08
de Março de 2007 - Brasil — 'Refugiados
climáticos' se reúnem
no Monumento às Bandeiras, em
frente ao Parque do Ibirapuera para
exigir dos dois presidentes mais do
que apenas uma discussão sobre
produção de etanol.
O presidente americano
George W. Bush chega ao Brasil nesta
quinta-feira cheio de planos para uma
parceria com o Brasil na produção
do álcool combustível
- ou etanol, como é mais conhecido
em terras americanas.
No encontro que terá
com o presidente Lula, Bush discutirá
acordos comerciais e o 'know-how' brasileiro
na produção do biocombustível,
mas não há previsão
para uma agenda mais ambientalmente
responsável. Por isso ativistas
do Greenpeace foram ao Monumento das
Bandeiras, em frente ao Parque do Ibirapuera,
caracterizados como refugiados climáticos,
para passar a mensagem: Lula & Bush:
etanol é pouco. Salvem o clima!
O Greenpeace acredita
que os biocombustíveis são
apenas uma parte de uma ampla gama de
ações necessárias
para minimizar as mudanças climáticas.
“Obviamente, os Estados
Unidos e o Brasil têm níveis
diferentes de responsabilidade sobre
a questão do aquecimento global.
No entanto, os presidentes dos dois
grandes poluidres da atualidade deveriam
aplicar soluções definitivas
e contundentes para a redução
imediata das emissões de gás
carbônico (CO2) de seus países,
em vez de apenas discutir acordos comerciais
de etanol”, afirmou Rebeca Lerer, coordenadora
da campanha de clima e energia do Greenpeace
Brasil.
No Brasil, 75% das
emissões de gases do efeito estufa
vêm do desmatamento, principalmente
na Amazônia. Apesar de ter ratificado
o Protocolo de Kyoto, o Brasil ainda
não se comprometeu com metas
concretas de redução de
suas emissões.
Num momento em que
o Brasil vem tomando medidas para acelerar
seu crescimento, o Greenpeace alerta
para a necessidade de regulamentação
para que a indústria de biocombustivel
garanta a sustentabilidade sócio-ambiental.
“É inaceitável
a conversão de florestas ou ecossistemas
intactos para a produção
de etanol, bem como colocar em risco
a produção de alimentos
para a geração de biocombustíveis”,
afirmou Rebeca Lerer.
Já no caso
dos EUA, maior poluidor global, as emissões
são provenientes em sua maior
parte da queima de combustíveis
fósseis em setores como eletricidade
e transporte. Os Estados Unidos não
ratificaram Kyoto e tampouco adotaram
metas de redução das emissões
ou medidas concretas como a maior eficiência
energética de sua frota veicular.
“Os Estados
Unidos é o principal emissor
de gases estufa do mundo e precisa dar
um passo gigante. Priorizar apenas a
produção de etanol, sem
adotar metas para a redução
das emissões, é sair pela
tangente” afirmou John Coequyt, coordenador
da campanha de energia do Greenpeace
EUA.
Foto: Greenpeace