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MINISTÉRIO PÚBLICO E MOVIMENTOS SOCIAIS CRITICAM LICENÇA PARA TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2007

23 de Março de 2007 - Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para o início das obras de integração do Rio São Francisco às bacias da região Nordeste recebeu críticas do Ministério Público e de movimentos sociais. Os impactos ambientais e a possibilidade de prejuízo aos cofres públicos, em caso de paralisação das obras, são os principais pontos contestados.

Coordenadora interestadual das Promotorias de Justiça do São Francisco, Luciana Khouri ressaltou que a transposição é alvo de 12 ações no Supremo Tribunal Federal (STF). Caso o governo comece logo as obras, ela disse acreditar que os trabalhos correm o risco de ser paralisados pelo Supremo – e isso, na avaliação dela, provocará prejuízos aos cofres públicos.

A procuradora aconselhou o governo a esperar a posição do STF sobre o assunto antes de iniciar qualquer obra, mesmo com a licença de instalação concedida. “Como não existe decisão definitiva, a licença pode ser revogada a qualquer momento. E nesse caso os trabalhos não passariam de desperdício de recursos públicos”, advertiu.

Como o caso tramita no Supremo, somente a Procuradoria-Geral da República (PGR) pode recorrer da licença do Ibama. Luciana, no entanto, informou que o Ministério Público da Bahia vai pedir à PGR que tente suspender a licença judicialmente. “Muito provavelmente, essa licença vai motivar a 13ª ação contra a transposição”, disse.

A decisão do Ibama também desagradou aos movimentos sociais. Membro do Fórum de Defesa do Rio São Francisco, movimento que reúne 60 entidades da sociedade civil contrárias à transposição, Cícero Félix dos Santos disse temer que uma eventual paralisação das obras provoque prejuízos ao meio ambiente: “Se o governo começar a construir e tiver que parar tudo, as conseqüências para a região serão ainda piores do que se o canal estivesse pronto – imagine o esqueleto que ficará lá”.

Para Cícero, que também é coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Juazeiro (BA), a decisão do Ibama foi precipitada. “Em primeiro lugar, o rio precisa passar por um trabalho de recuperação ambiental, com a vegetação das margens replantada, o tratamento do esgoto despejado no rio e a contenção das erosões”, alertou.

Os possíveis impactos sociais e ambientais são os principais pontos questionados no STF. Uma das críticas diz respeito às consultas públicas sobre a transposição. “As audiências foram realizadas longe das comunidades atingidas pelo desvio do rio e convocadas com apenas dois dias de antecedência. A população do semi-árido não foi ouvida”, apontou a procuradora, para quem os estudos de impacto ambiental não esclareceram os danos que poderia causar o desvio de parte do São Francisco para abastecer outros estados. "Os estudos foram lacônicos e, ao contrário do que o Ibama alega, não se pode dizer que a obra é ambientalmente viável", disse.

De autoria do Ministério Público da Bahia, em conjunto com o Comitê da Bacia do São Francisco e movimentos sociais, as ações apontam mais problemas legais em torno da transposição. Um dos processos trata da passagem do canal por comunidades indígenas e quilombos. A captação da água, em Cabrobó (PE), ocorrerá em terras dos índios Truká. Segundo Luciana, qualquer alteração no uso da água em áreas indígenas tem de ser autorizada pelo Congresso Nacional.

A possibilidade de a água retirada do rio ser usada com fins econômicos também serve de motivo para que a transposição seja contestada na Justiça. “O Comitê de Bacia, que é formado pela sociedade, só autorizou a captação da água para o consumo humano e animal, não para o agronegócio e a indústria”, ressaltou Cícero Félix dos Santos.

Projeto do São Francisco aguarda dinheiro do PAC

23 de Março de 2007 - Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Para iniciar as obras de transposição de águas do Rio São Francisco o Ministério da Integração Nacional conta agora com a liberação de R$ 4,2 bilhões, previstos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) sujeito a aprovação do Congresso Nacional. A informação é do o coordenador do Projeto de Integração do Rio São Francisco às Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional, Rômulo de Macedo Vieira.

“A expectativa é que até o final de abril o plano seja aprovado”, disse Vieira. Projetos de lei e medidas provisórias do PAC aguardam análise na Câmara dos Deputados.

Enquanto o dinheiro não chega, Vieira informou que outras medidas serão tomadas para preparar as obras. “Vamos solicitar aos órgãos ambientais de Pernambuco a autorização para a instalação de dois canteiros [de obras], providenciar o pagamento da licença ambiental de instalação para o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis] e solicitar uma autorização para desmatar a área por onde passará o canal”, disse.

