12
de Março de 2007 - Marli Moreira -
Repórter da Agência Brasil -
São Paulo - Para abastecer 5% do mercado
mundial de álcool combustível,
o Brasil precisará aumentar a sua produção
em seis vezes mais, atingindo 100 bilhões
de litros. O dobro disso seria necessário
para substituir 10% do consumo mundial de
gasolina.
Esse potencial pode ser
alcançado pelo país até
o ano de 2025, segundo previsões apresentadas
pelo professor Luiz Cortez, da Faculdade de
Engenharia Agrícola e Coordenador de
Relações Institucionais e Internacionais
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),
em entrevista à Rádio Nacional
AM.
Os dados constam em um estudo
do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento
Energético (Nipe) da Unicamp, realizado
em parceria com o Ministério da Ciência
e Tecnologia. Os pesquisadores acreditam que
o Brasil tem todas as condições
necessárias para uma produção
em escala e, assim, alcançar um volume
suficiente para abastecer tanto o crescimento
previsto do consumo no mercado interno quanto
atender pedidos de fora do país.
Segundo projeção
divulgada pelo presidente da Associação
Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores (Anfavea), Rogélio Golfarb,
até 2013, o número de veículos
movidos à álcool e gasolina
(os chamados flex fuel) em circulação
crescerá em 500%. A frota atual, segundo
ele, alcança 2,6 milhões de
unidades.
“Essas próximas décadas
vão ser de maior atenção
em relação aos biocombustíveis
no mundo. E o Brasil tem uma posição
privilegiada no nosso entender e é
interessante ao país aproveitar essa
oportunidade”, acentuou o professor Luiz Cortez.
Ele informou que existe
um projeto em andamento na Unicamp , coordenador
pelo professor Cerqueira Leite, que está,
justamente, estudando “as implicações
do Brasil em almejar e contribuir na redução
do consumo de gasolina no mundo”. Nessa tarefa,
conforme esclareceu, são avaliados
os efeitos no campo social, ambiental e econômico
no caso de uma significativa expansão
das exportações de álcool,
principalmente, para o mercado norte-americano.
Cortez argumentou que o
país pode aumentar a sua produção
sem, necessariamente, ocupar uma área
exagerada para o plantio de cana-de-açúcar.
Segundo seus cálculos, o espaço
equivaleria ao ocupado pelas lavouras de soja.
Em termos de renda, a atividade poderia envolver
uma quantia de US$ 30 bilhões anuais
e a geração de 5 milhões
de empregos.
Quanto à preocupação
dessa atividade prejudicar a oferta doméstica
de produtos básicos da alimentação
como arroz e feijão, culturas que também
tende a crescer, estão em andamento
estudos que procuram identificar locais onde
poderia ocorrer a expansão da área
cultivada de cana-de-açúcar,
excetuando do mapa as áreas de restrição
ambiental (Amazônia, Pantanal, Mata
Atlântica) e as que têm “vocação
para a produção de alimentos”.
Nos pontos sujeitos à
danos ecológicos, os terrenos apresentam
muita declividade, o que seria inadequado
mecanicamente. "Estamos pensando em utilizar
apenas 3% da área cultivável
do país para substituir os 10% da gasolina
consumida no mundo”, esclarece Cortez. Essas
áreas estão localizadas nos
estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso,
sudoeste de Minas Gerais, Goiás, Tocantins,
sul do Maranhão, sudoeste do Piauí
e oeste da Bahia.
A estimativa é de
que o Brasil poderia produzir 50% da oferta
ao mercado mundial e o restante seria desenvolvido
por uma soma de países. Durante o anúncio
do acordo de cooperação tecnológica
entre Brasil e Estados Unidos, na última
sexta-feira (9), os presidentes dos Estados
Unidos, George W. Bush, e do Brasil, Luiz
Inácio Lula da silva, declararam que
a experiência poderia ser levada para
países que precisam melhorar seu desenvolvimento
econômico no combate aos problemas sociais.
Para Lula, transformação
do álcool combustível em commodity
é caminho irreversível
12 de Março de 2007
- Carolina Pimentel - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva acredita que a
transformação do álcool
combustível em commodity (produto cujo
preço é determinado em bolsa
de mercadorias) é um caminho “irreversível”.
Para Lula, quanto mais países
começarem a usar o álcool como
forma de reduzir a emissão de gases
que contribuem para o aquecimento do planeta,
maiores serão as chances de o preço
do combustível ser estipulado no mercado
internacional. “Com relação
ao álcool se transformar em commodity,
eu acho que é uma questão irreversível.
Nós temos de ter mais responsabilidade,
porque nós temos que, não só
oferecer o álcool, mas garantir o suprimento
do mercado brasileiro e do mercado internacional”,
afirmou hoje (12) no programa de rádio
Café com o Presidente.
Ele garantiu que, se o Brasil
tiver de produzir mais etanol para atender
à demanda de outras nações,
não serão sacrificadas florestas
ou áreas destinadas à produção
de alimentos.
“Nós não queremos
plantar cana-de-açúcar para
produzir álcool e nem plantar oleaginosas
para produzir biodiesel na Amazônia,
por exemplo, ou no Pantanal. Nós queremos
utilizar as áreas já degradadas
para que a gente possa plantar. A segunda
coisa, também não compete com
o alimento, porque o problema do alimento
hoje no mundo não é a falta
de terra. O problema é que tem uma
parte da população muito pobre
que não pode consumir”, explicou Lula.