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BISPO DIZ QUE TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO É “GOLPE FATAL” À VIDA E AO POVO QUE VIVE DO RIO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2007

16 de Março de 2007 - Érica Santana - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O bispo da cidade de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, disse hoje (16) que o projeto de transposição do Rio São Francisco é um “golpe fatal à vida do rio” e, como tal, acaba sendo um golpe mortal ao povo que depende do rio.

A afirmação foi feita durante coletiva à imprensa, no encerramento do Acampamento pela Vida do Rio São Francisco e do Nordeste contra a Transposição. No início da semana, representantes de movimentos sociais contrários ao programa de integração montaram acampamento em Brasília, em protesto contra o projeto.

Dom Cappio classificou a obra de “insana, louca e desvairada”. Segundo ele, o objetivo do acampamento era mostrar que, mesmo não sendo a favor da obra, as diversas entidades que participam do movimento estão dispostas a dialogar com o governo.

“Nós, como povo do velho Chico [como o rio é tradicionalmente conhecido na cultura regional], como conhecedores que somos da nossa realidade, gostaríamos de dar nossa sugestão, nossas idéias”, declarou. “E gostaríamos de vê-las aceitas, porque ninguém mais do que nós, que dependemos do rio para viver, queremos que o rio viva”.

Ele diz que, por estar aberto ao diálogo, não aceita a forma como o projeto vem sendo tratado. “De maneira autoritária, sem consultar diretamente aqueles que estão ligados ao rio”, afirmou, ao acrescentar que as decisões não devem ser tomadas “dentro de quatro paredes de um palácio; através da cabeça de meia dúzia de burocratas”.

Indagado se voltaria a fazer outra greve de fome para protestar contra as obras, ele respondeu que, por enquanto, não pensa em repetir ação. Em 2005, ele ficou sem comer em protesto contra o proejto.

“Uma greve de fome só se utiliza em ultimo caso, e acreditamos que ainda temos muitas alternativas para lançarmos mão antes de um grito desesperado, como o de uma greve de fome”.

Durante a semana, representantes de movimentos sociais em defesa do São Francisco participaram de audiências públicas na Câmara dos Deputados e no Supremo Tribunal Federal (STF).

Eles se reuniram com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, do Senado Federal, Renan Calheiros, e com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

No final do mês passado, o bispo esteve em Brasília para entregar um projeto alternativo para amenizar a falta de água no semi-árido nordestino. Ele protocolou uma carta no Palácio do Planalto na qual sugere que, em lugar da transposição, sejam construídos canais para desviar a água do Rio São Francisco.

Além disso, pede a revitalização do rio, a construção de cisternas para armazenar a água da chuva e a execução de 530 projetos da Agência Nacional de Águas (ANA) que, segundo ele, resolveriam os problemas de abastecimento hídrico na região até 2015.

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Protesto contra transposição do São Francisco acaba em tumulto

15 de Março de 2007 - Yara Aquino e Luciana Vasconcelos - Repórteres da Agência Brasil - Brasília - Manifestantes protestam contra o projeto de transposição do Rio São Francisco em frente ao Congresso Nacional
Brasília - A manifestação de cerca de 500 pessoas na manhã de hoje (15) contra o projeto de integração do Rio São Francisco foi tumultuada. O grupo deixou o acampamento onde está desde o início da semana e seguiu em passeata até o Congresso Nacional.

No caminho, os manifestantes passaram pelo Ministério da Integração Nacional, que está à frente do projeto, entraram no prédio e ocuparam o hall de entrada. Os manifestantes levavam um caixão e rezaram pelo “morto”, que seria o projeto.

Durante o protesto, uma porta de vidro acabou quebrada por um dos manifestantes, que foi preso. “Há dano ao patrimônio. Uma reivindicação tão ordeira, quanto a deles não pode terminar assim”, disse o major Moretto, da Polícia Militar de Brasília. Segundo ele, o manifestante foi detido por dano ao patrimônio.

O advogado do movimento Isac Tolentino acompanha o caso. O rapaz, Roney Vagner da Silva Fonseca, feriu a mão durante o protesto e foi levado para a Polícia Federal por ter danificado prédio de um órgão federal. Ele é morador de Taguatinga, uma região administrativa do Distrito Federal. destino final da caminhada foi a Câmara dos Deputados, onde os ribeirinhos participam de audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Na terça-feira (13), o Ministério da Integração Nacional publicou no Diário Oficial da União o aviso de licitação para a execução da primeira etapa das obras de transposição do Rio São Francisco, com as bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional.

Transposição do São Francisco recebe críticas em audiência pública na Câmara

15 de Março de 2007 - Yara Aquino - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A transposição do Rio São Francisco foi criticada hoje (15) durante audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados.

O pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco João Suassuna afirmou em seu depoimento que o projeto é desnecessário porque no Nordeste tem muita água. O que falta, segundo ele, são políticas efetivas para fazer essa água chegar à população.

“Entendemos que não há escassez (de água) no Nordeste, o problema não é de escassez, é de distribuição”, afirmou.

Para Suassuna, a solução passa por interligar as bacias já existentes no Nordeste e utilizar a águas dos poços, que segundo ele são cerca de 60 mil na região. O uso das cisternas também é defendido pelo especialista, que calcula que uma cisterna de 15 mil litros abasteça uma família de cinco pessoas durante oito meses de estiagem.