Técnicos militares do exército também receberão capacitação em questões ambientais, de acordo com Vieira. Em relação à população que mora na região, o coordenador do projeto acrescentou que “tão logo sejam aprovados os recursos”, o ministério vai aplicar R$ 20 milhões nas comunidades quilombolas e indígenas.

“O dinheiro será usado, por exemplo, na melhoria da infra-estrutura do local, em sistema de abastecimento, construção de postos médicos, escolas, ampliação da rede de energia, melhoria dos acessos como estradas, pequenos sistemas de irrigação para produção de hortas”. Cerca de 20 comunidades quilombolas e índios de quatro etnias da região serão atendidos.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis ( Ibama) autorizou hoje (23), por meio da licença de instalação, o início das obras de transposição. O projeto prevê a construção de dois canais: um a Leste, que levará água para Pernambuco e Paraíba, a partir da captação no lago da barragem de Itaparica; e outro na direção Norte, abastecendo o Ceará e o Rio Grande do Norte com a retirada sendo feita nas imediações da cidade de Cabrobó (PE).

Quilombolas e índios têm prioridade nas compensações pela transposição, diz coordenador

23 de Março de 2007 - José Carlos Mattedi - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A assistência às comunidades quilombolas e indígenas é o primeiro item dos programas de compensação socioambiental do Projeto de Integração do Rio São Francisco às Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional. A informação é do coordenador do projeto, Rômulo de Macedo Vieira, do Ministério da Integração Nacional.

"Dos 36 programas ambientais, nós vamos começar pelos menos 12 assim que as obras iniciarem”, disse Vieira, em entrevista exclusiva à Agência Brasil ontem (22). Hoje, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autorizou o início das obras da transposição do São Francisco. A licença de instalação foi encaminhada ao ministério e entrará em vigor quando for publicada no Diário Oficial da União.

“Depois vêm os programas de comunicação/educação ambiental, e os programas de abastecimento de água a pequenas comunidades ao longo do sistema”, acrescentou o coordenador. “E também todo o programa de saneamento ambiental de 138 municípios, mais o abastecimento de água de 391 municípios da região beneficiada pelo projeto." Ele citou também recuperação das margens do rio e contenção de processos de erosão entre essas medidas.

Rômulo de Macedo Vieira contestou a proposta de que o governo só inicie as obras após a recuperação do rio e de seus afluentes (conhecida como revitalização), defendida por parte das entidades ambientais e populares envolvidas no debate público sobre o São Francisco. “A transposição e a revitalização do rio não são obras excludentes”, disse, ressaltando que o processo de revitalização pode levar de 20 a 30 anos. “A população do Nordeste Setentrional [sertão dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte], que vai ser beneficiada com a transposição, não pode esperar todo esse tempo para ter água”, acrescentou.

Vieira lembrou que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê R$ 1,5 bilhão de investimentos na revitalização nos próximos três anos. Segundo ele, essas medidas serão importantes para deixar o rio limpo e navegável, mas sua execução não influenciará no volume de água: “A quantidade de água que corre hoje é a mesma de milhões de anos atrás”. Ele informou que o trecho do São Francisco anterior à barragem de Sobradinho terá prioridade.

Procurador recomendou ao Ibama que não autorizasse transposição sem novos debates

23 de Março de 2007 - José Carlos Mattedi* - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A Procuradoria da República no Distrito Federal recomendou ao presidente do Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Marcus Barros, que não expedisse a licença de instalação para a transposição do Rio São Francisco, concedida hoje (23). Segundo o procurador Francisco Guilherme V. Bastos, a licença prévia só deveria ser concedida após análise dos projetos executivos pelo próprio Ibama, com novas audiências públicas para “debater os estudos ambientais complementares que foram exigidos”.

O procurador assinou a recomendação na última terça-feira (20), e ontem foi feita sua divulgação. A assessoria de imprensa do Ibama afirmou que o órgão não recebeu notificação nesse sentido.

A licença ambiental foi assinada no final da manhã de hoje por Marcus Barros, e o documento foi enviado ao Ministério da Integração Nacional (que cuida do projeto de transposição) para publicação no Diário Oficial da União (DOU).

Francisco Guilherme V. Bastos, de acordo com a assessoria da Procuradoria da República, baseou sua recomendação em decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que apontava a necessidade da análise dos projetos executivos, e do Supremo Tribunal Federal (STF), cujo ministro Sepúlveda Pertence ressaltava a importância do debate com a sociedade antes da concessão da licença.

Segundo a procuradoria, o objetivo da recomendação “é garantir a legalidade e permitir a participação popular e a no processo de licenciamento ambiental”. O Ministério da Integração Nacional abriu em janeiro a licitação para contratar empresas de engenharia para a realização dos projetos executivos, e apenas aguardava o parecer positivo do Ibama para dar início às obras para a transposição.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 

 

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