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“MAPA” DA CANA-DE-AÇÚCAR NA AMÉRICA LATINA VAI NORTEAR EXPANSÃO DO ÁLCOOL NO CONTINENTE

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2007

9 de Março de 2007 - Mylena Fiori - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A foto que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush tirarão juntos hoje simbolizará uma parceria que, nos bastidores, está funcionando a todo o vapor desde o fim do ano passado. Segundo o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, uma comissão de âmbito continental criada em dezembro, a Comissão Interamericana de Etanol já encomendou um diagnóstico geral sobre a América Latina, para saber onde e como será possível plantar cana-de-açúcar ou aproveitar a produção já existente para fabricar etanol.

Rodrigues atua na comissão representando a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Atualmente ele preside o Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp. Também participam do grupo internacional o ex-governador do estado da Flórida, Jeb Bush, irmão do presidente norte-americano, e o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o colombiano Luis Alberto Moreno.

A comissão aguarda informações solicitadas ao Instituto Interamericano de Cooperação agrícola (IICA) para traçar um diagnóstico do mercado de etanol no continente. “A idéia é levantar dados sobre a produção de cana-de-açúcar em cada país, quantos hectares são plantados, qual a produtividade, qual o custo de produção, qual o sistema de produção, qual a estrutura fundiária e, se possível, a indicação de alguma produção de etanol”, detalha o ex-ministro.

Também será levantado quanto cada país tem de terra disponível para plantar cana-de-açúcar e qual tecnologia seria mais adequada. Por fim, será apurada a obrigatoriedade ou não de mistura de etanol à gasolina em cada país. Segundo Rodrigues, o trabalho também tem o objetivo de alavancar investimentos e avançar na "comoditização" do etanol.

“Quando este trabalho estiver pronto, até final de abril, teremos identificado todo o cenário continental para a produção de etanol. A partir daí, o BID criará um sistema financeiro para apoiar construções de usina de álcool em todos os países em que a cana de açúcar é viável.”, antecipa Rodrigues.

Na avaliação do ex-ministro, é necessário que vários países produzam etanol para que se crie um mercado de consumidores. Atualmente, Brasil e Estados Unidos respondem por 72% da produção mundial de etanol, sendo que os norte-americanos produzem apenas para seu mercado interno.

”Hoje, consumidores importantes como Japão, Coréia e União Européia olham com uma certa preocupação esse produto, porque quem produz hoje, com capacidade de exportar, é o Brasil. Os líderes desses países têm medo de depender de um único país. É preciso que mais países produzam”, destaca."Quanto mais gente estiver produzindo, mais oferta o mundo terá e mais fácil será criar um mercado de consumidores de etanol. Como o Brasil tem uma qualidade competitiva inalienável, ninguém consegue competir conosco nessa área, sempre iremos ter uma posição vantajosa no mercado internacional.”

A produção de etanol em outros países, especialmente na América Central e Caribe, será um dos principais temas da visita do presidente George W.Bush ao Brasil. Segundo Roberto Rodrigues, o que se discute é uma parceria envolverndo tecnologia brasileira e norte-americana. Os recursos para a implantação de plantas de etanol noutras regiões viriam do Brasil, Estados Unidos, dos outros países e de bancos internacionais financiadores. “Uma parceria com os Estados Unidos é significativa, sobretudo se permitir que os recursos americanos sejam investidos aqui e em outros países para difusão e melhoria da tecnologia na questão canavieira e na questão industrial da produção do álcool”, destaca.

Para Rodrigues, com essa parceria, o Brasil vai poder vender tecnologia. “Vamos vender equipamentos, usinas completas, inteligência, carros flex fuel. Vamos ter condições de vender produtos com valor agregado mais alto”, enfatiza ele.

Outro ponto importante da conversa entre Brasil e EUA, segundo Rodrigues, é a discussão sobre a padronização do produto, com vistas ao comércio internacional, a chamada "commoditização" (ou seja, a transformação do álcool em commodity, tipo de mercadoria que é negociada internacionalmente com facilidade porque os diferentes mercados sabem que ela terá sempre as mesmas características).

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Importância da discussão sobre taxa dos EUA para etanol é política e não comercial, avalia Roberto

9 de Março de 2007 - Mylena Fiori - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A redução ou eliminação da barreira tarifária imposta pelos Estados Unidos ao etanol brasileiro tem mais importância política que comercial, atualmente, na avaliação do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. Rodrigues preside o Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e participa da Comissão Interamericana de Etanol.

Hoje, lembra Rodrigues, o Brasil não tem excedente de produção para atender a demanda norte-americana pelo produto. Os Estados Unidos aplicam uma tarifa de US$ 0,54 por galão de álcool brasileiro, o que inibe a entrada do produto naquele país. “Comercialmente, neste momento não é importante que essa tarifa seja eliminada porque o Brasil hoje produz para garantir o abastecimento do mercado interno, que é crescente”, esclarece ele.
Atualmente, os carros flex fuel – que utilizam álcool ou gasolina, à escolha do consumidor – respondem por 83,5% das vendas de automóveis no Brasil, segundo Rodrigues. “O produtor e o governo brasileiros têm interesse em atender ao consumidor brasileiro prioritariamente. Os brasileiros podem ficar tranqüilos quanto ao abastecimento, e os americanos podem ficar tranqüilos, que não haverá uma inundação de álcool”, destaca ele.

