros
de etanol. Mas as pretensões
da estatal são ainda mais ambiciosas:
no Plano Estratégico da Companhia,
em 2011 as exportações
da petroleira deverão atingir
os 3,5 bilhões de litros, sendo
a maior parte para o Japão.
Embora as primeiras
cargas de álcool exportadas pela
Petrobras tivessem como destino a Venezuela,
é exatamente para o Japão
que seguirá a maior parte destes
3,5 bilhões de litros a serem
exportados a partir de 2011: 85% a 90%.
Para viabilizar o negócio, em
2005, a Petrobras e estatal japonesa
Nippon Alcohol Hanbai K.K criaram naquele
país asiático a Brazil-Japan
Ethanol, uma joint-venture com participação
de 50% para cada empresa e que ficará
responsável pela importação
de etanol.
Paralelamente, no
Brasil, a Petrobras desenvolvendo ações
para viabilizar a produção.
Foi firmado, com a também japonesa
Mitsui, um Memorando de Entendimento
para analisar mais de 40 projetos privados
– principalmente a construção
de usinas produtoras. Na avaliação
do diretor de Abastecimento da Petrobras,
Paulo Roberto Costa, serão necessários
investimentos de US$ 4 a US$ 5 bilhões
para que a empresa atinja a meta de
exportação de 3,5 bilhões
de litros de etanol prevista para 2011.
Paulo Roberto Costa
confirmou as pretensões da companhia
de fechar este ano exportando 850 milhões
de litros de etanol. Além dos
países já citados, a empresa
estuda vendas para o mercado chinês,
para a África do Sul e também
para países membros da União
Européia. “Estamos em fase de
negociações com vários
países e devemos fechar este
ano exportando cerca de 850 milhões
de litros de álcool", disse
Costa. Os investimentos estimados por
Costa se destinariam à construção
de novas usinas de produção
de álcool, na infra-estrutura
de transporte do produto e até
nas plantações de cana-de-açúcar.
Paralelamente, a Petrobras
estuda a construção de
um alcoolduto ligando as regiões
produtoras de Minas Gerais, São
Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Goiás e Tocantins até
Paulínia (SP), além de
um outro duto ligando Paulínia
ao terminal de São Sebastião,
em São Paulo.
Os projetos em estudos
podem ser financiados com recursos de
instituições japonesas,
do BNDES, da Petrobras ou dos próprios
produtores. Nesta última segunda-feira,
a estatal e o Japan Bank for International
Cooperation (JBIC) assinaram memorando
de entendimento para avaliar as possibilidades
de financiamento de projetos na área
dos biocombustíveis, em especial
o etanol, em associação
com empresas japonesas no Brasil e no
exterior.
Segundo a Petrobras,
os projetos avaliados incluem a produção
e a comercialização de
etanol, biodiesel, bem como projetos
de geração de bioeletricidade
a partir do bagaço de cana-de-açúcar,
além de oportunidades de obtenção
de créditos de carbono.
+ Mais
Chávez diz
que difundir etanol é substituir
produção de alimento para
seres vivos por alimento para automóveis
9 de Março
de 2007 - Agência Brasil/Telam
- Brasília - Em visita oficial
à Argentina, o presidente venezuelano,
Hugo Chávez, faz, desde ontem
(8), uma série de críticas
à visita do presidente norte-americano,
George W. Bush, à América
Latina. Para Chávez, o plano
dos Estados Unidos de difundir a produção
de etanol é "irracional
e antiético".
"Pretender substituir
a produção de alimentos
para animais e seres humanos pela produção
de alimentos para veículos para
dar sustentação ao american
style of life é uma coisa de
loucos", disse ele. Com esse objetivo,
segundo o venezuelano, "Bush anda
buscando países com grandes extensões
agrícolas e com água,
como Argentina, Brasil, Índia
e China."
Para Chávez,
Bush mereceria uma "medalha"
por sua "hipocrisia". "O
cavalheiro do norte descobriu a pobreza
na América Latina", ironizou
ele, em alusão a uma das justificativas
que vêm sendo dadas por Bush para
seu plano de difundir o etanol. "Eu
creio que é preciso dar ao presidente
dos Estados Unidos a medalha da hipocrisia
por ter dito que está preocupado
com a pobreza na América Latina."
"Eu lhe diria
'gringo go home', se estivesse cara
a cara com ele", disse Chávez.
"Parece Colombo, está descobrindo
a pobreza. A culpa fundamental é
do império, os modelos econômicos,
os golpes de Estado. E agora vem para
nos falar de democracia. Com que moral?"
Chávez e o
presidente argentino, Néstor
Kirchner, assinaram hoje uma série
de acordos. Os documentos incluem cooperação
nas áreas tecnológica,
econômica e energética,
além do compromisso de continuidade
de projetos conjuntos como o Banco do
Sul (uma instituição que
envolveria vários países
da América do Sul) e o Gasoduto
do Sul, ligando os poços de extração
venezuelanos e a Argentina, com ramificações
para vários países, inclusive
o Brasil.
Na tarde de hoje,
Chávez será uma das principais
atrações de um ato público
em repúdio à visita de
Bush. O norte-americano não vai
à Argentina, mas segue, no fim
do dia para o Uruguai, país vizinho.
As capitais Buenos Aires e Montevidéu
são separadas pela foz do Rio
da Prata.
Lula defende fim de
barreiras para etanol brasileiro
9 de Março
de 2007 - Carolina Pimentel - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- Ao lado do presidente dos Estados
Unidos, George W. Bush, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva pediu
mais uma vez o fim dos subsídios
agrícolas concedidos pelos norte-americanos.