O doutor em recursos hídricos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte João Abner Guimarães considerou que o projeto de transposição pouco tem a ver com o que é mostrado pelo governo e a mídia. Para ele, a transposição irá abastecer grandes açudes e não os que sofrem com a seca. “É o momento de acabarmos com a indústria da seca no Nordeste, alertou.

Para a promotora Luciana Khoury, da Bahia, o projeto não está de acordo com as leis brasileiras. “O projeto não atende as leis do país. Há necessidade de aprimoramento, de mudanças”, defendeu. E argumenta que o Congresso Nacional não foi ouvido e que os estudos de impacto ambiental são falhos.

A realização das audiências pública é outro ponto fraco em defesa da transposição apontado pela promotora. Segundo ela, as audiências foram realizadas nas capitais e as comunidades ribeirinhas foram avisadas com poucos dias de antecedência. Essas condições, segundo a promotora, dificultaram o acesso dos ribeirinhos (aos locais das audiências).

Com uma camiseta com a frase “Revitalização sim, transposição não”, o morador de Penedo, em Alagoas, Antônio Gomes dos Santos, defendeu que a revitalização não deve ser feita ao mesmo tempo, mas sim antes da transposição, porque “o rio está fraco”. “O rio se enchia onde se criava o camarão, se plantava o arroz, hoje estão plantando cana o que é um crime ecológico”, denunciou.

A voz dissonante na audiência foi a do ex-presidente do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs) Cássio Aguiar Braga. Favorável à transposição, Braga contestou os argumentos contrários apresentados pelos especialistas e pela promotora.

O ministro da Integração nacional, Pedro Brito, foi convidado para a audiência, mas não compareceu. Parlamentares da comissão lamentaram a ausência de representantes do ministério.

Ministro prevê para até o final do mês início das obras de transposição do São Francisco

14 de Março de 2007 - Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O ministro da Integração Nacional, Pedro Brito, previu hoje (14) que as obras de transposição do Rio São Francisco devem começar, no máximo, até o fim deste mês. Segundo o ministro, só falta o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) conceder a licença de instalação para que os trabalhos possam ser iniciados.

Brito informou que até o ano de 2010, só na revitalização do rio, serão investidos cerca de R$ 1,3 bilhão. “Para este ano são R$ 247 milhões em obras de saneamento básico, desassoreamento, revitalização de nascentes e para dar aos ribeirinhos a condição de água tratada que eles ainda não têm hoje”.

Brito explicou que a primeira etapa da obra está dividida em 14 lotes para permitir que as empresas que ganharem a concorrência “possam atacar simultaneamente a todos os lotes e concluir a obra até 2010”. O edital para execução da obra foi publicado no Diário Oficial da União desta terça-feira (12).

O edital referente apenas às obras de engenharia prevê a aplicação de R$ 3,3 bilhões para obras civis, instalação, montagem, testes e comissionamento dos equipamentos mecânicos e elétricos.

Segundo o ministro, as águas do São Francisco serão transferidas de uma bacia a outra por meio de um sistema de bombeamento. Hoje o ministério assinou contratos para a compra das bombas que serão empregadas para fazer a elevação das águas do rio, integrando a bacia do São Francisco às demais.

Projeto SOS São Francisco mobiliza comunidades mineiras com ação educativa

16 de Março de 2007 - Luciana Vasconcelos - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A revitalização do Rio São Francisco é um dos desafios enfrentados pelo governo. Mas o trabalho não depende apenas de ações institucionais. A população também pode atuar, com sucesso, na preservação do meio ambiente. É o que apontam os primeiros resultados do projeto SOS São Francisco, criado com o objetivo de mobilizar a comunidade em torno da revitalização do rio e áreas ribeiras.

Lançado em 2006, o projeto conta com ações conjuntas do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), Ministério Público Estadual, Polícia Militar de Meio Ambiente, Secretaria Estadual de Meio Ambiente e o Conselho Regional de Engenharia.

A estratégia utilizada é visitar cada propriedade a beira do leito principal do rio São Francisco, desde sua nascente, em São Roque de Minas, até a represa de Três Marias, em Minas Gerais. Nas residências é feito um trabalho de educação ambiental, identificando áreas de proteção permanente e nascentes degradadas.

A partir daí, são assinados Termos de Ajustamento de Conduta para recuperação florestal das áreas de preservação permanente por meio do Ministério Público de Minas Gerais, em parceira com o Ministério do Meio Ambiente.

"Não é coercitivo inicialmente, é mais educativo. O proprietário se responsabiliza em recuperar essas áreas. E o programa de revitalização, em parceria com os órgãos estaduais e federais dão o suporte técnico e também chegamos a ceder parte das multas para recuperação dessas áreas”, explicou Maurício Laxe, coordenador do Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco do Ministério do Meio Ambiente.

Laxe disse que as primeiras visitas começaram no final do ano passado. Cerca de 430 propriedades já possuem termo de ajustamento de conduta e 210 projetos estão em fase final de análise por parte dos técnicos do Ibama.

“E agora nós vamos potencializar isso principalmente nos municípios de Iguatama e Bambuí para recuperar as áreas degradadas naquela região.”

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 

 

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