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MEMORANDO ESTABELECE COOPERAÇÃO BRASIL-EUA NA ÁREA DE BIOCOMBUSTÍVEIS COM INCIDÊNCIA BILATERAL

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2007

9 de Março de 2007 - regional e global - Ana Paula Marra - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O Ministério das Relações Exteriores divulgou no início da tarde a íntegra do memorando de entendimento sobre biocombustíveis assinado hoje pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush.

O documento tem o objetivo declarado de "avançar a cooperação em biocombustíveis" e destaca as dimensões "bilaterais", "em terceiros países" e "global" desse objetivo. Segundo o memorando, Brasil e EUA têm interesses comuns compartilhados na área no desenvolvimento de recursos energéticos baratos, limpos e sustentáveis, os quais têm "importância estratégica como força transformadora na região para a diversificação de recursos energéticos, a promoção de crescimento econômico, o avanço da agenda social e a melhoria do meio ambiente".

Do ponto de vista bilateral, conforme o memorando, representantes dos governos do Brasil e dos Estados Unidos pretendem avançar na pesquisa e no desenvolvimento de tecnologias para biocombustíveis de nova geração.

Em relação aos "terceiros países", Brasil e EUA afirmam o desejo de trabalharem juntos para levar os benefícios dos biocombustíveis a nações selecionadas por meio de estudos de viabilidade e assistência técnica. O trabalho deverá começar na América Central e no Caribe.

Do ponto de vista global, os dois governos anunciaram que pretendem expandir o mercado de biocombustíveis por meio da cooperação para o estabelecimento de padrões uniformes e normas. Para atingir esse objetivo, vão manter cooperação no âmbito do Fórum Internacional de Biocombustíveis (FIB), levando em conta o trabalho realizado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade do Brasil (Inmetro) e o Instituto Norte-Americano de Padrões e Tecnologia (NIST), bem como coordenando posições em fóruns internacionais complementares.

Para supervisionar as atividades realizadas será estabelecido um grupo de trabalho composto por integrantes do Brasil e dos Estados Unidos.

Os presidentes brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, George W. Bush, se encontraram hoje em São Paulo. Pela manhã, os dois visitaram o Terminal da Transpetro, pertencente à Petrobrás, em Guarulhos.

Bush anuncia plano de aumentar mais de seis vezes o consumo de etanol

9 de Março de 2007 - Carolina Pimentel - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse que planeja aumentar em mais de seis vezes o consumo de etanol (álcool combustível) de seu país até 2017, passando dos atuais 20 bilhões de litros anuais para 132 bilhões.

Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva num terminal da Transpetro, em Guarulhos (Grande São Paulo), Bush fez um discurso que enfatizou as vantagens do etanol, a necessidade de proteger o meio ambiente e as vias de cooperação com o Brasil.

Uma das possibilidades mencionadas foi na área de pesquisa. Bush elogiou os acadêmicos dos dois países e afirmou que eles podem trabalhar conjuntamente no desenvolvimento de tecnologia de biocombustível. Contou também que pediu ao Congresso a aplicação de US$ 1,6 bilhão a mais nos próximos dez anos em pesquisas na área.

O presidente mencionou também a relação com países pobres, citando especificamente a América Central. “Quero colaborar com o Lula para fazer com que a América Central aumente sua independência do petróleo e se torne auto-suficiente em energia”.

Bush disse que “os EUA podem colher benefícios com outras fontes de energia” e pediu que a população norte-americana não tenha medo da mudança. Para tranqüilizar os conterrâneos, mencionou um de seus mais tradicionais bens de consumo. Lembrou que já existem carros adaptados às fontes alternativas de energia nos EUA.

O presidente norte-americano, que até hoje não assinou o Protocolo de Quioto (que visa reduzir as emissões de gases poluentes), afirmou que é necessário ser “bom gestor do meio ambiente”. E mencionou também a questão da segurança para justificar o interesse pelo etanol: “Quando se é dependente de petróleo estrangeiro, temos em mãos um problema de segurança nacional”.

Lula discursou antes de Bush e falou em convencer o mundo a mudar a matriz energética. Leia ao lado.

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Acordo com EUA intensifica efeitos colaterais do etanol, criticam movimentos

7 de Março de 2007 - Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil - São Paulo - Movimentos sociais e entidades da sociedade civil criticaram hoje (7) a proposta de parceria entre os Estados Unidos e o Brasil para a produção de etanol. Também apontaram problemas no atual modelo de produção do álcool no país. Em entrevista coletiva, representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Via Campesina, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Fórum Brasileiro de Organizações e Movimentos Sociais para o Desenvolvimento Sustentável (Fboms), e a Marcha Mundial das Mulheres, condenaram a monocultura e defenderam um modelo de produção de biocombustíveis não apenas renovável, mas também sustentável.

“Somos frontalmente contrários a essa forma de produzir energia, porque beneficia apenas os interesses do capital transnacional. Nós defendemos o uso do agro combustível de maneira sustentável, que respeite o meio-ambiente e, sobretudo, sob o controle das populações locais”, disse o representante da Via Campesina e do MST, João Pedro Stedile.