"O Brasil espera que o mercado
de etanol se beneficie de um comércio
desimpedido e livre de protecionismo",
afirmou em discurso durante comunicado
conjunto dos governos de Brasil e Estados
Unidos, em São Paulo.
Atualmente, o etanol
norte-americano, a partir do milho,
custa 50% mais que o brasileiro, produzido
a partir da cana-de-açúcar.
Mas as barreiras comerciais norte-americanas
tornam o etanol local mais barato. Faltando
poucas horas para o presidente Bush
chegar ao Brasil ontem (8), Lula classificou
os subsídios norte-americanos
de "nefastos ao livre comércio".
"Precisamos eliminar
os desequílibrios que ainda constragem
o comércio mundial e agravam
as assimetrais que marcam o mundo de
hoje", completou Lula, depoisde
discutir a questão do biocombustível
hoje (9) com Bush, no Hotel Hilton,
em São Paulo.
Lula reafirmou a necessidade
de destravar as negociações
da Rodada Doha, da Organização
Mundial do Comérco (OMC). "Todos
podem sair ganhando com um acordo ambicioso
e equilibrado, sobretudo os mais pobres.
Seriam criadas mais oportunidades de
crescimento e desenvolvimento das regiões
mais pobres do planeta", disse.
Brasil e EUA defendem
urgência nas negociações
de Doha
10 de Março
de 2007 - Marli Moreira - Repórter
da Agência Brasil - São
Paulo - As discussões sobre os
pontos que travaram as discussões
em meados do ano passado para o fechamento
de acordos em torno da Rodada de Doha
tiveram um avanço na manhã
de hoje (10) durante encontro de mais
de duas horas entre o ministro das Relações
Exteriores, Celso Amorim, e a representante
comercial norte-americana, Susan Schwab.
Os dois debateram
o tema que envolve tanto barreiras tarifárias
como subsídios agrícolas
e mercado globalizado, em uma sala reservada
no Hotel World Trade Center, na capital
paulista.
A reunião havia
sido sugerida ontem (9) pelos presidentes
do Brasil, Luiz Inácio Lula da
Silva, e dos Estados Unidos, George
W. Bush. Amorim esclareceu que não
se tratava de uma negociação,
porque só pode ocorrer com a
participação dos demais
países integrantes da Organização
Mundial do Comércio (OMC).
Amorim, no entanto,
disse que houve um sentimento mútuo
sobre a necessidade de se concluir as
negociações o mais rápido
possível para evitar que as exaustivas
reuniões sem resultados práticos
possam postergar ainda mais a solução
esperada. “Estamos em fase de testar
as águas e vamos ver até
onde elas podem chegar para que em algum
momento possamos fazer uma negociação”,
disse o chanceler.
Embora não
existam prazos estabelecidos, Amorim
afirmou que está convencido de
que a negociação final
está próxima de acontecer.
Ele adiantou que terá de contatar
os parceiros do G-20 (grupo de países
em desenvolvimento) e o Mercosul porque
os encontros paralelos deverão
se intensificar.
Amorim mantém
a expectativa de que haja um avanço
até o final de abril.
Para a representante
dos Estados Unidos Susan Schwab, antes
das reuniões interministeriais
será necessário esgotar
as questões junto aos segmentos
empresariais diretamente envolvidos.
Ela disse que os Estados
Unidos observam com tristeza o fracasso
de Doha e que “há um sentimento
de que o cansaço de Doha possa
fazer com que os países percam
uma janela de oportunidades”. Por isso,
justificou que seu país vem procurando
manter diálogos em reuniões
bilaterais para ajustar os interesses
comuns.
O acordo fechado entre
os presidentes Bush e Lula na área
do etanol pode ajudar nesse processo,
segundo Amorim. “A grande mudança
agora é passar a olhar o álcool
não como um produto agrícola
sujeito a todas as proteções
que os produtos agrícolas historicamente
têm”, afirmou.
De acordo com o ministro,
o álcool deve ser visto como
uma commodity energética. “Eu
não conheço nenhum país
do mundo, a não ser por razões
fiscais, que crie entraves às
commodities energéticas porque
elas influem no custo total da economia”,
observou. Amorim destacou que o acordo
fechado entre os dois países
sinaliza uma grande mudança na
condução das discussões
bilaterais.
Presidente norte-americano
descarta corte nos impostos sobre etanol
brasileiro
9 de Março
de 2007 - Bruno Bocchini - Repórter
da Agência Brasil - Guarulhos
(SP) - O presidente George W. Bush acena
ao embarcar rumo ao Uruguai - São
Paulo - O presidente dos Estados Unidos
descartou hoje (9) uma redução
nas taxas impostas pelos americanos
sobre a importação do
etanol brasileiro. “Isso não
vai acontecer, essa lei sobre as tarifas
vai se estender até 2009. E quando
chegar no fim deste período,
o congresso vai fazer alguma coisa”,
disse Bush, em entrevista coletiva após
almoçar com o presidente brasileiro.
Lula considerou que
a redução das tarifas
americanas fazem parte de um “processo”
que ainda não chegou em seu ponto
de maturação. “Eu não
acho que um país vá abrir
mão das coisas que protege o
seu comércio porque um outro
está pedindo. É um processo
de convencimento. Sabe, de muita conversa,
e vai chegar um dia que essa conversa
vai amadurecer e que a gente vai poder
então encontrar o denominador
comum”, afirmou Lula.
Questionado pelos
jornalistas se teria poder de persuasão
para convencer o presidente Bush a ceder,
Lula brincou e disse que capacidade
de convencimento estava sendo sobrevalorizada.
“Se eu tivesse essa capacidade de persuasão
que você pensa que eu tenho, quem
sabe eu já teria convencido o
presidente Bush a tantas outras coisas
que eu não posso nem falar aqui.”