Rodrigues acredita que um bom acordo envolveria a manutenção da barreira tarifária por um ou dois anos. Nesse período, porém, a tarifa seria aplicada em investimentos em pesquisas no Brasil. “São recursos auferidos pelos americanos em cima do produto produzido no Brasil. Faz todo o sentido que volte para o Brasil sob forma de estímulo para pesquisa na produção do etanol brasileiro ou para pesquisa nos Estados Unidos acompanhada por brasileiros”, afirma.

O ex-ministro destaca que, do ponto de vista político, a barreira tarifária não pode ser excluída das negociações em torno de uma possível parceria entre Brasil e Estados Unidos na área de etanol. “Que sentido faz criar uma parceria entre dois países se um deles cria resistência para a entrada de seu produto no outro país?”, indaga.

“É preciso compatibilizar essas duas questões, manter a barreira ainda viva para que tenha garantia absoluta do mercado interno e, ao mesmo tempo, dar um sinal político de que esta barreira vai cair dentro de dois, três ou quatro anos", diz ele. "Aí, sim, com o crescimento de nossa produção, o Brasil terá excedentes exportáveis para os Estados Unidos e para outros países do mundo também.”

Apesar da natural resistência dos produtores agrícolas norte-americanos, o ex-ministro acredita que a eliminação da tarifa acabará sendo aceita em razão da demanda norte-americana pelo álcool combustível. Rodrigues avalia como preocupante a realização de eleições presidenciais nos Estados Unidos dentro de dois anos, pois a proteção ao produtor norte-americano é tema recorrente nas campanhas. Por outro lado, ressalta que o presidente George W. Bush propõe que 20% da gasolina consumida nos Estados Unidos seja substituída por álcool até 2017.

“É um volume gigantesco de etanol, quatro, cinco ou seis vezes o que é hoje produzido nos Estados Unidos e dificilmente eles terão condições de produzir isso sozinhos”, enfatiza o ex-misnitro. “Hoje, o produtor de milho americano tem medo do álcool brasileiro e exige a tarifa. Quando esse medo desaparecer, e a demanda dos consumidores for mais forte do que a pressão dos produtores de milho, acredito que haja uma posição política no sentido da tarifa diminuir ou até desaparecer”, avalia. Ele faz um alerta: “É preciso que o governo brasileiro tenha hoje a clareza de que, num acordo bilateral dessa natureza, a manutenção da tarifa é uma incongruência.”

Lula quer cooperação com Alemanha na área de biocombustível

8 de Março de 2007 - Carolina Pimentel - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer estreitar a cooperação com os alemães na produção de combustíveis limpos, como o etanol. “Um maior consumo de biocombustíveis na Alemanha ajudará a dar mais segurança à matriz energética alemã e estimular a introdução do etanol na matriz energética de todo o continente europeu. Ao mesmo tempo, reforçará a reconhecida liderança da Alemanha no combate às emissões de gases de efeito estufa”, afirmou Lula, após encontro com o colega alemão, Horst Köhler, no Palácio do Planalto.

Segundo o presidente alemão, Lula o convenceu sobre a importância do combustível alternativo para a redução do aquecimento do planeta. Ele disse que a Alemanha será uma “parceira natural” do Brasil na produção de combustível alternativo. “É importante que o Brasil tenha papel de liderança nesse setor”, declarou Köhler.

De acordo com o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, Köhler informou que vai conversar com empresários da indústria automotiva alemã para que invistam na fabricação de carros movidos a álcool combustível (etanol) ou biodiesel.

Para ambientalistas, adoção do etanol pelos EUA não basta para conter aquecimento global

8 de Março de 2007 - Gabriel Corrêa - Da Agência Brasil - São Paulo - Por ocasião da visita do presidente norte-americano, George W. Bush, ao Brasil, a organização não-governamental (ONG) Greenpeace fez um protesto hoje (8) no Monumento aos Bandeirantes em São Paulo, denunciando a “falta de discussão” entre os dois países sobre a redução do aquecimento global, como definiu a organização por comunicado. No protesto, batizado de Refugiados Climáticos, cerca de 25 pessoas fantasiadas como animais subiram no monumento e estenderam uma faixa escrita com a frase: “Etanol é pouco. Salvem o clima”.

“Queremos ouvir desses líderes (Lula e Bush) suas propostas e compromissos para reduzirem a emissão de gases do efeito estufa”, explicou Rebeca Lerer, coordenadora do protesto. Segundo ela, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Bush deveriam “aplicar soluções definitivas e contundentes para a redução imediata das emissões de CO2 (dióxido de carbono) de seus países, ao invés de apenas discutir acordos comerciais de etanol”.

De acordo com o Greenpeace, a expansão da produção brasileira de etanol para abastecimento do mercado norte-americano é a pauta do encontro entre os dois presidentes e pode se tornar “um vetor de desmatamento e de outros problemas socioambientais”.

Atualmente, Brasil e Estados Unidos são os dois maiores produtores de etanol do mundo, sendo responsáveis cada um por pouco mais de um terço da produção mundial, que é de 45 bilhões de litros por ano. De acordo com o comunicado da ONG, a produção brasileira de etanol corresponde a 40% do consumo interno de combustíveis, enquanto a norte-americana corresponde a menos de 3% do consumo interno de gasolina.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 

 

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