Segundo dados da Via Campesina, cada 100 hectares de monocultura emprega uma pessoa, enquanto que em plantações de agricultura familiar, a mesma extensão dá emprego a 35 pessoas. "Podemos produzir energia a partir de produtos agrícolas, desde que produzidos em pequenas e médias dimensões, que não desequilibrem o meio ambiente e que representem uma maior autonomia dos camponeses no controle da energia e no abastecimento das cidades”.

Em nota distribuída à imprensa, o MST condenou “veementemente” a visita do presidente norte-americano, George W. Bush, à América Latina. Segundo o texto, a iniciativa do governo norte-americano é "cooptar" e "seduzir" os governo locais a aumentarem a produção de álcool destinado aos EUA, “com o objetivo de manter o padrão do 'american way of life'”, diz o texto.

Temístocles Marcelo Neto, representante da Fboms, considera que o processo de plantação em monocultura utilizado no país deixou lições que não devem ser esquecidas. “Com a implantação no passado do etanol, há ocorrência ainda hoje de trabalho infantil, trabalho forçado, e trabalho escravo, que são indesejáveis para uma sociedade que quer desenvolver beneficiando a maioria da população”, afirmou.

O conselheiro da Comissão Pastoral da Terra, Dom Tomás Balduíno, classificou de sinistra a situação dos camponeses diante do avanço da monocultura. “Para o universo camponês é uma perspectiva sinistra, de destruição, de marginalização e de morte. Porque acaba a terra de viver e conviver. Que que vai sobrar desse cerrado, agora vai ter que ceder a essa pressão internacional”, considerou.

Brasil pode triplicar produção de álcool, mas precisa de planejamento, alerta especialista

7 de Março de 2007 - Luciana Valle - Repórter da Rádio Nacional - Rio de Janeiro - O Brasil pode dobrar e até triplicar sua produção de álcool nos próximos 15 anos, porém essa expansão não é infinita e precisa ser feita de forma planejada e cuidadosa, na avaliação do do professor José Goldemberg, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP) e ex-secretário de Meio Ambiente do estado de São Paulo.

Goldemberg forneceu vários números sobre o setor. O Brasil produz cerca de 17 bilhões de litros de álcool combustível por ano. Segundo ele, essa produção reflete uma economia de cerca de 40% da gasolina que seria usada no país se o etanol não existisse.

O especialista fez as avaliações em entrevista hoje (7) à Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Ele lembra que, além de ser um importante produto no mercado interno, o etanol tem preço competitivo. “A indústria está toda nas mãos da iniciativa privada, e não há praticamente qualquer subsídio à produção do álcool combustível como no passado, portanto, é um produto claramente competitivo”, afirma.

Na avaliação de Goldemberg, Estados Unidos e Europa estão seguindo por um caminho que o Brasil já percorre há mais de 20 anos ao introduzir álcool na gasolina, como aditivo. A diferença é que, no caso dos EUA, o etanol é fabricado a partir do milho, e na Europa o produto é obtido da beterraba.

Quanto ao milho, Goldemberg esclarece que o rendimento dessa produção é muito inferior ao do álcool obtido da cana-de-açúcar. “Para cada litro de álcool produzido é necessária uma quantidade mínima de combustíveis fósseis – obtidos através de pesticidas, fertilizantes -, o que resulta em um rendimento de 10 para 1. Nos EUA, essa relação é de 1/1”, esclarece ele.

Por essa razão, ele aposta no grande interesse do mercado externo em obter o álcool do Brasil, que já exporta cerca de 15% de sua produção. “É possível que o programa brasileiro do etanol dobre a sua produção até o ano de 2011, sobretudo no estado de São Paulo, onde grande quantidade de usinas entrou com pedido de autorização de funcionamento”, informa ele.

Goldemberg faz novas projeções a longo prazo: “A produção poderia ser triplicada até 2020”. Ele aponta que haverá problemas de natureza ambiental e na procura de terras adequadas. “A expansão do programa brasileiro do etanol é possível, mas não é infinita”, alerta.

O especialista avalia ainda que seria importante espalhar a tecnologia de produção do etanol da cana-de-açúcar para outros países de clima temperado e tropical como o Brasil. Ao contrário dos EUA, onde o plantio da cana está restrito a poucas regiões, a matéria-prima do álcool combustível brasileiro encontra solo e clima adequados para crescer satisfatoriamente na América Latina, África e Índia, segundo Goldemberg.

”Esses países estão produzindo açúcar da cana, mas não estão produzindo álcool”, completa. A grande ofensiva brasileira, na sua opinião, seria exportar a tecnologia de produção de etanol para esses países. Assim, o Brasil não ficaria sozinho e conseguiria abrir novas oportunidades de negócios nesse mercado mundial.

Nesse aspecto, Goldemberg acredita que a visita do presidente Bush ao Brasil poderia resultar na expansão da atividade brasileira em outros países produtores de cana-de-açúcar – até mesmo na América Central – já que, na avaliação dele, as exportações brasileiras de etanol para os EUA não vão aumentar muito.

“Os EUA estão fazendo muito pouco; estão colocando barreiras alfandegárias muito altas para impedir que o álcool brasileiro domine o mercado americano para proteger os fazendeiros que plantam milho. E isso, pelo que eu tenho lido nos jornais, os Estados Unidos não estão dispostos a mudar”, conclui.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 

 

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